Crítica | Família Submersa
Co-produção brasileiro-argentina, Família Submersa é o novo filme de Maria Alché e reflete sobre a condição humana através de um drama de família. O protagonismo é entregue a Mercedes Morán, que vive Marcela uma mulher resiliente que recebe em sua casa os convidados do velório de sua irmã e está claramente incomodada com a chegada das pessoas que vem para a despedida de sua antiga amiga e companheira, que dela, era bastante próxima, além de obviamente ter que lidar com a dor da perda.
A família está claramente mal, mas aparentemente isso não é culpa somente do luto, há algo não resolvido entre os parentes e o roteiro não entrega esse ou esses conflitos de bandeia. O que se nota, observando com bastante atenção é que cada uma das rusgas parece ocorrer por conta da convivência forçada entre pessoas bem diferentes entre si e que só tem em comum os laços sanguíneos.
Há algumas característica e semelhanças desse com o recente Torre – Um Dia Brilhante, em especial no caráter das relações familiares, embora o filme de Alché seja mais explicito em sua exploração de problemática e em seu caráter de desconstrução da perfeição vista nas séries e comerciais quando se fala de clãs.
Os dias de Marcela seguem entre desregras e tentativas de aventuras que quebrem sua rotina, e os dissabores e tentações que ela sofre são bem humanos, típicos de uma pessoa que tem dificuldade em lidar com a sua realidade atual e que quer viver coisas novas, situações novas, fugir da morosidade típica de um casamento infeliz. O final do filme tem um tom agridoce, com uma pitada leve de otimismo, mostrando os que aguardaram o velório festejando, dançando, em um dos poucos momentos em que o filme se permite ser sentimental positivamente falando, largando um pouco de mão a melancolia e dissabor, sendo abrilhantado ainda mais nesse aspecto pela bela participação de Morán enquanto fio condutor da singela historia de luto e amargor.