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  • Resenha | Assassin’s Creed: Bandeira Negra – Oliver Bowden

    Resenha | Assassin’s Creed: Bandeira Negra – Oliver Bowden

    Assassin's Creed - Bandeira Negra - Oliver Bowden

    A série Assassin’s Creed teve sua estreia nos videogames em 2007 e desde então não parou mais de crescer. Ao todo, foram lançados 15 jogos com a marca, entre os principais e os spin-offs. Não bastando saturar o mercado de games, outros produtos foram licenciados pela desenvolvedora Ubisoft, como histórias em quadrinhos, curta-metragens e livros. Lançado pela Editora Record no selo Galera RecordBandeira Negra é a novelização do quarto game da série (ou décimo, contando todos os outros paralelos). Felizmente, não é preciso para o leitor ter conhecimento prévio algum sobre o jogo, pois o livro funciona por si só. Escrito por Oliver Bowden – pseudônimo de Anton Gill, também autor dos outros livros da série – o livro nos conta a história de Edward Kenway e como ele se tornou um pirata.

    A história começa em 1711, em Bristol, Inglaterra. Kenway, um criador de ovelhas, vê-se apaixonado por Caroline Scott, a jovem e linda filha de um rico mercador. Para poder sustentar sua amada, acaba obrigado a servir como corsário. Assim, começa sua vida de aventura que em breve o tornaria um verdadeiro pirata. A narrativa em primeira pessoa, em certos momentos, torna a leitura um tanto quanto cansativa. Kenway está, certamente, contando sua história a alguém que não é o próprio leitor, uma vez que a certa altura revela o ano de nascimento de seu ouvinte. Isso acaba sendo um problema, pois, não gera identificação nem com o personagem-narrador, nem com o ouvinte. A ação, por vezes bastante complexa, acaba por se tornar enfadonha em determinados momentos, principalmente por se referir a termos náuticos – comuns em histórias de piratas – sem revelar alguma descrição do que se trata.

    Esse parece ser um problema recorrente nos livros da série. Para ser considerado um romance histórico, faltam descrições dos termos, objetos, ambientações, expressões, etc. Talvez para contar a história de forma mais fluida, o autor não se preocupe tanto com essas descrições, mas dificulta a vida do leitor, que precisa de alguma ferramenta de pesquisa caso queira entender melhor o que está sendo contado. Uma pequena lista traduzindo esses termos ao fim do livro seria uma excelente ideia que infelizmente não foi utilizada.

    A primeira parte é um tanto quanto arrastada e demora para empolgar. Edward só vem a se tornar um pirata de verdade lá pela página 100 (na verdade, a primeira parte parte do jogo de videogame acontece por aí). Mas a partir da parte dois, a narrativa tem um ritmo mais empolgante. É quando o protagonista assume uma nova identidade, utilizando o manto do Credo dos Assassinos sem nem sequer saber do que se trata. A partir desse momento, Kenway se vê envolto a uma série de tramoias conspiratórias envolvendo os Templários e algumas das pessoas mais influentes do mundo. Aos poucos, vai se transformando em um verdadeiro Assassino. Então, temos todos os clichês de histórias de piratas, incluindo o temível pirata Barba Negra, amigo do protagonista. Batalhas navais, lutas com espadas, traições e reviravoltas na trama (para evitar spoilers, não leia a lista de personagens no final do livro!).

    Não é necessário ter jogado Assassin’s Creed IV para apreciar a leitura de Bandeira Negra. No entanto, é provável que ao terminar o livro, o leitor acabe tendo interesse pelo jogo – e sua experiência será ainda mais enriquecedora!

    Compre: Assassin’s Creed: Bandeira Negra – Oliver Bowden

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  • Resenha | Assassin’s Creed: Irmandade – Oliver Bowden

    Resenha | Assassin’s Creed: Irmandade – Oliver Bowden

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    Assassins’s Creed Irmandade é o segundo livro adaptado do jogo de mesmo nome Assassin’s Creed Brotherhood, da franquia de sucesso dos videogames. Lançado depois de Renascença e antes de Cruzada Secreta, todos foram escritos por Oliver Bowden, pseudônimo de Anton Gill, que tem em seu currículo mais de 35 livros. O autor escreve profissionalmente desde 1984.

    Sinopse: após derrotar no livro anterior o líder dos templários Rodrigo Bórgia, o Papa Alexandre VI, Ezio Auditori luta agora contra o seu filho e novo líder da família e dos inimigos dos assassinos, Césare Bórgia, novo líder dos templários e patriarca dos Bórgia, a família espanhola que exerceu grande influência no Vaticano e em toda a Itália durante a renascença italiana.

    O que poderia haver de interessante em um livro que é literalmente a versão romanceada do jogo, seria abordar para o leitor os aspectos gerais de um romance histórico. Infelizmente não é o caso neste Assassin’s Creed. Na verdade faltam os dois pilares que um romance histórico necessita: descrição e ambientação histórica.

    O autor falha em apresentar a renascença para o leitor, uma  época mais riquíssima em temas, a arte era vista como registro e como algo transformador da sociedade, que mudavam inclusive política. Os detalhes, quando existem, são poucos, ambiente e vestimentas passam batidos, as menções aos costumes gerais da época, da cultura, quase não são mencionados.

    Quem jogou o jogo deve ter uma compreensão mais fácil das cenas e entender a história como um todo, mas como fica o leitor mais exigente e o fã de romances históricos, que não necessariamente gosta de videogame e que nunca tenha ouvido falar da franquia? Ou o livro é de acesso universal ou se assume como um manual para o jogador.

    Romances históricos são muito procurados exatamente pela capacidade de transportar o leitor à um passado para que ele veja as diferenças com a nossa realidade, e, a partir daí, possa tirar conclusões diversas a partir de comparações, sejam culturais, artísticas, arquitetônicas, culinárias, políticas, médicas, e principalmente sociais.

    Ao ler o livro, as perguntas que poderiam ser tecidas permanecem no ar: como os italianos daquela época diferem dos de hoje em dia? Como a sociedade se organizava? Maquiavel é um personagem, mas como eram as políticas das cidade-estado? Algumas famílias famosas do passado italiano são mencionadas, porém, não abordam a vida política: como agia pensando no povo o administrador de Florença? Quais leis o prefeito de Veneza fez para melhorar ou piorar a vida dos seus habitantes? E de que forma isso transformou a Itália?

    O livro prefere abordar Roma. Então, vamos aos romanos: que roupa as pessoas comuns vestiam? De que tecido era feita? Que instrumentos os médicos usavam para trabalhar? Qual era a comida famosa na época tanto na elite quanto no meio do povo? Não basta citar Da Vinci somente, quais outros grandes artistas influenciavam a Itália? Qual técnica usavam para pintar e esculpir, como compunham suas músicas? A descrição arquitetônica também é outra decepção. Não basta dizer que Ézio andou por um telhado. Como era esse lugar, como foi construído, qual matéria usaram que não se usa mais hoje?

    Apesar da leitura fácil, o livro é muito mal editado. Oliver Bowden prioriza a ação de tal forma que a falta de descrição a torna oca, vazia, confusa. Acaba virando ação pela ação e o livro fica sem ritmo. Mesmo nos momentos mais calmos, onde a descrição serviria para ajudar o respiro do leitor, isso não acontece, pois o protagonista trava um duelo o tempo todo, seja físico, verbal ou decifrando enigmas. A grande graça do livro é ver o assassino em ação, mas pela confusão que o autor proporciona na sua descrição fica difícil quase sempre compreender as ações que protagonista usou para neutralizar inimigos.

    Os diálogos são fracos, na maioria das vezes bobos, parece que foram escritos as pressas. Por fim, os vários capítulos, o tamanho da letra e os grandes espaços em branco tentam criar um falso volume à um livro que se fosse espremido teria um pouco mais da metade do tamanho. Vale a leitura? Só se você for muito fã da franquia no videogame e não se incomode com uma literatura que tenta se assumir como ficção histórica, mas na sua desonestidade não o é.

    Texto de autoria de Pablo Grilo.

  • Resenha | Assassin’s Creed: Revelações – Oliver Bowden

    Resenha | Assassin’s Creed: Revelações – Oliver Bowden

    Assassin's Creed - Revelações

    Confesso que tinha grandes expectativas quanto a esse livro. Afinal, antes de lê-lo eu já havia terminado o seu respectivo jogo e estava a procura de detalhes e contextos escondidos sobre a história que nele é narrada. No entanto, ao invés de encontrar um aprofundamento daquilo que já conhecia, me deparei com um livro repleto de ação e aventura, mas pouca parcela daquilo que realmente procurava. Não encontramos algo que vai além daquilo que foi jogado, mas apenas uma parcela do mesmo.

    Veja bem, não sou contra livros frenéticos que contam com os atos heroicos e as cenas de ação como sua base de funcionamento, mas não era isso que esperava nesse capítulo final da grande saga de Ezio Auditore da Firenze. Na maior parte do tempo, somos agraciados com batalhas e o esforço do personagem de ir contra aquela velha e interminável luta contra os templários, e muito pouco sobre o que essa luta representa.

    Não nego que a obra tem seu valor histórico ao contextualizar acontecimentos “reais” àquilo que o protagonista passa, e confesso que a jornada realizada por ele não poderia ser realizada com menos descrições sobre as batalhas realizadas, mas ainda assim o autor peca ao utilizar-se desse recurso tantas vezes que faz com que a leitura torne-se, em um nível desagradável, tediosa. Afinal, quando se trata de cenas frenéticas de luta, compensa muito mais estar jogando e interagindo do que apenas lendo isso várias e várias vezes, correto?

    Não se trata de ritmo – afinal, isso é uma das coisas que não falta -, mas sim de equilibrar os acontecimentos com aquilo que o protagonista está pensando e sentindo. Ezio dificilmente é meu personagem favorito da série de Assassin’s Creed, mas não nego sua capacidade e seu valor para a história. No entanto, creio que pouco de sua natureza se manteve desde o segundo jogo – ou desde o livro Renascença, que é o equivalente -, e apesar de existir o argumento de que ele se desenvolveu a partir daquilo que viveu, creio que Ezio não apresenta nem metade das cicatrizes psicológicas que deveria carregar seja no Revelações ou então no seu predecessor – Irmandade.

    Há algo que eu sempre procuro manter em mente quando estou acompanhando uma história, e é “A Jornada do Herói”. Muitas vezes essa jornada descrita é a fórmula para o sucesso, e não se trata de fazer uma história com o mesmo elemento de todas as outras, mas sim seguir uma linha lógica para montar sua trama e, muitas vezes, os autores o fazem sem nem perceber, porque é assim que se deve ser criado um herói. Mas, veja bem apesar de ser uma fórmula para o sucesso, há atualmente vários autores que não utilizam desse “artifício” e ainda assim estão ganhando espaço na literatura. Porém, é preciso ter uma maestria muito grande para não utilizá-la ou até mesmo para utilizá-la de maneira correta.

    Dito isso, vamos ao que mais incomodou nesse livro: as inconsistências do protagonista. Sim, eu tenho consciência de que muitos dos que acompanham a série são incríveis fãs de Ezio e a coisa toda, mas antes que possam me ver como um hipster sem querer seguir a onda mainstream que é venerar Ezio como um assassino, devo dizer que a inconsistência não é do personagem como um todo, mas sim apenas nesse último livro de suas aventuras.

    Quando conhecemos Ezio, em Renascença (ou no segundo jogo), adquirimos uma simpatia imediata por sua natureza jovial que, de certa forma, é mantida mesmo após sua vida ser amaldiçoada pela morte de parte de sua família, e nele somos agraciados com a Jornada do Herói da maneira que já foi muitas outras vezes apresentada, mas ainda assim tornou-se única com os aspectos de Ezio e o universo de Assassin’s Creed. Há traços disso em Irmandade, também, mas em Revelações somos entregues à um protagonista amargurado e sentido pelo efeito que o tempo causou em seu corpo e mente. Está certo, tem sempre a possibilidade de que, com a idade, suas ideias amadureceram e ele está cada vez mais cansado, mas sou fiel a ideia de que todo personagem tem sua natureza imutável e que vai prevalecer independente do contexto em que o personagem se aplica. Podendo ser acentuada ou abafada, mas nunca completamente esquecida (ou aniquilada).

    Porém, se o problema fosse apenas a questão do psicológico que a idade trouxe, tudo ficaria um pouco mais aceitável. No entanto, o corpo envelhece junto com a mente, não é mesmo? O autor também compreende isso, e coloca muitas vezes que Ezio não se move como outrora ou então não carrega os mesmos reflexos de antigamente. Mas, ainda assim, isso não o impede de lutar contra um exército de templários e derrubar vários deles antes de ser derrotado e tampouco de ser jogado de uma carroça barranco abaixo em um momento, contendo na própria narrativa que sentia o corpo todo doer intensamente, enquanto em um outro logo em seguida ele está correndo, pulando, se escondendo e acertando a bala no joelho de alguém em movimento.

    Sim, ele treina desde sempre para ser aquilo que é, mas não acho que seja adequado colocar que as coisas não são como antigamente e ainda assim o protagonista fazer coisas que pareçam inumanas até mesmo para o mais fantasioso dos homens. Afinal, ele é apenas um humano como todos os outros e, aceite essa ideia, ele está velho, mas ainda assim tem a disposição que muitos atletas nunca conseguiriam alcançar. Infelizmente, não se pode ter tudo, mas ainda assim Ezio o tem, e é por isso que achei o personagem desse livro inconsistente de várias formas.

    A narrativa utilizada é incrivelmente simples e rápida, sem se perder muito em detalhes desnecessárias, mas ainda assim sem parecer seca e incômoda. Apesar de seu ritmo de ação desde o começo, a trama ganha profundidade e um ávido terreno quando chegamos às etapas finais do livro, que é quando somos levados para os episódios finais de Altaïr, o responsável por fazer os assassinos o que são “atualmente”. E é basicamente quando entendemos o significado do título e sobre quais revelações o autor está querendo mencionar com isso.

    Apesar dos pesares, os momentos finais da leitura dão uma sensação de saudade e perda para quem acompanhou a história de Ezio desde o começo. Nesses momentos finais, o livro traz mais do que é apresentado no jogo, apresentando um fim real àquele protagonista que estávamos acostumados a ver em ação. É, em vários aspectos, uma boa despedida para Ezio, mas não sei se chega a ser a ideal para alguém tão icônico.

    Em resumo, devo dizer que, como livro, Assassin’s Creed: Revelações é um ótimo jogo. Penso que talvez a leitura tivesse sido muito mais agradável caso as medidas quanto aos acontecimentos fossem um pouco melhor dosadas entre ação/sentimento, para que não parecesse ter muito de um e quase nada do outro. Ainda assim, vale a pena conferir pelos pequenos detalhes que não são mostrados ou apresentados no jogo e aprender um pouco mais sobre Ezio e os assassinos de antigamente.

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    Texto de autoria de Thiago Suniga.

  • Resenha | Assassin’s Creed: A Cruzada Secreta – Oliver Bowden

    Resenha | Assassin’s Creed: A Cruzada Secreta – Oliver Bowden

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    Franquia de sucesso mais do que consolidado nos games, Assassin’s Creed já marca presença em outras mídias. Além de animações, quadrinhos e um filme em pré-produção, a série ganhou também adaptações literárias bastante fiéis de seus cinco jogos principais. A Cruzada Secreta segue em sua maior parte a trama do primeiro jogo e conta a história de Altaïr Ibn-La’Ahad, o lendário Mestre Assassino que viveu na época da Terceira Cruzada.

    No início vemos Altaïr fracassar em uma missão, graças à sua enorme e arrogante autoconfiança. Desonrado perante sua Ordem, ele parte em uma jornada de expiação e redenção. Seguindo as ordens de seu mestre Al Mualim, ele deverá eliminar nove alvos, pessoas em posição de poder naquele cenário conturbado, que estão trazendo mais dor e sofrimento para o povo – na visão do Credo dos Assassinos.

    Antes de qualquer coisa, preciso dizer que nunca joguei nenhum game da série: meu primeiro contato pra valer com Assassin’s Creed foi com este livro. Encarado simplesmente como um romance de ficção histórica, A Cruzada Secreta apresenta um enredo muito interessante. Ao colocar o Credo agindo por interesses próprios em meio à disputa entre cruzados e sarracenos, segue-se a sempre instigante fórmula de combinar personagens fictícios com reais. Por exemplo, Salah Al’din (ou Saladino) e Ricardo Coração de Leão, que inclusive têm um diálogo com o protagonista. O título se justifica tanto pela jornada pessoal de Altaïr quanto pelo conflito entre Assassinos e Templários, que se desenrola “por baixo dos panos” da História oficial.

    A escrita de Oliver Bowden (pseudônimo de Anton Gill) pode ser definida como descritiva, porém não detalhista. Os ambientes, que incluem cidades como Jerusalém, Damasco e Acre, são situados da maneira mais básica possível. O foco é mesmo nos movimentos de invasão e combate de Altaïr, descritos com perfeição e facilmente visualizáveis. Ainda que fique bem óbvio que estamos lendo “fases” de um jogo, o que gera um certo cansaço pelo fator repetição, a leitura é bem leve e ágil. Os personagens e suas motivações são trabalhados de forma muito direta, sem qualquer sutileza, mas isso não chega a ser um problema.

    Por outro lado, a imersão na cativante aventura de Altaïr é prejudicada pela estrutura narrativa, entrecortada entre três momentos. Aqui cabe um parêntese pra explicar que A Cruzada Secreta trata do primeiro jogo (e complementa-se bebendo também de Bloodlines e Revelations) mas, na série de livros, foi o terceiro a ser lançado, na sequência de Renascença e Irmandade. Ambos foram protagonizados pelo assassino Ezio Auditore da Firenze, que aqui aparece no prólogo e epilogo lendo um diário. Que, por sua vez, foi escrito por Niccolò Polo (pai de Marco Polo), cujo presente também é mostrado no livro. Ele conheceu um muito idoso Altaïr, ouviu suas histórias e está passando-as para frente.

    Esse confuso Inception narrativo pode agradar aos familiarizados com o universo de Assassin’s Creed, por mostrar que tudo está interligado e atravessa os séculos. Mas, para os marinheiros de primeira viagem, serviu apenas pra quebrar o ritmo e tirar parte do impacto da história de Altaïr. Mesmo com os pontos perdidos, fica a recomendação de uma leitura rápida e divertida. E a curiosidade em conferir os demais livros da série.

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    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Resenha | Assassin’s Creed: Renascença – Oliver Bowden

    Resenha | Assassin’s Creed: Renascença – Oliver Bowden

    Assasssin’s Creed – Renascença, de Oliver Bowden, é o primeiro romance de uma série de livros baseada na franquia de jogos homônima – mais precisamente, adaptação direta de Assassin’s Creed II. O livro explora toda a história do segundo jogo, além de preencher algumas lacunas não exploradas.

    Como no jogo, o livro é ambientado em Florença, no ano de 1476. Lá conhecemos Ezio Auditore, um jovem impulsivo e inconsequente, com um certo talento natural para brigas: ele vive em atritos constantes com Vieri, um garoto de uma família rival. A família de Ezio faz parte da aristocracia italiana, seu pai é um banqueiro local, e tudo caminha para que o ofício do pai seja herdado por Ezio.

    No entanto, a vida do personagem muda drasticamente quando uma conspiração cruza o caminho de sua família. O pai e os dois irmãos de Ezio são acusados de traição e enforcados em praça pública; sua casa é destruída, junto com boa parte de seus bens; sua mãe e irmã são salvas da morte certa, mas o preço ainda é alto demais. A única coisa que resta para Ezio é se vingar dos algozes de sua família.

    Para conseguir sua vingança, Ezio conta com importantes aliados, entre eles, importantes figuras históricas como Leonardo da Vinci e Nicolau Maquiavel. Além deles, Ezio inicia um treinamento com seu tio, buscando um aperfeiçoamento de suas habilidades. No meio disso tudo, descobre os fundamentos de uma ordem de assassinos que perdura há anos.

    A narrativa de Assassin’s Creed – Renascença é realizada em terceira pessoa, sempre com enfoque no seu protagonista. Essa escolha proporciona uma amplitude para o leitor analisar tudo o que ocorre à sua volta. As inserções de locais e personagens reais, como os já citados Da Vinci e Maquiavel, além de outros, como o Papa Alexandre VI, Lorenzo de’ Medici e Caterina Sforza, dão um clima de romance histórico à leitura, imprimindo um tom de realidade ao livro.

    O autor consegue conduzir o leitor por uma narrativa ágil e coesa. Ao longo da história, páginas se tornam anos, e ao final do livro temos um Ezio maduro, com mais de 40 anos. Ao longo do tempo, conseguimos notar mudanças na personalidade de Ezio: o jovem impulsivo e apaixonado se torna um assassino frio, mas com uma motivação que representa algo muito maior do que a vingança que buscava.

    Apesar de sugerir que Assassin’s Creed – Renascença seja um romance histórico, não acho propício enquadrá-lo como tal, já que esse tipo de leitura utiliza uma narrativa bastante descritiva e rebuscada, o que não é o caso em questão. A escrita é simples, sem grandes devaneios do autor narrando uma cena de ação ou descrevendo as cidades-estado da Itália renascentista, o que acaba pecando numa questão primordial dos romances históricos, a caracterização de uma época. Essa “descaracterização” não torna o torna um livro menor, apenas diferente.

    Os personagens apresentados são inúmeros. Alguns deles esbanjam carisma mesmo com pequenas participações. Devido ao grande número de personagens, o livro possui uma lista com a relação de boa parte deles, para relembrar o leitor, caso necessário. Além disso, conta com um glossário de termos em italiano e latim que são utilizados durante o livro. O desfecho da história é bastante interessante e pega o leitor de surpresa, deixando uma série de possibilidades em aberto para o segundo livro.

    As principais críticas que tenho lido são de que o livro é uma transposição do jogo. No entanto, como nunca joguei o segundo jogo, não tenho base de comparação para tal. Portanto, minha análise se baseia exclusivamente no livro e, analisando-o per si, foi uma ótima leitura.

    Assassin’s Creed – Renascença traz um dinamismo e agilidade que um épico leve pede, com um tempero especial para a inclusão de algumas personalidades, tudo isso numa história de busca por reparação. Leitura leve, com alguns escorregões do autor ao longo do caminho, mas nada que prejudique o resultado final.

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