Resenha | Metal Gear Solid: Sons of Liberty
Após o incidente de Shadow Moses, o agente Solid Snake, juntamente com Otacon, fundou a ONG anti-Metal Gear Filantropia. Ao descobrirem que a Marinha Americana está desenvolvendo um novo tipo de Metal Gear, eles decidem divulgar esta informação ao mundo. Para isso, eles precisam de uma prova. O agente irá se infiltrar em um navio petroleiro, que está transportando secretamente a temida arma, e tirar fotos. Na ocasião que Snake se infiltra no petroleiro, um grupo militar russo invade o navio em busca do Metal Gear que ali se encontra. Um dos membros desse grupo é ninguém menos que Ocelot.
O petroleiro afunda e derrama uma quantidade gigantesca de petróleo no rio. A culpa recai sobre Snake. O governo americano constrói uma plataforma de limpeza no local, batizada de Big Shell, com o objetivo de despoluir a área. A situação se agrava quando um grupo autodenominado Filhos da Liberdade (Sons of Liberty) invade Big Shell e faz de reféns diversas pessoas que ali estavam, inclusive o presidente dos Estados Unidos. O grupo exige uma quantia bilionária em troca dos reféns sob pena de afundarem Big Shell, causando uma catástrofe ambiental inimaginável. O líder dos Filhos da Liberdade é… Solid Snake.
Para impedir a destruição de Big Shell e resgatar os reféns, Raiden, agente da FOXHOUND, sob as ordens do coronel Roy Campbell, precisa se infiltrar na plataforma. Ele deverá ser o mais furtivo possível para cumprir sua missão. E no decorrer da missão, perceberá que nem tudo é o que parece ser, e descobrirá verdades assustadoras sobre si mesmo e o mundo que o cerca.
O artista Ashley Wood está de volta para adaptar, desta vez, o jogo Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty (MGS2). A arte de Wood manteve o estilo do título anterior, preferindo traços mais rabiscados e cores borradas. Um ponto negativo foi a mudança drástica no visual de alguns personagens, especialmente Emma e Fortune. Mudanças não são ruins, desde que sejam para melhor.
Para quem jogou MGS2 deve imaginar o desafio do roteirista Alex Garner para adaptar toda aquela complexidade em pouco mais de 200 páginas de quadrinhos. Era mais do que óbvio que muita coisa ficaria de fora, e que seria impossível aprofundar as idéias abordadas no jogo. De uma forma geral, Garner fez um bom trabalho, mudou alguns detalhes, antecipou fatos, prorrogou outros, e amarrou tudo na medida do possível. Obviamente não conseguiu causar o mesmo impacto que o jogo proporcionou, mas é um bom material.
Em contrapartida, algumas mudanças de personalidade não caíram bem. O protagonista Raiden virou um garotão todo engraçadinho, destoando muito do personagem original. Raiden é uma pessoa ferida, com um passado trágico, afundado na violência, e na maioria do tempo mantém uma postura séria. Nada impede em trazer um pouco de humor, porém houve exagero. Snake também está mais brincalhão, nada muito acima do que ele é nos jogos, por isso não incomoda. Já a mudança de Raiden foi negativa. Talvez o roteirista quis deixá-lo mais descontraído, tendo em vista a legião de fãs que odiaram o personagem no jogo. O resultado não chega a prejudicar a qualidade da história, mas poderá desagradar aos fãs de Raiden.
“Nunca joguei Metal Gear. Eu posso ler os dois volumes e começar a jogar a partir do Metal Gear Solid 3?”, é uma pergunta que muitos devem se fazer. Sinceramente, para um aproveitamento pleno da história, o máximo que você pode fazer é substituir o primeiro Metal Gear Solid pela adaptação em quadrinhos. O primeiro volume cobre muito bem a história e consegue trazer um impacto similar nas grandes revelações. Já a adaptação de Sons of Liberty, apesar de boa, não chega perto da experiência do jogo. É óbvio, são mídias muito distintas, portanto é impossível ter a mesma experiência. Mas levando em conta a grandiosidade que Hideo Kojima nos proporcionou no jogo, definitivamente, este material é muito aquém da obra original. Se por algum motivo você quiser se aventurar nos jogos e não tem possibilidade ou tempo para jogar MGS1 e 2, aí sim, leia os quadrinhos, mas complemente a leitura buscando informações na internet, inclusive sobre os primeiros jogos da franquia lançados para o MSX2. De qualquer forma, parabéns à NewPOP Editora por trazer mais este título ao Brasil com muita qualidade.