Yara Flor é uma nova personagem da DC Comics, brasileira, latino-americana, que reúne elementos tanto da mitologia grega, típica da personagem de William Moulton Materston, com elementos do folclore brasileiro. A personagem é uma aposta da editora tanto nos quadrinhos, quanto em outras mídias. Atualmente há a promessa de que a personagem terá até série da CW.
Após os arcos iniciais da heroína, conseguiremos analisar com maior propriedade. Porém, como qualquer novidade que surge nos quadrinhos de super-heróis, é sempre interessante analisar o potencial da novidade com primeiras impressões da nova fase. A nova personagem está inserida no evento Future State que promove um salto temporal na cronologia da DC Comics, como um provável futuro com novos heróis e, claro, novos roteiristas.
Os créditos dessa revista Joelle Jones escrevendo e desenhando com cores exuberantes de Jorne Bellaire. As primeiras páginas apresentam uma ação desenfreada, estabelece bem o quanto Yara Flor é implacável e poderosa, como era a Diana Prince original, transmitindo uma boa ideia de legado, ao menos nessa gênese.
A mistura de divindades típicas da mitologia dos nativos brasileira é aludida brevemente, ainda que não podemos saber se será bem desenvolvida. Porém, desde já, Tupã no mesmo nível de Zeus já é um bom indício de respeito a divindade. Nas redes sociais houve certa gritaria a respeito de representatividade, um tema que seria necessário um texto a parte e que, no momento, não há intenção do autor em desenvolver a respeito.
Como é evidente, tanto a autora quanto a colorista são mulheres mas o fato não impede a HQ de cair em clichês sexistas, mas ao menos garante um olhar diferente que evita o exagero dos traços que transformam muitas personagens femininas, como Flama Verde / Fogo da Liga Cômica, como um mero deleite aos olhos para um público masculino.
A reclamação sobre Yara ser objeto de fetiche tem algum sentido, mas dado que nos quadrinhos de super-heróis até os homens são postos em colantes que valorizam seus músculos e corpos perfeitos, a personagem tem um ganho com seu uniforme que, ao menos, a cobre como um maiô. Não há tantos planos que detalham suas curvas e seus poderes transmitem a sensação de que ela é uma heroína genuína. Não é meramente uma cópia torta da personagem original.
As entidades que representam as figuras lendárias do folclore brasileira são bem registradas, suas contra partes são visualmente arrojadas, e combinam bem com o cenário de mitologia grega típico da Mulher Maravilha. É cedo para saber se haverá mais misturas entre mitos. Sobre aqueles apresentados nesse primeiro número, a Caipora se destaca. E como a tradição oral produz varias versões sobre essas criaturas nas matas brasileiras, nem mesmo é possível reclamar sobre fidelidade ou não.
A nova Mulher-Maravilha tem um bom início e um interessante misto entre o clássico e o novo. Fica a torcida para que tom prossiga com qualidade nos próximos números e que os roteiros possam findar bem esses elementos iniciais.