Crítica | One In a Billion
O jogador de basquete Satnam Sing Bhamara é o foco do filme One in a Billion, filme Netflix de Roman Gackowski. O documentário trata dele, que foi o primeiro indiano a ser escolhido para jogar na NBA, a partir do draft de 2015, pelo Dallas Mavericks, ainda sem ter estreado na liga, mesmo passado o tempo até 2019.
Houve todo um esforço da liga para se tornar popular na Índia, elencando então Troy Justice para organizar entre o campeonato profissional e o país asiático. Quadras foram implantadas, e campos improvisados. Foi Troy que comprou um tênis 50 para Satnam, de maneira importada, pois no país não havia – ele usava dois tênis amarrados por um sapateiro, em só um dos momentos curiosos e anedóticos.
O filme resgata o passado do biografado, no vilarejo de Ballo Ke, um lugar isolado e cheio de fazendas, que só tem 800 habitantes. O basquete é um esporte sem tradição, há uma liga semi-amadora. Há a curiosidade de que um dos entrevistados, o dono da franquia da NBA Sacramento Kings, Vivek Ranadive também é indiano, e aparentemente ele conhece um pouco da trajetória de Satnam. Por mais que houvesse dúvida, ao realizar a viagem do jogador para os Estados Unidos, se ele teria vaga no Draft ou não, sua historia já havia ficado celebre.
A tecla da inclusão é muito batida no documentário, já que Satnam tinha severos problemas de aprendizado, uma vez que aprendeu pouco na Índia, já que não teve a mínima educação curricular, por viver isolado. Seus primeiros anos nos Estados Unidos foram dedicados a entender o inglês, alcançando finalmente uma boa resolução, passando a falar de maneira fluente, ainda que com dificuldades e com uma grande timidez.
O formato do filme é um bocado atrapalhado. Há um uso constante de telas pretas, em texto, fato que irrita bastante, soando como um artifício infantil para contar a historia proposta. A tentativa de emular uma narração em off também não fica boa, é estranho. Isso ajuda a tornar o documentário em um objeto que apesar de possuir uma historia profunda e cheia de reviravoltas, continua sendo medíocre, e que melhora quando explora o estilo de jogo do biografado. O jogo de Satnam passa por uma boa visão da quadra, um arremesso de mão trocada (esquerda, já que e destro) excelente além de agilidade para sair da marcação e obediência tática.
O final do filme é comovente, mostrando no Barclays Park sendo escolhido, para o Dallas, depois comprado pelo Texas Legends, que é a franquia deles no campeonato de verão. One n a Billion tropeça em si mesmo e peca por ser quadrado demais, mas mostra uma historia bastante bonita e inspiradora, de um atleta que busca ser uma força popular e famosa como foi o pivô Yao Ming, na NBA, ainda que o passado e pano de fundo de ambos seja muito diferente.