Crítica | Luna
Luna é um filme sobre adolescência, focado no encontro de duas meninas bem novas, Luana (Eduarda Fernandes) e Emília (Ana Clara Ligeiro). Seu início se dá em uma escola, onde as meninas estudam e participam de algumas discussões políticas, a época, falando sobre o impeachment de Dilma Rousseff, com basicamente todos os meninos e meninas tendo alguma opinião sobre o assunto, menos ambas, que parecem estar enfadadas desse tipo de assunto.
A aproximação das garotas é lenta e gradual, começa vagarosa, após as duas se encontrarem na escola. Luana é bastante tímida, não conversa muito com os outros e tem dificuldades severas de se aceitar. Aos poucos, elas vão se envolvendo, solidificando uma amizade que envolve em alguns pontos terceiros, e vão descobrindo a sexualidade desabrochar, em ambas.
O filme mostra o dia comum dos jovens, mostrando eles se descobrindo, festejando, brincando e se divertindo, tudo de maneira bem despreocupada e alheia aos elementos externos, sejam eles quais forem. A vida sem maiores preocupações contrasta com a facilidade que as meninas tem em se exibir e se expor nas mídias sociais, e mesmo sem fazer julgamento de valor o filme acaba colocando esses aspectos em pé de igualdade, de maneira justa até, pois representa a realidade e os perigos provenientes dessa aura de “normalidade” em tudo se expor. Ter a oportunidade de falar o que quer e de se mostrar como quiser custa um alto preço, que se não for usufruído com maturidade e parcimônia, pode acabar causando em quem o faz a chance de ser chantageado ou abusado.
Azzi toma todas as precauções possíveis para registrar seu filme de um modo não usual, lidando com a temática do cyberbullying e vazamento de informações e privacidade de um modo que não parece nem didático e nem severamente culposo as partes envolvidas. Os personagens mais estereotipados não caem na armadilha fácil de serem super corretos moralmente, ao contrário, como é esperado pela baixa idade e imaturidade dos personagens são mostrados como humanos falíveis, capazes de inconsequências e até de crueldades, embora a distância entre esses dois aspectos seja enorme.
Os momentos finais são carregados de emoção, e tem a intenção de discutir de algum modo as formas de responder aos abusos e impropérios dos olhares acusadores e julgadores de quem condena a exposição sexual mas que faz uso dos frutos dessa apenas para prazer próprio e para menosprezar quem é “vazado”. As soluções mostradas soam irreais, fazendo que os momentos finais pareçam bobos e de soluções fáceis, fato que faz o final deste Luna parecer bem diferente de toda a abordagem até então.