Crítica | Uruguai em Vanguarda
De Marco Antonio Pereira, o documentário Uruguai na Vanguarda utiliza seu espaço fílmico para mostrar os movimentos sociais que ocorreram no país sul americano, sobretudo durante e após o governo do ex-presidente José Pepe Mujica. As tais manifestações aludidas e estudadas incluem casamento e direitos a casais de pessoas LGBT, legalização da canabbis, do aborto e claro as cotas raciais que recentemente passaram a ser parte da rotina da população comum.
A câmera passeia pelas paisagens urbanas, mostrando como a vida na cidade grande funciona, mas sem ignorar os populares, os pobres e o proletariado uruguaio. Para boa parte do pensamento geral dos cientistas sociais, a partir do começo do século XXI se mudou significativamente o pensamento no sentido de integrar a população, com incentivo ao trabalhador mais pobre, aceitação e legalização de relacionamentos homo afetivos e a legalização da maconha para fins recreativos, já que o uso medicinal é bem avançado no país.
A nova agenda política que abarca esses assuntos é discutida desde os anos 80, ou seja houve todo um processo de conscientização e discussão, incentivadas pelo governo inclusive. Tal atitude ajuda com que pautas como o aborto legalizado em clínicas e hospitais ocorresse, sempre tomando cuidado para que esse tipo de direito não seja descontinuada ao bel prazer de possíveis futuros governantes.
O documentário toma cuidado para apresentar seus pontos através de falas de pessoas que estudam a historia política uruguaia, mas que tem em vista o pragmatismo, assim como também recolhe falas de pessoas mais populares, o chão de fábrica, músicos não ricos e pessoas que moram nas áreas periféricas do país.
O filme não nega eventos polêmicos, e afirma que o Uruguai precisa discutir a questão racial, pois desde muito tempo o país é conhecido como um lugar de brancos, ainda que tenha uma boa parte de população negra, e há incentivos inclusive via governo para incentivo da cultura provinda da África, inclusive com o ritmo do Candomble, uma dança que ocorre ao som de tambores. Para um país cuja abolição da escravatura ocorreu em 1842, os movimentos ainda são tímidos, e o filme além de bastante informativo, não tem receio em deflagrar os defeitos sociais do país biografado, embora faça isso de maneira bem suavizada e sutil.
Apesar do formato meio quadrado, o filme serve bem ao propósito de mostrar como está a política social do Uruguai, como o povo lida com as discussões sobre minorias e afins. O país que obviamente não tem maioria da população muito abastada financeiramente consegue lidar bem com as diferenças culturais que existem entre seus cidadãos, e Pereira utiliza depoimentos diversos para montar um bom retrato de como o país lida com todo tipo de gente e de demanda.
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