Tag: Mulher-Maravilha

  • VortCast 110 | Zack Snyder, James Gunn e o Futuro da DC

    VortCast 110 | Zack Snyder, James Gunn e o Futuro da DC

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (Twitter | Instagram), Filipe Pereira (TwitterInstagram), Bernardo Mazzei (Twitter | Instagram) e Jackson Good (Twitter) se reúnem para comentar sobre as últimas notícias envolvendo o universo cinemático da DC, desde o malfadado Snyderverso ao futuro imprevisível envolvendo James Gunn e Peter Safran.

    Duração: 65 min.
    Edição:
     Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • Resenha | Crise Final

    Resenha | Crise Final

    Quando um dos novos deuses aparece morto e os céus mudam de cor, os heróis começam a desconfiar de que algo está errado. O que eles não imaginavam é o quão crítica a situação já era, e “algo errado” se torna um eufemismo de péssimo gosto, diante do caos que se avizinha no horizonte.

    Ao se infiltrar na Terra, Darkseid e seus asseclas prepararam o estratagema definitivo, o plano dos planos, e assim deflagram uma crise de proporções monumentais, sem qualquer precedente, e opõem Vida e Antivida, fragmentando tempo e espaço por todo o Multiverso, com consequências imprevisíveis.

    Diante de uma ameaça tão grande e tão inesperada, talvez nem mesmo a força combinada de todos os heróis seja o bastante para vencer a batalha das batalhas, um embate decisivo pela existência, que leva o conflito de “bem versus mal” a um patamar inimaginável. Exigidos ao máximo de suas forças, os heróis do multiverso DC se colocam contra deuses, em uma guerra definitiva dos paladinos da justiça contra os arautos da morte, servos de Darkseid.

    Grant Morrison concebe em Crise Final uma saga hermética e envolvente, que capta a essência dos personagens da editora das Lendas. O autor escocês aplica na saga conceitos que lhe renderam fama ao longo dos anos, como viagens no tempo, conflitos multiversais e narrativas em paralelo que posteriormente se perpassam e assim tecem uma intrincada colcha de retalhos, cuja significação só se mostra possível em sua plenitude ao final da trama, quando tudo se encaixa e começa a fazer sentido.

    Tal como num épico de guerra tradicional, a crise intercala diferentes focos narrativos, múltiplos frontes de batalha, dando urgência para os eventos e espaço para que os personagens se desenvolvam em cena. A diferença, contudo, reside no forte apelo da ficção científica que recai sobre a narrativa e lhe dá um charme incomum.

    Como de costume, o roteirista concebe sua trama trafegando por referências incontáveis à mitologia DC, muitas delas somente reconhecíveis para o leitor médio com o auxílio do Google, mas que se transformam em um deleite para o fã de longa data, que imerge na história tanto a nível diegético quanto na caça desenfreada a referências, das mais sutis às mais evidentes.

    Acompanhado de diversos artistas de alto calibre como J.G. Jones, Doug Mahnke, Carlos Pacheco entre outros, a trama se resulta em um trabalho de difícil fruição mas cuja experiência de leitura é bastante recompensadora.

    A edição definitiva de Crise Final publicada pela Panini Comics reúne as sete edições de “Final Crisis”, originalmente publicadas em 2008, além de “Final Crisis: Submit #1”, “Final Crisis: Superman Beyond #1” e “Final Crisis: Superman Beyond #2”. Com tradução de Jotapê Martins, o encadernado merece um maior apuro na revisão para as próximas reimpressões, pois apresenta muitos erros diminutos, que quando lidos em sequência acabam chamando a atenção.

  • Resenha | Mulher-Maravilha: A Verdadeira Amazona

    Resenha | Mulher-Maravilha: A Verdadeira Amazona

    De Jill Thompson, Mulher-Maravilha: A Verdadeira Amazona é uma história bastante diferenciada da heroína, com enfoque nos primórdios da vida da personagem com uma Diana Prince passando pela infância e adolescência, que são inclusive reciclados no bom início do longa Mulher-Maravilha 1984 de Patty Jenkins.

    As cores aquareladas dão um ar ainda mais mitológico para as amazonas. Apesar de não ser exatamente uma história de origem como foi o run de Brian Azzarello nos Novos 52 ou o arco de George Pérez no pós-Crise nas Infinitas Terras, a gênese de Diana é abordada, de forma diferente, como uma pessoa repleta de falhas e problemas de caráter.

    Thompson consegue produzir uma história escapista, com um clima de aventura bem proeminente, mas sem abrir mão de temáticas mais sérias. Ao passo que fala das raízes mitológicas da ilha e da interferência dos deuses gregos na feitoria da filha de Hipólita, também mostra o mal que uma criação sem limites pode causar no caráter de uma pessoa.

    O tom do gibi é poético, mesmo com a simplicidade da história, e a utilização das divindades como Zeus, Hera, Poseidon e Herácles/Hércules tem características visuais bem diferenciadas. Nos extras, os esboços mostram o trabalho diferenciado da artista e roteirista, e é uma pena que a maioria dessas artes englobe só o visual de Diana, e não como ela conseguiu chegar à ideia sobre cada um dos deuses.

    As mulheres que Thompson registra em tela são belas e atléticas, tem curvas e sensualidade, mas não são fetichizadas, e isso posto em perspectiva junto com as primeiras histórias da personagem, assinadas por William Moulton Materston, causam um grande contraste. Além disso, o subtexto emotivo de Diana é um prato cheio para análises de psique, a presença da figura de Alethea, por exemplo, reúne a obsessão pelo proibido em múltiplos sentidos, os efeitos da ignorância sobre a pessoa que tem a atenção negada, a paixão não correspondida e um desestímulo ao caráter egóico de quem sempre teve absolutamente tudo.

    Mesmo quando a história apresenta obviedades dramáticas, a tragédia faz driblar os clichês mais rasteiros, e a carga emocional  envolvida neste texto deixa o leitor a par da gravidade dos atos. Há consequências graves para os atos da pretensa heroína. Por mais que fosse super-humana, Diana é refém das sensações e sentimentos comuns aos mortais, e isso se agrava ao perder quem ela tanto tentou cativar a atenção. Segundo Thompson, Diana e Mulher-Maravilha deveriam carregar para sempre sua culpa, deixando claro visualmente o que houve, rememorando a memória dos que partiram e sua culpa. A autora dá novas camadas à personagem, e faz isso de modo sóbrio e certeiro, sem deixar de lado o que é caro a quem gosta da heroína da DC Comics.

  • VortCast 94 | Liga da Justiça de Zack Snyder

    VortCast 94 | Liga da Justiça de Zack Snyder

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Bruno Gaspar (@hecatesgaspar), Jackson Good (@jacksgood) recebem Hell (@ivokleber | @helluniverses) do Melhores do Mundo batem um papo sobre a Liga da Justiça de Zack Snyder, e ainda contamos com o retorno de Mario Abbade com sua crítica sobre o filme. Por isso, venha conosco e descubra se o Snyder é um bom diretor, qual a importância da crítica e que diabos o Caçador de Marte estava fazendo nesse filme.

    Duração: 121 min.
    Edição: Rafael Moreira e Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Rafael Moreira e Flávio Vieira
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     Bruno Gaspar

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  • Crítica | Liga da Justiça de Zack Snyder

    Crítica | Liga da Justiça de Zack Snyder

    Parece que uma eternidade se passou entre o Liga da Justiça lançado nos cinemas e a Liga da Justiça de Zack Snyder veiculado pela HBO Max. Bem mais que o tempo cronológico entre 2017 e 2021. Houve clamor dos fãs, de gente da indústria e, finalmente, algo próximo do que seria a visão real de Zack Snyder chegou ao público: o tão falado Snydercut, que já começa bem diferente da outra versão, com uso largo de CGI e slow motion já nas primeiras cenas e em momentos estendidos nas sequências de ação.

    Esta versão se assemelha ao monstro de Frankenstein. É um ajuntamento de vários elementos que estariam no filme da Liga, outros que poderiam estar na parte 2 de uma saga, e ainda momentos que claramente foram pensados e amadurecidos depois, como partes mortas formando um ser vivo. É curioso como boa parte dos que defendem esta versão falam a mesma coisa: que esse não é um filme de cinema, basicamente para tentar blindar a obra e a própria carreira do diretor, sempre criticado por ter dificuldades em conectar as partes diferentes de suas histórias. Isso não exime o produto de parecer gorduroso, nem justifica o início arrastado, mesmo quando remonta o final de Batman vs Superman e boa parte do universo compartilhado. Se a ideia ao lançar esse corte em formato de minissérie fosse para frente, certamente seria uma opção mais inteligente.

    Snyder mira na versão estendida da trilogia Senhor dos Anéis, mas esses são produtos bem diferentes entre si. Os filmes de Peter Jackson são obviamente voltados para os fãs, mas o espectador comum certamente apreciaria tais versões de forma mais palatável que este novo Liga da Justiça. Um filme de orçamento tão grandioso não poderia ser tão voltado para nicho.

    Em questões musicais, a trilha sonora é mal encaixada principalmente nos momentos em que não há tanta ação. O uso é piegas, e casa muito mal com os momentos explicativos. O filme parece uma tentativa de transformar um produto heroico em uma ópera. As batalhas são artificiais, as frases de efeito não convencem, os conflitos empolgam menos que as lutas pseudo-realistas da trilogia Batman de Christopher Nolan, e tem a qualidade dramática do pior dos seriados CW da DC, fora a fotografia e o uso excessivo de câmera lenta. Mal parece que as gravações seriam destinadas a tela grande.

    O visual do Lobo da Estepe é arrojado, mas funciona de jeitos distintos quando o personagem está em ação ou apenas parado em cena. Ao menos a razão de entrar na Terra atrás das caixas maternas faz mais sentido, como um filho rebelde que busca a aprovação do pai, Darkseid. Já a participação dos vilões do Quarto Mundo é fraca. A batalha antiga entre a humanidade e os asseclas de Apokolips é cheia de bonecos digitais que fazem de 300 um filme ultra realista. Os atores rejuvenescidos parecem retirados de cutscenes de jogos de 64 bits e não casam bem com o clima proposto.

    A partir daqui, a análise conterá spoilers

    Toda a segunda parte do filme é bem melhor desenvolvida. A historia é mais fluida, há mais inserção de material inédito e não meras variantes do antigo. Se há algo positivo nesta nova visão do diretor é o tom heroico, após muitos tropeços, ele entendeu que não há motivo para deixar todos os personagens como versões sisudas e obscuras deles mesmos. Mesmo o Superman tem uma abordagem diferente, que claramente não combina com Homem de Aço, e sim com um resgate às origens do herói. Henry Cavill parece mais uma versão do desenho antigo do DCAU ou do seriado de cinema dos irmãos Fleischer, não é exatamente o Superman de Christopher Reeve, mas possui boa parte do espírito, e sua experiência de pós morte pode ser uma boa explicação para encontrar essa persona. Não há motivo para reclamar de um retorno ao correto estilo da personagem, mesmo que seja tardio.

    Outra conclusão difícil de analisar é saber se foi essa versão que a Warner recusou anos atrás. Até porque o valor para a gravação de novas cenas foi aumentando ao longo da produção, claramente não influenciou só cenas de CGI (até porque esses efeitos são ruins, na maioria do filme). Mas como faltavam cenas, foram feitas refilmagens mesmo que Snyder e a produção negasse a princípio. Além disso, a culpa sobre o corte cinematográfico de Joss Wheddon é incalculável também, uma vez que não se sabe em detalhes qual foi o pedido do estúdio para ele. Seu crédito oficial foi de roteirista, mas sabe-se que ele dirigiu cenas extras, incluiu momentos diferentes do conceito de Snyder, adicionou humor e cenas como a do Flash em seu primeiro salvamento e Aquaman confessando a realidade de seus pensamentos por conta do laço da verdade que, obviamente, não estão aqui. Para além de cenas machistas conduzidas por Wheddon em Liga ou Vingadores: Era de Ultron, há de se lembrar que essa visão já foi abordada por Snyder, autor do filme autoral Sucker Punch em que moças andam de espartilho em cenários nerds fetichistas. Além, é claro, de cenas da Mulher Maravilha em poses exageradas ao laçar o Apocalipse em BvS.

    Além do arco do Cyborg, o de Superman é bem diferenciado, para além da mudança da cor de sua roupa. Mesmo que brevemente, Snyder remete ao melhor que seu filme de 2013 teve: as origens alienígenas do herói onipotente. Surpreendentemente, o diretor opta por um uso de cores mais variado fugindo da velha piada de filtros do Instagram que fazia com seu cinema. As sequencias de batalha no final tem bons momentos, com uso de veículos, gadgets e tudo que um filme de ação super heroica precisa para agradar crianças e vender brinquedos. Ao contrário do que supunha, as lutas não são super violentas, nesse ponto, entram no patamar dos filmes da Marvel de Kevin Feige.

    O diretor pôde amadurecer seu tom, que realmente só é estragado pela música que foi uma constante negativa do filme, assim como o cenário de Apokolips que aparece timidamente, mesmo que esse tenha um aspecto visual estranho. Assim como o epílogo que parece um amontoado de cenas excluídas e desconexas que lembram os sonhos do Batman. A maioria delas é despropositada, servem com teasers de arcos futuros que dificilmente serão filmadas. O Snydercut é uma realidade.

  • Future State: A Mulher-Maravilha e o Brasil

    Future State: A Mulher-Maravilha e o Brasil

    Yara Flor é uma nova personagem da DC Comics, brasileira, latino-americana, que reúne elementos tanto da mitologia grega, típica da personagem de William Moulton Materston, com elementos do folclore brasileiro. A personagem é uma aposta da editora tanto nos quadrinhos, quanto em outras mídias. Atualmente há a promessa de que a personagem terá até série da CW.

    Após os arcos iniciais da heroína, conseguiremos analisar com maior propriedade. Porém, como qualquer novidade que surge nos quadrinhos de super-heróis, é sempre interessante analisar o potencial da novidade com primeiras impressões da nova fase. A nova personagem está inserida no evento Future State que promove um salto temporal na cronologia da DC Comics, como um provável futuro com novos heróis e, claro, novos roteiristas.

    Os créditos dessa revista Joelle Jones escrevendo e desenhando com cores exuberantes de Jorne Bellaire. As primeiras páginas apresentam uma ação desenfreada, estabelece bem o quanto Yara Flor é implacável e poderosa, como era a Diana Prince original, transmitindo uma boa ideia de legado, ao menos nessa gênese.

    A mistura de divindades típicas da mitologia dos nativos brasileira é aludida brevemente, ainda que não podemos saber se será bem desenvolvida. Porém, desde já, Tupã no mesmo nível de Zeus já é um bom indício de respeito a divindade. Nas redes sociais houve certa gritaria a respeito de representatividade, um tema que seria necessário um texto a parte e que, no momento, não há intenção do autor em desenvolver a respeito.

    Como é evidente, tanto a autora quanto a colorista são mulheres mas o fato não impede a HQ de cair em clichês sexistas, mas ao menos garante um olhar diferente que evita o exagero dos traços que transformam muitas personagens femininas, como Flama Verde / Fogo da Liga Cômica, como um mero deleite aos olhos para um público masculino.

    A reclamação sobre Yara ser objeto de fetiche tem algum sentido, mas dado que nos quadrinhos de super-heróis até os homens são postos em colantes que valorizam seus músculos e corpos perfeitos, a personagem tem um ganho com seu uniforme que, ao menos, a cobre como um maiô. Não há tantos planos  que detalham suas curvas e seus poderes transmitem a sensação de que ela é uma heroína genuína. Não é meramente uma cópia torta da personagem original.

    As entidades que representam as figuras lendárias do folclore brasileira são bem registradas, suas contra partes são visualmente arrojadas, e combinam bem com o cenário de mitologia grega típico da Mulher Maravilha. É cedo para saber se haverá mais misturas entre mitos. Sobre aqueles apresentados nesse primeiro número, a Caipora se destaca. E como a tradição oral produz varias versões sobre essas criaturas nas matas brasileiras, nem mesmo é possível reclamar sobre fidelidade ou não.

    A nova Mulher-Maravilha tem um bom início e um interessante misto entre o clássico e o novo. Fica a torcida para que tom prossiga com qualidade nos próximos números e que os roteiros possam findar bem esses elementos iniciais.

  • VortCast 87 | Mulher-Maravilha 1984

    VortCast 87 | Mulher-Maravilha 1984

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Dan Cruz (@DancruzDm), Thiago Augusto Corrêa, Filipe Pereira (@filipepereiral) e Rafael Moreira (@_rmc) se reúnem para comentar suas impressões sobre o mais recente filme da DC/Warner: Mulher-Maravilha 1984.

    Duração: 92 min.
    Edição: Rafael Moreira e Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Rafael Moreira e Flávio Vieira
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  • Crítica | Mulher-Maravilha 1984

    Crítica | Mulher-Maravilha 1984

    Mulher-Maravilha 1984 se tornou uma das esperanças da Warner Bros. e DC Comics para retomar o sucesso do universo cinematográfico dos super-heróis da casa, após a recepção morna da Liga da Justiça. Além disso, era também aguardado que, após o fechamento forçado dos cinemas devido a pandemia, o filme, cuja estreia foi programada para dezembro, traria um retorno aceitável de bilheteria, mesmo que sua exibição fosse simultânea com o streaming da HBO Max.

    Novamente conduzido por Patty Jenkins, o início do filme marca um retorno a ilha das amazonas, Themyscera, resgatando boa parte do que deu certo em Mulher-Maravilha em 2017, com o caráter épico do filme solo da heroína. Essa sequencia em particular dura onze minutos, e logo a linha do tempo vai para o presente, os super coloridos anos oitenta do século XX. O segundo filme protagonizado por Gal Gadot faz lembrar seu par da editora concorrente, Capitã Marvel, que brincava com clichês de 1990, mas com diferenças cabais entre as narrativas e a necessidade de se apelar para outra época.

    O elenco é estrelado com destaque especial para Pedro Pascal fazendo o canastrão Maxwell Lord. Nos quadrinhos, surgiu como um ganancioso empresário da Liga da Justiça da fase J.M. Demattheis e Keith Giffen, mas que sempre que vai para outras mídia é retratado como um vilão puro e simples. Os problemas do filme começam justamente na hora de desenvolver as relações entre personagens. O exemplo disso é visto entre a doutora e especialista em geologia Barbara Minerva (Kristen Wiig) e a princesa amazona, uma relação cujo roteiro guarda semelhanças com Batman Eternamente, entre Edward Nygma e Bruce Wayne, mas sem ser tão caricatural. Fora isso, as intimidades dos personagens não parecem realistas, e sim um pastiche do que seriam os relacionamento entre pessoas reais. Ao menos a dinâmica e química entre Gadot e Chris Pine segue bem e firme, as piadas que funcionam são exatamente as que invertem os papeis da pessoa em um mundo novo, que antes contemplava Diana e agora, acometem Steve Trevor.

    Porém, o retorno do par romântico da heroína, ajuda a deflagrar um dos defeitos do filme: a conveniência do roteiro de Geoff Johns, David Callaham e Jenkins. O que incomoda é o apelo a suspensão de descrença. Em alguns pontos é bem comum os exageros nas historias em quadrinhos, mas aqui há também excessos e muita convenviências narrativa. Em especial ao artifício do objeto mágico de desejo, que muda suas regras a todo momento. Além disso, os personagens são quase todos muito genéricos, e as cenas de ação são artificiais e muito mal pensadas. As que ocorrem no deserto variam entre momentos com uma iluminação nada realista, unido a resgate de crianças que são feitas por bonecos tão fajutos quanto os vistos em Sniper Americano.

    Outra questão complicada é a participação da Mulher Leopardo. Sua versão é bem diferente dos gibis, e isso não necessariamente é um fator negativo. O problema mesmo é ela ser cercada de clichês, igual a tantos outros opositores de filmes de herói,  movido por algo maligno e ancestral, representando o esteriótipo de uma pessoa boa mas que é corrompida.

    Já o drama de Lord, no final, por mais bizarro que seja, ainda guarda boas surpresas, ao refletir sobre o apego ao poder absoluto, mostra como um homem comum pode se corromper. Os momentos finais guardam momentos grotescos e soluções que não fazem sentido, envolvendo os dois opositores, cujos fins são vergonhosos, assim como a utilização da tão esperada armadura da heroína em O Reino do Amanhã aqui sub aproveitada.

    Apesar de Deborah e Zack Snyder assinarem como produtores executivos, claramente se ignora completamente as falas sobre Diana estar escondida desde a Primeira Guerra Mundial, como é aludido em Batman VS Superman e Liga da Justiça (a saber se no vindouro Snydercut da Liga, haverá alguma explicação a respeito). Na verdade, James Wan já havia ignorado fatos sobre o rei atlante em seu Aquaman, mas aqui não há qualquer pudor da heroína em se expor, mesmo que fiquem dúvidas na imprensa sobre suas intenções e origens.

    Os aspectos visuais também são estranhos. Sai a fotografia super escura para uma clara e esquisita, em um trabalho assinado por Mathew Jansen, bem diferente do que havia feito em Poder Sem Limites, Game Of Thornes e The Mandalorian e até mesmo no primeiro filme. Ao menos a música de Hans Zimmer não interfere tanto na trama como em outros de seus trabalhos.

    Jenkins apresenta um filme desequilibrado, que faz lembrar os momentos mais atrozes de Mulher Gato, A Ascensão Skywalker ou A Torre Negra. Os poucos momentos que são inspirados ficam isolados, como ilhas no meio do oceano, soterradas por uma tempestade marinha capaz devastar tudo, incluindo as boas qualidades. Nem o sacrifício de heroísmo de Diana faz sentido, e a mensagem presente no diálogo entre ela e Lord é tão barata e piegas que faz temer pelos próximos trabalhos dos envolvidos. Naturalmente, já há uma parte três confirmada pelo estúdio.

  • Resenha | DC: A Nova Fronteira (2)

    Resenha | DC: A Nova Fronteira (2)

    No mundo do entretenimento, a nostalgia vende e contagia, tal qual o medo e a desconfiança no teatro político. Atualmente, ninguém entende disso nas indústrias da informação melhor do que a Disney, ao promover infinitos remakes de animações que todos já amamos, e assim, garimpando mais dinheiro do que se pode contar – com exceção do live-action Mulan de 2020, mas essa é uma outra história. Nostalgia é apelativa, recorre a assuntos do coração sobre ideias que já somos apegados a gerações, e tão saudoso quanto princesas encantadas, na cultura pop, é o universo colorido e exagerado dos super-heróis, seus vilões e suas aventuras de planetas em perigo, pedras mágicas, caixas malucas e por ai vai. DC e Marvel sempre se orgulharam disso, e quase ao mesmo tempo, criaram um novo Olimpo quase sempre, não resiste a virar um playground onde deus e o diabo se enfrentam.

    Entre palhaços e monstros gigantes vindos do centro da Terra, a DC Comics (e sua eterna concorrente) alimenta há quase um século uma mitologia repleta de ícones mundialmente aclamados, figuras aladas e destemidas que nunca salvam o planeta, e sim, os Estados Unidos; a águia. E é justamente esse o motivo da minissérie A Nova Fronteira precisar existir: em 1952, todos os super-heróis foram proibidos de agir na América por serem um segundo poder não-oficial, fora de controle, e que muitas vezes só atraíam ameaças que só causavam transtorno. Tirando Superman e a Mulher-Maravilha, ninguém podia voar entre Nova York e Califórnia exceto quem se vendeu em prol da segurança nacional, e os agentes da Aeronáutica – como o famoso piloto de caças Hal Jordan, o futuro Lanterna Verde. Num país totalmente traumatizado pelo fim ainda muito recente da Segunda Guerra Mundial, minimizar perigos era uma cláusula pétrea que todos deveriam se submeter, em busca da liberdade. Mas tudo é político, e nada escapa do seu espectro.

    Com Superman e Mulher-Maravilha sendo mascotes militares do país que os acolheu (um vindo do espaço, e a outra de Themyscira), Batman é um mero marginal, e o Flash só corre para livrar sua namorada de um assalto. A Liga da Justiça ainda é um delírio distante na Parte 1, e o foco principal é em Hal Jordan, o ex-soldado de guerra e abalado com as mortes que fez, para sobreviver. Jordan é envolvido nos planos dos EUA em alcançar o espaço antes da União Soviética, sem jamais desconfiar do que o destino vindo do espaço lhe reserva – e que um marciano transmorfo já está na Terra, aprendendo escondido o comportamento do ser-humano pela TV, a mídia de massa que perpetua o american way of life desde 1954, quando ocorreu a primeira transmissão comercial pela NBC. Se só o que é americano é aceitável, o Caçador de Marte aprende isso na prática. A crítica a esse imperialismo ideológico é tão crua nas duas partes de A Nova Fronteira que impressiona, e nos faz pensar o que há por trás desses paladinos, ou seja, ferramentas de uma máquina de publicidade governamental.

    Talvez Alan Moore estava certo, e na vida real, o Dr. Manhattan iria servir a América feito um Deus azul que nasceu nesse solo. Através do entretenimento, esse patriotismo americano é polvilhado ao redor do mundo com grande facilidade (o chamado soft power, ou seja, uma conquista política que não precisa ser alcançada com armas), e nada melhor que os super-heróis para garantir a missão. Na ágil e dramática trama roteirizada e ilustrada por Darwyn Cooke e as cores de Dave Stewart, vivemos os anos embrionários para que a Liga da Justiça fique unida, afinal, enquanto mergulhamos de cabeça no que faz cada um dos seus ícones ser tão especial. Ironicamente, A Nova Fronteira é ousada o bastante para expor essas “entidades” como a grande contradição que elas são, tratando ainda de questões sociais pertinentes aos anos 50, como a paranoia do cidadão comum com medo de novas guerras, e a segregação racial no sul. Escravizados pelo governo e fadados a lutar contra monstros primitivos que os unem, na Parte 2, os heróis lutam pela liberdade como se esta fosse um conceito vazio para eles mesmos. Justo eles, os peões da nação Coca-Cola.

    Super-heróis não são a extensão do homem, como eram na Grécia antiga Zeus, Atena, Hércules e Poseidon, e sim a extensão do ‘homem americano’. Fruto direto do imperialismo dos Estados Unidos, não é à toa que o Homem de Aço ainda é um símbolo supremo do gênero (por mais que Batman e Homem-Aranha sejam mais legais que ele): o cara É a América, o país acolhedor dos campos de trigo, de uma gente esforçada e que nunca teve medo de enfrentar ninguém, nem mesmo os ingleses para garantir sua independência. Superman incorpora isso com perfeição, imbatível como a América cuja kriptonita (terrorismo, crises econômicas) quando lhe atinge, sempre consegue superar. Flash, Capitão América, Aquaman e X-Men: tudo uma propaganda política e das mais espertas, vale dizer. Quando os Vingadores partiram para cima de Thanos em Vingadores: Ultimato, e quando a Mulher-Maravilha entrou no campo de batalha contra os nazistas, não estávamos aplaudindo nossos ídolos: nós estávamos aplaudindo a águia.

    Compre: DC – A Nova Fronteira.

  • VortCast 77 | Diários de Quarentena VII

    VortCast 77 | Diários de Quarentena VII

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira (@filipepereiral), Jackson Good (@jacksgood) e Rafael Moreira (@_rmc) retornam em mais uma edição para bater um papo sobre a DC Fandome, quadrinhos, games e muito mais.

    Duração: 105 min.
    Edição: Rafael Moreira e Flávio Vieira
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  • Crítica | Mulher-Maravilha: Linhagem de Sangue

    Crítica | Mulher-Maravilha: Linhagem de Sangue

    Mulher-Maravilha: Linhagem de Sangue se inicia com o piloto Steve Trevor, caindo próximo da ilha paradisíaca onde Diana, Hipolita e as outras amazonas vivem.

    Há muitas semelhanças narrativas entre Linhagem de Sangue e Mulher-Maravilha, de Patty Jenkins. A origem da heroína é abordada de modo muito semelhante. Ao contrário do que se pode pensar, os diretores Justin Copeland e Sam Liu não tem muita pressa em desenvolver seu arco de aventura, mesmo este sendo mais um filme com uma duração de pouco mais de 80 minutos, o que se vê é uma abordagem mais séria, embora não deixe o divertimento de lado.

    Este é o melhor filme animado em tempos nas adaptações da DC, superior visualmente até mesmo A Morte do Superman e Reino do Superman. As cores são vivas, os movimentos dos personagens tem fluidez e as lutas possuem um dinamismo que não se vê em outras animações recentes da DC Comics. Mesmo os olhos e faces dos personagens são diferenciados daqueles vistos nos filmes de Liu e Jay Oliva.

    O longa se desenvolve com a estadia da personagem no mundo dos homens, e nesse ínterim começa uma trama paralela, dela com Vanessa, uma adolescente que vai mudando de cabeça e pensamento ao longo da história. A utilização de Nessie como um exemplo de como jovens meninas viam Diana é inteligente, não só por conta do uso dela nesse contexto, mas também para aludir que por mais heroica que seja a Mulher-Maravilha, ela não é a prova de falhas.

    O desenvolvimento da amizade para a decepção com o ícone que a amazona representa é bastante apressada, mas não chega a desabonar por completo o texto de Mairghread Scott. O ponto fraco da obra realmente são as vilãs, que aparecem e desaparecem de modo repentino e oportunista. O final apressado e atrapalhado não colaboram, e a batalha final soa confusa, repleta de clichês e de lutas que não seguem a tônica do restante da obra, ainda assim vale conferir pela forma como a origem é restabelecida, além da dublagem de Rosario Dawson como protagonista.

  • Resenha | Os Maiores Super-Heróis do Mundo

    Resenha | Os Maiores Super-Heróis do Mundo

    A grandiosidade da publicação que reúne as parcerias de Paul Dini e Alex Ross não poderia ter um nome mais simbólico, afinal, Os Maiores Super-Heróis do Mundo não exagera em seu título, independente do leitor achar hiperbólico, já que os autores captam em sua essência tudo aquilo que representam as histórias do Superman, Batman, Mulher Maravilha, Shazam e Liga da Justiça contidas neste álbum.

    O compilado da Editora Panini foi lançado em formato grande e luxuoso, com páginas que emulam o tamanho das telas utilizadas pelo artista, embora ainda sejam evidentemente menores que os quadros do Ross. O álbum reúne seis histórias: Batman: Guerra ao Crime, Shazam: O Poder da Esperança, Superman: Paz Na Terra, Mulher-Maravilha: O Espírito da Verdade, e pela Liga da Justiça, Origens Secretas e Liberdade e Justiça.

    Paul Dini ficou famoso por seu trabalho com animação, primeiro nos desenhos da Warner Animation, depois mais especificamente nas adaptações de heróis, com os desenhos de Batman, Superman e Liga da Justiça, ao lado de Bruce Timm, Dwayne McDuffie e tantos outros.

    Da parte das histórias da Liga da Justiça, Origens Secretas se dedica a mostrar os momentos de Gênesis dos heróis, falando rapidamente de Batman, Flash, Aquaman e os quadros clássicos da Liga, mas com enfoque maior em personagens como Arqueiro Verde, Gavião Negro, Átomo, Homem-Borracha e Caçador de Marte. Cada um tem seu momento de brilho, com páginas dedicadas a sua rotina e a origem.

    O uso das cores é um absurdo, Ross emprega todo seu talento para mostrar não só os momentos clássicos do começo da carreira desses heróis, como dá um novo e poético significado mesmo para as mais ordinários e óbvios detalhes de sua composição. Tudo aqui é bem fluído e divertido, escapista e heroico, como os melhores quadrinhos da Era de Ouro e Prata, período este bastante caro ao artista.

    Antes de Liberdade e Justiça, são aludidos também Adam Strange, Zatanna, Homem-Elástico, Metamorfo, Tornado Vermelho e Vingador Fantasma, de maneira mais breve que os anteriormente citados. A história em si é deslumbrante, e como não poderia deixar de ser, Ross traz artes dignas de quadros para exposição. A história é longa, beira centenas de páginas, e mostra o Pentágono apelando para os heróis mais poderosos da Terra. Há momentos curiosos, que revelam boas sacadas, especialmente de Batman, que ao ver o envolvimento do governo na tal aventura, diz que talvez Oliver Queen tivesse uma luz sobre a questão graças ao seu posicionamento político – que ao ver do Morcego, às vezes acerta no julgamento –, quanto na liderança e comportamento épico do Caçador de Marte.

    A ação conjunta, onde cada um dos heróis tem uma função específica de acordo com os seus talentos,  dá uma bela importância aos heróis, fazendo eles evoluírem de simples bonecos de ação para pessoas de carne e osso, que apesar de heroicos, tem preocupações mundanas e comuns. Poucas histórias da Liga da Justiça capturam isso tão bem, especialmente no trato aos civis. As demais histórias foram analisadas individualmente quando publicadas pela Editora Abril, e podem ser lidas nos links acima.

    Na publicação, existe ainda um belo posfácio que inclui detalhes de cada uma das obras. Nesse espaço são mostrados os métodos de trabalho de Alex Ross, e o quão mágico é o processo artístico dele. Os Maiores Super-Heróis do Mundo captura bem a essência das lendas da DC Comics, com histórias diversas, em várias frentes, mas que primam pelo comportamento exemplar e retilíneo de seus personagens clássicos.

    Compre: Os Maiores Super-Heróis do Mundo.

  • Crítica | Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips

    Crítica | Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips

    O universo DC animado baseado nos Novos 52 finalmente chegou ao seu fim. As próximas aventuras já tem até nome – o curta da DC Showcase Batman: Death in the Family e o longa Superman: Man of Tomorrow – e este décimo sexto filme é protagonizado por John Constantine (Matt Ryan), com um título sugestivo: Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips.

    O título do filme faz com que ele (teoricamente), devesse ter configuração semelhante ao visto em Liga da Justiça Sombria, mas a realidade o coloca mais ao lado do recente Constantine: Cidade dos Demônios, além de conversar bem demais com Ponto de Ignição, o primeiro dos filmes dessa iniciativa ou seja, esse é o filme mais apegado a cronologia estabelecida nesse universo compartilhado. Constantine namora Zatanna e está na torre da Liga, junto aos heróis clássicos, incluindo ai os Titãs e outros tantos super seres com Lex Luthor incluso.

    Já se nota algo bem diferente neste início, pois na pretensa guerra que ocorrerá entre as forças do quarto mundo e as da Terra, o Super Homem não pensa duas vezes antes de lançar um ataque a Darkseid e Apokolips. Todo o período inicial é como um epílogo, um grande e épico preambulo que ambienta o espectado para a real e trágica narrativa, semelhante a todo o arco posterior ao estalar de dedos de Thanos visto em Vingadores: Guerra Infinita.

    Surpreendente como todas essas sequencias são bem animadas, ainda mais em comparação com outros objetos da Warner Animation, e o que se vê após impressiona ainda mais. Claramente o orçamento foi aumentado, ou ao menos os produtores pararam de preguiça e saíram da zona de conforto para gerar algo realmente com dar um ar épico, e isso reforça a sensação de um cenário pós derrota dos heróis, mas a historia de Ernie Altbacker (roteiro) e Mairghread Scott (argumento) também é bem construído, especialmente ao repercutir o infortúnio de personagens clássicos como Batman, Asa Noturna, Superman etc.

    Há muitas semelhanças narrativas entre esse e Vingadores Ultimato, especialmente na condição extrema que a maioria dos heróis e pessoas dos arredores estão, seja com destinos trágicos ou com instinto de sobrevivência falando mais alto.  Alguns rumores dão conta de que  idéias de Zack Snyder para o longa Liga da Justiça foram reimaginados aqui, como a questão envolvendo a derrocada dos heróis, ainda que a série de eventos ocorridas após a invasão de Apokolips fosse completamente diferente.

    Os Paradooms – versões dos parademônios com DNA semelhantes ao do Apocalipse visto em A Morte do Superman e O Reino do Superman – também teriam inspiração no que Snyder, David S. Goyer e Cia queriam fazer famigerado Snydercut, ainda que não fosse exatamente uma mistura de Doomsday com os capangas de Darkseid. O que poderia melhorar este Guerra de Apokolips, seria um maior aprofundamento de como veio a ideia da construção dessa “arma biológica”, isso daria lastro para coadjuvantes do quarto mundo aparecerem, como Vovó Bondade, Sr. Milagre, Barda, Orion e tantos outros.

    Em uma época de pandemia, causada por conta do Covid 19, a recepção da obra de Cristina Sotta e Matt Peters não poderia ser mais positiva, e dado que ele lida com destino de tantos personagens importantes do universo DC, e que não tiveram tanto destaque nos filmes – como Batwoman, Batgirl, Batwing, Shazam, Monstro do Pântano – são justos os elogios, mesmo que a maioria desses tenham somente uma pequena aparição, praticamente sem falas. Fora Constantine, Lois Lane, Super, Damian Wayne, Ravena e alguns membros do Esquadrão Suicida como Arlequina, Capitão Bumerangue e Tubarão Rei.

    Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips conversa bem com Esquadrão Suicida: Acerto de Contas no quesito violência, pois aqui não há pudor em mostrar  sangue e desmembramentos de heróis, vilões e anti heróis. Alguns fãs mais ardorosos reclamaram do fato dos heróis terem níveis de poder diferente do que normalmente era mostrado, e de fato isso ocorre, ainda que nada ofensivo ocorra. Incomoda mais algumas conveniências narrativas, em especial no final, mas dada a mediocridade com que eram levados essa parte da franquia da DC dividida em 16 partes, o resultado é bem divertido e satisfatório, com gancho inclusive para retornar caso os produtores decidam optar por isso no futuro.

  • Resenha | Mulher-Maravilha: O Espírito da Verdade

    Resenha | Mulher-Maravilha: O Espírito da Verdade

    Como parte da iniciativa de Paul Dini e Alex Ross em catalogar historias que emulam o clássico dos personagens icônicos da DC – compiladas em Os Maiores Super-Heróis do MundoMulher Maravilha: O Espírito da Verdade é mais um exemplar da boa parceria da dupla, que escreveu o argumento junto e deu a luz a mais uma aventura da amazona poderosa de Themyscera.

    A historia em si começa com um monologo mental da heroína, pouco antes de atacar um grupo terrorista na parte continental do mundo, que ela chamava de terra dos homens.Logo depois seguem duas splash pages fabulosas, uma da ação em si, outra com Diana como figura central em meio a lembranças de outras figuras vilanescas, com quem teve embates no passado.

    A revista é praticamente toda narrada pela personagem central, e parte de sua rotina e cotidiano são mostradas de modo bem natural, sem glamour, fato que a humaniza acima de tudo. Poder ver os efeitos visuais provenientes das portas do Jato Invisível é curioso, com um relevo mais colorido para identificar um veículo que normalmente não se vê

    Por mais invasivo que possa parecer os métodos da Mulher Maravilha, ela não julga os bandidos que captura, deixa para corte e juiz decidirem, se ausenta e tem consciência o suficiente de que os bandidos mais perigosos são os que usam um verniz de normalidade para cometer seus atos maus, em um discurso central contra a corrupção. O roteiro dribla bem questões genéricas normalmente atribuídas a esse tipo de discurso, não há nada derivativo, e sim  reflexões consideravelmente profundas, guardas as devidas proporções claro, sobre o papel dos super humanos na política e contexto social do mundo, em especial sobre evitar guerras e ajudar feridos e necessitados.

    A sensação do passar do tempo é para Diana, mas ficar longe do seu lugar de origem faz tudo parecer ir mais devagar. As partes passadas na ilha das amazonas mostram um equilíbrio praticamente perfeito entre ciência, tecnologia e natureza. Um dos poucos momentos que Diana não faz um monologo, é em uma conversa com Clark Kent, o alter ego do Super Homem, e nesse ponto a historia se conecta bastante com Superman: Paz na Terra, no sentido da heroína se vestir como uma civil comum, para ajudar o povo por dentro, sem ostentar seus brasões e cores comuns, como uma humana comum.

    Ainda que haja um belo enfoque no modo de operar da heroína como pessoa anônima, quando ela se mostra para a ação o mundo para, e Ross é muito reverencial a figura mítica que é a guerreira amazona, seja com ela largando as roupas civis, ou mesmo nas páginas duplas a frente de uma explosão. Mesmo que na descrição a “cena” possa parecer clichê, aqui é muito bonita e simbólica, compondo um quadro quase divino, descobrindo que poderia ser uma guerreira, uma mulher de paz e uma fonte de inspiração, tudo na mesma carne, entendendo também o quanto de maniqueísmo terá que driblar para ser todas essas mulheres ao mesmo tempo.

    Compre: Os Maiores Super-Heróis do Mundo.

  • Resenha | DC Encontra Looney Tunes

    Resenha | DC Encontra Looney Tunes

    Em 2017 a DC Comics realizou uma série de crossovers com os personagens da Looney Tunes, em uma iniciativa até certo ponto natural, dado que tanto a editora quanto a marca de desenhos infantis são propriedades do conglomerado Time-Warner, e explorar produtos transmidiáticos é algo corriqueiro dentro da indústria cultural.

    Havia muito risco ao se desenvolver essa ideia, visto que o tom das histórias dos super-heróis em muito se distanciou ao longo das décadas daquele empregado nas pueris animações de Pernalonga e cia. Tal risco, contudo, foi minimizado ao longo da empreitada idealizada por Joey Cavalieri e executada por uma gama extensa de roteiristas e artistas da editora das lendas.

    As histórias, publicadas lá fora primeiro individualmente, saíram por aqui reunidas em um encadernado de capa cartonada, e como toda antologia, oscila bastante em relação ao nível de suas histórias, apresentando tramas mais sérias e mais descontraídas, buscando encontrar um equilíbrio para a junção dos dois universos ficcionais, de modo que todos os encontros fizessem sentido.

    Dessa forma, histórias mais nonsense como as de Pernalonga com a Legião dos Super-Heróis e a maçante trama de Willie Coyote com o insano Lobo coexistem com histórias bem pensadas e contextualizadas como as do Caçador de Marte com Marvin, O Marciano; a parceria entre Mulher-Maravilha e Taz, o western de Eufrazino e Jonah Hex e a melhor história do volume, o encontro de Hortelino e Batman.

    Cada história vem complementada, ao seu final, por um segmento curto de histórias ao estilo Looney Tunes, mais infantis e com maior liberdade para que os autores teçam até mesmo alguns comentários metalinguísticos interessantes, mas que no geral não tornam essa sessão objetivamente relevante ou interessante para o leitor médio, funcionando apenas como um apelo à nostalgia.

    Os links executados nas histórias são em geral bem inseridos. “Melhores intenções”, de Steve Orlando, Frank J. Barbiere e Aaron Lopresti conecta o Caçador de Marte ao marciano Marvin através da sensação de isolamento, inadequação e saudades de Marte que ambos possuem, e os antagoniza a partir da perspectiva contrária que possuem acerca da Terra, concebendo um conto sobre tolerância e aceitação bem pertinente para um tempo no qual ainda tenhamos vivas discussões acaloradas e preconceituosas em relação aos imigrantes mundo afora.

    Em “Melhor um diabo conhecido”, Tony Bedard, Barry Kitson e John Floyd conectam Taz e Mulher-Maravilha ao transformarem o Demônio da Tasmânia em uma criatura mitológica com a qual Diana já havia lidado anos antes, e alguém cuja ajuda era agora indispensável para que a princesa das amazonas pudesse vencer seus inimigos. Essa história surpreende por conseguir adaptar um personagem difícil como o Taz em uma sacada bem inteligente por parte da equipe criativa, adequando o personagem ao contexto visual e temático que permeia o background da heroína.

    Com “Chegan’o e atiran’o”, Jimmy Palmiotti e Mark Teixeira elaboraram uma divertida e empolgante história de faroeste, unindo o estourado Eufrazino Puxa-Briga com o soturno Jonah Hex em uma aventura que envolve a corrida pelo ouro nos EUA e a ganância desmedida em uma época na qual a lei que valia era a de quem atirasse mais rápido. Em que pese a bizarra aparição de Frangolino na história – não há explicação plausível para um Frango antropomórfico e que lute boxe com outros seres humanos dentro da trama -, a história segue um ritmo típico das histórias do velho-oeste, e se valem muitas vezes das personalidades antagônicas dos dois protagonistas para criar uma dinâmica de interação aprazível e coerente com a trama.

    Em “Leze por mim” temos a história que mais se destaca na antologia, o encontro entre Batman e Hortelino Troca-Letras, concebido por Tom King e Lee Weeks. Um dos grandes méritos do conto reside na perfeita interação que os autores realizaram entre os dois universos, trazendo para Gotham City os carismáticos personagens da Looney Tunes, mas transformando-os em personagens humanos, identificando-os com suas contrapartes cartunescas através da composição visual e de maneirismos verbais e gestuais, em uma demonstração de sincronia conceitual entre Weeks e King. Ao se colocar à caça do bandido Pernalonga, Hortelino se vê envolvido em um misterioso assassinato que o leva a encontrar o famigerado Cavaleiro das Trevas de Gotham City. A pegada noir da história cativa e prende o leitor do início ao fim, em mais um trabalho competente de um Tom King que à época ainda estava construindo sua jornada à frente da revista solo do Homem-Morcego.

    O saldo final do projeto é positivo, dado que apenas duas histórias acabaram ficando aquém das expectativas criadas, ainda que possam agradar ao leitor que as encare de modo mais despretensioso. Contando com 248 páginas, a edição da Panini Comics chegou ao Brasil sem muito alarde em 2018, mas foi publicada em um formato ideal, com papel de boa gramatura, capa cartão e lombada quadrada.

    Compre: DC Encontra Looney Tunes.

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  • Crítica | Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas

    Crítica | Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas

    A história do psicólogo, professor, inventor e autor de quadrinhos Willian Moulton Marson é contada de forma romantizada na cinebiografia Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas. Dirigido por Angela Robinson, o filme apresenta os bastidores das duas criações máximas de Marson (interpretado por Luke Evans, muito à vontade no papel): o polígrafo, conhecido como “detector de mentiras” e a super-heroína Mulher-Maravilha.

    O filme se inicia com uma cena um tanto chocante para fãs de quadrinhos, uma fogueira onde revistas de super-heróis são queimadas. Essa cena não foi colocada no início do filme de forma aleatória. Ao contrário, foi uma excelente escolha que permearia toda a proposta narrativa do filme, que é a de confrontar autor e obra, misturando elementos da vida pessoal de Marston com aquilo que ele expressava em suas histórias em quadrinhos.

    Professor Marston leciona com sua esposa em uma conceituada universidade norte-americana e vê sua vida virar de cabeça pra baixo quando se envolve, junto a sua esposa Elizabeth (Rebecca Hall, excelente no papel), em um relacionamento polígamo com sua aluna Olive Byrne (Bella Heathcote). Em uma trama leve, vemos um tema polêmico se desenvolvendo de forma natural, transformando os defensores da “moral e bons costumes” em vilões, mas sem aprofundar muito no assunto. Robinson parece querer nos prender mais à história em si do que criar polêmicas, tratando tanto a poligamia quando o interesse do protagonista em bondage e sado-masoquismo como algo corriqueiro, apenas criticado por pessoas mesquinhas e hipócritas.

    A história é contada em flashbacks, que se alternam com cenas de um interrogatório no qual Marston explica a agentes do governo sua teoria DISC (na qual a submissão seria um importante fator nos relacionamentos) e porquê decidiu incluí-la em suas histórias em quadrinhos. Os gibis da Mulher-Maravilha, no início, eram recheados de conceitos feministas, mas misturados com mitologia grega (considerada “pagã” para o público mais conservador) e muito, muito soft porn! Por mais forte que a heroína fosse, em toda edição ela aparecia amarrada ou em poses eróticas de submissão, que refletiam o interesse do autor pela prática de BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo).

    A princípio, a vida de Marston com suas duas mulheres (que dividiam o mesmo teto com os filhos que ele teve com ambas) soa como o sonho de ménage a trois de um homem machista, ainda que não deixe de assumir seus próprios desejos, entretanto, durante o desenvolvimento vemos exatamente o contrário, um filme sobre sobre libertação feminina, transparência e bissexualidade, com uma certa dose fetichista. Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas é, afinal de contas, menos sobre seu protagonista e mais sobre as incríveis mulheres que o rodeavam.

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  • VortCast 53 | Trindade (DC Comics)

    VortCast 53 | Trindade (DC Comics)

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira (@filipepereiral) e Thiago Augusto Corrêa (@tdmundomente) se reúnem para comentar sobre os três maiores heróis da DC Comics, Superman, Batman e Mulher-Maravilha. Exploramos os conceitos e as raízes do trio, em especial, comentando sobre as histórias realizadas por Paul Dini e Alex Ross, além da minissérie de Matt Wagner que trata do primeiro encontro dos personagens.

    Duração: 144 min.
    Edição: Caio Amorim
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    Bruno Gaspar

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    Batman: Ano Um, Por Frank Miller (compre aqui)
    Superman: O Homem de Aço, por John Byrne (compre aqui)
    Mulher-Maravilha, por George Perez (compre aqui)

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  • VortCast 49 | Liga da Justiça

    VortCast 49 | Liga da Justiça

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), André Kirano (@kiranomutsu), Rafael Moreira (@_rmc), Bruno GasparJackson Good (@jacksgood) se reúnem para comentar de maneira mais acurada sobre o filme da Liga da Justiça, as expectativas, polêmicas e as considerações de cada um sobre o filme e o universo cinemático da DC Comics.

    Duração: 75 min.
    Edição: Caio Amorim
    Trilha Sonora: Caio Amorim
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  • Mulher-Maravilha | Os Uniformes nas Telas

    Mulher-Maravilha | Os Uniformes nas Telas

    Foram poucas as vezes em que a criação de William Moulton Marston para os quadrinhos conseguiu ver a luz do dia tanto no cinema quanto na TV. Quem sabe exatamente por terem sido tão poucas suas adaptações (diferente dos outros dois membros da Trindade) que cada uma carregue suas particularidades. Através de apenas três temporadas, a super-heroína além ter marcado gerações que vieram, trouxeram ainda uma rica variedade de figurinos para a personagem. Não estamos falando apenas de um dos mais belos figurinos da década de 1970 que Lynda Carter vestia durante os episódios mas de uniformes como Mulher-Maravilha.

    A personagem nos quadrinhos possuí, assim como Superman e Batman, uma variedade de uniformes muito grande, desde a fase de Dennis O’Neil, como também mais à frente nos anos 1990, que depois foi copiado na fase escrita por J. Michael Straczynski. Mas na TV Diana Prince invocava diversos uniformes funcionais com seu giro mágico. Ela tem variações para o mar, terra, e até mesmo pra andar de Skate.

    O site Metv fez uma pequena lista acolhendo os melhores uniformes que Lynda Carter vestiu no papel da Amazona e tomamos a liberdade, nesse clima de expectativa para o filme estrelando Gal Gadot, de adicionar todos os outros uniformes que as demais as atrizes já vestiram no papel da Mulher Maravilha, apesar de serem poucos, cada um tem uma pequena história.

    1 – Visual H.G Peter (Original)

    Provavelmente o mais raro de todos da lista, trata-se do visual talvez mais fiel à sua criação em 1941 desenhada por H.G Peters. Esse uniforme apareceu apenas uma única vez no piloto de duas horas exibido em 1975 para o seriado com Lynda Carter, entregue à ela por sua mãe (Cloris Leachman). Importante ressaltar que, o piloto da série quase transpõe algumas passagens das HQs para a TV.

    2 – Filme 1974 (Cathy Lee Crosby)

    Antes mesmo da série de Carter te-la definido como o rosto da mulher maravilha, a tenista profissional Cathy Lee Crosby foi a primeira a estrelar o papel da personagem em um filme pra TV. Tratava-se mais de uma série de espião, não só descaracterizando a personagem completamente mas a colocando como agente secreta do governo americano. A ideia era trazer uma série a partir disso, e claro, não funcionou.

    3 – Faroeste

    Sem dúvida um dos mais desconsiderados na hora de listar uniformes. A personagem vestiu seu traje western durante o episódio 13 da terceira temporada, “The Bushwhackers”. Além de parecer funcional ele ainda se assemelha em muitos aspectos à uma roupa de velho oeste. Os figurinistas conseguiram modernizar a vestimenta e ainda mante-la casual.

    4 – Whos Afraid of Diana Prince? (Ellie Wood Walker)

    A Atriz que apareceria no seminal longa-metragem Sem Destino – Easy Ryder, de Dennis Hopper, gravou um pequeno piloto para uma possível série de TV da Mulher-Maravilha em 1967, produzida pelo mesmo responsável pela série estrelada por Adam West, William Dozier, e sua performance fascinou pelo tom exageradamente cômico. Se torna claro o que Dozier tinha em mente (algo como “se serviu pra Batman, serve pra ela também”) ninguém sabe exatamente o porque a série foi descontinuada já no piloto. Mas é clara a influência do uniforme original mesmo nessa versão, infelizmente as semelhanças param aí.

    5 – Uniforme Azul

    O uniforme azul foi utilizado em alguns episódios, servindo tanto como traje de mergulho quanto para dirigir uma moto. Principalmente com o capacete.

    6 – Uniforme com Capa

    Uma fusão do uniforme do piloto com capa patriota, talvez apenas lembrando que não só o Super Homem carrega a bandeira americana no uniforme.

    7 – Uniforme de Skate

    Como eu disse, ela tinha um uniforme pra cada ocasião…

    8 – Flashbacks

    A série reviveu e explorou um pouco mais da origem da personagem em um de seus episódios onde não só ela veste a mesma roupa dos quadrinhos usada na Ilha Paraíso, como também utiliza a peruca e máscara para se disfarçar na competição que decidiria qual amazona levaria Steve Trevor de volta ao mundo do Patriarcado.

    9  – Piloto de 2011 (Adrianne Pallick)

    A atriz de Friday Night Lights era pra ter interpretado a personagem em 2011 aproveitando os Novos 52 que tinham acabado de iniciar nos EUA. O Projeto era encabeçado por David E. Kelley, ao lado NBC, e a promessa é que seria um dos grandes lançamentos de 2011. Mas assim como o piloto em 1967, esse também foi cancelado sem nenhum alarde, antes mesmo de ser exibido. O uniforme apresenta alguma semelhança com o uniforme da personagem nos Novos 52, incluindo a calça (que depois foi removida).

    10 – Universo Cinematográfico DC (Gal Gadot)

    Talvez essa seja a grande chance da personagem estrelar de verdade nos cinemas, depois do filme cancelado de Joss Whedon em meados de 2006 é correto dizer que essa é a primeira Mulher-Maravilha vista oficialmente desde 1975 para o grande público, agora com Patty Jenkins na direção (leia nossa crítica de Mulher-Maravilha).

    Assim como Christopher Reeve, o rosto de Carter ainda é e será o primeiro que vem a mente antes mesmo de Gadot, assim como acontece com Henry Cavil. A simplicidade no visual de 1975 nos relembra que não é necessariamente a quantidade de detalhes que vemos numa roupa que a torna crível mas sim o carisma de quem a veste e o esmero que uma boa narrativa invoca ao espectador.

    Texto de autoria de Halan Everson.

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  • Crítica | Mulher-Maravilha

    Crítica | Mulher-Maravilha

    A expectativa em relação ao universo cinematográfico da DC Comics passou a importar ainda mais nos últimos tempos, seja pelos contratempos que fizeram Zack Snyder delegar a Joss Whedon a função de conduzir as cenas adicionais de Liga da Justiça, bem como as expectativas do último filme solo de herói antes da tão aguardada reunião do panteão de deuses da editora. Com uma responsabilidade enorme sobre si, Mulher-Maravilha causava uma espera enorme por parte dos fãs de quadrinhos, em especial depois dos fracassos de Batman vs Superman: A Origem da Justiça e Esquadrão Suicida, e seu resultado final é muito satisfatório.

    Patty Jenkins é uma diretora que começou muito bem. Seu primeiro filme, Monster: Desejo Assassino, foi premiado e muito bem falado, mas de lá para cá passaram-se treze anos, e muitas contribuições em séries de TV. A espera, ao se perceber um filme conduzido por ela era de um produto com muito girl power e referências ao feminismo, e há um bocado de ambos, ainda que esse não seja um filme categoricamente feminista, fato que não chega a ser demérito, uma vez que grande parte das histórias clássicas de William “Charles” Moulton Marston eram o oposto disso, abusando do sexismo e soando fetichista em alguns momentos. O roteiro de Allan Heinberg erra em alguns pontos, mas não na argumentação pró-igualdade entre os sexos.

    O filme começa com uma bela introdução da parte mitológica de origem de Diane Prince, com uma Gal Gadot que aparece somente com algum tempo de tela, e cada vez mais à vontade em seu papel. Themyscira é mostrada como um paraíso, repleto de belas paisagens e governado por mulheres, em especial pela Rainha Hipólita (Connie Nielsen) e sua irmã Antíope (Robin Wright). A primeira, governa a política da ilha, enquanto a outra serve de guarda e prepara a defesa do local. Entre ambas há a preocupação com o futuro de Diana, que tem sobre si uma promessa, de ser ela a chave para acabar com os resquícios do deus da Guerra, Ares.

    O chamado à aventura ocorre quando Steve Trevor (Chris Pine) cai acidentalmente através do disfarce geral do arquipélago, causando na herdeira do trono uma curiosidade atroz pelo mundo externo, lançando-se assim ao mundo dos homens, apesar das reprimendas de seus parentes, e a partir daí começa uma jornada com um humor afiado, ao estilo dos melhores filmes da Marvel Studios.

    Nota-se um uso grande do artifício do slow motion, semelhante aos filmes dirigidos por Snyder, ainda que aqui seja utilizado de maneira mais funcional, e não tão corriqueira. O filme é pontual e econômico, e não abusa da fotografia escurecida de outros produtos do DCEU. A escala das cenas é grandiosa e os personagens secundários acrescentam a trama, sem precisar de um tempo demasiado para desenvolver origens ou ligações com a heroína.

    Jenkins acerta no tom, produzindo um filme que consegue ao mesmo tempo agradar plateias mais progressistas e interessadas em analisar personagens femininas fortes e independentes, sem descuidar do público nerd desejoso por uma aventura escapista. A química entre Gadot e Pine é muito bem aproveitada, bem como o potencial de piadas com os conhecimentos que a amazona passa a ter no novo mundo a ser explorado. De negativo, há uma utilização pouco proveitosa do vilão, que tem um plano mirabolante para arredar a personagem principal, fato que evidentemente não dá certo, uma vez que todos os eventos posteriores ocorrem quase cem anos após essa aventura, mais ainda assim, nada que tire o brilho desta Mulher-Maravilha, fato este que faz ter curiosidade por mais exemplares na filmografia cinematográfica da diretora, bem como também uma avidez por mais participações da mesma nesse universo compartilhado com Batman, Superman e cia.

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  • O Superman de Zack Snyder: Messias ou Anticristo?

    O Superman de Zack Snyder: Messias ou Anticristo?

    superman messiasLeio quadrinhos há 30 anos e sou fã do Super-Homem. Com oito anos de idade, eu pulava do telhado de casa com uma toalha amarrada no pescoço, imitando meu herói favorito. Hoje, me impressiona saber que essa geração se encantou com o versão do Superman de Zack Snyder.

    Irei apontar os erros da nova versão do Superman no cinema e lhes mostrar quem este herói é de fato e o que representa para a humanidade.

    superman-messiasMessias ou Anticristo?

    É impossível falar sobre a origem e construção do mito Superman sem falar de religião, visto que a influência é cristalina. Ele é inspirado no messias judaico-cristão – Jesus – a base de formação de sua mitologia e personalidade. O amor que ele sente pela humanidade foi inspirado no amor de Deus pelos seres-humanos: o amor ágape. Homens e mulheres, quando olham para o Superman, o amam na concepção pura da palavra. Ele representa o ideal de bondade, justiça, pureza, bom caráter, otimismo, alegria, força, simpatia e esperança. É um ideal a ser seguido assim como Jesus; uma verdadeira inspiração para a raça humana e que veio ao mundo, enviado pelo Pai, para ser a “luz” dos povos. Semelhantemente a Jesus, o verdadeiro Superman é um ser humilde e respeita a liberdade, a autonomia da vontade dos seres-humanos. Não foi à toa que o fizeram morrer e ressuscitar; ele é o  “Jesus” dos super-heróis das histórias em quadrinhos.

    Contrariando toda a mitologia do herói, construída ao longo de oito décadas, o Superman de Snyder se assemelha não ao Jesus do cristianismo, mas à figura do Anticristo profetizada no Apocalipse. O Anticristo é a antítese do Cristo e, da mesma maneira o Superman de Snyder é a negação de tudo o que o verdadeiro Homem de Aço representa. Podemos observar isso em dois pontos principais.

    Características emocionais: Apesar de ter sido muito bem criado pelos Kent, recebido amor, uma boa educação e nobres valores de seus pais, vemos na recente adaptação do personagem para o cinema um indivíduo desalmado, perturbado, inseguro, angustiado, confuso, pessimista, desorientado, entenebrecido, desprovido de carisma, ou simpatia, que em nenhum momento representa um exemplo ou símbolo de esperança para os seres-humanos. Assim como o Anticristo do Apocalypse, ele está nas “trevas” emocionais e espirituais e não goza de nenhuma luz interior ou exterior. Jor-El se enganou, pois o messias que ele enviou para ser um guia para a humanidade não cumpriu sua missão, na nova adaptação para o cinema. Um ser tão poderoso e tão emocionalmente instável representa um grande perigo para a humanidade. Bruce estava realmente certo. São pessoas com essas mesmas características emocionais que um belo dia surtam e saem matando inocentes, num dia de fúria. Basta apenas que algo acione o gatilho…

    Atuação política: O Anticristo – segundo as profecias do livro do Apocalipse – será um governador mundial que, outrora um grande líder politico, se relevará como um tirano e governará o mundo à sua maneira. Vimos um lampejo dessa distopia, na qual o Superman assume o perfil de um anticristo em um dos sonhos de Bruce Wayne – aparentemente o  líder da resistência contra o regime opressor é capturado e executado pelo próprio Homem de Aço. O Superman de Snyder é um verdadeiro perigo para o mundo, pois é um vilão e ainda não sabe disso. Tudo isso, é óbvio, aponta para Injustice. A maior fonte de inspiração para a construção do Universo DC no cinema é um jogo de vídeo-game…

    E aqui vai minha crítica a Warner: uma das funções sociais da arte é levar esperança, alegria e otimismo às pessoas. No mundo em que vivemos, tomado por guerras e iminências de guerras, onde se mata o diferente e não há amor e respeito ao próximo, essa mensagem através da arte é indispensável e fundamental para a civilização pós-moderna. Hoje, mais do que nunca, precisamos do verdadeiro Superman-messias, o personagem mundialmente conhecido como um dos maiores representantes da paz e da tolerância entre os povos. Um ser que milita pela Paz na Terra, como Paul Dini e Alex Ross mostraram ao mundo. Por que não enfatizar essa faceta que é o diferencial do personagem? As crianças precisam crescer e os jovens envelhecer com esse referencial de herói. Um personagem que deveria ser a celebração da vida e da paz, e que nas mãos erradas se tornou o enaltecimento da destruição e da morte. É esse Superman de Injustice que as pessoas de um mundo corrompido como o nosso precisam ver no cinema?

    Saudades de Cristopher Reeve e Richard Donner

    superman cidade destruida“Uma Metamorfose Ambulante”

    O que costumeiramente ouço falar para justificar a caraterização do Superman de Snyder é que ele é um personagem em desenvolvimento, que ainda não é o Superman. Mas esse argumento não subsiste quando analisamos a trajetória desse herói no cinema. Ora, se ele havia enfrentado três kryptonianos e até executado um deles (em O Homem de Aço); se ele já estava na atividade como Superman há mais de dois anos, teve dois filmes, havia se envolvido em vários eventos, enfrentou o Batman, Lex Luthor, integrou a “Trindade da DC” juntamente com Batman e Mulher-Maravilha; se ele já havia vencido o Apocalypse e até mesmo morrido, o que faltava para ele ser o Super-Homem, para que se alegue que ele ainda estava em desenvolvimento? Lembremos que Jesus – a fonte de inspiração do Superman – já era o Cristo antes mesmo de haver morrido, mas o “Superman” não era o Superman antes de sua morte no longa? Esse personagem do novo filme da DC no cinema está em processo de formação, mas não para se tornar um herói completo, mas de um vilão, pois, afinal, pelo roteiro desenvolvido, o futuro da DC no cinema culminará no Superman-anticristo de Injustice.

    Na verdade, o argumento do processo de “evolução” dessa versão do Homem de Aço do diretor Zack Snyder foi um subterfúgio para defender e justificar uma abordagem rasa do personagem, que não deu certo e foi execrada pelos críticos e milhares de fãs. Era uma abordagem que tinha a pretensão de mudar um mito, fazendo algo “revolucionário”, o “novo” e “moderno” superando o “antigo e ultrapassado”. Mas Snyder deixou claro que não dá para mudar para melhor algo que não se conhece, no máximo destruir.

    Esse indivíduo em Batman vs Superman: A Origem da Justiça, o qual chamam de Superman, morreu no referido filme, e o que era para ser o maior evento dos últimos tempos no cinema não causou nenhum impacto na indústria cinematográfica ou do entretenimento. Não se viu uma nota em um jornal sequer sobre a Morte do Homem de Aço. Em 1990, um simples gibi fez o mundo chorar ao apresentar, de maneira dramática marcante e comovente, a morte desse super-herói. Hoje, o cinema, com todos os recursos que possui, não conseguiu projetar a mesma comoção sobre as pessoas e causar a mesma repercussão na mídia.

    superman funeral filme

    Lamentavelmente, no filme em que o maior super-herói da história sucumbe, o destaque maior é a abertura de pernas da Mulher-Maravilha, que por sinal foi uma personagem mais definida, determinada e autoconfiante, segura de si e de sua função no mundo, do que o tal do homem de aço. A mídia e os verdadeiros fãs não sentiram “A Morte do Super-Homem” porque não teve um Super-Homem para morrer e consequentemente lamentar isso. Não houve empatia alguma porque laços de afinidade, admiração e carinho não foram estabelecidos entre Superman e os espectadores. O mundo não amou esse Superman.

    Snyder se preocupou muito mais em mostrar os músculos do Super-Homem do que a sua alma, e isso agradou a muitas pessoas de uma geração que não tem a mínima noção dos ideais que esse personagem representa e transmite para a humanidade e, por isso, dizem que o Superman era “bonzinho” demais e que precisava “evoluir”, “mudar” e se “modernizar”. Ocorre que os ideias e virtudes de um herói como ele são atemporais

    Snyder não desnudou a alma do Superman porque não deu nenhuma alma para ele. Devido a esse fato, brindou os fãs com um Superman de vídeo-game, arrasa-quarteirão, com o apelo sexual de um gogo boy. Abordagem mais superficial de um herói musculoso e que usa collant, impossível.

    Não acredito que de um processo de “metamorfose”, de “mudança”, realizado por pessoas com tamanha imperícia, saia algo bom…

    superman red eyes

    Um deus sem sua Glória?

    Se houvesse a categoria no Oscar de “pior adaptação de um personagem de quadrinhos para o cinema”, o herói do diretor Zack Snyder seria o mais forte candidato à premiação. Essa é, sem dúvida, a pior adaptação do super-herói realizada pela Warner, inferior, inclusive, até a considerada fraca versão do Superman – O Retorno, lançada em 2006. Mas, para quem começou a ler quadrinhos ontem e não acompanha o herói por três ou quatro décadas, e o conhece como “Superman” e não “Super-Homem”, vai se maravilhar com essa versão fast-food e cheia de esteroides do maior herói da história dos quadrinhos, que teve a sua grandeza reduzida a nada. Super-Homem é muito mais que um “corpo sarado e rosto bonito” que, para o diretor e sua equipe, foi a principal virtude dessa versão. A glória do personagem não se fundamenta na efemeridade, mas em uma alma iluminada, um caráter nobre, um herói perfeitamente definido.

    superman vs batman

    Por isso que Batman, como único herói de uma produção cinematográfica, conseguiu fazer arrecadar um bilhão de bilheteria, (Batman: O Cavaleiro das Trevas, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge), mas, quando se juntou a esse Superman fake, não teve o mesmo desempenho, mesmo apresentando sua melhor versão para o cinema. O que aconteceu é que Batman e Mulher-Maravilha levaram o filme Batman vs Superman nas costas. Não houve um “fator Superman” para contribuir com a bilheteria; ele foi praticamente um elemento neutro nesse quesito.

    Mas, para que a destruição desse mito no cinema fosse completa, Snyder mostra seu total desprezo pelo Super-Homem ao fazê-lo levar uma surra exageradíssima do Batman (o qual faltou apenas cuspir no rosto do Homem de Aço). Desvalorização da moral do maior super-herói da história se consumará no filme da Liga da Justiça, e no qual Superman não será líder da equipe em sua primeira adaptação para o cinema. O líder será o mesmo Batman que o desmoralizou.

    É assim que se trata uma lenda?! Uma coisa é fazer uma nova versão de um herói; outra bem diferente é desmoralizá-lo e reduzi-lo a nada! O Superman de Snyder não é um “falso deus”; é um deus, sim! Mas um deus sem a sua grandiosidade; um deus sem a sua glória.

    Esse personagem tinha qualquer coisa menos  a “essência” – ou a alma – do Homem de Aço. O que eu testemunhei no cinema foi a desconstrução, humilhação e o escárnio de um mito que admirei por 30 anos. Um filme retratando o mito Superman dessa maneira, é óbvio que não daria certo. Se Superman é tipologicamente o messias, seria Snyder o Judas que o traiu? Assim como os algozes de Cristo, Zack Snyder cuspiu no Superman.

    Texto de autoria de Jamy Milano.

    superman alex ross