Assasssin’s Creed – Renascença, de Oliver Bowden, é o primeiro romance de uma série de livros baseada na franquia de jogos homônima – mais precisamente, adaptação direta de Assassin’s Creed II. O livro explora toda a história do segundo jogo, além de preencher algumas lacunas não exploradas.
Como no jogo, o livro é ambientado em Florença, no ano de 1476. Lá conhecemos Ezio Auditore, um jovem impulsivo e inconsequente, com um certo talento natural para brigas: ele vive em atritos constantes com Vieri, um garoto de uma família rival. A família de Ezio faz parte da aristocracia italiana, seu pai é um banqueiro local, e tudo caminha para que o ofício do pai seja herdado por Ezio.
No entanto, a vida do personagem muda drasticamente quando uma conspiração cruza o caminho de sua família. O pai e os dois irmãos de Ezio são acusados de traição e enforcados em praça pública; sua casa é destruída, junto com boa parte de seus bens; sua mãe e irmã são salvas da morte certa, mas o preço ainda é alto demais. A única coisa que resta para Ezio é se vingar dos algozes de sua família.
Para conseguir sua vingança, Ezio conta com importantes aliados, entre eles, importantes figuras históricas como Leonardo da Vinci e Nicolau Maquiavel. Além deles, Ezio inicia um treinamento com seu tio, buscando um aperfeiçoamento de suas habilidades. No meio disso tudo, descobre os fundamentos de uma ordem de assassinos que perdura há anos.
A narrativa de Assassin’s Creed – Renascença é realizada em terceira pessoa, sempre com enfoque no seu protagonista. Essa escolha proporciona uma amplitude para o leitor analisar tudo o que ocorre à sua volta. As inserções de locais e personagens reais, como os já citados Da Vinci e Maquiavel, além de outros, como o Papa Alexandre VI, Lorenzo de’ Medici e Caterina Sforza, dão um clima de romance histórico à leitura, imprimindo um tom de realidade ao livro.
O autor consegue conduzir o leitor por uma narrativa ágil e coesa. Ao longo da história, páginas se tornam anos, e ao final do livro temos um Ezio maduro, com mais de 40 anos. Ao longo do tempo, conseguimos notar mudanças na personalidade de Ezio: o jovem impulsivo e apaixonado se torna um assassino frio, mas com uma motivação que representa algo muito maior do que a vingança que buscava.
Apesar de sugerir que Assassin’s Creed – Renascença seja um romance histórico, não acho propício enquadrá-lo como tal, já que esse tipo de leitura utiliza uma narrativa bastante descritiva e rebuscada, o que não é o caso em questão. A escrita é simples, sem grandes devaneios do autor narrando uma cena de ação ou descrevendo as cidades-estado da Itália renascentista, o que acaba pecando numa questão primordial dos romances históricos, a caracterização de uma época. Essa “descaracterização” não torna o torna um livro menor, apenas diferente.
Os personagens apresentados são inúmeros. Alguns deles esbanjam carisma mesmo com pequenas participações. Devido ao grande número de personagens, o livro possui uma lista com a relação de boa parte deles, para relembrar o leitor, caso necessário. Além disso, conta com um glossário de termos em italiano e latim que são utilizados durante o livro. O desfecho da história é bastante interessante e pega o leitor de surpresa, deixando uma série de possibilidades em aberto para o segundo livro.
As principais críticas que tenho lido são de que o livro é uma transposição do jogo. No entanto, como nunca joguei o segundo jogo, não tenho base de comparação para tal. Portanto, minha análise se baseia exclusivamente no livro e, analisando-o per si, foi uma ótima leitura.
Assassin’s Creed – Renascença traz um dinamismo e agilidade que um épico leve pede, com um tempero especial para a inclusão de algumas personalidades, tudo isso numa história de busca por reparação. Leitura leve, com alguns escorregões do autor ao longo do caminho, mas nada que prejudique o resultado final.