Crítica | Predadores Assassinos
Alexandre Aja é um diretor francês conhecido por ser especialista em um gênero especifico de cinema, ligado ao Terror, passeando por sub tipos do mesmo, como Atomic Horror, Slasher e até adaptações de livros famosos. Predadores Assassinos lida com a questão do filme catástrofe com elementos de filmes onde o horror maior é ligado a animais, em atenção a Piranha 3d, um filme anterior do cineasta. Para ajudar a formar o arquétipo de filme inventivo e divertido, ele não se atém a muitas explicações de seu caráter fantasioso.
A historia liga a moça Haley (Kaya Scoledario), uma jovem bonita, que tem na natação uma paixão já antiga, e que tem questões competitivas mal resolvidas mesmo na fase adulta. Entre seus problemas pessoais, ela se vê preocupada com seu pai Dave (Barry Pepper), vai até sua casa, que está no meio de uma cidade com grandes riscos de ser devastada, graças a uma catástrofe natural. Ela ignora as autoridades e vai até lá, passando boa parte desse início de filme agindo sozinha, dando oportunidade a Scoledario de apresentar suas facetas dramáticas.
O filme é curto, tem menos de 90 minutos, e não demora sequer um terço dele para mostrar o real perigo que espreita a família da protagonista. O pai da moça quando é encontrado tem algumas marcas em seu corpo, e logo aparece uma figura monstruosa, um crocodilo que visualmente é um pouco artificial, mas que em comparação com produções recentes bem mais caras que essa, é bem passável em níveis gráficos. Ao menos ele possui textura, e causa no espectador uma apreensão semelhante a vista no clássico do Cinema em Casa, o divertido e trash Alligator.
A trama familiar e as questões da cidade são secundárias, o filme foca seu melhor lado nas mortes e no embate entre humanos e criaturas monstruosas. Há um gore crescente, de certa forma aplacado pelo uso da água como cenário, mas que aos poucos vai ficando mais sério e muito mais violento. Os animais reptilianos são predadores formidáveis, e capaz de dilacerar humanos em poucos segundos. Há uma tomada aérea que mostra muito bem a ação deles, a cena chega a ser engraçada de tão catártica que é, e Aja consegue dar vazão e referencia ao cinema de horror b que tanto gosta.
Scodelario faz um papel em que tem oportunidade de mostrar mais facetas do que havia exibido em Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar ou em Maze Runner, filmes de qualidade duvidosa, mas que tinham na performance dela ao menos um aspecto positivo. Aqui, ela funciona como heroína de ação, que tem até um poucos clichês de Scream Queen, sua entrega é total e por mais que o roteiro de Aja, Michael Rasmussen e Shawn Rasmussen não permita muitos elementos diferenciados dentro do clichê básico de filme de sobrevivência – incluindo aí regras aí alguns comportamentos que claramente não são os de um crocodilo agindo como predador – a entrega da atriz é enorme, e só se crê na montanha de absurdos e infortúnios deste longa graças ao seu desempenho.
A tensão e suspense do filme são muito bem empregados, funcionam bem com todo o cenário catastrófico de uma cidade em ruínas, e casa bem demais com os aspectos da fotografia de Maxime Alexandre. Há realmente uma aura de realidade dentro do conto fabulesco que põe homem contra animal em um conflito semi titânico, em um épico de cunho barato e abordagem direta, tal qual as fitas antigas de terror das seções empoeiradas das locadoras e as sessões dos drive ins em que o público se preocupava mais em dar transar do que em ver os filmes, mas ainda assim, é um pérola em meio a esse sub-gênero, tem personalidade, alma e é muito bonito tecnicamente.