Blog

  • Resenha | X-Men: Garotas em Fuga

    Resenha | X-Men: Garotas em Fuga

    X Men - Garotas em Fuga - Milo Manara

    Sempre achei os heróis e arcos da Marvel um tanto “adolescentes demais”, por isso o fraco interesse pelo selo. Só que uma vez ou outra a editora lança algo que me chama a atenção. A mais recente foi com a revista X-Men – Garotas em Fuga. A quantidade de curvas e cenas sensuais é tão grande que fui obrigado a ler e comentar sobre essa obra fora dos padrões Marvel de ser.

    A descoberta de Garotas em Fuga se deu meio que por acaso, estava eu matando tempo em uma banca de jornal e a vi jogado num canto com algumas publicações que também saíram esse mês. Eu já tinha lido algo sobre a HQ e mesmo com o nome do Milo Manara, não me interessei muito. Acabei folheando algumas páginas e descobri que se não comprasse a revista, provavelmente me sentiria frustrado. Li a hq em menos de meia hora e durante o trabalho, o que não é muito aconselhável, porém o conteúdo contido naquelas páginas foi o suficiente para me alegrar e fazer valer o 15 reais pagos.

    A história tem aquele jeitão “X-Men de ser”, nela vemos um time de mutantes montados apenas pelas representantes femininas do Instituto Xavier Para Estudos Avançados. Vampira, Garota Marvel (Rachel Summers-gray), Psylock, Lince Negra e Tempestade saem para tirar férias na recém adquirida casa de praia que Anne (Vampira) herdou de sua família. O legal é que não é uma simples casa de praia e sim uma mega mansão numa ilha no meio do Mar Mediterrâneo, porém, como a própria Kitty (Lince Negra) diz durante toda a HQ, nada é fácil quando estamos falando sobre os X-men. A viagem acaba sendo interrompida quando a Garota Marvel é sequestrada por um homem que supostamente a estava paquerando. Os eventos consecutivos estão dentro de um tempo surreal onde o grupo sai em resgate a sua companheira que se encontra no meio da fictícia ilha de Madripoor e terminam num final totalmente “festivo”.

    O fato é que, apesar de bem construído e bem terminado, o roteiro tem alguns elementos persistentes no que diz respeito ao universo Marvel. Boa parte das motivações não são críveis, nem mesmo para o mundo dos quadrinhos, assim como os diálogos entre as personagens tem aquela pretensão de serem “reais”, criando um efeito de falsificação do comportamento. Quem está acostumado com o existencialismo e discussões subliminares sobre preconceito, tão característicos das revistas referentes ao mundo X-men, talvez não consiga ver essa história como um componente da linha cronológica dos heróis. O que posso fazer é comentar que esses elementos só se tornam aceitáveis, porque a arte caiu como uma luva. Por falar em arte, é necessário um parágrafo inteiro para falar sobre a magia presente nos desenhos de Milo Manara.

    Só o Manara poderia fazer as x-girls extremamente gostosas, mas sem ficarem vulgares ou cômicas. O autor é conhecido como o criador do que podemos chamar de softporn e não estou me referindo só aos quadrinhos, logo, o tratamento dado ao time feminino das mutantes não poderia ser diferente. O primeiro traço marcante é que os uniformes são deixados de lado a fim de que as meninas mostrem seus corpos delineados em roupas curtas e que expressem suas essências. Nesse nível Manara vai criando cenas onde a sensualidade possa ser explorada de uma forma totalmente inserida no mesmo conceito de suas obras autorais (Clic e Borgia). O resultado dessa mistura são heroínas lindas e mortais.

    Felizmente encontrei a HQ num dia onde tinha dinheiro no bolso. Acredito que o preço sugerido de 14,50 pode ser “salgado” para algumas pessoas. Pensar que você estará adquirindo uma obra com as ilustrações do Manara, pode ser de grande ajuda e sim, o conteúdo final da revista vale o seu preço e se paga automaticamente no momento da leitura e apreciação das ilustrações.

    A revista foi editada pela Marvel e publicada aqui no Brasil pela Panini, tem 63 páginas de história e um material adicional explicando o processo de criação do roteirista Chris Claremont e do próprio Manara. Um ótimo presente de natal.

    Texto de autoria de Breno C. Souza.

  • Agenda Cultural 23 | Maluquices, Mulheres e um Kit de Maquiagem

    Agenda Cultural 23 | Maluquices, Mulheres e um Kit de Maquiagem

    Sincronizem suas agendas. Edição com Flávio Vieira, Amilton BrandãoMario AbbadeLevi Pedroso (Johnny Depp), Bruno Gaspar e o convidado Carlos Tourinho.  Opniões à altura de tamanha bizarrice. A louca vida de Ozzy, dinossauros no teatro, zumbis na TV, Necromorfos nos games e um review do Kinect como você nunca viu. Além das mais absurdas declarações em nossa sessão de extras no final do podcast, por isso, não deixe de ouvir até o final!

    Duração:102 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

    Feed do Podcast

    Se você, além de acessar o site , faz uso de algum agregador de feeds – online ou offline – pode optar por assinar nosso feed, diretamente no seu agregador no link a seguir. Se você usa o iTunes para ouvir seus podcasts, copie o link http://feed.vortexcultural.com.br/, abra seu iTunes, vá na aba “Avançado”, “Assinar Podcast…”, cole o endereço e pronto!

    Contato

    Elogios, Críticas ou Sugestões: [email protected]
    Entre em nossa comunidade do facebook e Siga-nos no Twitter: @vortexcultural

    Comentados na edição

    Literatura

    Eu sou Ozzy – Ozzy Osbourne

    Música

    Grave Digger – The Clans Will Rise Again
    Early Man – Death Potion
    Early Man – Beware of the Circling Fin
    Vídeo do He-Man ao som de Early Man

    Teatro

    Pterodáctilos
    A Garota do Bikini Vermelho

    Série

    Human Target
    No Ordinary Family
    The Walking Dead

    Games

    Dead Space
    Playstation Move
    Atriz porno testando o Kinect
    Kinect – Coleção de vídeos ”vergonha alheia”

    Cinema

    Um Homem Misterioso
    A Vida Durante a Guerra
    Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1

    Produto da Semana

    Saquinho para o seu chá!

  • Resenha | The Authority Vs. Lobo: Infeliz Natal!

    Resenha | The Authority Vs. Lobo: Infeliz Natal!

    Authority x lobo - infeliz natal

    Dezembro, mês de Natal e confraternizações. Para isso, nosso querido Lobo, retorna na continuação do já clássico, Lobo Versus Papai Noel. De novo Lobo? É, de novo. Mas vou explicar a razão de duas resenhas sobre “O Maioral” em um espaço de tempo tão curto. The Authority Vs. Lobo: Infeliz Natal! vem como uma pseudo-continuação e com algumas maluquices a acrescentar na história.

    Jenny Quantum, uma pirralha de 3 anos, filha de Apollo e Meia-Noite (O Batman e o Superman da Wildstorm), está entediada na véspera de Natal, se vê sem a atenção das pessoas ao redor, e acaba encontrando um livro para ler, que nada mais é que uma edição de (aposto que a essa altura todos sabem, mas vamos lá, façam cara de surpresa) Lobo Paramilitary Christmas.

    Agora começa a piração típica das histórias do Lobo. Após Jenny ler a história, ela altera a realidade inconscientemente e traz o universo da revista do Lobo para o seu, e exige que o grupo mate o “Palhaço Mau”, o homem que matou o Papai Noel. Em contrapartida, Lobo é contratado por um grupo de alienígenas para acabar com o Authority.

    A história se desenvolve com base nesse plot e está repleta dos elementos da história clássica onde o Lobo dá cabo do Papai Noel, em dado momento, o Authority vai até o Pólo Norte descobrir o que houve com o Papai Noel e se depara com um massacre de duendes, renas mortas e outros seres fantásticos que só o Lobo é capaz de fazer, ou quando a Fada do Açúcar; O boneco de Neve e Elliot, o Elfo tentam fazer uma emboscada para se vingar do assassino do Bom Velhinho. Pra quem conhece o Lobo, já sabe o que esperar com uma história dessas, certo?

    O roteiro é cheio de ótimas tiradas, culpa de Keith Giffen e Alan Grant, dignas das melhores histórias do Lobo. Os desenhos são de Simon Bisley, desenhista clássico do Lobo. Um time já mais do que entrosado. A história tem tudo que agrada os leitores do Lobo: Um plot nonsense, mulheres nuas, piadinhas infames, e claro, muita porradaria e sangue.

    Infeliz Natal foi lançado pela Panini, através do selo da Wildstorm e é o penúltimo encontro do Czarniano com a equipe criada por Warren Ellis até o momento. Fiquem de olhos que em breve, publicarei a última parte dessa maluquice.

  • Resenha | Lobo Versus Papai Noel

    Resenha | Lobo Versus Papai Noel

    lobo x papai noel

    Aproveitando a deixa que o Natal está aí, nada melhor do que escrever sobre esta divertida história, que não é conhecida pela maioria das pessoas e espero que corram atrás disso, pois vale muito a pena.

    Publicada nos EUA no longínguo ano de 1991 com o título Lobo ParaMilitary Christmas Special, e que só foi aparecer por aqui apenas em 1999. O criador do personagem Keith Giffen ficou a cargo dos roteiros e também rascunhou o grosso dos desenhos, quem deu continuidade ao trabalho de arte foi Simon Bisley e os diálogos que finalizam o pacote ficaram a cargo de Alan Grant.

    Só para situar a galera que não conhece. O Lobo é um personagem da DC Comics, criado por Giffen em 1983. Nascido no planeta Czárnia, planeta esse conhecido como um modelo de paz em toda a galáxia, onde seus habitantes viviam em plena harmonia. Tudo isso até o nascimento de Lobo, que era completamente diferente dos demais. Logo após o nascimento já arrancou os dedos da parteira e assassinou seus médicos. Após se tornar adulto, Lobo simplesmente exterminou todos os seres vivos de seu planeta natal, se tornando o último czarniano vivo. Encontrou seu objetivo de vida, ao se tornar um caçador de recompensas, unindo sua sede por sangue e desejo por dinheiro. É legal lembrar que Lobo é um personagem praticamente imortal, tem força sobre-humana e fator de cura. Ele inclusive, derrotou o Superman enquanto estava bêbado (!!!).

    Após essa rápida história do personagem, fica evidente que Lobo é o personagem mais “chuta-bundas” dos quadrinhos, mas aqui o buraco é mais embaixo. O Czarniano é contratado pelo Coelhinho da Páscoa para executar o Papai Noel, pois, de acordo com ele, os outros feriados já não tinham a mesma importância do Natal, e o bom velhinho (nessa história nem tanto…rs) andava se gabando demais por isso. Após fechado o acordo (que para Lobo vale ferro, pois mantém sua palavra, custe o que custar), Lobo vai ao encalço do Papai Noel e deixa seus rastro de sangue por onde passa, matando até mesmo duendes e renas pelo caminho.

    A história não tem frescuras, afinal, é uma história do Lobo, rapá!  Repleta de humor negro e muito sangue, é impossível não se divertir. Essa HQ foi que corroborou para uma visibilidade maior do Maioral pelo Mundo, só por isso, já é recomendadíssima. Como aqueles filmes dos anos 80 que nos amarrávamos em assistir, saca?

    Muita violência, sangue e politicamente incorreto.

    PS: Abaixo, deixo vocês com o fanfilm dessa história.

  • Review | Bastard!!

    Review | Bastard!!

    bastard!! posterEstou em uma onda de ir atrás de animações japonesas, para quem me conhece sabe que isso é uma evolução e tanto, já que nunca fui um grande fã do gênero. Não me entendam mal, tenho algumas animações como obras que dificilmente serão superadas, principalmente se for compará-las com o que sai aqui no ocidente. Akira, Ghost In The Shell, Evangelion e outros estão em um nível muito acima. Mas enfim, preconceitos à parte, pedi algumas sugestões do que poderia conferir, já que fazia muito tempo que não consumia nada novo do gênero, e entre tantas indicações me sugeriram Bastard!!.

    Que me perdoem os otaku’s de plantão, que não são poucos, caso esteja falando bobagens por aqui, mas como já disse sou apenas um iniciado, então take easy, folks. Após os avisos, vamos prosseguir. Bastard!! é um mangá criado por Kazushi Hagiwara, publicado no Japão pela Editora Shueisha em 1988 e até hoje está em produção, apesar de certa irregularidade (fiz o dever de casa hein?!). Mas como o objeto da resenha não é o mangá, e sim o anime, deixemos os detalhes de lado. O anime (OVA, no caso) foi produzido em 1992 e tem apenas 6 episódios, uma versão resumida do primeiro arco (posso chamar assim?) narrativo do personagem.

    A história se passa em um tempo onde a raça humana tem de conviver em meio a bestas e demônios, e apenas feitiçaria e espadas ditam a lei. Encabeçando este caos está Dark Schneider, um mago demoníaco que pretende dominar o mundo, criando o que ele acredita ser uma utopia para todos. Com ele estão Gara, Arshes, Abigail e Kall-Su que se juntam ao seu ideal, o que Dark Schneider não contava era ser preso em uma criança por um grupo de sacerdotes do reino de Metallicana.

    Após 15 anos, o mesmo grupo de aliados de Dark Schneider está seguindo seus passos e com isso, buscam libertar  Anthrasax, a Deusa da Destruição, de seu sono milenar para destruir a humanidade e limpar o mundo. Para isto, eles precisam destruir quatro selos que estão espalhados pelo mundo, sob a responsabilidade de 4 reinos, um deles é Metallicana, o mesmo reino responsável por aprisionar seu inimigo.

    O reino tenta resistir aos seus inimigos, mas seu esforço é em vão e em um ato arriscado, Geo, um dos sacerdotes que aprisionou Dark Schneider, ordena a sua filha Yoko com o papel fundamental de libertar o mago aprisionado, em uma última tentativa de derrotar seus inimigos. O que eles não contavam era a forte personalidade e devoção por parte de Dark Schneider.

    Bastard!! é uma anime bastante divertido, repleto de cenas de ações com magias e batalhas de espadas, além de uma pitada de erotismo. Seus personagens são carismáticos o suficiente para o envolvimento na história, porém, o roteiro deixa a desejar, os diálogos são pífios e as motivações dos personagens não são das mais convincentes. Os famosos “chavões” estão presentes entre as tantas frases de efeito ou gritos de mocinhas em perigo serem o suficiente para o protagonista se infle e acabe com quem estiver na sua frente.

    Apesar dos clichês, Bastard!! é uma boa pedida por alguns pontos, e o primeiro deles é o protagonista. Dark Schneider é um anti-herói cafajeste, porradeiro, arrogante e ainda arruma tempo para soltar palavrões e ainda assediar a mulherada que está em volta. Outro ponto importante é a sacanagem que está presente em toda a série, seja em cenas implícitas ou naquelas escancaradas mesmo. E pra finalizar, as inúmeras referências feitas a bandas de rock durante a série, seja em nomes de magias como Megadeth, Venom, Accept, Iron Maiden, ou nome de locais ou personagens.

    Bastard!! vale pela qualidade gráfica da animação, que apesar de ser 1992, é muito bem feita. Se está atrás de diversão, pode ir sem medo, só não espere muito estofo no roteiro, pois certamente irá se decepcionar.

    bastard!!

  • Review | Supernatural – 5ª Temporada

    Review | Supernatural – 5ª Temporada

    Supernatural_Season_5Supernatural, uma das séries de maior audiência da atualidade, conta a história de Dean e Sam Winchester, dois irmãos que andam Estados Unidos afora caçando seres e entidades sobrenaturais, salvando vidas, fazendo inimigos, bebendo cerveja e imperando pelas estradas com seu Impala 1967. A série agrada os fãs do gênero mistério e terror, sem abrir mão do bom humor e do sentimentalismo familiar clássico.

    No quinto ano da saga dos irmãos Winchester, temos o que chamamos da pior fase da trama dos caçadores de monstros mais famosos da TV desses últimos tempos. No final da quarta temporada, Sam e Dean perseguem e matam o demônio (ou demônia) Lilith, e se enganam ao pensar que estariam fazendo um bem ao equilíbrio do mundo, pois na realidade, a morte da criatura seria mais um dos selos a serem quebrados para que Lúcifer, também conhecido como Diabo, Capeta, Tinhoso, Tranca Rua, Exú e etc, pudesse andar livre pela Terra, trazendo consigo destruição, pestilência e tudo mais que se espera do tão sonhado Apocalipse bíblico.

    Com isso, a consciência dos Winchester pesa, e se sentem obrigados a arrumarem a tamanha besteira que fizeram. Além do inferno literalmente estar tomando conta do planeta, com centenas de milhares de demônios fazendo zona por aí, o andar de cima também começa sua revolta. Deus teria desistido da humanidade e desaparece, assim, seus funcionários com asas passam a guerrilhar e começam uma guerra contra os demônios para impedirem a acensão de Lúcifer, que para reinar de vez sobre a Terra, precisa do hospedeiro perfeito, que é ninguém mais que o próprio Sam Winchester, que serviria de megazord na batalha final entre demônios e anjos, que por sua vez o lutador da parada seria o próprio Miguel Arcanjo e seu receptáculo (uma dança erótica do Fanaticc como prêmio pra quem acertar quem seria o megazord celestial), Dean Winchester.

    Tudo é uma bagunça, literalmente, e Dean e seu irmão superdesenvolvido contam com a ajuda de Castiel, o anjo gente boa que se rebela contra sua própria raça para defender os humanos, que estão no fogo cruzado na guerra Céu x Inferno, tudo por uma questão de fé, além de outros caçadores já conhecidos de outras temporadas como Ellen, Jo e Bob Singer. Juntos, a trupe exorcizam humanos possuídos e lutam contra anjos malvados, tudo pra salvarem seus traseiros, com doses de drama e preocupação familiar, já que Sam é famoso por ter quedas por garotas-demônio, e seu problema em ser viciado em sangue dos vizinhos do andar de baixo, poderia ser um passo pra que na hora H, tudo se perdesse e Lúcifer finalmente colocasse as mãos em são tão almejado hospedeiro perfeito.

    Isso tudo com direito a briguinhas entre irmãos e um certo Dean Winchester, que passava uma imagem tão foderosa nas temporadas anteriores, com seu jeitão deslocado e bem humorado, passa o tempo todo com aquele ar depressivo, o que parece afetar todos os outros personagens e faz perder o ânimo nesse 5º ano da série. A falta de outras criaturas além de Anjos e Demônios na trama também é uma falha. Tudo se resume na clássica disputa Céu x Inferno, sendo maçante e tedioso. Poucos episódios que arrancam uma gargalhada do espectador, como era de costume com as piadas, comentários e referencias nos diálogos entre os dois irmãos.

    Com uma trilha sonora bem selecionada, Supernatural tem gás pra mais algum tempo de divertimento para os fãs, que inclusive agora está explorando novos meios de publicidade, lançando um animê e revistas em quadrinhos.

    – 

    Texto de autoria de Felipe “Jim” Rozz.

  • Crítica | Machete

    Crítica | Machete

    machete

    E Robert Rodriguez está de volta com seu cinema mexicano e trash. Após muito medo por parte das distribuidoras, que adiou a data de estréia umas 3 vezes, FINALMENTE Machete chega aos cinemas brasileiros. Com El Gigante Danny Trejo como Machete, policial federal mexicano incorruptível que prefere usar facas (machete) e grande elenco, entre eles, Robert De Niro interpretando um político corrupto e Steven Seagal como um traficante de drogas de cartel que usa espadas… Nada poderia ter uma premissa tão épica.

    O filme começa em estilo impactante mostrando a que veio em sua primeira grande cena. Machete e seu parceiro estão em seu carro indo resgatar uma jovem que foi presa por traficantes, enquanto isso, seu chefe os manda não fazerem nada, e é claro, é completamente ignorado. Machete entra com carro e tudo na casa do traficante e seu parceiro já morre aí. Os próximos minutos são recheados de facadas e cabeças voando até o momento em que o protagonista é pego na armadilha e sua família é morta.

    Não é um roteiro original, passa longe de ser um dos melhores roteiros que você verá por aí, mas não se vai ao cinema ver um filme do Rodriguez, principalmente se tratando de Machete, esperando algo grandioso. Machete é um filme trash e se assume como tal, não poupa esforços para fazer com que o expectador não se esqueça disso. Os clichês estão inseridos nas cenas, diálogos, personagens; TUDO vai às raízes do trash e torna o filme extremamente divertido. Jéssica Alba como policial latina da imigração e Lindsay Lohan como a filha drogada de um traficante são provas das piadas que esse filme pode contar.

    Bom, as atuações não são excelentes, não há nada de incomum ali, exceto alguns poucos exemplos, como do De Niro fora do piloto automático, por exemplo. Já Michele Rodriguez faz a machona de sempre, Danny Trejo não sai muito de suas caras e bocas tradicionais, Jeffrey Frahey (a.k.a Frank Lapidus) também não sai de seu personagem.

    Porém, o filme exagera em determinados momentos. Certas cenas perdem o propósito e soam forçadas até para os filmes do Rodriguez, parecem ter sido postas ali apenas por parecerem legais e acabam não sendo. Além dos efeitos parecerem MUITO falsos em determinados momentos, o que pode ter sido feito propositalmente para que não esqueçamos de quão trash o filme quer mostrar ser.

    No final Machete é um filme de Robert Rodriguez, que vem repetindo a fórmula filme após filme. O que não o torna menos divertido, ele paga cada centavo que você gasta com nossos caros cinemas em diversão. E se você sair do filme reclamando dele, você não é um macho de verdade. No mais Machete don’t text.

    Texto de autoria de André Kirano.

  • Review | The Walking Dead – 1ª Temporada

    Review | The Walking Dead – 1ª Temporada

    The Walking DeadComo todo filme pós-apocalíptico, quem nunca se perguntou sobre o depois, se eles fugiram, se sobreviveram, ou o que aconteceu? Para estas pessoas que querem este algo a mais, recebemos de braços abertos este seriado maravilhoso que é The Walking Dead.

    Antes de continuar, escolha sua arma e fique atento, pois contém spoilers.

    A história é baseada nos quadrinhos de homônimo, The Walking Dead (2003), de Robert Kirkman com desenhos de Charlie Adlard e posteriormente substituído por Tony Moore e distribuída pela Image Comics. De início a história é simples e bem clichê, Rick Grimes (Andrew Lincoln) é um policial que foi baleado em uma patrulha e fica em coma.  Abandonado às pressas pela família e amigos, ele acorda sozinho no hospital, desorientado e sem saber o que esta acontecendo. Ao tentar voltar para a casa, ele percebe que algo de muito estranho aconteceu, o hospital está destruído, carros estão abandonados, casas abertas, pessoas mortas pela ruas, até que ele encontra alguém andando, veja bem, andando, não vivo! Sem entender ele grita por socorro e é surpreendido por um garoto  e seu pai, Morgan. Só então ele toma conhecimento do que está acontecendo e decide procurar por sua família, já que ainda tem esperança de que eles estejam vivos, é aí que a história começa!

    Rick tem a informação de que existem pessoas vivas e a salvo em Atlanta, decide então começar por ali sua busca! Entrando na cidade ele fica cercado dentro de um tanque de guerra, e acaba conhecendo uma das pessoas mais importante de sua jornada, Glenn (Steven Yeun), um amigo rápido, esperto e que salvaria sua vida muitas e muitas vezes e completaria a busca de Rick.

    Glenn era entregador de pizzas, e conhecia bem as ruas de Atlanta, rápido e ágil, depois da catástrofe passou a viver em um trailer com algumas pessoas, entre eles Shane. Shane (Jon Bernthal), o melhor amigo de Rick, estava junto dele no dia do incidente que o colocou em coma, fugiu quando tudo começou e acreditava que tinha visto Rick morto, prometeu proteger  Lori e Carl como sua própria família.

    Lori (Sarah Wayne Callies, Prison Break) e Carl (Chandler Riggs), esposa e filho de Rick, Lori foge deixando Rick, pois achava que ele estava morto e acaba se envolvendo com Shane, mas quando Rick volta tudo vira uma bagunça, seus sentimentos por Rick são fortes, mas o sentimento de culpa pelo que fez com Shane, era ainda maior. Carl, filho de Rick, não teve muita participação no seriado, como foi na HQ, tudo o que fez foi chorar e correr, mas sim, ele é um menino corajoso e que mesmo criança, tem muito mais atitude e sentimento de proteção do que muitos no acampamento.

    Com o decorrer da série, ocorre um ataque de muitos zumbis no acampamento, que acaba eliminando muitos alguns personagens, e o grupo decide que precisam partir, já que ali não é mais um lugar seguro. Nessa jornada partem para um centro de pesquisas e encontram abrigo com Dr. Edwin Jenner, um cientista que busca entender o que acontece com as células dessa nova peste que infestou o mundo.

    Uma história onde zumbis são apenas coadjuvantes, pois a atenção toda é no relacionamento das pessoas, convivência, novas políticas e regras de sobrevivência. Com uma primeira temporada muito empolgante, excepcional e muito bem vista lá fora e já com a segunda temporada garantida com 13 episódios. Contudo, corre o boato de que os roteiristas foram demitidos. Como assim? Simples, o produtor Frank Darabont achou que as coisas estavam tomando um rumo diferente, e se isso for verdade, contratará roteiristas diferentes para os episódios, eles seguirão a história, e diferente de muitas adaptações e seriados que morrem no meio do caminho, The Walking Dead tem tudo para ser um grande sucesso!

    Se você também não foi muito com a cara do Season Finale, não se preocupe aquilo não existiu, mas eles já estão tomando o rumo certo que foi o início! Comparando com a HQ, os elementos básicos foram levados e preservados, mais emoção e dialogo entre alguns personagens foram criados, tudo isto para não sair em disparada com o seriado que promete muito. Shane nos quadrinhos não é nada carismático e até odiamos e esperamos pelo seu fim, diferente do personagem do seriado.

    Zumbis da HQ são mais lentos, e alguns personagens bem diferentes dos desenhos, mas o que não afeta a história. Muito mais sangue derramado e cenas impróprias, fazem da HQ algo que uma criança não pode ler sem a supervisão de um adulto! Eu gostaria de contar mais um pouco, mas tenham certeza, se a seqüência for o que está na HQ, será fascinante e apaixonante!

    Uma dica de um leitor, telespectador e apaixonado por zumbis, se começar a ler a HQ, cuidado, não dá para parar!

    Texto de autoria de Henrique Romera.

  • Anotações na Agenda 02 | Feedback e Notícias

    Anotações na Agenda 02 | Feedback e Notícias

    Sincronizem suas Agendas. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Levi Pedroso  (@levipedroso), Bruno Gaspar e Rafael Moreira (@_rmc) retornam para um bate-papo descontraído sobre as principais notícias da semana, além de ler os comentários e emails das edições passadas enviados pelos ouvintes.

    Duração: 48 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

    Feed do Podcast

    Se você, além de acessar o site , faz uso de algum agregador de feeds – online ou offline – pode optar por assinar nosso feed, diretamente no seu agregador no link a seguir. Se você usa o iTunes para ouvir seus podcasts, copie o link http://feed.vortexcultural.com.br/, abra seu iTunes, vá na aba “Avançado”, “Assinar Podcast…”, cole o endereço e pronto!

    Contato

    Elogios, Críticas ou Sugestões: [email protected]
    Entre em nossa comunidade do facebook e Siga-nos no Twitter: @vortexcultural
    Faça parte de nosso grupo de colaboradores e envie-nos seu material para nosso email de contato.

    Comentados na edição

    Agenda Cultural 19 – Um Morto que caminha, Hurley e Larissa Riquelme
    Agenda Cultural 20 – Nostalgia, Possessões e muita Polêmica
    Agenda Cultural 21 – O Retorno do Rei, A Canção dos Bardos e a Volta do Coronel
    Facebook do Vortex Cultural
    Deviantart – Bruno Gaspar
    Galeria Hentai – Bruno Gaspar
    Projeto – Graphic Novel Negrinho do Pastoreio

    Playlist da Edição

    Cyber Heart (Cybercops) – Hiroshi Nishikawa
    Jikuu Senshi Spielvan (Spielvan) – Ichiro Mizuki
    I Will Always Love You – Kenny G
    Comando Estelar Flashman (português)
    Being Held In Love (Solbrain) – Takayuki Miyauchi
    Mobile Detective Jiban (Jiban) – Akira Kushida
    Unare Jikou Shinkuu Ken (Jiraya) – Akira Kushida
    Chou-denshi Bioman (Choudenshi Bioman) – Takayuki Miyauchi
    Senda no Rider (Kamen Rider Black RX)
    Metaltex Jaspion (português) – Fred Maciel
    Shooting Star (Cybercops) – Mika Chiba
    It’s All For Loving You (Kamen Rider Black RX) – Takayuki Miyauchi
    Passion Explosion (Jiban) – Akira Kushida
    Degenki Sentai Changeman(Changeman)Hironobu Kageyama
    O Fantástico Jaspion (Português) – Fred Maciel

  • Review | V

    Review | V

    visitors-morena

    A série surgiu como uma nova roupagem as séries clássicas dos anos 80, V e sua continuação V – A Batalha Final, criada por Kenneth Johnson para a emissora NBC. A trama não trazia grandes diferenças do remake, já que também contava a história de alienígenas que surgem na Terra aparentemente com boas intenções, dizendo que precisam de certos artefatos químicos que só podem ser encontrados em nosso planeta. Para isso, eles prometem ajudar a humanidade em seu desenvolvimento.

    No decorrer da trama, descobre-se que esses alienígenas são répteis e possuem um apetite um tanto fora do comum, protagonizando uma das cenas mais bizarras já vistas, onde a antagonista engole um gato. A série, apesar de bem aceita pelo público americano, por muito tempo não se imaginou que nada relacionado a ela fosse “desenterrado”, até que em 2009 estreou nos EUA pela ABC, V.

    Dirigido por Yves Simoneau e Fred Toye e produzido por Scott Peters, V traz algumas diferenças em relação a série original. A trama se inicia quando várias naves alienígenas surgem nos céus das principais metrópoles mundias, e Anna (Morena Baccarin) projeta sua imagem através dessas naves para transmitir sua mensagem, discursando sobre a importância da união global sem divisões territoriais e acima de tudo, deixa claro que eles vêm em paz.

    Tendo como plano de fundo as teorias de conspiração sobre os reptilianos, bastante conhecida para àqueles que gostam do assunto, V reúne sci-fi com suspense, mas acaba pecando no desenvolvimento do seu roteiro e nos seus personagens. Para uma série de 12 episódios, deveríamos esperar um dinamismo maior, o que acaba não ocorrendo, tornando a série cansativa em alguns momentos. O que a princípio era uma ameaça, rapidamente se transforma em motivo de fascínio por boa parte da raça humana, e assim, o medo se transforma em devoção.

    visitors

    Com isso, os visitantes têm o que precisam para dar andamento em seu plano de conquista. Mas existem dissidentes que não acreditam na sinceridade e benevolência dos visitantes e partem em busca de respostas para desmascará-los. Entre eles está Erica Evans (Elizabeth Mitchell, a Juliet de Lost), uma agente do FBI que investigava uma organização terrorista e Jack Landry (Joel Gretsch), um padre que tem sua fé abalada com a chegada dos alienígenas; ambos descobrem a farsa dos visitantes durante uma sigilosa reunião organizada por Georgie Sutton, onde descobrimos que os visitantes já estão instalados entre nós há muitos anos. Não vou me ater a trama mais do que já foi feito, até porque não quero estragar as surpresas que uma série como V pode proporcionar.

    A atuação de Mitchell decepciona bastante, já que sua personagem, Erica Evans, desfila a série toda com a mesma cara, bem diferente de suas interpretações em Lost. O mesmo ocorre com outro personagem central, o Padre Jack, interpretado por Gretsch, que não consegue demonstrar suas hesitações e conflitos ao ter sua fé abalada com a chegada dos visitantes, já que seria algo interessante de ser visto. Baccarin atua durante a série toda representando uma personagem que não sente emoções, mas quando temos um episódio que exige isso, deixa a desejar, mas nada supera o “aborrescente” Tyler, filho de Erica, que é intragável não só pelas suas atuações como no desenvolvimento da personagem.

    Os coadjuvantes acabam roubando a cena, como é o caso do ambicioso repórter Chad Decker (Scott Wolf), que se envolve com os visitantes em busca de sucesso profissional e tem uma crescente interessante, além do misterioso Hobbes (Charles Mesure), um terrorista que se junta ao grupo para enfrentar os visitantes, mas que não deixa bem claro sua posição no jogo de tabuleiro que está se armando. Outro ponto que merece ser comentado são os “defeitos” espaciais da série que deixam a desejar, mas nada que atrapalhe a imersão na história.

    V chegou com muita pompa, mas acabou se perdendo em meios à episódios arrastados e isso se refletiu diretamente na audiência do seu público. Na soma final, a série tinha uma proposta interessante, mas deixou muito a desejar. Uma pena, já que séries sci-fi estão cada vez mais em baixa.

  • Agenda Cultural 22 | A Elite dos Nerds Aposentados

    Agenda Cultural 22 | A Elite dos Nerds Aposentados

    Sincronizem suas agendas. Edição com Flávio Vieira, Felipe Morcelli, Mario AbbadeLevi Pedroso (Johnny Depp). Confira o bate papo sobre a morte de um grande homem, a luta de um garoto contra o mundo, a volta (?!) da fantasia no metal e mantendo a variedade de assuntos do Vortex, uma breve discussão sobre os livros que inspiraram um dos filmes mais polêmicos do ano. What you’re waiting for? Download it!

    Duração: 100 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

    Feed do Podcast

    Se você, além de acessar o site , faz uso de algum agregador de feeds – online ou offline – pode optar por assinar nosso feed, diretamente no seu agregador no link a seguir. Se você usa o iTunes para ouvir seus podcasts, copie o link http://feed.vortexcultural.com.br/, abra seu iTunes, vá na aba “Avançado”, “Assinar Podcast…”, cole o endereço e pronto!

    Contato

    Elogios, Críticas ou Sugestões: [email protected]
    Entre em nossa comunidade do facebook e Siga-nos no Twitter: @vortexcultural

    Comentados na edição

    Quadrinhos

    A Morte do Superman – vol 2
    Superman Earth One

    Literatura

    Elite da Tropa – Luiz Eduardo Soares, André Ramiro e Rodrigo Pimentel
    Elite da Tropa 2 – Luiz Eduardo Soares, André Ramiro, Rodrigo Pimentel e Cláudio Ferraz

    Música

    Avantasia – Wicked Symphony e Angel of Babylon
    Rush – Caravan (single)
    Kanye West – My Beautiful Dark Twisted Fantasy

    Teatro

    Hedwig e o Centímetro Enfurecido

    Games

    Battlefield Bad Company 2

    Cinema

    As Cartas Psicografadas de Chico Xavier
    A Suprema Felicidade
    Atração Perigosa
    Reflexões de um Liquidificador
    Minhas Mães e Meu Pai
    Federal
    Crítica: Federal por Mario Abbade
    Jogos Mortais – O Final
    Ondine
    Um Parto de Viagem
    Scott Pilgrim Contra o Mundo
    Jackass 3-D
    Muita Calma Nessa Hora
    Red – Aposentados e Perigosos

    Produto da Semana

    Apontador Bizarro

  • Resenha | Elite da Tropa 2 – Luiz Eduardo Soares, Rodrigo Pimentel, André Ramiro e Cláudio Ferraz

    Resenha | Elite da Tropa 2 – Luiz Eduardo Soares, Rodrigo Pimentel, André Ramiro e Cláudio Ferraz

    Elite da Tropa 2A continuação da polêmica histórica contada por Luiz Eduardo Soares (Antropólogo e ex-secretário de segurança do RJ), Rodrigo Pimentel (ex-bope) e André Ramiro (ex-bope e atual major da PM) em 2007, com o livro Elite da Tropa, retorna com seu segundo volume, acrescentando entre o time de autores, Cláudio Ferraz, delegado chefe da DRACO (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e de Inquéritos) e peça chave no combate ao crime contra as milícias. Para aqueles que não acreditavam ser possível descer mais fundo na questão da segurança pública do que o quê já havia sido feito em Elite da Tropa, aqui nos deparamos com uma realidade muito mais cruel.

    Trazendo o dia-a-dia de uma unidade tática da polícia civil, onde ainda é possível vislumbrar profissionais honestos e que se dispõe a fazer a diferença em meio ao mar de corrupção que assola a sociedade e o governo. Sob o ponto-de-vista dessas pessoas, nos deparamos com um sistema penal e judicial desatualizado, que já escancara sinais de desgaste ao longo de todos esses anos.

    O protagonista e narrador do livro é um inspetor da policia civil da mesma unidade de Cláudio Ferraz, a DRACO, e com o início do livro sabemos que este está afastado da unidade devido a um acidente que o acabou deixando em uma cadeira de rodas. Com o desenrolar do livro, vamos nos informando a respeito do destino trágico que o levou aquilo, além de próprios comentários que ele vai postando no twitter (para quem quiser conferir o perfil, clique aqui) e estão ali para enriquecer a história, o que aliás foi uma grande sacada dos autores, independente do personagem ser ficcional. Uma pena esse tipo de ação ter se perdido, devido a exclusão e postagem dessas mensagens repetidamente.

    Já em seus capítulos iniciais, temos um relato detalhado envolvendo todo o mistério do desaparecimento de Patrícia Franco, engenheira recém-formada que desapareceu em 2008 e estampou os jornais não só do Rio de Janeiro como do Brasil. É lógico que os autores evitaram fazer referência direta ao caso e utilizaram nomes, locais e datas falsas, mas para quem se lembra do caso é inegável não relacionar, deixando evidente sobre quem estão falando. O crime foi ato de milicianos e o livro narra com riqueza de detalhes toda a sequência de acontecimentos anteriores e posteriores à morte da jovem.

    Assim como no filme, o foco do livro são as milícias do Rio de Janeiro, e temos todo um relato detalhado pelo narrador do livro de como estas começaram a se formar e toda coerção que impuseram nessas regiões, além de detalhar todo o lucro exorbitante que esta gera. A dificuldade dos policiais dispostos a combater este tipo de crime organizado fica claro no livro, seja pelos depoimentos de testemunhas, que são feitos em um dia e desfeitos no outro, devido ao medo que esse bando exerce sobre a população; seja pelo poder de influência que estas exercem sobre o poder judiciário e legislativo; ou mesmo pelo risco de contaminação que existe dentro da própria polícia, não sabendo ao certo quem é confiável o bastante para apoiar tais ações.

    Da metade para o final do livro já temos nosso inspetor como um cadeirante e não podendo dar apoio efetivo na DRACO, este passa a trabalhar no gabinete do deputado Marcelo Freitas – ou se preferirem, Marcelo Freixo, deputado estadual do Rio de Janeiro pelo PSOL – que prepara uma CPI contra as milícias. Durante este trecho do livro, temos um flashback do Marcelo Freixo (desculpem, mas fico mais a vontade chamando pelo nome real), durante a famosa rebelião ocorrida em Bangu I em 2002, liderada por líderes do Comando Vermelho, entre eles, Fernandinho Beira Mar e “Escadinha”, todos com nomes alterados, logicamente, mas que nem por isso, não torna fácil a associação.

    Durante esta rebelião, onde foram mortos quatro peças importantes de facções rivais, temos Freixo e um comandante do BOPE na época tentando apaziguar a situação sem chegar a extremos e nos deparamos com a então governadora, Benedita da Silva, após forte hesitação, ordenando uma chacina no presídio, através de um conselho de alguém do alto escalão do partido (supostamente, José Dirceu), mas que no entanto, foram descumpridas pelo então comandante do BOPE, o que acabou terminando de uma maneira menos brutal, sem um extermínio geral.

    Histórias como essas você irá encontrar no livro, que buscam acima de tudo um compromisso com a verdade, seja ela qual for. Luiz Eduardo Soares teve o papel de escrever o livro, enquanto os outros três co-autores foram os responsáveis por fornecer boa parte de toda a fonte de pesquisa para a realização do livro, sendo um material riquíssimo sobre a organização das máfias brasileiras, que não se enganem, não estão se proliferando apenas no Rio de Janeiro, como por todo o Brasil. A narrativa está muito mais fluída e rica, fator fundamental que pecava um pouco no primeiro livro, e a escolha de um personagem central para a trama ajuda bastante no envolvimento da história. Apesar de não precisar mencionar, mas a trama tem poucas semelhanças com o filme em questão, porém, compartilham as mesmas intenções, a denúncia e a conscientização.

    Elite da Tropa 2 é leitura obrigatória para entender como funcionam as engrenagens da segurança pública. Poderia defini-lo como revelador, chocante, polêmico, e outros tantos adjetivos, mas isso diminuiria o valor do livro. Leitura fundamental.

  • Resenha | Leões de Bagdá

    Resenha | Leões de Bagdá

    Leoes de Baghda - Brian K. Vaugh

    Brian K. Vaughan é um dos grandes escritores da atualidade. Dono de um estilo autoral, Vaughan se consolidou no mercado como um dos grandes roteiristas da atualidade, transitando inclusive por outras mídias como roteirista, onde veio a escrever alguns episódios até mesmo para Lost.

    Publicada em 2006 pela Vertigo, e lançada no Brasil apenas em 2008, Leões de Bagdá traz roteiros de Vaughan e arte de Niko Henrichon. A graphic novel traça uma alegoria sobre a possível “libertação” do povo iraquiano do governo de Saddam Hussein pelos americanos, tudo isso do ponto de vista de leões que fugiram do Zoológico de Bagdá, após bombardeios das tropas norte-americanas. O fato realmente ocorreu, o que dá um sabor ainda mais interessante na história.

    Após o bombardeio, quatro leões escapam de suas jaulas, e sob o ponto de vista deles, temos contatos com diferentes perspectivas, como a do filhote de leão, que se sente entusiasmado pelo novo mundo que está conhecendo, a do chefe da alcateia que procura se adaptar a nova situação, da leoa mais velha que reluta em encarar a nova vida, pois já havia sofrido muito enquanto era livre, e finalmente da leoa jovem, que durante toda sua vida sempre quis fugir do Zoológico e retornar a vida selvagem.

    No desenvolvimento da história, somos apresentados a fundo as personalidades de cada personagem, e presenciamos os embates da leoa mais velha, Safa, com Noor, a jovem leoa, e são nesses embates onde temos o cerne da questão. O que é a liberdade?

    A obra não tem nada de sutil, vê se de longe a clara influência do EUA e seu conceito de “libertação” do mundo, claro, tudo isso sob o olhar de animais que anseiam por sua liberdade, mas que a conseguem de maneira inesperada. Existe sim uma antropomorfização, e ela está muito bem trabalhada, todos os leões demonstram aspectos humanos, a metáfora é evidente, porém, não é forçada. Cada um deles tem sua personalidade bem definida, cheia de nuances e problemas. É impossível não se identificar com as personagens.

    Vaughan é um cara que tem me surpreendido sempre que o leio, e agradeço imensamente por isso. A história é muito bem construída e sua narrativa é prazerosa de se ler. O roteirista fez todo um trabalho de campo comportamental sobre os leões, a situação política do Iraque e a invasão norte-americana. Na obra vemos todos os sentimentos conflituosos sobre essa polêmica guerra.

    Falar de Vaughan é chover no molhado, mas não se pode esquecer do trabalho gráfico de Leões de Bagdá. Niko Henrichon. esse nome merece atenção, nunca tinha visto seu trabalho antes e o cara é fantástico, dono de um traço espetacular, e consegue somar isso a uma excelente escolha de cores, além de dosar tudo isso com uma ótima aplicação de luz e sombras. As expressões dos animais são intensas e verdadeiras. Muitas vezes não é necessário nem ao menos ler suas falas para se compreender seus sentimentos, suas preocupações. Interessante notar também que as expressões não destoam da anatomia dos corpos, que é desenhada com bastante verossimilhança.

    Enfim, um grande roteiro e uma bela arte sobre um tema sobre o qual vale a pena refletir.

  • Crítica | Na Natureza Selvagem

    Crítica | Na Natureza Selvagem

    na-natureza-selvagem

    Na Natureza Selvagem conta a história de um rapaz que ao concluir sua faculdade, decide cruzar os Estados Unidos para descobrir os limites do ser humano. A história baseado no livro de Jon Krakauer, relata a vida de Christopher McCandless, que se prepara para a jornada de sua vida, deixando para trás seus estudos, dinheiro, família.

    O filme inicia-se com Chris já no Alaska, e no decorrer dele, vamos descobrindo seu passo-a-passo para chegar até lá. A história é narrada por Chris e sua irmã Carine, através de lembranças ou poesias do próprio Chris. Podemos observar na personagem uma pessoa que não tem apego pelas coisas materiais e sim com coisas que ele julga mais importantes, como a verdade, amor e a fé. Em seu caminho Christopher adota o nome de Alexander Supertramp (Supervagabundo) e acaba conhecendo diversos tipos de pessoas que vão deixando um pouco de cada um na personalidade de Alex.

    A Direção de Sean Penn é extremamente competente, e traz uma fotografia belíssima do Alasca, Grand Canyon, e outros lugares não contaminados pelo homem. A atuação de Emile Hirsch é fantástica e emocionante, em determinado ponto das filmagens, o ator teve que emagrecer 18 kgs para vivenciar a personagem. Quanto aos coadjuvantes? Eles só tem a somar no resultado final, seus personagens são todos muito bem construídos, e em cada cena em tela, você torce para que eles fiquem mais um pouco por ali. A trilha sonora composta pelo Eddie Vedder é lindíssima, uma das melhores que já ouvi.

    O filme toca por ser tão singelo, a trama é basicamente a viagem do protagonista em busca de seu sonho e através da personagem, desocbrimos nossa capacidade de sobreviver a nossa conta sem os supérfluos que nos rodeiam, em contrapartida vemos que é impossível ser feliz sem poder compartilhar nossa felicidade e o que vivenciamos com os outros. Durante toda projeção sentimos que o filme busca um outro rumo que a maioria dos demais abandona, há todo momento ele vai contra a maré e conta uma história com simplicidade mas de maneira magistral, e acredito ser esse um dos grandes méritos do filme.

    Na Natureza Selvagem tem uma força enigmática e libertadora inexplicável, nos faz refletir sobre o nosso cotidiano, sobre a loucura que a sociedade consumista impõe, a filosofia de crescer a qualquer custo, não importando o como. Isso é bastante demonstrado pelo pai de Chris em sua busca incessante pelo “american way“, passando por cima de tudo para conseguir o que quer e criando uma enorme distância entre ele e os filhos.

    Certos filmes ficam na memória, esse é um deles. Sua grande mensagem é a de “encontrarmos” a nós mesmos, a busca pelo auto-conhecimento e sobre as pequenas coisas que não nos damos conta e nos fazem feliz, a partilhar felicidade(pode parecer clichê, e pode até ser, mas o filme trabalha muito bem isso). Nosso protagonista descobre quem realmente é ao realizar sua jornada e vivenciar um mundo diferente de onde cresceu, mas que nem por isso o moldou. Sua descoberta foi atráves de sua jornada e pelas pessoas que encontrou em seu caminho, cabe a cada um de nós descobrir qual é o nosso.

    … Mais que amor, dinheiro,  fé,  fama, equidade… dê-me a verdade. – Alexander Supertramp

  • Resenha | Batman: Cacofonia

    Resenha | Batman: Cacofonia

    Batman - Cacofonia

    Batman Cacofonia é escrita pelo cineasta Kevin Smith – que me perdoem os fãs, mas verdade seja dita – nem com a presença do homem, a revista se torna grande coisa.

    Lançada originalmente entre janeiro e março de 2009 em três edições com o título Cacophony. A HQ surgiu após a DC Comics ter a ideia de convocar Kevin Smith para escrever uma história do Batman com ‘liberdade total’. Smith, que já havia escrito algumas HQs chama seu parceiro Walter Flanagan para ficar a cargo dos desenhos de sua história. Contratos acertados, mãos à obra!

    O Asilo Arkham dá mole novamente e o Coringa está às soltas nas ruas de Gotham de novo. Coringa decide se vingar de Maxie Zeus – Vilão de 5º escalão do Batman – que havia roubado sua fórmula do gás do riso e transformado ela em uma droga do momento, que era chamada de… risinho. Zeus tenta manter um acordo com o Coringa oferecendo metade dos seus lucros, mas o palhaço recusa, alegando que o objetivo do gás é apenas matar pessoas e não causar um “barato” nelas. Durante toda essa confusão, surge ainda, Onomatopeia – vilão criado por Smith quando escreveu algumas histórias do Arqueiro Verde – que usa o Coringa como isca para eliminar o Morcego.

    A narrativa de Smith é excelente, traçando ótimos diálogos e colocando muita personalidade em todos os personagens que escreve, seu Demolidor é um bom exemplo disso. Tudo isso temos em Cacofonia já nas primeiras páginas. E já que estamos falando das personalidades de seus personagens, em Cacofonia temos caracterizações únicas, agora imagine isso tudo em uma história onde só tem malucos.

    Coringa é sugerido como um homossexual em uma piada sensacional, o que convenhamos, se tratando da mente perturbada dele é bem possível que esteja disposto a fazer qualquer coisa. O mesmo vale para o Zsasz – Outro vilão de quinta do Batman, conhecido por marcar seu corpo com cicatrizes cada vez que comete um assassinato – Aqui ele se vê obrigado a marcar seu órgão sexual, pois já não encontra outro lugar no corpo para tal.

    A sexualidade faz parte da revista, o Coringa protagoniza outro momento estranho, onde demonstra seu lado necrófilo ao dizer que adoraria matar Batman e abusar de seu cadáver. Mas todos esses detalhes servem apenas como background da história principal.

    Esse é o grande problema da história, são esses detalhes que são os atrativos dele, porque a trama principal não é grande coisa. Os desenhos do Walter Flanagan ajudam bastante a desgostar da obra, já que o traço é péssimo e sem qualquer aspecto positivo para ser comentado, o que nos faz chegar a conclusão de que ele é MUITO amigo do Kevin Smith, do contrário, nunca teria conseguido esse trabalho.

    Apesar do Onomatopeia ser bem utilizado, deixando o papel de principal vilão da história para o Coringa, ele serve para colocar uma dinâmica na eterna luta de Batman e Coringa, só que dessa vez com outra cara, mas nada que realmente torne a trama sensacional. O ponto forte é sem dúvida as tiradas bem-humoradas do roteirista e o diálogo final entre o Homem-Morcego e o palhaço do crime. Explorando toda a temática iniciada pelo Alan Moore em A Piada Mortal, invertendo completamente o rumo da história, propondo uma análise mais filosófica da mitologia do morcego.

  • Crítica | Invictus

    Crítica | Invictus

    invictus

    Clint Eastwood retrata o período da vida de Nelson Mandela logo após assumir a presidência da África do Sul e se vê diante do drama em que a sociedade sul-africana se transformou após o regime do Apartheid.

    Na primeira cena do filme, é definido muito bem o regime racial que o país vivia. Eastwood com um plano de cena rápido mostra de um lado um grupo de crianças negras, magras e com roupas sujas e rasgadas jogando futebol em um campo paupérrimo. Logo após a câmera está do outro lado da avenida e vemos um time de rugby composto apenas por brancos, bem vestidos em um campo bem construído. Mesmo local, outra realidade. Apenas alguns metros separam negros dos brancos do outro lado da rua, mas anos de injustiça e preconceito racial os distanciam.

    Logo após a cena inicial, uma comitiva passa por essa avenida festejando a libertação de Nelson Mandela, um dos mais ativos e ferrenhos opositores do apartheid, e que por sua posição ficou preso durante 26 anos. Se de um lado, vemos os garotos negros que jogavam futebol festejar sua libertação, do outro, temos o time de rugby criticando a soltura de Mandela. Novamente, realidades opostas, mas que através daquele homem, passariam a conviver sem tamanha disparidade como outrora.

    O velho Clint mostra que tem muita história pra contar e em Invictus, reforça mais uma vez seu excelente trabalho de direção, pois consegue tirar muito de uma história simples. O filme é focado em um mundial de rugby, que Mandela aproveitou como um pretexto para unir toda uma nação, é claro que toda a mudança da África do Sul não foi apenas fruto de um esporte, mas de diversos outros aspectos, mas é no esporte que a película se foca.

    Mandela tem uma história riquíssima, que acaba tendo sempre um enfoque maior em sua resistência ao apartheid e seus anos na prisão. Clint sabiamente deixou isso um pouco de lado e mostrou os primeiros anos do líder africano na presidência e sua preocupação em reconciliar brancos e negros. Neste filme vemos a aposta de Mandela em despertar em um povo a paixão por um esporte e que através dele, seria o primeiro passo para unir a todos.

    Morgan Freeman interpreta Nelson Mandela e faz jus a sua indicação de melhor ator no Oscar com discursos memoráveis e demonstrando muito bem a personalidade de Mandela com a obstinação de suas decisões e escolhas. Matt Damon, faz um excelente trabalho de construção de personagem interpretando o capitão da seleção sul-africana de rugby, François Pienaar, um homem que vê depositado nele uma grande responsabilidade, no entanto, quando em tela com Freeman, acaba sendo completamente ofuscado pelo atuação do outro.

    Se engana quem pensa que Invictus é uma biografia de Nelson Mandela. O protagonista de Invictus é o povo sul-africano demonstrado através do rugby, e claro, uma pequena parcela da trajetória de vida do Grande Homem que foi Nelson Mandela. Uma pena não ter tido um impacto tão grande como merecia.

    Do fundo da noite que me cobre,
    Preta como o Breu de lado a lado
    Agradeço a todos deuses pelo nobre
    Inconquistável espírito a mim dado.

    No acaso todo das circunstâncias
    Não me deixei cair nem gritar
    Apesar de um estouro de ânsias
    Minha cabeça sangra sem curvar

    Além desse lugar de tristezas e insanos
    Nada se vê, só o Horror desde cedo
    E ainda assim a ameaça dos anos
    encontra-me e encontrar-me-á sem medo

    Não importa quantas vezes desatino
    nem quantas vezes a vida me espalma
    Sou o mestre e senhor do meu destino:
    Sou o capitão de minha alma.

    – William Henley

  • Resenha | Os Ossos das Colinas – Conn Iggulden

    Resenha | Os Ossos das Colinas – Conn Iggulden

    Os Ossos das Colinas - Conn IgguldenO Supremo Soberano está de volta. Pronto para liberar sua horda de mongóis ensandecidos sobre desafortunados inimigos. Ansioso para conquistar e destruir novos territórios. Sedento por vingança!

    Ossos das Colinas é o terceiro livro da série O Conquistador. Saga essa que narra a vida de Temujin, mais conhecido por Gêngis Khan. Para quem não conhece os livros, aconselho antes de continuar que leiam as resenhas do primeiro (O Lobo das Planícies) e do segundo livro (Os Senhores do Arco).

    Este terceiro volume inicia-se relatando acontecimentos ocorridos três anos após o final de Os Senhores do Arco. Gêngis havia dividido seu já numeroso exército, mandando seus generais para diferentes regiões do planeta para saquear, conquistar e destruir em seu nome. Cada general partiu com um tuman (10 mil homens) e com um dos filhos de Gêngis, a fim de treiná-los e endurecê-los na arte da guerra.

    Tsubodai, (o maior general que Gêngis já teve sob seu comando) ficou com o filho mais velho, Jochi. Este, no alto dos seus 17 anos havia se tornado um grande guerreiro e líder astuto sob a tutela de Tsubodai. Apesar de tudo, Jochi nunca fora aceito por Gêngis como filho legítimo e herdeiro direto do Cã. Havia a possibilidade de Jochi ter sido fruto de um estupro sofrido pela primeira mulher de Gêngis. O Cã o ressentia, e sequer admitia a maioria dos feitos do filho bastardo. Jelme levou consigo o arrogante Chagatai e Khasar ficou com o mais novo dos três: Ogedai.

    Gêngis chama-os de volta à Mongólia, a fim de iniciar uma nova campanha marcial. Desta vez contra os ‘’povos do deserto’’. Gêngis havia enviado mensageiros para as mais diversas terras, entre elas as terras Árabes, governadas pelo xá Ala-ud-Din Mohamed. Eis que estes homens não voltaram, Gêngis tentou por mais de uma vez estabelecer um contato ‘’diplomático’’ com os governantes daquela terra, porém recebeu as cabeças de seus homens como resposta. Isso bastava. Como ele mesmo diz em um trecho do livro: “Não sou o autor dessa crise, mas rezei ao pai céu para me dar a força de exercer vingança”.

    Este é o grande estopim do livro, motivo mais do que suficiente para um povo como os Mongóis entrarem em guerra. Guerra esta narrada com os mesmos predicados dos outros volumes, mas em uma escala nunca antes vista pelo exército mongol. Além de números impressionantes do exército do xá, desta vez eles enfrentarão bestas de guerra gigantes, monstros de carne com presas de marfim nunca antes vistos por um mongol. Como derrotariam tal criatura? Eles se perguntam.

    Neste volume, Conn dá um pouco mais de ênfase na impressionante estratégia e organização militar mongol. Conseguimos compreender como era prática e funcional a divisão decimal aplicada aos homens. Cada arban (10 homens) tinha seu líder, que se comunicava diretamente com o líder do jagun (100 homens), que por sua vez se dirigia ao líder do mingan (1000 homens), culminando no já mencionado tuman.

    Os conflitos internos do povo de Gêngis também são mais bem explorados neste livro. As disputas por poder e reconhecimento entre Jochi e Chagatai têm, por exemplo, seu embasamento em um conceito muito bem aplicado por Gêngis: a meritocracia.

    Desde os seus primeiros atos como líder, Gêngis sempre preferenciou o mérito ao parentesco. Para um homem obter seu respeito, ele tinha que se provar como merecedor de tal por suas ações, não importando sua origem. A maior prova desse sistema era o próprio Tsubodai, que começou como um adolescente no exército de Gêngis, mas que devido à sua mente astuta e raciocínio tático sem igual, subiu ao mais alto posto, se tornando um general, dono de um tuman, respondendo diretamente ao Cã. Tsubodai é somente um exemplo entre muitos. Este sistema de promoção era inédito aos povos daquela época e região. E não é difícil deduzir porque cada mongol guerreava e treinava por horas a fio sob o frio olhar de Gêngis. Esse sistema contribuía com toda a moral do exército, proporcionando-lhes vitórias improváveis e ao mesmo tempo espetaculares.

    Este talvez seja o mais bem escrito livro de Conn Iggulden. Talvez o ponto no qual a história se encontra contribua para isso. Prepare-se para se deparar com tons mais sombrios desta vez. Ele se mistura com a alegria da guerra, com os anos que passam, com a nostalgia das lembranças dos principais personagens, como sempre, muito bem construídos. Ou talvez, seja apenas a evolução natural de um autor relativamente novo no mercado editorial.

    As conquistas de Gêngis Khân continuam nos fascinando. Ensinando um pouco de História e nos cativando ao mesmo tempo. Não cansamos de nos impressionar com os feitos dele. Impondo a sua superioridade militar sobre diversas outras nações. Depois de três volumes, nos sentimos ainda mais próximos desse povo, das suas conquistas, das suas dificuldades. Não se espante se ao final da leitura você querer tomar um pouco de airag preto, montar o seu pônei e cavalgar pelas planícies…

    Texto de autoria de Amilton Brandão.

  • Resenha | Elite da Tropa – Luiz Eduardo Soares, André Batista e Rodrigo Pimentel

    Resenha | Elite da Tropa – Luiz Eduardo Soares, André Batista e Rodrigo Pimentel

    Elite da TropaElite da Tropa surgiu antes de todo o estardalhaço levantado com o filme do José Padilha, Tropa de Elite, e apesar de em menor escala, o livro gerou muita discussão devido aos assuntos abordados. Fruto do trabalho em equipe do Antropólogo Luiz Eduardo Soares, que escreveu o livro com base na experiência e pesquisa de trabalho dos integrantes do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro), André Batista e Rodrigo Pimental. Elite da Tropa traz um grande diferencial, narrar o cotidiano dos policiais sob o ponto de vista deles próprios, mostrando a realidade de cada um, doa a quem doer.

    O trabalho dos autores trouxe uma visão muito mais abrangente daquela mostrada no filme do Padilha e aqui, o buraco é mais embaixo, deixando claro que o problema de segurança do RJ não é apenas culpa da polícia que age coercitivamente no trato da criminalidade (e também com aqueles que estão à margem da sociedade) e a corrupção que já faz parte da sua rotina, muito pelo contrário, notamos que esses problemas estão profundamente arraigados nas instituições públicas, não só de segurança.

    As histórias do livro são divididas em duas partes. A primeira delas, denominada “Diários de Guerra”, vemos um relato detalhado das incursões da PM nas favelas cariocas. A violência policial é recorrente durante boa parte desses “diários”, deixando claro a forma como a polícia trabalha, usando esses meios de forma ilegal e arbitrária.

    Nessa primeira parte temos relatos não apenas do BOPE, como da PM em geral, porém, o foco maior é dedicado para a tropa de elite carioca, dando informações sobre seu treinamento, dia-adia e sua função caótica no quadro da segurança pública do Rio de Janeiro. Já em seu início, sabemos um pouco sobre o motivo do qual o BOPE é chamado de “incorruptível”. De acordo com seus membros, isso está ligado diretamente ao fato de pertencerem a um grupo pequeno e seleto de homens, que tem orgulho de fazer parte daquela elite e semeiam o sentimento de honestidade entre eles, punindo severamente os que não seguem este preceito, porém, os mesmos policiais têm plena consciência que isso só é possível pelo número pequeno de oficiais pertencentes a equipe naquele momento.

    Nesses “Diários” já é possível analisar como o indivíduo é corrompido na corporação, dividindo-os entre aqueles que se omitem, os que se tornam cúmplices. Em contrapartida, temos aqueles que estão nadando contra maré, os que caem de cabeça nessa “guerra” até o fim. Práticas de tortura, coação da população menos abastada e extermínio fazem parte do cotidiano desses homens. Por outro lado, culpar a polícia por seus atos violentos é tão ingenuo quanto acreditar que nossos políticos são honestos, ora, esse tipo de ação é aprovado a todo momento, seja por seus superiores, pelo próprio governo ou é claro, pela nossa sociedade.  Como se os policiais tivessem responsabilidade exclusiva, como se os governos e as políticas adotadas não fossem responsáveis pelo caos que a instituição herda.

    Os próprios policiais têm conhecimento que esse tipo de ação provocou apenas o aumento da violência. A política de extermínio (“Na dúvida, mate. Não corra, não morra”), aprovada pelo próprio governo do RJ, se transformou em uma guerra pessoal entre criminoso x polícia, já que as possibilidades de ser morto é maior do que a de ser preso, é “matar ou morrer”, além de que para o policial isso se torna uma vingança pessoal, contra morte de civis e outros policiais, provocada pelos atos desses delinquentes.

    “Dois anos depois: a cidade beija a lona”, segunda parte do livro, traz uma narrativa bastante diferenciada da primeira, pois é focada muito mais no aspecto político das polícias e o quão corrompido as organizações do governo estão. Uma rede de corrupção vai sendo formada aos poucos, e a leitura torna-se absurda a cada parágrafo, devido aos fatos narrados não serem mera ficção, e sim a realidade sem rodeios, beirando o irreal, dado o nível de corrupção e quão baixo um homem pode ir para alcançar seus objetivos.

    Nessa segunda parte, os criminosos do morro dão lugar a bandidos de colarinho branco, empresários e políticos se juntam aos policiais corruptos, formando uma grande rede de interesses onde são gerados acontecimentos que aos olhos da sociedade não tem co-relação, porém, tudo se junta em um objetivo maior. Uma grande conspiração vai se armando, onde apenas os que vivenciam aquele dia-a-dia conseguem conectar os pontos, já que os propósitos não são facilmente identificados e para a grande massa, o bom serviço está sendo feito.

    O maior mérito do livro são as histórias narradas pelos próprios policiais e não romancear as mesmas. A maioria delas te atinge como um soco no estômago, dado o nível de realismo e detalhes que são contadas, seja os níveis de corrupção que a segurança pública atingiu ou mesmo a brutalidade e até mesmo um certo sadismo que fazem parte de alguns policiais. Tudo isso pode não ser novidade, afinal, a corrupção e esses atos atrócitos já foram denunciados por jornalistas, militantes de defesa dos direitos humanos e entidades internacionais, o fato é que isso nunca partiu das próprias instituições de segurança pública, como o que acontece aqui.

    Ser policial no Brasil não é fácil, principalmente se ele for militar, o salário é ínfimo, assim como seu reconhecimento. Os que não se rendem a corrupção, tem de trabalhar na área de segurança privada para complementar sua renda, ficando na ilegalidade. Já o cidadão comum não tem conhecimento do verdadeiro motivo da segurança pública do Rio de Janeiro ser da forma como é, todos os dias ele é condicionado a pensar através dos noticiários.

    Ao matar o responsável pelo tráfico de determinada favela, acreditamos que com isso a taxa de criminalidade está diminuindo. Ledo engano. Ao eliminar um, rapidamente outras pessoas assumemo seu lugar. A “mão-de-obra” é grande, gera um ciclo infinito se continuar da forma que está. A estimativa de vida de um traficante é baixa e quando um cai, existem vários outros esperando sua chance para entrar para o “movimento”.

    O narcotráfico só terminará com outras políticas, o combate direto não é a solução, como o livro deixa bem claro, é necessário intervenções nos orgãos públicos, não só de segurança, do contrário não haverá mudança. Continuará existindo a limpeza social para eliminar não apenas os bandidos, mas aqueles que estão no meio desse fogo cruzado, a mazela que está a beira da sociedade, mas não se engane, a elite nunca terá o mesmo tratamento que o favelado, que o negro, o mais pobre. Essa violência não é aplicada nos filhos de empresários que financiam o tráfico, ou pior ainda, naqueles que estão atrás de sua imunidade parlamentar, aí o tratamento é outro, infelizmente, como relata um dos protagonistas.

    A narrativa é simplista, mas o grande mérito está no que já foi dito, mostrar toda a fragilidade da segurança pública que vivemos, não apenas do Rio de Janeiro, pois esta realidade está presente em todos os grandes estados brasileiros. Os autores colocam o dedo fundo na ferida e a realidade é escancarada de dentro pra fora. Um relato obrigatório para aqueles que querem entender o caos que o sistema se tornou, independente do cárater “fascistóide” que o livro direciona em alguns momentos.

    Como diria Cel. Nascimento, o sistema é foda, parceiro, e ainda vai morrer muita gente inocente.

  • Crítica | Zumbilândia

    Crítica | Zumbilândia

    zumbilandia

    George Romero, considerado o pai do gênero, imortalizou o que conhecemos como filmes de zumbis. Desde então, não temos nos deparado com grandes novidades depois de toda a invasão de zumbis na cultura pop, salvo raras exceções. Apesar da ideia velha, Ruben Fleischer dá uma nova roupagem e tenta mesclar terror com muito bom humor. OK, isso não é novidade, vide o ótimo Todo Mundo Quase morto, mas Zumbilândia vem com a proposta de um humor mais escrachado, mais ‘americano’.

    A história é simples, Columbus (Jesse Eisenberg), personagem central da história nos apresenta o mundo de Zumbilândia, revelando algumas regras que ele diz ser fundamental para sobreviver nesse mundo, tudo isso de maneira hilária. Apesar de ser um jovem medroso, Columbus decide cruzar os EUA para encontrar seus pais, mas no meio do caminho encontra Tallahassee (Woody Harrelson), um caçador de zumbi, e decide acompanhá-lo para chegar em segurança no seu destino mais facilmente.

    Durante a jornada dos dois, duas irmãs se juntam à eles, a mais jovem Little Rock (Abigail Breslin) e Wichitta (Emma Stone), o que acaba colaborando ainda mais na construção da história e trazendo ótimas risadas ao telespectador, como em dado momento onde decidem se esconder na mansão do um ator conhecido de Hollywood e o encontram se passando por um zumbi para se misturar a multidão de mortos-vivos.

    Não tenho o que falar do elenco, apesar de ser um filme que não exige grandes atuações, todos estão muito bem. Woody Harrelson está incrível bancando o maluco depressivo, Jesse Eisenberg interpreta o nerd loser magistralmente, Emma Stone continua lindíssima e esbanjando talento, o mesmo vale para Abigail Breslin. O ponto forte é a participação especial do tal ator hollywoodiano, o que só vem a enriquecer ainda mais o filme.

    Enfim, se ainda não tiveram a oportunidade de conferir, assistam sem medo. Apesar de não ter grandes novidades para o universo dos mortos-vivos, com certeza te fará rir bastante.

  • Review | Roma – 1ª Temporada

    Review | Roma – 1ª Temporada

    rome-season-one

    Roma. Ano de 52 aC. O General e triúnviro de Roma, Caio Júlio César é reconhecido por onde passa, deixando em seu caminho um rastro de grandes conquistas. O Senado Romano teme o poder de César devido ao carisma que tem com o povo e o respeito perante as legiões romanas e decide enviá-lo para uma campanha na Gália, um dos poucos territórios não conquistados por Roma, devido a grande dificuldade militar enfrentada contra o povo galês. Com isso, o Senado Romano esperava a derrocada de César, porém, levou-o para a campanha que o consagraria como um líder absoluto. É nesse cenário inicial que se inicia a primeira temporada de Roma.

    A HBO fez um trabalho extremamente minucioso e primoroso de todos os aspectos históricos, políticos e sociais do povo Romano, transformando a série Roma em um apoteótico relato da época. A série foi filmada na Itália e possui uma fotografia belíssima, passando desde os grandes palácios e mansões romanas e egípcias às vielas e ruas habitadas pela classe mais baixa, aliás, a diferença entre as classes é muito bem demonstrada durante a série, seja do ponto de vista militar quanto social.

    Conforme já falado, o início da série começa com o final das guerras gaulesas, alavancando o poder político de Júlio Cesar (Ciarán Hinds) e preocupando todo o Senado Romano. César por sua vez, teme um atentado devido a sua rápida ascensão e prepara um golpe, atravessando rapidamente o rubicão com sua principal legião, ele derruba do poder o Senado, que até então compunham a república, instituindo o posto de Ditador.

    Todos os fatos históricos são contados através dos olhos do legionário Titos Pulo (Ray Stevenson) e do centurião Lucius Vorenus (Kevin McKidd), personagens que realmente existiram, porém, na série são apenas vagamente inspirados nos originais, mas que são utilizados muito bem, servindo para aproximar os expectadores da história de Roma, o que é bem interessante, pois eles estão presentes em todos os grandes momentos, sempre em terceira pessoa, observando, além do que, suas histórias pessoais correm paralelamente aos acontecimentos históricos, tornando-os mais humanos que as grandes figuras romanas como Cícero, Brutus, Átia, Marco Antônio, e claro, César.

    Repleto de intrigas de estado, traições, alianças políticas, batalhas sangrentas e tórridos romances, Roma foi extremamente bem recebida pela crítica, apesar de conter cenas violentíssimas e muita nudez, ela alçou seu lugar dentre as produções com maior orçamento já feito, tendo custos elevadíssimo em cada episódio, sinal do esmero feito pela HBO.

    O elenco é de alto nível, contando com um grupo de atores excelentes. O figurino, armamentos e costumes da época foram apresentados com um nível de detalhes incrível, o trabalho de edição é impecável e o mesmo vale para a equipe de direção que se encarregaram de tornar tudo isso mais crível para quem está assistindo todo esse show.

    Certamente uma das maiores produções já feitas para a televisão.

  • Agenda Cultural 21 | O Retorno do Rei, A Canção dos Bardos e a Volta do Coronel

    Agenda Cultural 21 | O Retorno do Rei, A Canção dos Bardos e a Volta do Coronel

    Sincronizem suas Agendas. Nesta edição Flávio Vieira (@flaviopvieira), Amilton Brandão (@amiltonsena) e Mario Abbade (@fanaticc) se reúnem para comentar sobre Medievos X Alienígenas, a desgraceira envolvendo o último romance de Tolkien e um pouco sobre o cineasta, José Padilha e seus homens de preto. Idade Média, Terra Média e a banalização da classe média.

    Para informações detalhadas sobre a cobertura do Festival de Montreal, acessem: www.almanaquevirtual.com.br.

    Duração: 83 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

    Feed do Podcast

    Se você, além de acessar o site , faz uso de algum agregador de feeds – online ou offline – pode optar por assinar nosso feed, diretamente no seu agregador no link a seguir. Se você usa o iTunes para ouvir seus podcasts, copie o link http://feed.vortexcultural.com.br/, abra seu iTunes, vá na aba “Avançado”, “Assinar Podcast…”, cole o endereço e pronto!

    Contato

    Elogios, Críticas ou Sugestões: [email protected]
    Entre em nossa comunidade do facebook e Siga-nos no Twitter: @vortexcultural

    Comentados na edição

    Quadrinhos

    Camelot 3000 – Ed. Luxo

    Literatura

    Os Filhos de Húrin – J. R. R. Tolkien

    Games

    Games For Windows – O “Steam” da Microsoft?

    Música

    Blind Guardian – At The Edge of Time
    Principais Shows: Greenday, Bon Jovi, Rush, Air, Cranberries e Peter Frampton

    Cinema

    Contos da Era Dourada
    Atividade Paranormal 2
    Homens em Fúria
    Piranhas 3D
    O Solteirão
    Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro
    Resenha – Tropa de Elite 2

    Produto da Semana

    Singing Toilet Paper