Crítica | Code 8: Renegados
Disponível desde o dia 13 de dezembro em alguns serviços de streaming do Brasil, Code 8: Renegados é um esperto filme de ação/ficção científica que foi concebido inicialmente como um curta-metragem de 16 minutos cujo financiamento se deu via Kickstarter e outras plataformas de crowdfunding. Devido aos elogios, os roteiristas Jeff Chan e Chris Paré conseguiram transformar o projeto em um longa-metragem que conta com boa parte do elenco do curta. Ainda que o resultado não seja tão impactante quanto o curta-metragem, Code 8: Renegados é um competente filme que abre possibilidades para a criação de um universo bem interessante.
Na trama de Code 8, somos apresentados a um planeta Terra em que 5% da sua população possui poderes sobre-humanos como telepatia, super força, a habilidade de conduzir eletricidade, fogo ou mesmo habilidades de cura. Num primeiro momento, esses super-humanos se inserem na sociedade sem maiores problemas, levando o mundo a uma era prosperidade. Especialmente nos EUA, eles fundam um município chamado Lincoln City, que se torna o mais desenvolvido da nação. Porém, uma onda de preconceito passa a assolar a sociedade e os super humanos são substituídos por máquinas e robôs, acabando marginalizados. Existe ainda uma epidemia de consumo de Psike, uma droga feita a partir do liquido da medula dos mutantes. É nesse contexto que Connor Reed vive. Trabalhador braçal, Connor luta para ajudar sua mãe a ter uma vida digna, visto que ela também tem poderes e está sofrendo de câncer. Ao ficar desempregado, Connor se alia a uma gangue de super seres e juntos passam a cometer uma série de crimes pela cidade, despertando a atenção de um policial e seu parceiro.
O roteiro de Jeff Chan e Chris Paré estabelece muito bem o contexto do filme. Através de uma ótima e bem sacada sequência de créditos iniciais, toda a linha temporal dos eventos desde o surgimento dos super humanos é apresentada ao espectador. Tudo é feito a partir de notícias de telejornais, recortes de documentários e programas especiais, entrevistas… Ainda que seja um artifício expositivo, a forma como é feito faz desperta o interesse de quem assiste e ainda estabelece alguns paralelos interessantíssimos com a nossa sociedade atual, principalmente no que tange ao preconceito e a opressão das minorias, além de toda a questão econômica e ideológica que está em evidência atualmente no mundo. Outro ponto positivo do roteiro, é que tudo isso é estabelecido de forma natural, sem parecer panfletário ou forçado. Entretanto, em um determinado ponto do filme, há uma virada que acaba o tornando um pouco mais comum, pois o filme deixa de ser uma ficção científica para se tornar um filme de assalto. É evidente que essa virada se dá muito mais por limitações orçamentárias do que propriamente por intenção dos roteiristas, mas não chega a ser algo absurdo.
Chan se mostra um diretor bastante competente, principalmente nas cenas de ação. Porém, como dito no parágrafo anterior, as limitações orçamentárias acabam por prender o diretor a um básico, ainda que muito bem executado. Ele joga muito bem com os efeitos especiais simples do filme e usa de soluções criativas de câmera quando os robôs da polícia estão em cena. Aliás, o design desses robôs é bem bonito e lembra um pouco a robô de I Am Mother, produção da Netflix. Já o elenco, que tem como rostos mais conhecidos Sung Kang (o Han de alguns Velozes e Furiosos), os primos Stephen e Robbie Amell (respectivamente o Arqueiro Verde de Arrow e o Nuclear de The Flash) defende muito bem os seus papéis, mas sem entregar nenhuma atuação memorável.
Enfim, com todo esse mundo interessante que foi bem apresentado, não é de se estranhar que Code 8 ganhe seu próprio universo. Recentemente saíram notícias de que uma rede de streaming pretende desenvolver uma série com os personagens do filme dando continuidade aos eventos apresentados no longa e ainda apresentando outros personagens que teriam suas próprias tramas em outras séries ambientadas nesse mundo alternativo. Veremos como os ambiciosos planos se desenrolarão.
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