Incrível como a vida nos prega peças, muitas vezes (para não dizer sempre), e Abrigo logo trata de retratar essa dinâmica do destino para aqueles que acreditam, ou não, que tudo está determinado para todos(as). Ao seguir os passos de uma garotinha aventureira no meio de uma floresta, lavada por belos tons outonais, e uma paz e aconchego que só o campo afastado da civilização oferece, percebemos que ela não está sozinha justamente quando, de repente, um chamado fantástico surge em seu caminho.
Com medo, ela reage como qualquer um: assustada, grita, mas a alma angelical e florescente que a assola sabe que seria bem interpretada por uma criança – muito melhor que por um adulto. O leitor, em momento algum, fica sabendo o que aquela menina faz entre as árvores, apenas que ela está ali, o que reforça a sensação de ela ser um instrumento da mãe natureza para algo muito mais nobre do que uma reles aventura, a procura de adrenalina, e sem mais nenhum propósito, aparente.
Seu abrigo está garantido, sim, pois ela já traz consigo uma barraca e sanduíches, mas sem saber, a garota precisa assegurar o de uma raposa perdida, numa caverna, no alto de uma montanha, com frio e fome. Se as coisas se desenrolam por linhas tortas, Abrigo reforça esta velha tese e, com a ajuda das forças do bem, e com um empurrãozinho das forças do mal (“tudo o que é feito na escuridão será trazido para a luz”, já dizia o cantor Johnny Cash), a garota é levada ao encontro do seu propósito indefinido, até então, com calma e muita bravura.
A publicação encanta por sua graciosidade e formosura, combinando belas mensagens, em cada um de seus 31 quadrinhos, ao traço fabulesco da dupla brasileira de artistas Melissa Garabeli e Phellip Willian. Impossível é não sorrir ao longo e no término desta curta revistinha, infantil e agradável a todas as idades, sendo claramente feita com muito amor e paixão reinantes pela arte que faz parte, e ajuda a embelezar.
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