Você assistiu ao filme sul-coreano Old Boy? É provável que seja o primeiro filme coreano de grande destaque por aqui. Mas talvez você não saiba que o filme é baseado em um mangá de oito volumes já publicado no Brasil pela Nova Sampa.
Old Boy conta a história de um homem que foi mantido em cárcere privado durante dez anos. Por que? Ele não sabe. Nós não sabemos. E ficaremos por muitas e muitas páginas sem saber.
O roteiro de Garon Tsuchiya é muito competente e mantém um ritmo bom. A grande sacada é colocar a história na perspectiva do protagonista e, com isso, vamos descobrindo as coisas junto com ele. Por conta disso, no início ficaremos perdidos, sem saber o que está acontecendo, mas continuamos em frente para ver onde tudo isso vai chegar. O protagonista busca vingança contra quem o prendeu, mas precisa descobrir quem foi, e será uma tarefa árdua.
É instigante acompanhar essa jornada, pois conseguimos sentir a angústia do protagonista. Estamos descobrindo juntocom ele, e por vezes ficamos agoniados com a falta de informações. Quem o prendera por dez anos? E por qual motivo?
Outro ponto forte é a arte, que ficou a cargo de Nobuaki Hinegishi. O artista não economiza nos quadros, por vezes temos mais de uma página sem nenhuma fala, com belos cenários e os personagens apenas se movendo, se olhando ou fazendo outras coisas corriqueiras. O estilo do traço mantém uma pegada mais realista, com olhos menores que o padrão dos mangás e fisionomias japonesas. Foi um acerto, pois o clima deste mangá é mais sério e adulto.
Ao longo dos oito volumes, o leitor ficará preso (sem trocadilhos) à história, sentirá a angústia do protagonista e dificilmente abandonará a leitura antes de chegar ao final. Qualquer comentário sobre a história pode estragar as surpresas ou trazer alguma expectativa que prejudique a leitura. Por isso, se quiser passar ileso desse perigo, ignore a próxima frase e pule direto para o próximo parágrafo. O único comentário que me atrevo a fazer sobre a história em si é que o motivo daquilo tudo foi pequeno demais para a grandiosidade que se construiu durante a trama, e uma outra revelação do final acaba sendo muito mais bombástica do que a motivação de terem mantido o protagonista preso.
Para quem gostou do filme, vale muito a pena conferir o mangá. Quem nunca assistiu ao filme pode aproveitar da mesma forma. Só não espere edições luxuosas, o material dos volumes são simples, mas o conteúdo é muito bom.