Limit é aquele tipo de mangá que, quanto menos você souber do que se trata, melhor, pois a história muda bruscamente logo no primeiro volume. Porém, a menos que o mangá caia no seu colo ou você compre por mero acaso do destino, preciso te dar um mínimo de informações sobre ele. Por outro lado, a mudança brusca é apenas um dos pontos positivos do mangá,que ocorre bem no início. Quando nosso editor me entregou os seis volumes publicados pela Editora JBC, nem vi a sinopse da capa. Já comecei a ler direto, e isso me trouxe uma surpresa interessante.
Logo no início, temos uma aparente história de colegial japonês. A turma está animada por causa de uma viagem que acontecerá em breve. E aí começa tudo: o ônibus sofre um grave acidente, cai no meio de uma mata e praticamente todos os alunos morrem! Os poucos sobreviventes terão que se virar até que o resgate chegue… isso se realmente chegar.
A situação extrema de sobrevivência trará consequências a todos. Por exemplo, a protagonista Mizuki Konno, que era totalmente indiferente em relação aos acontecimentos à sua volta, se vê forçada a interagir com seus colegas para sobreviver. O dito “mundo perfeito”dela, onde não havia necessidade de interações e preocupações, acabou. Quando a água bate, não tem jeito, ou você muda, ou morre (literalmente).
Uma das colegas encontra uma pequena foice e a utiliza como instrumento de poder para tentar subjugar as outras. No “mundo real”, ela era reclusa e desdenhada, a típica garota rekeitada da escola (e veremos que sua história pessoal é bem pesada, outro trunfo deste mangá: trazer temas sensíveis de uma forma muito competente).
Um detalhe curioso é que todos os sobreviventes são garotas. Ou será que não?
Diversas situações tensas ocorrem, e o fato de serem jovens estudantes traz ainda mais impacto. Nada comparado a Battle Royale, mas ainda assim, nas devidas proporções, é digno de nota.
Precisamos destacar a belíssima arte, feita por Keiko Suenobu. O traço, as cenas, o ritmo da narrativa, tudo é muito bem desenvolvido e favorece o roteiro. Isso faz com que a leitura seja fluida e rápida. E como já mencionado anteriormente, alguns temas pesados são abordados de maneira orgânica, tal como violência doméstica.
Cada personagem é muito bem construída, tendo personalidades definidas. O relacionamento entre eles são um verdadeiro turbilhão de altos e baixos. O título do mangá fez jus à sua história: uma situação extrema leva o ser humano ao seu limite. Parece ser uma obra pouco conhecida aqui no Brasil, o que é uma pena. Vale muito a leitura.
Compre: Limit.