Traçar toda a trajetória de qualquer celebridade, que viveu intensamente os excessos dos anos 60/70 não é uma tarefa fácil, o que falar quando a pessoa em questão é Eric Clapton.
Primeiramente tenho que parabenizar a Editora Planeta, por publicar esse tipo de material por aqui, que tem sido tão raro e com uma qualidade tão boa, não só da pelo valor histórico e musical, como pelo material utilizado: capa, tradução e papel. Apesar de tudo isso, não sou um grande adepto de ler biografias, mas esta se fez necessária, não só pelo apreço que tenho pela obra do Clapton, mas também por trazer todo o relato de quem viveu uma vida de excessos, rodeado por artistas que estão entre os melhores e que fez parte do panteão do Rock and Roll.
Eric Clapton, assim como Keith Richards e alguns outros poucos, foi contra todas as previsões daqueles que achavam que eles não chegariam aos 30 anos, motivo esse ao fato de vivenciarem mais do que ninguém o lema sexo, drogas e rock and roll. Hoje, mais do que tudo, Clapton é um sobrevivente e mantém uma sólida carreira de quase cinco décadas.
Sua biografia está longe de ser sobre O rockstar Eric Clapton, mas sim a pessoa por trás da guitarra, dando ênfase maior em todo aspecto pessoal de Clapton. O livro acaba deixando de lado passagens de sua vida que seria deveras interessante para os fãs que queriam conhecer um pouco mais sobre seus muitos encontros com músicos famosos, detalhes de shows históricos e acaba optando por um mergulho profundo na psiquê do guitarrista.
Já no seu início conhecemos um pouco de sua juventude sofrida e que refletirá diretamente em sua vida, ao descobrir que as pessoas que foram apresentadas como seus pais por boa parte de sua infância, são na realidade seus avós. Sua verdadeira mãe, após um tórrido romance com um soldado canadense, que servia ocasionalmente na Inglaterra durante a Segunda Guerra, fica grávida aos 16 anos, e por viver em uma época conservadora, seus pais assumem a criança como sendo filho deles. Com o término da Guerra, o soldado retorna para seu País e família, deixando a mãe de Clapton sozinha e nunca mais retorna. Um tempo depois, sua mãe se casa e vai morar na Alemanha, deixando Clapton aos cuidados dos avós. Sua mãe sempre foi apresentada como sua irmã mais velha, apenas no fim de sua infância descobre que se tratava de sua mãe. Talvez por tudo isso, seu amor pungente pelo blues seja sua maior influência.
Mesmo não dando um enfoque maior para o lado musical, Clapton relata detalhadamente como foi parar no Yardbirds, a criação do primeiro super-grupo, o Cream, que era formado Ginger Baker (bateria) e Jack Bruce (baixo/vocal), além de Clapton. Sua vontade de querer apenas se expressar através da música, fica evidente ao relatar sobre a criação do outro super-grupo Blind Faith, formado por ele, Baker, Steve Winwood (Teclado/vocal) do Traffic e Ric Grech (baixo) do Family, que buscavam apenas diversão, com a pretensão apenas de levar algumas jams e lançar algo em decorrência disso, após o grupo assumir diversos compromissos e obrigações, os membros perceberam que estavam fazendo novamente o que não queriam e decretaram seu fim.
O livro também relata toda a produção do álbum da banda fictícia Derek and The Dominos, que não traz informações de Eric Clapton, pois ele mesmo não se sentia seguro e queria que ouvissem seu trabalho pela sua qualidade, não por ele ser Eric Clapton. Durante boa parte de sua vida, Clapton parece não ter se encontrado como pessoa, se mostra inseguro, deslocado e auto-destrutivo.
É nesse disco que Clapton faz sua declaração de amor reprimida há muito tempo por Pattie Boyd, esposa do seu amigo, George Harrison. Aqui, Clapton despeja todos os seus sentimentos ao relatar sobre esse período de sua vida, de como tentou reprimir o que sentia, e de como tentou acabar com sua vida, através do álcool e heroína. Nessa época, seu gasto semanal com heroína era cerca de 30 mil libras. Contudo, foi nesse período sua melhor fase musicalmente e seu relacionamento com Pattie Boyd talvez seja o mais importante entre tantos fracassos em sua vida amorosa.
A ausência de seus pais, seu relacionamento com Pattie, sua dependência com as drogas, a morte de seu filho, todos esses fatos são relatados de forma extremamente sentimental, soando como um desabafo ao poder contar um pouco de tudo o que passou. Clapton se despe de todos os mitos que envolve sua personalidade e faz um relato sentimental, apaixonante e muitas vezes agoniante de toda sua trajetória, em um leitura fluída e agradabilíssima e sob o pano de fundo de um blues tocado ao longe.
Clapton se tornou mais que um Rockstar, mas um mito para todos os amantes de Blues e Rock and Roll e deixa grafado na história a tão pichada frase dos muros londrinos: Clapton is God.
CARALHO!
Que texto fodido. Parabéns e quem não leu, corre ler, pq é ótimo.
Cara que texto bom, de fato fez jus ao livro que é simplesmente ótimo, eu simplesmente "devorava as páginas do livro" e não conseguia parar de ler. é um livro muito bom! Também recomendo!
Valeu pessoal. Realmente o livro é muito bom.
Estou terminando a biografia do Richards, em breve posto uma resenha.
Abçs