Uma série documental focada em um imbecil, Dylan Maxwell (Jimmy Tatro). Esse é o mote de American Vandal, mockumentary de Dan Perrault e Tony Yacenda, focado em uma história de depredação escolar, onde alguém pichou 27 desenhos de pintos nos carros de funcionários da Hannover High School cujo principal suspeito é o imaturo e imbecil bully já citado. Seu colega, Peter Maldonado (Tyler Alvarez) decide tentar desvendar os mistérios, mostrando evidências de que tal plano não poderia ser arquitetado por alguém tão acéfalo quanto o acusado.
É tudo tão ridículo que o seriado beira a genialidade em sua abordagem, seja nos discursos bobos, levados super a sério, ou no formato que claramente faz troça com Making a Murderer e seus iguais. Aos poucos, Peter entrevista professores, funcionários e alunos, atrás da incômoda verdade.
O tom jocoso não é deixado de lado em momento nenhum, seja por meio da ironia de se fazer um documental sobre algo tão banal, ou no deboche infantil da dicotomia estabelecida entre Dylan e sua professora de Espanhol, Sra. Shapiro (Karly Rothenberg), que é a pessoa que mais o acusa. A situação entre os dois é tão gritantemente absurda, que até certas causos soam realistas, seja do rapaz fingir diabetes (ainda que seja praticamente impossível praticar uma prenda assim…) até as acusações sem fundamento de Maldonado com relação a docente, em um rompante justiceiro completamente injustificado e feito sem base argumentativa.
As provas contra Dylan não são ignoradas, ao contrário, o tempo todo se mostram situações limites, que mostram que talvez a pichação dos pintos tenha sido uma forma dele chamar a atenção de Mackenzie (Camille Ramsey) sua namorada, que vivia brigando e terminando com o mesmo. Talvez fosse esse uma prova de amor para ela.
Na curva final da temporada, há uma discussão sobre o ofício do documentarista, mostrando ainda que em forma de anedota, que não há como qualquer cineasta não seguir alguma tendência. O cinema e o audiovisual tendem a escolher um lado, já que para se provar um ponto é preciso transcender a linha da isenção e mostrar os eventos sob algum prisma.
Apesar da quantidade enorme de piadas e situações cômicas, American Vandal apresenta um personagem biografado crível e repleto de humanidade. Dylan é o sujeito filho do meio, o protótipo do jovem estadunidense, que depende da aprovação alheia para estar bem, que precisa ser reconhecido por terceiros desimportantes para se sentir bem. Peter Maldonado demorou a entender sobre o que era sua obra – ou ao menos fingiu bem essa ignorância – mas consegue pontuar bem o desfecho de sua série, mostrando a vergonha de um sujeito comum, pego em seus atos igualmente comuns.
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