Review | Counter-Strike: Global Offensive
Counter-Strike: Global Offensive é a sequencia do talvez mais clássico e influente FPS depois de Doom. O que mudar num jogo tão consagrado, que mesmo 12 anos após o seu lançamento continua sendo um dos mais jogados do mundo, sem desapontar os fãs e ao mesmo tempo trazer algum ar de novidade? Era essa a dura tarefa que a Valve e a Hidden Path tinham pela frente. E já adianto, eles conseguiram.
Counter-Strike: Global Offensive, como nos anteriores, é um jogo absolutamente simples. Não há história, não existe motivação de personagens, não há sequer personagens. Apenas algumas skins para cada um dos times, que são apenas dois, terroristas e contra-terroristas. Existe um modo de jogo offline, mas que pouco deve ser levado em conta, porque ele nada mais é, que a mesma experiência online, só que ao invés de jogar contra players humanos, joga-se contra Bots.
O modo clássico de jogo de Counter Strike são os dois times, “CT e Terror”, podendo ser jogado em dois tipos principais de mapa, defuse, que consiste no time terrorista tendo que “plantar” a bomba, e os CT, tentando impedir. Outro modo é chamado de CS, que são mapas em que o time terrorista tem reféns em seu poder, e o time contra-terrorista deve resgatá-los. Nos dois casos, se um dos times for eliminado antes de se cumprir o objetivo principal, o outro time é o vencedor. O jogo é baseado em rounds, se um jogador morre, tem que esperar pelo próximo round para jogar novamente.
Ao início de cada rodada, há o período de compra de armas e equipamentos. Isso é importante, porque o dinheiro disponível está diretamente relacionado com o seu desempenho, e do seu time, nas rodadas anteriores, pois o time vencedor recebe uma quantia maior de dinheiro ao fim do round. Você também recebe bônus de dinheiro por feitos, como matar um oponente, fazer uma assistência, ou resgatar um refém. Interessante notar que a assistência, ou assist-kill, é uma inclusão de CS: GO, tornando um pouco menos injusto os famosos “roubos de frag”, em que você tira boa parte da vida do oponente, mas o tiro de misericórdia é dado por outro. Além da assistência foram importados de jogos mais recentes, como Team Fortress 2, outros conceitos para CS: GO, que são: nemesis, revenge e MVP. O primeiro acontece quando você mata várias vezes seguidas o mesmo jogador. Revenge é quando você consegue matar o seu nemesis, obtendo uma vingança. MVP (Most Valuable Player), por sua vez é dado para o melhor da rodada, com mais pontos. Verdade também, que muitos servidores modificados de Counter Strike clássico, já existiam esses conceitos, que eram mais conhecidos como Multi Kill, Dominating, etc. Ainda assim, é uma boa inclusão ao score do jogo.
Ainda sobre os modos de jogo, CS: GO traz duas bem-vindas inclusões, os modos Arms Race e Demolition. Arms Race nada mais é que um DeathMatch, em que não há tempo de respawn do jogador. Assim que é morto, ele renasce em um ponto determinado da fase. Nesse modo, o sistema de compra de armas também é deixado de lado, evoluindo automaticamente a cada kill na rodada. Começando com uma submetralhadora, chegando até as melhores armas do jogo, como AK-47, AWP, e depois decaindo a qualidade, com pistolas, até o último frag, que deve ser feito de faca.
Já o Demolition é uma mistura dos dois conceitos, rounds, com a evolução, ou melhor dizendo involução, das armas, já que você começa com as melhores, e conforme pontua, chega as piores. Mas a troca aqui é feita round a round, e não a cada kill, como no Arms Race. Os dois modos são muito divertidos, e uma ótima adição ao jogo. Não são uma grande inovação porque, novamente, já existiam esses modos de jogo em servidores modificados. Assim mesmo, são boas adições oficiais, que antes eram até complicadas de achar vaga em um servidor com esse tipo, pois costumavam ser bastante concorridos.
Um último ponto sobre os modos de jogo, foram definidos dois como clássicos, casual e competitivo. No primeiro, algumas facilidades como capacete e colete à prova de balas, já são padrão, não há colisão de jogadores, mais dinheiro é ganho. E não há fogo amigo, o famoso TK. Já no competitivo, é tudo na situação normal: Friendly Fire, colisão, menos dinheiro.
Os gráficos de Counter-Strike: Global Offensive são apenas competentes, baseados na Engine Source, melhorados é claro, da versão anterior (CS Source), porém não é algo de encher os olhos, e fazer bonito na próxima exibição da placa de vídeo mais potente do mercado.
Na parte dos sons, a mesma coisa. Inclusive, muita coisa original foi mantida nesse aspecto. Armas como AWP e seu som de tiro característico, continuam o mesmo. Alguns foram modificados, até para melhorar algo que já era bem datado, como por exemplo os tiros da AK-47. Nada foi realmente mudado, apenas melhorado.
Os mapas padrão de Counter-Strike: Global Offensive, com exceção dos modos Arms Race e Demolition, são os mesmos de antes, Dust, Dust II, Aztec, Italy, etc. Com os cenários muito melhorados, alguns inclusive, me fizeram ter uma surpresa. Nunca tinha feito a associação, que Dust era um mapa, que se passava no oriente médio. Fizeram também algumas pequenas alterações em alguns mapas, talvez tentando balancear a dificuldade mais justa entre os times.
Os mapas oficiais, são apenas 9 no modo clássico, mais 3 em Arms Race, também 3 em Demolition. Porém como já é de costume, os servidores da comunidade podem adicionar mapas customizados, além de modos de jogos. Você pode ver nesse site por exemplo: http://gamebanana.com/csgo/maps, várias opções dos mapas, feitos por jogadores. Esse tipo de liberdade que a Valve sempre deixou, é um ponto adicional com certeza. Afinal de contas, o próprio CS provavelmente não existira, não fossem os Mods de Half-life.
Um ponto importante sobre Counter-Strike: GO, são as suas armas, afinal, desconheço jogo multiplayer que tenha um balanceamento tão eficiente quanto CS e com tantas opções de escolha. Isso felizmente se manteve, com algumas adições e outras retiradas. No caso da retirada, uma ótima escolha, como o riot shield, e adicionar por exemplo um taser, de apenas um tiro, e alguns tipos de shotgun, SMG, enfim, vale a pena conferir as armas novas. Mas o mais importante, o balanceamento, continuou tão bom quanto antes. É interessante notar que CS à primeira vista pode parecer que falha nisso, afinal temos armas poderosas como AWP, competindo com fraquíssimas submetralhadoras. Porém o custo da arma é uma variável, o quanto ela limita seus movimentos em função do peso. A própria ausência de mira, quando não está em modo scope, da AWP, também faz parte disso. Outro exemplo é AK-47 contra a antiga M4A1, e agora M4A4. Enquanto a AK é mais barata, e tem um tiro levemente mais potente, a M4A4 dá menos tranco, podendo disparar mais tiros em sequência sem sair da mira.
Ainda sobre as armas, todas foram remodeladas, e estão mais bonitas do que nunca. Não temos mais apenas aquele retângulo, apenas “pintado” com alguns detalhes, nada que vá mudar muito na jogabilidade. Mas com certeza dá um novo ânimo a pelo menos conhecer o jogo, mesmo que os gráficos não sejam os melhores que se podem encontrar hoje. Agora, quanto a um design específico da M4A4, não é algo que seja um problema, porém, não entendi o porque da retirada dos silenciadores, tanto dessa, quanto todas as armas de CT. Era algo interessante, que alterava o próprio funcionamento da arma, tanto em mira, quanto em força. Enfim, achei uma pisada na bola.
Toda essa simplicidade de Counter-Strike, mantida também em CS: GO, aliado com um gameplay totalmente baseado em Player vs Player, e um dos melhores balanceamentos de armas, o fazem um jogo único, em que praticamente só depende do jogador, o que ele pode e quer fazer. Afinal você pode tomar várias estratégias, agindo em equipe, “camperando”, “rushando”. Depende apenas de qual estilo se adequa a você, ao mapa, à sua equipe e adversários. Cada morte sofrida em CS é um aprendizado, ao se auto criticar no que errou, e observar o que os companheiros de equipe estão fazendo, e assim adotar uma nova estratégia para o round seguinte. Suas habilidades com a própria mira, o recuo da arma, a arma que funciona melhor para seu estilo, conferem um aprendizado round a round para o jogador que, acredito eu, poucos jogos dão essa experiência.
Os fãs de Battlefield costumam dizer que CS é muito centrado no jogador, e pouco no trabalho em equipe, o que pode ser verdade até certo ponto, na maioria dos servidores. Mas ao jogar com amigos, adotando uma estratégia para o time, dá a Counter-Strike um tom totalmente diferente, em que faz total diferença a colaboração para o objetivo da equipe. E é nisso que está o maior valor de CS e que é mantido em CS: GO. O jogador faz o seu jogo, dentro das suas possibilidades.
Counter-Strike, por mais que que alguns se recusem a reconhecer seus méritos, é um dos jogos mais importantes de FPS, que no Brasil, principalmente, teve uma forte influência na cultura dos jovens na década passada. Foi até um impulsionador de todo um modelo de negócios por nossas terras, que foram as Lan Houses. E é até hoje, um dos jogos com mais pessoas ativas (é só observar as estatísticas do Steam http://store.steampowered.com/stats/). Nada mal para um jogo de 1999, que nasceu de um MOD de Half-life e tomou vida por si só.
Fato é que Global Offensive é o mesmo CS de 12 anos atrás, com boas adições, som e gráficos melhorados. Pode-se reclamar de pouca inovação, mas pelo lado bom, que essa não alterou o cerne do jogo. Também porque, quase tudo em que se inovou, me parece claramente, feito por observação da própria comunidade que movimenta o jogo até hoje. Tudo isso justifica a confiança depositada na Valve por tantos jogadores. Some tudo isso a um preço bastante camarada. É um jogo que deve figurar na sua coleção.
Uma última observação, é que esse review foi todo baseado para a versão de PC e Mac, jogado com mouse e teclado. Pelo simples motivo que eu não vejo a menor possibilidade de jogar Counter-Strike em um gamepad.
Counter-Strike: Global Offensive, foi lançado em 21 de Agosto de 2012. Está disponível para Windows, Mac, Xbox 360 (XBLA) e PS3 (PSN). E foi desenvolvido pela Hidden Path Entertainment em parceria com a Valve, que também publica e distribui o jogo, por meio do Steam.