Crítica | Esqueça Paris
Esqueça Paris começa com uma introdução singela, com fotos em preto e branco e um jazz instrumental divertido e alegre embalando seu início, denotando um tom de intimidade antes mesmo de introduzir a ideia da obra dirigida por Billy Crystal. A transição mostra uma senhora se preparando para tocar seu órgão, na volta ao jogo de basquete, entre Phoenix Suns e San Antonio Spurs. Brevemente o diretor alude uma de suas maiores paixões: o basquete, e ainda dá início a uma sequência de eventos engraçados e pitorescos.
Crystal vive o árbitro Mickey Gordon, que nessa gênese, contesta uma cesta de Charles Barkley e é encarado pelo ala pivô, e claro, por toda a massa de Phoenix que trata de xingar ele de toda sorte de nomes possíveis. Aqui é introduzido não só o caráter de contestação do personagem, mas também a observação de Joe Mantegna, que vive o falastrão Andy, amigo de Mickey, e em boa parte do longa o narrador da história.
O roteiro se desenvolve após uma viagem de Gordon até a França para enterrar seu pai. Na Europa, ele conhece Ellen Andrews (Debra Winger). Mickey é um sujeito engraçado e espirituoso, tímido em alguns momentos. A forma como ele e Ellen se conhecem e se interessam um pelo outro, apesar de rápida, funciona muito bem. O roteiro brinca com o fato de ao mesmo tempo que a química entre os dois apaixonados se dá velozmente, os dois são capazes de fazer piadas com esse aspecto do texto.
Crystal utiliza seu filme para debochar das fórmulas existentes nas comédias românticas, inserindo um pouco de acidez aos filmes que ele mesmo viveu no passado. Aos poucos, a história de Ellen e Mickey ganha contornos pesados e estranhos que pioram à medida que o filme se desenvolve. Há muito charme na forma como Esqueça Paris é conduzido, em alguns pontos remetendo ao cinema de Woody Allen, mas com o humor típico de Crystal.