Crítica | O Lobo Solitario IV: Coração de Pai, Coração de Filho
O Lobo Solitario IV: Coração de Pai, Coração de Filho começa mostrando a bela e mortal Oyuki, personagem de Michie Azuma que usa a beleza para distrair seus oponentes e saciar seu desejo por sangue e violência. Esse é o primeiro filme que não começa com as ações de Itto Ogami de Tomisaburo Wakayama, mas rapidamente o destino dele e da assassina teriam de se cruzar, como é bem típico dos mangás Shonen e de obras baseadas na ação.
Esse também é o primeiro filme não dirigido por Kenji Misumi, sendo conduzido por Buichi Sato. Boa parte do filme se dedica em resgatar o passado de Oyuki, dialogando a respeito de sua resistência a dor e destacando suas inúmeras tatuagens. No entanto são as cenas de luta que mais chamam a atenção, afinal, esse é um filme de samurais, cujo aprofundamento sentimental dos personagens é bem breve.
Ate então, esse é o mais curto filme da saga, com apenas 80 minutos de duração. Daigoro, vivido aqui por Akihiro Tomikawa tem muitos momentos sozinho em tela, tem até sua própria musica na trilha. Chega ao cúmulo de seu olhar infantil ser notado por samurai como olhos frios, tais quais os de um assassino. Seria bastante prematuro supor a partir dessa participação que ele teria seu próprio mangá – O Novo Lobo Solitário – mas Sato claramente queria emancipar o menino, torna-lo um elemento narrativo diferenciado e intervencionista, e não só mais um enfeite visual fofo como era em Lobo Solitário: A Espada da Vingança.
Além da curta duração, contêm uma das cenas maios agressivas de toda a saga, em que ninjas mascarados tem seus membros cortados pelo herói, numa sequência rápida em ataque, e que se desenrola depois de maneira sangrenta e até incômoda para plateias que não lidam bem com violência explicita. De qualquer forma, o retrato do Japão dessa época é bem cru e condizente com o que seriam aqueles tempos de agressividade.
Perto do fim, ocorre mais uma luta, envolvendo pólvora e outro pequeno exercito, como foi em O Lobo Solitário III: Contra os Ventos da Morte, mas aqui Daigoro e Ottami estão muito mais expostos, com riscos grandes de morrer, dado que existem dois canhões, além de enfrentar os samurai Yagiu. Por mais que haja repetição de algumas situações entre os filmes, há sempre um cuidado por mostrar curvas dramáticas diferentes, em que o Lobo não necessariamente consegue estar a frente de seus opositores, afinal, por mais hábil que seja, ele é humano, e essa construção deixa Coração de Pai, Coração de Filho como uma obra que torna seu personagem ainda mais rico, portanto sendo mais real e mais fácil de se identificar com o público.