Confesso não saber como começar este texto, mas não poderia deixar de indicar este quadrinho independente. Pois bem, tentarei ser direto nesta resenha, assim como Mixtape é em sua leitura (apesar de possuir uma série de nuances).
Idealizado, escrito e desenhada por Lu Cafaggi, Mixtape possui algumas curiosidades, uma das mais interessantes é a forma de impressão e publicação escolhida pela autora. O design da hq remete diretamente ao formato de uma fita k7, criando um sentimento nostálgico imediato com quem chegou a utilizar essa mídia. O impresso é dividido em quatro livrinhos, no formato de 7×10 cm, onde todos se encaixam numa pequena caixa, representando assim uma fita k7.
Cada um dos quatro livrinhos narra uma história da relação de um personagem com a música. A sensibilidade de Cafaggi beira o lúdico, tamanha a delicadeza da autora em seu traço leve e suave, o mesmo pode-se dizer das cores, sugerindo um clima convidativo e saudosista, como uma boa balada dedilhada em um violão. O texto apesar de mínimo se mostra sutil e sem soar pretensioso, como alguns trabalhos independentes costumam ser.
Mixtape é pequeno apenas no tamanho, pois dentro dele possui um grande trabalho que se agiganta a cada página, seja por seu desenho delicado, suas cores suaves ou a sutileza de sua narrativa. Lu Cafaggi entrega uma trilha sonora pessoal de histórias aos seus leitores repletas de simplicidade e elegância, que tinha tudo para ter ares de pretensão, mas que na realidade soa realmente como fita k7 de canções escolhidas a dedo por você mesmo. Não deixem de prestigiar.