Crítica | O Dono da Festa
Van Wilder é um dos primeiros sucessos comerciais da carreira de Ryan Reynolds, o ator hoje conhecido por ter protagonizado Deadpool fez muitas comédias românticas e filmes com baixo orçamento onde era (quase sempre)o bobo alegre e em O Dono da Festa não foi diferente. Wilder cursa o 7º ano universitário na Coolidge College, e vive em um cenário bem semelhante as comédias de verão estudantis como Picardias Estudantis e Porkys, além é claro de repetir momentos de filmes mais “novos” como American Pie.
Já na apresentação Reynold protagoniza uma insinuação sexual envolvendo uma senhora de meia idade, e essa é apenas uma mostra do quanto o sujeito é ridículo, fútil, mas não percebe sua própria miséria existencial, se acha bom e é idolatrado no campus por outros alunos, por funcionários e afins, ele chega ao cúmulo de intervir em tentativas de suicídio, com referências a Martin Riggs do clássico Máquina Mortífera. Wilder vive seus dias sem compromisso sequer com a vida acadêmica, gasta seu tempo procurando mais motivos para procrastinar, busca um assistente para ajudar a organizar suas farras, lida o tempo inteiro com amigos maconheiros e com um buldogue com “gigantismo escrotal”, ou seja, o filme dá vazão a toda sorte de estereótipos complicados.
Nos primeiros dez minutos de exibição já dá para perceber o tom machista e completamente despreocupado com minorias que o filme tem, se faz galhofa de LGBT, de pessoas mais velhas que tentam se encaixar no ambiente universitário, entre outras minorias tradicionalmente perseguidas. O filme chega ao nível de colocar o nome do amigo indiano do protagonista, vivido por Kal Penn como o de um ponto turístico Taj Mahal. Penn ainda carrega um sotaque bastante caricatural, para fechar a conta de preconceitos presente na concepção de seu personagem. Mesmo assim o roteiro tenta apresentar mensagens pro ativas, Van inspira as pessoas, chega a ir até o vestiário dos Chickadees, o time de basquete da faculdade ( eles são comandados por um treinador surdo…) e então, eles viram sobre o adversário, já que a única pessoa com virtudes no filme, é o protagonista.
O roteiro não tem muitas firulas, nem suas mensagens edificantes funcionam, há sim um sem número de clichês. O filme abusa do carisma de Reynolds, que é um última análise, resulta em uma imitação para os anos 2000 de Ferris Bueller, uma cópia bem feita e bem executada ainda que o caráter deste O Dono da Festa e de Curtindo a Vida Adoidado seja bem diferente, já que o lado cômico do clássico de 1986 não se baseia em semi nudez ou piadas sobre sensualidade e flatulência.
O diretor Walt Becker estreava como diretor, se especializaria em comédias descerebradas como Motoqueiros Selvagens, e para além das duas continuações deste (bem menos exitosas comercialmente, diga-se), o diretor parece mirar as comédias de Todd Phillips como influência, a exemplo de Caindo na Estrada, feito dois anos antes deste, seguindo na mesma esteira da trilogia vindoura Se Beber, Não Case!, embora aqui haja muito mais comedimentos.
O Dono da Festa é conhecido especialmente por conta de uma evento escatológico, envolvendo o alívio do cachorro do protagonista. Toda a sua historia é repleta de eventos ridículos (e engraçados) como esse, alguns de um grau ligeiramente menos agressivo, outros igualmente vergonhosos. Ao menos o filme serve para mostrar o carisma de Reynolds e sua vocação para quebrar a quarta parede desde essa época, além de ter momentos de tanta vergonha alheia, que ao menos causam boas risadas descomprometidas com qualquer moralidade conservadora.