Crítica | King Kong (1933)
King Kong ajudou a moldar o que hoje se entende por cinema blockbuster, muito antes do conceito se firmar com Tubarão e Star Wars. O filme de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack apresenta uma abordagem variante de A Bela e a Fera, além de ser um conto sobre a vontade do homem colonizador sobre o mundo, a exemplo dessa força da natureza de proporções dantescas que é Kong.
O roteiro de James Creelman e Ruth Rose, baseado na ideia de Edgar Wallace e Cooper é paciente, a excursão que vai na direção do lugar mítico, a Ilha da Caveira, demora a chegar em seu destino. A trama humana permeia o primeiro terço do longa basicamente para apresentar a história do produtor e cineasta Carl Denham (Robert Armstrong), e os sentimentos da fracassada atriz An Darrow (Fay Wray). A busca por algo inédito, uma nova chance de sucesso, é um bom comentário metalinguístico sobre os primeiros anos do cinema falado. Com a chegada à ilha, somos apresentados as lendas que rondam o lugar. Essa é uma jornada rumo ao desconhecido em todos os sentidos.
Kong aparece com quase metade do filme já corrido, variando a imagem entre animação e efeito especial de stop motion, claramente revolucionário para a época, além de objetos animatrônicos e maquetes do gorila. Um aspecto que fortalece o caráter fantástico do filme é a trilha sonora de Max Steiner, que embala desde os momentos mais mornos dos homens em direção à ilha, como também o desbravar da selva recheada de seres pré-históricos que fazem lembrar os bons momentos de Mundo Perdido.
O fim do personagem-título é trágico, e a mensagem do longa mostra como o homem pode exercer a função de predador inconsequente sobre o mundo. Kong era venerado em sua terra, mas em um ambiente diferente ele é olhado como um escravo dos prazeres mundanos ou como ameaça.