Crítica | Um Cidadão Americano
Aitan Green é o condutor do filme israelense Um Cidadão Americano, historia que começa simples, com dois homens conversando descontraída e despreocupadamente no estacionamento de um prédio. O filme de 1992 conta a historia de dois personagens centrais, o jogador Michael, feito por Guy Garner, que chega está em Israel há dois para treinar e jogar basquetebol, após não ter dado certo no seu país de origem, os Estados Unidos, e também o jornalista Joel, vivido por sua vez por Icho Avital.
Michael é acompanhado de uma mulher, de vez em quando, não tem muitos laços, amizades ou qualquer outro apego. Isso se dá entre outros fatores pela carreira de andarilho do esporte que é, tendo já jogado na CBA, Argentina e Espanha. A vida de Michael é difícil, seu sonho é bem difícil de alcançar, isso o torna amargurado e grosseiro com a maioria das pessoas, inclusive com o cronista esportivo, que acaba vendo seu lado mais passivo agressivo.
A qualidade do filme passa por seu orçamento pequeno. Visualmente o longa é pobre, as imagens são pouco nítidas, em alguns pontos parece até um filme amador dos anos setenta de tão pueril que ele é. Quase não há trilha sonora, a forma como Green dirige a maioria das cenas prima pela simplicidade, o som é estranho e parece mal dublado em mais de 70% do filme, e a história também não cativa, seus atores aparentemente são principiantes. Há muita vontade de contar uma história, mas esse está longe de ser um exemplar digno do cinema de Israel, pois nem sequer na amizade prezada de Michael e Joel há um investimento emocional básico.
Apesar de ter apenas 98 minutos, o filme se arrasta, e há pouco momentos realmente legais, como quando Michael tenta se adequar a realidade e religião judaica. Esses momentos são engraçados, mas logo são cortados por cenas onde um carro estacionando faz som igual ao de veículos transitando em desenhos infantis. Em alguns pontos o filme parece ser trash propositalmente, dado que não parece ser sério em quase momento algum.
Ao menos as cenas do campeonato de basquete são emocionantes, de cunho emocional elevado, feitas em ginásios tacanhos, com poucas pessoas assistindo mas com muita entrega da parte dos que estão em quadra e da torcida, que tem até uma bandinha, que toca sempre um tema quanto Michael brilha. O jogador aos poucos deixa sua frustração de lado, se envolve com novos amores e se permite jogar com mais energia e verve. Entre contusões e expectativas frustradas ele ascende na comunidade e se torna membro dos que ali moram, e ainda que toda a carga dramática tenha dificuldades de ser desenvolvida, Cidadão Americano tem um gás final repleto de sentimentalismo, e que é cortado pela separação dos amigos, mas ainda assim, o filme carece de um formato que evoque minimamente as emoções, ou algo que o valha, e portanto, dificulta o espectador a se interessar pelo que ali acontece, o que é uma pena.
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