Kirlian, uma cidade da Argentina, é rodeada por acontecimentos estranhos. Um solitário locutor de rádio transmite em seu programa noturno todas essas histórias permeadas de vampiros, lobisomens e elementos de ocultismo.
A Frequência Killian é uma websérie argentina lançada em 2017 no Vimeo e no YouTube. No ano passado ela foi incorporada ao catálogo da da Netflix, onde efetivamente tomei conhecimento de sua existência. Esta série parece bem experimental, com 5 episódios de, no máximo, 10 minutos, e estética bem diferente. Os personagens humanos, na maioria das vezes, são completamente pretos e olhos brancos, lembrando Sin City ou mesmo o jogo Limbo. A animação é bem simples, apostando mais no visual e composição das cenas. Um elemento que foge bastante dos padrões é a substituição do áudio por texto.Sim, em diversos momentos os personagens falam, mas não há voz, mas sim textos espalhados pela tela, às vezes lembrando uma história em quadrinhos, em outras remetendo aos famigerados jogos de adventure point and click (Monkey Island, Sam & Max, The Dig, dentre muitos outros exemplos). Esta alternância entre texto e voz é constante e acaba dando a identidade da série. Por um lado isso é bom. Por outro, quase fica enfadonho. Digo quase pois os episódios são curtos, então não há tempo para cansar o espectador.
O estilo visual se mantém por quase todos os episódios. Em alguns momentos, há uma mudança na arte visual que traz boas surpresas. No geral, há um maior apelo na estética do que do roteiro.
Em termos de história, não existe nada extremamente interessante. São histórias curtas narradas com elementos visuais bacanas. O locutor solitário dá o tom da história e a cada episódio existe um desfecho, envolvendo criaturas sobrenaturais ou acontecimentos estranhos. Impossível não lembrar e Stephen King e suas tramas envolvendo sobrenatural, cidades pequenas e muito mistério. O formato em episódios fechados faz com que a série possa ser apreciada aos poucos, de forma bem casual, até porque, mesmo sendo curtos, as tramas não trazem aquela vontade louca de assistir ao próximo episódio. Por este motivo, não há um grande incentivo para “maratonar” a série. É possível fazer isso em menos de uma hora, porém o estilo adotado pela série é quase cansativo, conforme dito acima. Vale mais assistir um episódio entre uma série e outra, ou naquele intervalo curto do trabalho. Mas assista, existe um bom potencial para novos episódios. Já merece pontos pela identidade visual criada, que certamente é a melhor coisa da série.