Tag: Flash

  • VortCast 110 | Zack Snyder, James Gunn e o Futuro da DC

    VortCast 110 | Zack Snyder, James Gunn e o Futuro da DC

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (Twitter | Instagram), Filipe Pereira (TwitterInstagram), Bernardo Mazzei (Twitter | Instagram) e Jackson Good (Twitter) se reúnem para comentar sobre as últimas notícias envolvendo o universo cinemático da DC, desde o malfadado Snyderverso ao futuro imprevisível envolvendo James Gunn e Peter Safran.

    Duração: 65 min.
    Edição:
     Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
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     Bruno Gaspar

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  • VortCast 107 | Expectativas 2022

    VortCast 107 | Expectativas 2022

    Bem-vindos a bordo. Filipe Pereira (@filipepereiral | @filipepereirareal), Bernardo Mazzei (@be_mazzei) e Jackson Good (@jacksgood) se reúnem para comentar sobre os principais lançamentos nos cinemas e TV para o ano de 2022 e as principais expectativas.

    Duração: 89 min.
    Edição:
     Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
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  • Resenha | Crise Final

    Resenha | Crise Final

    Quando um dos novos deuses aparece morto e os céus mudam de cor, os heróis começam a desconfiar de que algo está errado. O que eles não imaginavam é o quão crítica a situação já era, e “algo errado” se torna um eufemismo de péssimo gosto, diante do caos que se avizinha no horizonte.

    Ao se infiltrar na Terra, Darkseid e seus asseclas prepararam o estratagema definitivo, o plano dos planos, e assim deflagram uma crise de proporções monumentais, sem qualquer precedente, e opõem Vida e Antivida, fragmentando tempo e espaço por todo o Multiverso, com consequências imprevisíveis.

    Diante de uma ameaça tão grande e tão inesperada, talvez nem mesmo a força combinada de todos os heróis seja o bastante para vencer a batalha das batalhas, um embate decisivo pela existência, que leva o conflito de “bem versus mal” a um patamar inimaginável. Exigidos ao máximo de suas forças, os heróis do multiverso DC se colocam contra deuses, em uma guerra definitiva dos paladinos da justiça contra os arautos da morte, servos de Darkseid.

    Grant Morrison concebe em Crise Final uma saga hermética e envolvente, que capta a essência dos personagens da editora das Lendas. O autor escocês aplica na saga conceitos que lhe renderam fama ao longo dos anos, como viagens no tempo, conflitos multiversais e narrativas em paralelo que posteriormente se perpassam e assim tecem uma intrincada colcha de retalhos, cuja significação só se mostra possível em sua plenitude ao final da trama, quando tudo se encaixa e começa a fazer sentido.

    Tal como num épico de guerra tradicional, a crise intercala diferentes focos narrativos, múltiplos frontes de batalha, dando urgência para os eventos e espaço para que os personagens se desenvolvam em cena. A diferença, contudo, reside no forte apelo da ficção científica que recai sobre a narrativa e lhe dá um charme incomum.

    Como de costume, o roteirista concebe sua trama trafegando por referências incontáveis à mitologia DC, muitas delas somente reconhecíveis para o leitor médio com o auxílio do Google, mas que se transformam em um deleite para o fã de longa data, que imerge na história tanto a nível diegético quanto na caça desenfreada a referências, das mais sutis às mais evidentes.

    Acompanhado de diversos artistas de alto calibre como J.G. Jones, Doug Mahnke, Carlos Pacheco entre outros, a trama se resulta em um trabalho de difícil fruição mas cuja experiência de leitura é bastante recompensadora.

    A edição definitiva de Crise Final publicada pela Panini Comics reúne as sete edições de “Final Crisis”, originalmente publicadas em 2008, além de “Final Crisis: Submit #1”, “Final Crisis: Superman Beyond #1” e “Final Crisis: Superman Beyond #2”. Com tradução de Jotapê Martins, o encadernado merece um maior apuro na revisão para as próximas reimpressões, pois apresenta muitos erros diminutos, que quando lidos em sequência acabam chamando a atenção.

  • VortCast 94 | Liga da Justiça de Zack Snyder

    VortCast 94 | Liga da Justiça de Zack Snyder

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Bruno Gaspar (@hecatesgaspar), Jackson Good (@jacksgood) recebem Hell (@ivokleber | @helluniverses) do Melhores do Mundo batem um papo sobre a Liga da Justiça de Zack Snyder, e ainda contamos com o retorno de Mario Abbade com sua crítica sobre o filme. Por isso, venha conosco e descubra se o Snyder é um bom diretor, qual a importância da crítica e que diabos o Caçador de Marte estava fazendo nesse filme.

    Duração: 121 min.
    Edição: Rafael Moreira e Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Rafael Moreira e Flávio Vieira
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     Bruno Gaspar

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  • Crítica | Liga da Justiça de Zack Snyder

    Crítica | Liga da Justiça de Zack Snyder

    Parece que uma eternidade se passou entre o Liga da Justiça lançado nos cinemas e a Liga da Justiça de Zack Snyder veiculado pela HBO Max. Bem mais que o tempo cronológico entre 2017 e 2021. Houve clamor dos fãs, de gente da indústria e, finalmente, algo próximo do que seria a visão real de Zack Snyder chegou ao público: o tão falado Snydercut, que já começa bem diferente da outra versão, com uso largo de CGI e slow motion já nas primeiras cenas e em momentos estendidos nas sequências de ação.

    Esta versão se assemelha ao monstro de Frankenstein. É um ajuntamento de vários elementos que estariam no filme da Liga, outros que poderiam estar na parte 2 de uma saga, e ainda momentos que claramente foram pensados e amadurecidos depois, como partes mortas formando um ser vivo. É curioso como boa parte dos que defendem esta versão falam a mesma coisa: que esse não é um filme de cinema, basicamente para tentar blindar a obra e a própria carreira do diretor, sempre criticado por ter dificuldades em conectar as partes diferentes de suas histórias. Isso não exime o produto de parecer gorduroso, nem justifica o início arrastado, mesmo quando remonta o final de Batman vs Superman e boa parte do universo compartilhado. Se a ideia ao lançar esse corte em formato de minissérie fosse para frente, certamente seria uma opção mais inteligente.

    Snyder mira na versão estendida da trilogia Senhor dos Anéis, mas esses são produtos bem diferentes entre si. Os filmes de Peter Jackson são obviamente voltados para os fãs, mas o espectador comum certamente apreciaria tais versões de forma mais palatável que este novo Liga da Justiça. Um filme de orçamento tão grandioso não poderia ser tão voltado para nicho.

    Em questões musicais, a trilha sonora é mal encaixada principalmente nos momentos em que não há tanta ação. O uso é piegas, e casa muito mal com os momentos explicativos. O filme parece uma tentativa de transformar um produto heroico em uma ópera. As batalhas são artificiais, as frases de efeito não convencem, os conflitos empolgam menos que as lutas pseudo-realistas da trilogia Batman de Christopher Nolan, e tem a qualidade dramática do pior dos seriados CW da DC, fora a fotografia e o uso excessivo de câmera lenta. Mal parece que as gravações seriam destinadas a tela grande.

    O visual do Lobo da Estepe é arrojado, mas funciona de jeitos distintos quando o personagem está em ação ou apenas parado em cena. Ao menos a razão de entrar na Terra atrás das caixas maternas faz mais sentido, como um filho rebelde que busca a aprovação do pai, Darkseid. Já a participação dos vilões do Quarto Mundo é fraca. A batalha antiga entre a humanidade e os asseclas de Apokolips é cheia de bonecos digitais que fazem de 300 um filme ultra realista. Os atores rejuvenescidos parecem retirados de cutscenes de jogos de 64 bits e não casam bem com o clima proposto.

    A partir daqui, a análise conterá spoilers

    Toda a segunda parte do filme é bem melhor desenvolvida. A historia é mais fluida, há mais inserção de material inédito e não meras variantes do antigo. Se há algo positivo nesta nova visão do diretor é o tom heroico, após muitos tropeços, ele entendeu que não há motivo para deixar todos os personagens como versões sisudas e obscuras deles mesmos. Mesmo o Superman tem uma abordagem diferente, que claramente não combina com Homem de Aço, e sim com um resgate às origens do herói. Henry Cavill parece mais uma versão do desenho antigo do DCAU ou do seriado de cinema dos irmãos Fleischer, não é exatamente o Superman de Christopher Reeve, mas possui boa parte do espírito, e sua experiência de pós morte pode ser uma boa explicação para encontrar essa persona. Não há motivo para reclamar de um retorno ao correto estilo da personagem, mesmo que seja tardio.

    Outra conclusão difícil de analisar é saber se foi essa versão que a Warner recusou anos atrás. Até porque o valor para a gravação de novas cenas foi aumentando ao longo da produção, claramente não influenciou só cenas de CGI (até porque esses efeitos são ruins, na maioria do filme). Mas como faltavam cenas, foram feitas refilmagens mesmo que Snyder e a produção negasse a princípio. Além disso, a culpa sobre o corte cinematográfico de Joss Wheddon é incalculável também, uma vez que não se sabe em detalhes qual foi o pedido do estúdio para ele. Seu crédito oficial foi de roteirista, mas sabe-se que ele dirigiu cenas extras, incluiu momentos diferentes do conceito de Snyder, adicionou humor e cenas como a do Flash em seu primeiro salvamento e Aquaman confessando a realidade de seus pensamentos por conta do laço da verdade que, obviamente, não estão aqui. Para além de cenas machistas conduzidas por Wheddon em Liga ou Vingadores: Era de Ultron, há de se lembrar que essa visão já foi abordada por Snyder, autor do filme autoral Sucker Punch em que moças andam de espartilho em cenários nerds fetichistas. Além, é claro, de cenas da Mulher Maravilha em poses exageradas ao laçar o Apocalipse em BvS.

    Além do arco do Cyborg, o de Superman é bem diferenciado, para além da mudança da cor de sua roupa. Mesmo que brevemente, Snyder remete ao melhor que seu filme de 2013 teve: as origens alienígenas do herói onipotente. Surpreendentemente, o diretor opta por um uso de cores mais variado fugindo da velha piada de filtros do Instagram que fazia com seu cinema. As sequencias de batalha no final tem bons momentos, com uso de veículos, gadgets e tudo que um filme de ação super heroica precisa para agradar crianças e vender brinquedos. Ao contrário do que supunha, as lutas não são super violentas, nesse ponto, entram no patamar dos filmes da Marvel de Kevin Feige.

    O diretor pôde amadurecer seu tom, que realmente só é estragado pela música que foi uma constante negativa do filme, assim como o cenário de Apokolips que aparece timidamente, mesmo que esse tenha um aspecto visual estranho. Assim como o epílogo que parece um amontoado de cenas excluídas e desconexas que lembram os sonhos do Batman. A maioria delas é despropositada, servem com teasers de arcos futuros que dificilmente serão filmadas. O Snydercut é uma realidade.

  • Resenha | DC: A Nova Fronteira (2)

    Resenha | DC: A Nova Fronteira (2)

    No mundo do entretenimento, a nostalgia vende e contagia, tal qual o medo e a desconfiança no teatro político. Atualmente, ninguém entende disso nas indústrias da informação melhor do que a Disney, ao promover infinitos remakes de animações que todos já amamos, e assim, garimpando mais dinheiro do que se pode contar – com exceção do live-action Mulan de 2020, mas essa é uma outra história. Nostalgia é apelativa, recorre a assuntos do coração sobre ideias que já somos apegados a gerações, e tão saudoso quanto princesas encantadas, na cultura pop, é o universo colorido e exagerado dos super-heróis, seus vilões e suas aventuras de planetas em perigo, pedras mágicas, caixas malucas e por ai vai. DC e Marvel sempre se orgulharam disso, e quase ao mesmo tempo, criaram um novo Olimpo quase sempre, não resiste a virar um playground onde deus e o diabo se enfrentam.

    Entre palhaços e monstros gigantes vindos do centro da Terra, a DC Comics (e sua eterna concorrente) alimenta há quase um século uma mitologia repleta de ícones mundialmente aclamados, figuras aladas e destemidas que nunca salvam o planeta, e sim, os Estados Unidos; a águia. E é justamente esse o motivo da minissérie A Nova Fronteira precisar existir: em 1952, todos os super-heróis foram proibidos de agir na América por serem um segundo poder não-oficial, fora de controle, e que muitas vezes só atraíam ameaças que só causavam transtorno. Tirando Superman e a Mulher-Maravilha, ninguém podia voar entre Nova York e Califórnia exceto quem se vendeu em prol da segurança nacional, e os agentes da Aeronáutica – como o famoso piloto de caças Hal Jordan, o futuro Lanterna Verde. Num país totalmente traumatizado pelo fim ainda muito recente da Segunda Guerra Mundial, minimizar perigos era uma cláusula pétrea que todos deveriam se submeter, em busca da liberdade. Mas tudo é político, e nada escapa do seu espectro.

    Com Superman e Mulher-Maravilha sendo mascotes militares do país que os acolheu (um vindo do espaço, e a outra de Themyscira), Batman é um mero marginal, e o Flash só corre para livrar sua namorada de um assalto. A Liga da Justiça ainda é um delírio distante na Parte 1, e o foco principal é em Hal Jordan, o ex-soldado de guerra e abalado com as mortes que fez, para sobreviver. Jordan é envolvido nos planos dos EUA em alcançar o espaço antes da União Soviética, sem jamais desconfiar do que o destino vindo do espaço lhe reserva – e que um marciano transmorfo já está na Terra, aprendendo escondido o comportamento do ser-humano pela TV, a mídia de massa que perpetua o american way of life desde 1954, quando ocorreu a primeira transmissão comercial pela NBC. Se só o que é americano é aceitável, o Caçador de Marte aprende isso na prática. A crítica a esse imperialismo ideológico é tão crua nas duas partes de A Nova Fronteira que impressiona, e nos faz pensar o que há por trás desses paladinos, ou seja, ferramentas de uma máquina de publicidade governamental.

    Talvez Alan Moore estava certo, e na vida real, o Dr. Manhattan iria servir a América feito um Deus azul que nasceu nesse solo. Através do entretenimento, esse patriotismo americano é polvilhado ao redor do mundo com grande facilidade (o chamado soft power, ou seja, uma conquista política que não precisa ser alcançada com armas), e nada melhor que os super-heróis para garantir a missão. Na ágil e dramática trama roteirizada e ilustrada por Darwyn Cooke e as cores de Dave Stewart, vivemos os anos embrionários para que a Liga da Justiça fique unida, afinal, enquanto mergulhamos de cabeça no que faz cada um dos seus ícones ser tão especial. Ironicamente, A Nova Fronteira é ousada o bastante para expor essas “entidades” como a grande contradição que elas são, tratando ainda de questões sociais pertinentes aos anos 50, como a paranoia do cidadão comum com medo de novas guerras, e a segregação racial no sul. Escravizados pelo governo e fadados a lutar contra monstros primitivos que os unem, na Parte 2, os heróis lutam pela liberdade como se esta fosse um conceito vazio para eles mesmos. Justo eles, os peões da nação Coca-Cola.

    Super-heróis não são a extensão do homem, como eram na Grécia antiga Zeus, Atena, Hércules e Poseidon, e sim a extensão do ‘homem americano’. Fruto direto do imperialismo dos Estados Unidos, não é à toa que o Homem de Aço ainda é um símbolo supremo do gênero (por mais que Batman e Homem-Aranha sejam mais legais que ele): o cara É a América, o país acolhedor dos campos de trigo, de uma gente esforçada e que nunca teve medo de enfrentar ninguém, nem mesmo os ingleses para garantir sua independência. Superman incorpora isso com perfeição, imbatível como a América cuja kriptonita (terrorismo, crises econômicas) quando lhe atinge, sempre consegue superar. Flash, Capitão América, Aquaman e X-Men: tudo uma propaganda política e das mais espertas, vale dizer. Quando os Vingadores partiram para cima de Thanos em Vingadores: Ultimato, e quando a Mulher-Maravilha entrou no campo de batalha contra os nazistas, não estávamos aplaudindo nossos ídolos: nós estávamos aplaudindo a águia.

    Compre: DC – A Nova Fronteira.

  • Review | Flash – 5ª Temporada

    Review | Flash – 5ª Temporada

    The Flash sempre foi uma promessa dentro do Canal CW. Seguindo os passos de Arrow, que é o atual carro chefe da emissora, principalmente no que diz respeito ao universo compartilhado, a série do velocista escarlate terá a dura missão de substituir o seriado do Arqueiro Verde quando seu final chegar. Se for por conta dos heróis em si, já sabemos muito bem que o Flash é um dos mais importantes heróis já criados por conta de sua habilidade única e por ótimas histórias vindas dos quadrinhos, mas quando se trata da qualidade dos seriados do universo da CW, a sua liderança é obrigatória, uma vez que Supergirl claramente demonstra ficar em sua sombra e nem vamos falar a respeito daquela “brincadeira” chamada Legends of Tomorrow, que não se leva nem um pouco a sério. Mas, como dito, Flash tem a dura missão de se manter no topo, já que sua qualidade vem caindo a cada temporada.

    Após derrotar o Pensador em sua quarta temporada, Barry Allen (Grant Gustin) ficou a estranha sensação de que foi ajudado a destruir Clifford DeVoe e que sem a ajuda, o vilão não teria sido derrotado. É aí que temos a revelação de que, de fato, Barry contou com um empurrãozinho que ninguém menos que Nora West-Allen (Jessica Parker Kennedy), a filha de Barry e Iris (Candice Patton), já adulta e que veio do futuro. Nora também é velocista e em seu tempo, ela é conhecida como a heroína XS, que vem da palavra excesso. Algum tempo depois, descobrimos o motivo desse nome. Apesar do choque e da felicidade dessa reunião familiar, Barry fica extremamente preocupado com o fato de Nora já estar há tanto tempo no ano de 2018, uma vez que ele a reconheceu nas diversas vezes que a moça cruzou seu caminho na última temporada. Por causa da viagem temporal de Nora e pelo tempo em que ela se encontra em 2018, a possibilidade dela ter esculhambado a linha do tempo é enorme e Barry só se preocupa em mandar a menina de volta para o ano de 2049.

    Meta-humanos começaram a ser cruelmente assassinados em Central City e a equipe começa a desconfiar de que há um caçador de metas na cidade. Infelizmente, todas as buscas que Cisco Ramon (Carlos Valdes) e Caitlin Snow (Danielle Panabaker) fazem usando os instrumentos e equipamentos do S.T.A.R. Labs, bem como a busca feita por Barry, Joe (Jesse L. Martin) e Ralph Dibny (Hartley Sawyer) no campo, são em vão, deixando a equipe, pela primeira vez de mãos atadas. Paralelo a isso, já podemos perceber que o desaparecimento do Flash durante uma crise mencionada numa manchete de jornal do futuro logo no primeiro episódio da primeira temporada é mais urgente do que nunca, já que é revelado que Nora nunca chegou a conhecer seu pai, Barry, por causa de seu desaparecimento na mencionada crise ocorrida no ano de 2024. Além disso, todas as coisas que Nora aprendeu sobre o Flash se deram por causa do famoso Museu do Flash, que é bastante retratado nos quadrinhos e que no seriado aparece pela primeira vez em flashfowards durante a temporada. Com o passar dos episódios, vemos que após o desaparecimento do Flash, a relação entre Iris e Nora fica bastante desgastada e é por isso que a jovem prefere ficar muito mais ao lado do pai, do que da mãe.

    Por motivos simplesmente de roteiro, é decidido que Nora ficará em 2018 para aproveitar seu pai ao máximo e para ajudar a equipe a pegar o assassino de meta-humanos que a esta altura já está estabilizado com o nome de Cicada, vivido pelo ator Chris Klein, porém, sem deixar pista alguma sobre sua identidade e paradeiro. Nora traz algumas informações importantes do futuro e revela que o Flash nunca consegue prender Cicada, o que aumenta ainda mais o desafio da equipe em solucionar essa questão. É quando resolvem recrutar o maior detetive do multiverso, Sherloque Wells (Tom Cavanagh), que já prendeu mais de 30 Cicadas em infinitas terras. Sherloque Wells, diferentemente do famoso Sherlock Holmes, é francês e obviamente é um dos milhões de Wells espalhados pelo multiverso e que possuem uma mente brilhante. Sherloque facilmente descobre a identidade do assassino (já que todos possuem a mesma identidade), contudo, a viagem temporal promovida por Nora, alterou a linha do tempo, alterando, também, a identidade de Cicada, dificultando as ações da equipe.

    A primeira parte da temporada é muito legal. A dinâmica imposta pelos produtores com o fato de Nora vir do futuro e contar informações interessantes sobre algumas coisas e o fato de Sherloque ser um viajante do multiverso, deixam as coisas muito divertidas, porém perigosíssimas, já que o detetive duvida muito das ações da velocista, sendo que, desconfiado, passa a investigar Nora às escondidas. Em contrapartida, Nora viaja constantemente no tempo em 2049 para fazer visitas ao seu mentor, o maior inimigo de Flash, o Flash Reverso/Eobard Thawne, vivido também por Tom Cavanagh. O problema é que a dinâmica da equipe com Cicada não funciona muito bem, sem contar que Iris se torna uma personagem insuportável, obviamente por causa da sua relação com a filha e o fato de que ela em breve, perderá seu marido.

    Como já é costume, logo na primeira metade da temporada tivemos o ótimo episódio Elseworlds, que fez parte do já tradicional mega crossover do canal CW, que juntou, novamente, o elenco de FlashSupergirlArrow e Legends of Tomorrow. Confira todos os detalhes desse encontro clicando aqui.

    As coisas melhoram um pouco. Primeiro porque temos episódios realmente bons e extremamente importantes para o seriado, como a criação de um soro capaz de curar meta-humanos, fazendo com que Cisco, que desenvolveu o antídoto, comece a duvidar sobre sua continuidade como Vibro. Segundo porque muito do passado de Caitlin Snow/Nevasca é mostrado e terceiro porque temos dois episódios com viagens no tempo que são sensacionais, sendo que, em um deles, vemos algo muito parecido com o que ocorre em Vingadores: Ultimato, onde o Flash parte para o passado visitando parte de episódios das temporadas anteriores. E aqui cabe uma nota: como Zoom (Teddy Sears) é assustador! Além disso, um novo e misterioso Cicada chega do futuro, mais destruidor que o primeiro, dificultando ainda mais aquilo que já era difícil.

    À medida que os episódios vão passando, podemos perceber o que a dinâmica dos personagens aliados e os vilões vão melhorando, enquanto a relação entre Nora e o restante do elenco vai entrando em colapso, principalmente quando Sherloque a desmascara e percebemos as reais intenções do Flash Reverso. A jovem XS não é má, mas ela é impulsiva, agindo em excesso (o que justifica seu nome). O legal é que Thawne ensina Nora da mesma forma que ensinou Barry, deixando esse déjà vu com um sabor mais especial. O Flash Reverso é um ótimo vilão, mesmo dentro de uma cela por todo o tempo. E se uma coisa que ele sabe fazer, além de manipular, é esperar, já que, ironicamente, ao contrário de Barry, o oposto do velocista escarlate sabe esperar e muito.

    A boa temporada fez com que Flash ganhasse o respiro que precisava. Afinal, após a triste notícia do cancelamento de Arrow, a série do velocista deverá assumir como a líder do Arrowverse, já que temos engatilhados dois novos shows, sendo um focado na Batwoman e posteriormente, um focado numa equipe de canários, provavelmente lideradas por Dinah Drake e Laurel Lance do seriado do arqueiro esmeralda.

    Aliás, a crise é iminente. As viagens recorrentes no tempo de Nora, que transitou diversas vezes entre os anos de 2018 e 2049, adiantaram em muito a data da manchete do desaparecimento do Flash. Assim, a Crise Nas Infinitas Terras, acontecerá já em 2019 e mudará para sempre o universo dos seriados, cujas novas temporadas estão sendo aguardadíssimas.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

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  • Resenha | Batman/Flash: O Bóton

    Resenha | Batman/Flash: O Bóton

    Preparando terreno para o lançamento de Doomsday Clock, o especial Batman/Flash: O Bóton serve como um “capítulo do meio” para a saga da Editora das Lendas que se iniciou em Universo DC: Renascimento. O crossover entre os dois heróis foi publicado nos Estados Unidos em suas respectivas séries mensais e reunidas depois em um volume único, publicado no Brasil em capa dura pela Panini.

    Escrita por Tom King e Joshua Williamson, a história retoma partes importantes do evento Ponto de Ignição, em que o Flash altera toda a realidade ao tentar salvar sua mãe voltando no tempo. Essa transformação na linha do tempo do Universo DC deu origem ao reboot conhecido editorialmente como Novos 52, e nessa edição vemos que existem resquícios de outras linhas da editora se mesclando à realidade dos personagens. O bóton do título já havia aparecido no final do especial Renascimento, e aqui volta a ter importância, pois mostra que o universo criado por Alan Moore para abrigar a saga Watchmen está se misturando com o das séries mensais de super-heróis.

    A história começa com o vilão Flash Reverso invadindo a Batcaverna em uma luta impressionante com o Batman, na qual cada segundo conta. A invasão ocorreu porque, ao investigar o bóton sorridente, Bruce Wayne o deixou na bancada próximo a outro objeto bastante específico: a máscara do Pirata Psíquico, personagem que ainda se lembrava dos eventos da Crise nas Infinitas Terras (reboot da editora nos anos 1980). Ao ficarem lado a lado, os dois objetos começaram a emanar energia que atraiu o vilão do Flash pra caverna.

    A luta com o Flash Reverso culmina com a revelação da existência uma entidade maior no universo – ou um deus, como o vilão o descreve – e leva a uma investigação sobre  o que realmente está acontecendo. Para isso, Batman e Flash utilizam a Esteira Cósmica para viajar através do Multiverso – e de linhas temporais diferentes – se encontrando com realidades diversas, entre elas a surgida na saga Ponto de Ignição. A dinâmica entre os personagens nessa parte da história é bem interessante, pois mostra um relacionamento entre Bruce e Thomas Wayne que jamais poderia ter acontecido.

    Da mesma forma que Wally West surge da Força da Aceleração em Renascimento, vemos aqui o ressurgimento de outro famoso velocista da DC, que desperta ainda mais questões a serem resolvidas num futuro próximo. Isso porque a história não se conclui de fato, deixando muito a ser desenvolvido na saga vindoura. O Bóton é um interlúdio para a saga que a editora está planejando, e um pontapé inicial para grandes mudanças que virão com O Relógio do Juízo Final.

    Compre: O Bóton.

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  • Resenha | Universo DC: Renascimento

    Resenha | Universo DC: Renascimento

    Após o fim da fase conhecida como Novos 52 e uma breve passagem como DC & Você, a Editora das Lendas resolveu passar um pano em suas publicações, porém sem a obrigatoriedade de um novo reboot. Assim, teve início uma nova fase editorial que prometia trazer de volta toda a grandeza de seus mais icônicos personagens, e seu pontapé inicial deu-se com a publicação do especial Universo DC: Renascimento. Assim, todas as publicações posteriores carregariam o selo “Renascimento” nas capas, e deveriam acertar os ponteiros da bagunçada cronologia da editora.

    O especial em si não traz exatamente uma história, mas apresenta os rumos que o Universo DC iria tomar a partir desse ponto. A história começa com uma clara referência à clássica graphic novel de Alan Moore e Dave Gibbons, Watchmen, que até então nunca havia sido parte oficial do Universo DC (coisa que, alguns anos depois do lançamento desse especial, já sabemos que se alterou). Temos uma narração em off de uma figura misteriosa que parece observar de fora os acontecimentos recentes, e vemos o Batman em sua soturna caverna tentando desvendar o mistério que lhe fora parcialmente revelado em uma saga anterior, a ideia de que existem três Coringas no mundo. Logo descobrimos que o observador (e narrador) misterioso é ninguém menos que Wally West, o terceiro Flash, em sua clássica versão anterior ao reboot. Wally parece estar preso no tecido entre as realidades, e ao se revelar ao Homem-Morcego, começa a desaparecer na Força da Aceleração, pois Batman não se lembra dele.

    Vemos então uma recapitulação da origem de Wally West, com direito a lembranças da primeira formação da Turma Titã e da morte de Barry Allen em Crise nas Infinitas Terras, além de boa parte da aclamada (e negligenciada pela editora) fase do roteirista Mark Waid pelo título do personagem. Wally então percebe toda a mudança ocorrida no evento Ponto de Ignição (Flashpoint), que deu origem ao reboot do universo, e sente que dez anos foram apagados da história.

    A história começa então a nos mostrar pequenos eventos acontecendo com alguns personagens-chave, como Jonny Trovoada, Satúrnia, Átomo e seu pupilo, além de mostrar Ted Kord vivo e sendo mentor de Jaime Reiyes como Besouro Azul. Ficam também estabelecidos conceitos como a sexualidade de Aqualad, a idade do Robin (13 anos), e o início do relacionamento amoroso entre Arqueiro Verde e Canário Negro. Vemos também a personagem Pandora (que permeava toda a fase dos Novos 52) ser desintegrada num beco por uma figura misteriosa. Wally chega à conclusão que, além do tempo, o amor também foi roubado desse universo e sai à procura de Linda Parker, sua esposa na linha temporal anterior. Após muitas idas e vindas, Wally consegue fazer com Barry Allen se lembre dele, o retirando da Força da Aceleração segundos antes de seu completo desaparecimento.

    A história deixa então várias pistas do que viria a acontecer na editora nos anos vindouros. Batman encontra o bótom do Comediante (de Watchmen) na parede da Batcaverna após reler a carta de Thomas Wayne, ou melhor, de sua versão do Flashpoint. Isso e outros acontecimentos teriam repercussão mais pra frente, e o final da edição reproduzindo o diálogo entre o Dr. Manhatan e Ozzymandias preparam o caminho para a saga que possivelmente vai redefinir novamente a editora, a vindoura Doomsday Clock.

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  • Elseworlds | O Mega Crossover do Canal CW

    Elseworlds | O Mega Crossover do Canal CW

    O conceito do multiverso sempre existiu no universo da DC nos quadrinhos. Para quem ainda não está familiarizado, o multiverso é uma teoria onde existem diversos mundos paralelos com diversos tipos de realidade. No caso da DC Comics, existem diversas Terras, onde heróis como Superman, Batman e etc podem ser vilões, ou até mesmo heróis sob outros nomes, assim como vilões podem ser heróis, sendo as possibilidades infinitas. No universo da DC nas telas, capitaneada pela CW, não foi diferente, sendo que o multiverso já foi introduzido há tempos no seriado do Flash e o mega crossover do canal, nesse ano de 2018 veio pra mostrar que o multiverso é real e coloca praticamente tudo que já vimos sobre a DC Comics, seja nos seriados, seja nos cinemas, dentro do deste mesmo conceito e isso inclui de maneira espetacular o Flash do seriado dos anos 90; Smallville; o Superman vivido por Christopher Reeve e, até mesmo, os filmes do Batman, que foram dirigidos por Christopher Nolan, claro que nas suas devidas proporções, algumas delas apresentadas apenas como easter eggs.

    Elseworlds começa na Terra 90. Vemos um campo de batalha onde diversos heróis (que parecem ser da Sociedade da Justiça) estão mortos. O último sobrevivente é o l do seriado que foi ao ar nos anos 90 e novamente vivido por John Wesley Ship (velho conhecido dos fãs, uma vez que, além de ser o Henry Allen numa das Terras, é também o Flash Jay Garric de outra Terra). Flash confronta o Monitor, que aparenta ser um poderosíssimo vilão, porém, antes de ser derrotado, o velocista consegue fugir.

    Daqui para frente, vemos parte do universo da CW mexido de maneira intencional. Barry Allen/Flash, em vez de ser vivido por Grant Gustin é vivido por Stephen Amell e Oliver Queen/Arqueiro Verde é vivido pro Gustin. Claro que o verdadeiro Oliver e o verdadeiro Barry sabem que tem algo de errado, contudo, seus colegas do team Flash e team Arrow não acreditam numa só palavra que eles dizem e o que vemos aqui são situações típicas daqueles filmes e episódios ondem existem trocas de corpo, o que mesmo sendo clichê, é algo hilário. Um dos pontos interessantes é que Oliver Queen precisa ser o Flash e Barry Allen precisa ser o Arqueiro Verde, sendo que a personalidade violenta de Queen não se encaixa com a personalidade do velocista escarlate, assim como a personalidade pacífica e brincalhona de Allen, não se encaixa com a do arqueiro esmeralda, e isso acaba interferindo de maneira interessante no episódio.

    Não demora muito para termos o próximo surto da noite, onde os heróis vão até Smallville da Terra 38 procurar a ajuda da Supergirl (Melissa Benoist) e do Superman (Tyler Hoechlin). A pequena cidade é introduzida com o tema de abertura de Smallville – As Aventuras do Superboy, e se passa exatamente na mesma Fazenda Kent usada no seriado. Se Tyler Hoechlin não tivesse aparecido algumas vezes no seriado da Supergirl, seria perfeito que Tom Welling retornasse ao papel e seria então a primeira vez que o ator viveria, de fato o Superman.

    Esse tipo de homenagem permanece o tempo todo pelo crossover, até quando a investigação de Barry e Oliver os levam a Gotham City, também introduzida nesse universo pela primeira vez. Batman/Bruce Wayne abandonaram Gotham e as Empresas Wayne estão sob o comando de Kate Kane (Ruby Rose), que ajuda os heróis na busca de um psiquiatra do Asilo Arkham. Lá podemos ver alguns embates bacanas como o da Nevasca (Danielle Panabaker) enfrentando Nora Fries (a esposa de Mr. Freeze), vivida por Cassandra Jean Amell, esposa de Stephen Amell. Nesta cena, podemos ver uma espécie de museu sinistro com alguns artefatos interessantes, dentre eles, a máscara de Bane (Tom Hardy), de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. E vemos também a Batwoman pela primeira vez em ação. O jeito largado de Ruby Rose serviu perfeitamente para interpretar Kate Kane e a heroína e existem grandes chances da personagem voltar em outras participações e até mesmo ganhar um seriado próprio

    Porém, nem tudo pareceu ser bom em Elseworlds. Apesar de fazer a alegria dos fãs e de ter um roteiro bacana, a coisa fica muito feia quando a terceira e última parte começa. Apenas para esclarecer, apesar do crossover ser um único bloco, o primeiro episódio foi um episódio de Flash, o segundo, um episódio de Arrow e o terceiro, um episódio de Supergirl. Embora a realidade tenha sido gravemente alterada, onde o Superman é um ditador, que usa uniforme negro, o que vemos em tela soa cafona e sem vida alguma, o que deixa o crossover com uma mancha. Nem mesmo as participações do Caçador de Marte (David Harewood) e de Brainiac 5 (Jesse Rath) e o esperado embate entre dois Superman faz com que o espectador se prenda na cadeira e o que se vê, na verdade, é uma torcida para que o episódio acabe logo, o que é uma pena.

    De qualquer forma, ainda assim, Elseworlds é o quinto crossover da CW, e o melhor até aqui, mesmo limando sem dó os personagens de Legends of Tomorrow e reduzindo drasticamente a participação dos personagens centrais de cada seriado, o que foi acertado, já que Invasão e Crise na Terra X tinham personagens e heróis em demasia deixando os roteiros confusos e com alguns furos. Além disso, o crossover desse ano prepara para o que vem em outubro de 2019: Crise Nas Infinitas Terras, uma das maiores histórias da DC Comics e aqui no Vortex você saberá sobre todas as curiosidades deste grandioso evento.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Review | The Flash (1990)

    Review | The Flash (1990)

    Seguindo na esteira do longa do Batman, de Tim Burton, tendo inclusive o mesmo Danny Elfman como um dos compositores da trilha sonora (junto a Shirley Walker), a série The Flash estreou em setembro de 1990, com o desconhecido John Wesley Shipp vivendo o corredor escarlate Barry Allen – ainda que na época o detentor do manto do herói fosse Wally West. A personalidade do herói reunia uma mistura de elementos de ambos, tendo a mesma profissão e pano de fundo de Allen e um pouco da personalidade engraçadinha de West.

    Como no filme protagonizado por Michael Keaton, os primeiros momentos do piloto dirigido por Robert Iscove mostram uma Central City de arquitetura baseada em elementos barrocos, além de uma direção de arte e fotografia que constroem uma aura extremamente sombria à noite, remetendo a filmes noir, curiosamente, durante o dia, parece que estamos em outra cidade.

    Trazido por Danny Bilson e Paul de Meo, através da produtora Pet Fly, essa não teria sido o único produto da dupla envolvendo personagens heroicos ou dos quadrinhos. Em 1992, os produtores também criaram Human Target, baseada nos quadrinhos de Len Wein e Carmine Infantino também da DC Comics, e um ano antes escreveram o roteiro de Rocketeer, de Joe Johnston, baseado no personagem criado por Dave Stevens. A intenção de ambos escritores sempre foi desenvolver heróis de ação, cada um com um cunho escapista diferenciado, e foi assim também com Trancers, que mais tarde ganhou algumas continuações, e que para muitos seria o precursor do Robocop. Fato é que a dupla quase nunca conseguiu dar prosseguimento a esses projetos, assim como Flash a maioria deles não se tornaram produtos longevos, exceção feita a série Viper, que teve uma versão em 94, com 10 episódios, e um revival em 97 que durou três temporadas.

    Um dos pontos mais marcantes do programa certamente é o uniforme do protagonista. A roupa que parecia feita de camurça foi projetada por Robert Short, o mesmo que assinou a maquiagem oscarizada de Os Fantasmas Se Divertem, de Tim Burton, a questão é que a maioria das cenas de ação ficavam risíveis, pois o traje brecava a mobilidade do personagem, que era conhecido por ser o mais rápido dos super-heróis. O piloto custou U$ 6,5 milhões, cada episódio 1,6 mi e o fato de ser caríssima passou a pesar contra ela, quando enfim entrou em rota de colisão com séries famosas do mesmo horário, como Cosby Show e Os Simpsons pela Fox. The Flash teve dificuldades enormes de ser vista por quem não fazia parte do nicho dos fãs de quadrinhos de super-herói.

    Já no segundo episódio, há um caso entre Dr. Carl Tanner (Stan Ivar) e Christina McGee (Amanda Pays), onde o primeiro se torna um monstro e demonstra qual é a potência visual do programa de TV. Os efeitos especiais não chegam nem perto de impressionar, são piores que os de Superman – O Filme, um filme com orçamento grande, mas que foi feito doze anos antes. Em Ghost in the Machine, nono episódio, há uma exploração temática como a de Beware the Gray Ghost da animação Batman The Animated Series, lançada anos depois, tendo em comum a brincadeira com um seriado antigo de televisão sendo esse o principal mote de ambos os capítulos. Claramente o desenho de Bruce Timm e Paul Dini referenciam este, dadas as enormes semelhanças e o clima nostálgico em ambos, além de ter uma boa base visual nos produtos noir.

    No episódio The Trickster duas coisas importantes acontecem, o retorno da detetive Megan (Joyce Hyster), personagem interessante, além de ser uma boa candidata a par romântico do herói. Mark Hammil também dá as caras como o vilão Trapaceiro. Enquanto faz o alter-ego do bandido James Jesse (ou Giovanni Giuseppe), ele é um bufão, ainda que discreto, vestido com fantasia de mágico, mas quando coloca seu traje, que aparenta muito a customização que Jim Carrey faria para o Charada, em Batman Eternamente que viria ao ar quatro anos depois, inclusive repetindo o delírio ao final, em que o vilão diz ser na verdade o herói.

    Flash tem problemas durante o programa, ele sofre com stress, tendo preocupações comuns que envolvem o fato de ter uma vida dupla. Esse tipo de questão mais adulta geralmente não era estabelecida em produtos desse gênero, e a humanização é valida, mas a  boa intenção fica só na premissa, pois não há muito aprofundamento além da citação a essas problemáticas, e só citar é muito pouco.

    Na parte final do ano, são mostrados personagens famosos, como o Capitão Frio (Michael Champion) e o Mestre dos Espelhos (David Cassidy), mas bastante distantes de suas versões dos quadrinhos e pouco dignos de nota. Em outros momentos, mostra-se alguns cientistas loucos genéricos que criam clones de Barry, só conseguindo fazer um mais bem elaborado após colherem o sangue do herói – esse trecho é bastante risível pela forma como se conduz essa coleta. A cópia de Flash é chamada de Pollux – o vilão ganha uma roupa quase idêntica ao do herói, alterando apenas as cores de vermelho para azul -, e ele foge para criar confusões em um parquinho, em uma cena que lembra o furacão que Zod causa em Superman II, ainda que aqui seja mais comedida, por conta do custo elevado da cena original.

    A maior parte das aventuras do seriado não fugiam muito do usual, até porque seria ainda mais custoso produzir uma série de quadrinhos nos anos noventa, que tinha ainda menos recursos financeiros que hoje. Tal qual As Aventuras de Lois e Clark, série romântica que iria ao ar em 1993, essa também não poderia utilizar muitos dos personagens das HQs. Tanto é assim que quando o Trapaceiro aparece, de novo, em seu julgamento, ele está utilizando seu traje de vilão, como se isso fosse algo normal. Neste ponto ele consegue ser ainda mais afetado e histriônico do que na sua primeira aparição.

    Os cenários vão ficando cada vez mais mal feitos com o aproximar do fim da série, parecem como os vistos em produções infantis da TV Cultura. Nos últimos capítulos a falta de investimento se torna ainda mais gritante pela falta de qualidade do programa quando retorna a participação de Hammil como Trapaceiro. Sua imitação do Coringa de Cesar Romero faz ele se assemelhar demais ao palhaço que protagoniza o clássico da dublagem amadora brasileira Feira da Fruta, ainda que ele não seja nada sacana e também não tenha uma personalidade realmente marcante. Seus momentos finais são vergonhosos, o que é uma pena, pois Hammil sempre foi um artista icônico.

    John Wesley Shipp tem carisma, mas só isso não sustenta uma produção como essa. As intenções por trás de The Flash são as melhores possíveis, mas na prática não se agradou a praticamente nenhum dos nichos, nem o público geral, muito menos quem acompanhava os quadrinhos na época, que normalmente, estariam ávidos por ver o Wally West escrito por Mark Waid em tela, que começava a brilhar pouco tempo depois da exibição do programa. Ao menos, no começo, Bilson e de Meo conseguiram trazer uma aura soturna sobre o personagem, mas deixou de ser funcional pelo fato do herói nunca ter tido características soturnas como as do Batman. Ele não era melancólico, e sim otimista e as vezes engraçado, e esse caráter foi pouco capturado nesta versão, ainda que Shipp se esforçasse para melhorar isto.

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  • Crise na Terra X | O Mega Crossover do Canal CW

    Crise na Terra X | O Mega Crossover do Canal CW

    Eis que chegou o tão aguardado crossover do Canal CW. Vale lembrar que a reunião dos maiores heróis do canal se deu anos atrás quando Barry Allen (Grant Gustin) apareceu em Arrow investigando a morte de sua mãe, ocorrida durante a sua infância e após o término do episódio, o jovem investigador é atingido por um raio, o que deu início ao seriado do Flash. O segundo encontro dos heróis se deu no ano seguinte, quando um participou do episódio do outro e o primeiro crossover propriamente dito, colocou tanto os heróis, quanto seus coadjuvantes para enfrentarem o vilão Vandal Savage, o que serviu para introduzir outra série do canal, intitulada Legends of Tomorrow. Com a inclusão de Supergirl no catálogo, o lance ficou de fato épico, ao adaptar a saga Invasão, da DC Comics e ainda que o resultado não tenha sido satisfatório, é sempre bom ver uma equipe de heróis reunidos em tela, seja de qualquer plataforma. No final de 2017, como de costume, a mega reunião ganhou mais um capítulo com a história Crise na Terra X.

    Para quem não está familiarizado com o universo dos quadrinhos ou da televisão, nosso universo é formado por infinitas Terras, onde nós existimos de maneira igual, diferente ou exatamente o oposto do que somos. A teoria (que é existente no mundo real) já foi explicada diversas vezes em The Flash e repassada para os outros seriados, tanto que é costumeiro vermos heróis e vilões de outras Terras. E é sobre exatamente isso que Crise na Terra X se trata.

    Durante o casamento de Barry Allen e Iris West (Candice Patton), os noivos e convidados são atacados por um exército de soldados nazistas liderados por um arqueiro tão bom quanto Oliver Queen (Stephen Amell), por uma mulher tão poderosa quanto Kara Danvers (Melissa Benoist) e por um velocista tão rápido quanto Barry. Não demora muito para os heróis descobrirem que o ataque veio de membros da Terra X, uma Terra controlada pelos nazistas desde sua vitória na Segunda Guerra Mundial. E não demora para sabermos também que o arqueiro e a mulher são Oliver Queen e Kara Danvers da Terra X, aliados com Eobard Thawne, o Flash Reverso da Terra 1, aqui vivido, novamente por Tom Cavanaugh, que interpreta, também o professor Harry Wells. Um fato curioso é que Oliver Queen, além de líder dos nazistas, é casado com Kara.

    O episódio tem bons momentos, principalmente quando as versões malignas dos heróis estão em cena. O Oliver Queen nazista, por exemplo, não é uma versão tão diferente do que o Oliver Queen que conhecemos foi nas duas primeiras temporadas de Arrow, mas o destaque ficou para uma trama paralela (uma das diversas ali presentes) que envolvia o herói Firestorm, formado pela fusão do Dr. Martin Stein (Victor Garber) e Jefferson Jackson (Franza Drameh). Infelizmente, Victor Garber precisou deixar o seriado e os produtores deram um final emocionante para a dupla, o que interferiu diretamente na resolução da trama principal. Crise na Terra X também marca o retorno de Wentworth Miller, desta vez interpretando Cidadão Frio, que é a versão heroica da Terra X para o Capitão Frio, devidamente trajado como nos quadrinhos, deixando registrada a homenagem, além da estréia do herói Ray, interpretado por Russel Tovey. Apesar do excesso de personagens em tela, muitos deles ficam completamente esquecidos em cena por conta da necessidade de focar os acontecimentos nos personagens principais, mas é sempre bom acompanhar os heróis interagindo entre si, principalmente quando Onda Térmica (Dominic Purcell) está em cena.

    Enquanto Legends of Tomorrow se encontra em seu final de temporada, Supergirl, Flash e Arrow entram na reta final de suas respectivas temporadas. Qual será o tema do próximo crossover? Aguarde notícias em breve.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

    https://www.youtube.com/watch?v=HmVBRdqCOHg

  • VortCast 49 | Liga da Justiça

    VortCast 49 | Liga da Justiça

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), André Kirano (@kiranomutsu), Rafael Moreira (@_rmc), Bruno GasparJackson Good (@jacksgood) se reúnem para comentar de maneira mais acurada sobre o filme da Liga da Justiça, as expectativas, polêmicas e as considerações de cada um sobre o filme e o universo cinemático da DC Comics.

    Duração: 75 min.
    Edição: Caio Amorim
    Trilha Sonora: Caio Amorim
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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  • Review | Arrow – 5ª Temporada

    Review | Arrow – 5ª Temporada

    Após uma boa temporada de estreia (Arrow – 1ª Temporada), uma ótima segunda temporada, seguida por um dos maiores fiascos da história do Canal CW, a quarta temporada de Arrow precisou provar que a série ainda merecia seu lugar no canal para manter o já estabelecido arrowverse. Com muita dificuldade, a temporada que começou fraquíssima se reergueu firmando a série, livrando-a de um possível cancelamento. Parte disso se deu por algumas cobranças da estrela da série, o ator e intérprete de Oliver Queen/Arqueiro Verde, Stephen Amell, que tem uma ligação direta com os fãs. A cobrança de Amell deu resultado e Arrow ganhou um bom respiro em sua quinta temporada, se tornando a melhor temporada desde a segunda aventura do Arqueiro Verde nas telas da TV.

    Após a morte de Laurel Lance/Canário (Katie Cassidy) e após Thea/Speedy (Willa Holland) e John Diggle/Espartano (David Ramsey) aposentarem seus uniformes (mas ainda sendo personagens principais), o Arqueiro Verde busca recrutar novos heróis para dar continuidade ao legado de Lance e é assim que passa a trabalhar com Rene Ramirez, o Cão Raivoso (Rick Gonzalez), que há tempos vinha sendo um vigilante em Star City, Evelyn Sharp, a Artemis (Madison McLaughlin) e um velho conhecido dos fãs e da série, o cientista Curtis Holt, que assume o nome de Sr. Incrível (Echo Kellum), que junto de Felicity Smoak (Emily Bett Rickards), agora estabilizada como a Observadora, divide o núcleo cômico da série. Enquanto Oliver Queen não veste o capuz do Arqueiro Verde, ele é o prefeito da cidade, sendo o ex-capitão de polícia, Quentin Lance (Paul Blackthorne) seu vice prefeito, enquanto Thea vira sua assessora e Diggle retoma à sua função original de segurança de Oliver. Junta também ao elenco o novo e ótimo promotor da cidade, Adrian Chase (Josh Segarra), que na primeira metade da temporada parecia mais ser um Christian Bale genérico do que qualquer coisa, mas que depois, se mostrou um ótimo personagem, inclusive quando se tratava de entraves políticos/jurídicos que foram constantes nessa temporada.

    A quinta temporada de Arrow teve como premissa aparição do perigoso e violento Tobias Church, vivido por Chad L. Coleman, o Tyrese de The Walking Dead e logo de início, o team Arrow passa a ter sérios problemas com Church, principalmente porque a equipe é completamente desengonçada e não sabe trabalhar unida, o que acaba trazendo sérios problemas a Oliver, que passa a ter um temperamento extremamente explosivo, inclusive, dando surras severas nos membros do time durante os treinamentos. Logo sabemos que Church é apenas uma pequena peça de um quebra cabeça muito maior, cuja peça principal é o vilão Prometheus, um rival que possui habilidades idênticas ou até melhores que o próprio Arqueiro Verde e a caçada ao vilão foi um dos pontos altos dessa temporada. O problema ficou por conta da revelação de sua identidade, já que mais uma vez os produtores resolveram esconder a informação, assim como fizeram sobre a revelação de quem havia morrido na temporada passada, contudo, as coisas ficaram melhores após o vilão parar de usar uma máscara. Acontece que, mesmo após usarem um artifício chato, desta vez houve um motivo plausível.

    Algo que surpreendeu nessa temporada foi o enredo dos tradicionais flashbacks da série, que mostram a jornada de Oliver Queen desde que se tornou um náufrago até seu retorno para a casa, cinco anos depois. Como esta foi a quinta temporada, os flashbacks convergiram com os acontecimentos dos primeiros episódios da série. Aqui, Oliver busca cumprir a promessa feita à Taiana na temporada anterior: matar Konstantin Kovar, vivido por Dolph Lundgren que faz um líder da máfia e do crime organizado russo e que gosta de ir para a porrada. Para combater Kovar, Oliver se alia a um velho conhecido, Anatoly Kniazev (David Nykl) e finalmente podemos ver respondidas várias perguntas sobre a estreita relação do herói com os russos e com a organização chamada Bratva, algo que já foi mostrado por diversas vezes ao longo desses cinco anos.

    Outro ponto positivo dessa temporada foi que todos os personagens secundários tiveram suas respectivas tramas paralelas, mesmo que elas não tenham contribuído com o desenrolar da trama principal, o que passa despercebido por terem sido muito bem encaixadas. Os destaques ficam para a história de Rene, que teve um episódio próprio e o porquê dele ter se tornado o Cão Raivoso e sua estrita relação quase paterna dele com Quentin Lance, haja vista que, quem acompanha o seriado sabe que, assim como Rene, Lance viveu um inferno em sua vida. Também teve destaque a história da ex-policial Dinah Drake (Juliana Harkavy), que foi afetada pela explosão do colisor de partículas de Harrison Wells na primeira temporada de Flash, enquanto fazia uma investigação com seu parceiro que faleceu no acidente. Dinah é a primeira meta humana a integrar o elenco de Arrow, se não considerarmos as várias participações dos personagens de Flash já feitas até então. Os poderes de Drake são exatamente os mesmos da vilã Sereia Negra, a Laurel Lance (também, Katie Cassidy) da Terra 2 e que também passou a integrar o elenco na temporada. Por enquanto só fica a pergunta: teria Dinah Drake alguma relação de parentesco com Tim Drake?

    Como já é costume, logo no início da temporada tivemos o episódio que adaptou a saga Invasão, da DC Comics, que fez parte do já tradicional mega crossover da CW, que juntou, desta vez, o elenco de Flash, Supergirl, Arrow e Legends of Tomorrow. Confira todos os detalhes desse encontro clicando aqui.

    Assim, como na terceira temporada de Flash, houve uma diminuição considerável dos episódios chamados de monstros da semana, que foram incluídos dentro da história principal, fazendo com que o episódio seguinte sempre complementasse o anterior, seguindo assim, praticamente, do início ao fim da temporada. Mas apesar de toda a trama envolvendo Prometheus, os jogos políticos que Oliver precisou enfrentar na prefeitura, as tramas paralelas de todos os personagens que integraram o elenco, ainda sobrou espaço para que os produtores colocassem um novo e sanguinário vigilante diversas vezes em cena, muitas vezes combatendo os heróis que são totalmente contra à maneira de agir do cara. A propósito, sua identidade ainda permanece um mistério.

    Com essa quinta temporada, Arrow conseguiu o respiro que precisava, se firmando, novamente, como a principal série de seu universo dentro da CW e se firmando de vez como uma série auto suficiente, sendo que sua sexta temporada parece ser muito promissora e provavelmente manterá o mesmo nível da temporada que passou. É muito provável que seja renovada para uma sétima temporada e por que não, uma oitava.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Resenha | Flash: Seguindo em Frente

    Resenha | Flash: Seguindo em Frente

    A nova fase da Dc Comics, Renascimento, promoveu o natural distanciamento dos Novos 52, e aprofundou a opinião de alguns leitores que hoje afirmam que os Novos 52 foram uma pequena distorçam que a nova fase intenta corrigir. Afinal, a linha dos N52 foi um reboot agressivo e todos sabiam que, em algum momento, tudo iria mudar novamente.

    Críticas e discussões à parte, os Novos 52 se tornou passado mas ainda estão em alta, principalmente devido a popularidade dos encadernados, naturalmente, selecionando as histórias mais renomadas das diversas revistas descartáveis lançadas mensalmente. A Panini Comics vem tentando seguir a lógica americana de transformar títulos populares e elogiados em edições encadernadas (especificamente, nos Estados Unidos, quase tudo sai em compilados, a diferença é que somente os mais rentáveis ganham versão em capa dura). Um novo formato que sempre conquista uma nova parcela de público, além daqueles que, mesmo com a revista mensal, compram novamente o material em uma qualidade melhor.

    O fato é que a quantidade de títulos lançados pela casa, ao todo 52 mensais em sua primeira fase, era incompatível com a quantidade de bons roteiristas disponíveis. Dessa maneira, há histórias difíceis de serem lidas, principalmente em personagens menores, afinal, os medalhões sempre são destinados a grandes personagens. Nesse caso, coube a Francis Manapul assumir a releitura de Flash. O autor já havia trabalhado com a personagem na fase de Geoff Johns e assumiu tanto roteiro quanto desenhos durante as 25 primeiras edições do título.

    Lançado em formato encadernado pela Panini em 2015, a primeira edição de Flash, Seguindo em Frente, compila os oito primeiros números da revista homônima americana, apresentando duas histórias. Considerando o distanciamento temporal entre a publicação e a nova fase da DC, é possível observar como o roteirista inseriu sua versão de Flash neste novo universo em que os personagens foram rejuvenescidos, com muitas tramas inseridas logo após sua origem como heróis. Dessa forma, como outros medalhões da casa, Flash está iniciando uma carreira como herói logo após descobrir seus poderes e ainda superando suas limitações.

    Como todo arco inicial de uma história, pressupõe-se que um novo público lerá a história. Dessa maneira, algumas bases da personagem são apresentadas de maneira didática. Nos quadros, Barry Allen mantém as características básicas de sua versão pré-reboot, porém, ainda é um herói novato tentando descobrir o significado da força de aceleração. Nas histórias, o Flash é visto de maneira contrastante entre herói e vilão, em parte porque, ao desconhecer a própria força, promove a destruição da cidade em um apagão generalizado em Keystone City.

    Conforme o personagem evolui sua compreensão sobre seus poderes, com a ajuda de um cientista, também vai adquirindo maior personalidade. Neste início, Manupau alterna bons e maus momentos em sua histórias. Como trata-se de uma trama inicial, o roteirista desenvolve com qualidade o herói central, mas a trama fica em segundo plano, principalmente ao deixar qualquer linearidade de lado para focar em grandes cenas de ação.

    Contudo, é possível observar a potência da personagem dentro do universo, potência tanto como personagem solo como herói poderoso. Afinal, em todo o universo DC, Flash sempre foi capaz de resolver diversas crises, tanto as clássicas como a mais recente, Ponto de Ignição, parte da justificativa para as alterações dos Novos 52. Se o roteiro é um pouco desestruturado na primeira história, ele cresce na segunda, destacando o Capitão Frio, um dos clássicos vilões da galeria do herói. Uma história equilibrada em que o didatismo não exagera em cena. Os atos do vilão servem como contraponto natural ao heroísmo de Barry, sem nenhuma explicação desnecessária.

    Manupul também merece destaque na composição dos quadros, muitas vezes, feitos a partir de um close de um personagem e dividindo os demais de maneira não-usual. Há, por exemplo, uma bonita página dupla com um personagem chorando e as lágrimas dividindo os quadros. Uma cena dinâmica que causa forte impacto. As cores de Brian Bucelato também estão em sincronia com a história sem exagerar nas cores escuras como certas vertentes da editora ao forçar um realismo. Os tons pasteis casam com a leveza do roteiro e demonstra que o roteirista compreendeu bem a sua missão em apresentar a personagem a uma nova versão de si mesma.

    Flash – Seguindo em Frente é um inicio promissor que, apesar do didatismo, transformou-se em um dos recomeços mais elogiados dessa fase, provando que nem tudo foi perdido nessa longa empreitada da Dc Comics.

  • Flash e Supergirl: O Crossover Musical

    Flash e Supergirl: O Crossover Musical

    Os crossovers entre os seriados do chamado arrowverse, que é basicamente o universo da DC Comics na televisão criado em Arrow, tiveram início ainda na 2ª temporada da série do arqueiro esmeralda com a participação de Barry Allen, que culminou com o seu acidente que o transformou em Flash. Desde então, os heróis de Arrow, Flash, Supergirl e Legends of Tomorrow se reúnem para enfrentar alguma ameaça realmente perigosa, como a primeira vez que enfrentaram Vandal Savage ou combateram uma invasão alienígena que adaptou a saga Invasão, da DC Comics. Fora essas reuniões que duram mais de um episódio, existem outras menores onde os personagens do universo compartilhado sempre aparecem ao menos uma vez nas outras séries e foi assim que Flash conheceu Kara Zor-El, a Supergirl.

    Devido a um intercâmbio entre os canais CW, que produz as séries do universo compartilhado e o canal CBS, que cuidava de Supergirl, o velocista escarlate, durante um treinamento para derrotar o vilão Zoom, acabou por cair sem querer na Terra 3 e assim, ajudou a última filha de Krypton a derrotar uma ameaça. A parceria deu certo comercialmente e os produtores resolveram arriscar ainda mais, desta vez, trazendo a Supergirl para o seriado do Flash. E foi fantástico.

    Tanto Grant Gustin, quanto Melissa Benoist faziam parte do cast do premiado seriado musical, Glee, e, por conta desse passado, os produtores decidiram que o encontro do dois seria em formato de musical. Com isso, se aproveitaram da situação atual de ambas as séries, onde os protagonistas se encontravam em situações semelhantes em suas vidas e trouxeram o vilão Mestre da Música, vivido pelo também ator de Glee, Darren Criss, para ensinar uma lição a Barry e Kara.

    O episódio começa com Mon-El (Chris Wood) e J’onn J’onzz (David Harewood), atravessando o portal e chegando aos Laboratórios S.T.A.R, em Central City, com a Supergirl em coma, pedindo ajuda, ao mesmo tempo que o Mestre da Música invade o local e coloca Barry no mesmo estado de Kara. Ao acordar, Barry percebe que está numa espécie de boate noir, onde Kara é a cantora. Não demora para os dois perceberem que estão presos num musical e que, para escapar da transe, teriam que seguir o roteiro passo a passo.

    Assim como em qualquer musical, tudo é muito bonito e alegre e é realmente satisfatório ver os atores de todo o universo compartilhado cantando e dançando, sendo que a escolha de seus representantes foi muito bem acertada. Como o episódio era do Flash, todo seu cast estava lá, mas somente Barry, Iris (Candice Patton), Joe (Jesse L. Martin) e Cisco (Carlos Valdes) participaram da viagem atribuída pelo Mestre da Música, assim como Kara, Mon-El e Winn (Jeremy Jordan) representando a série da Supergirl. Vale destacar que os veteranos Dr. Martin Stein (Victor Garber), que é uma das metades do herói Nuclear, representou Legends of Tomorrow e Malcolm Merlyn, o Arqueiro Negro (John Barrowman), representou Arrow. A título de curiosidade, todo o background de formação artística de Barrowman foi feito na Broadway, fazendo com que o ator seja mais que competente para sua participação, em vez de qualquer outro personagem de Star City.

    O episódio em si foi muito dinâmico, deixando aquela sensação de que passou muito rápido e isso se deve à boa trama do musical, aliada à trama paralela daquilo que acontecia nos Laboratórios S.T.A.R. No que diz respeito ao musical, este totalmente ambientado na máfia noir da primeira metade do século XX, somente Barry e Kara eram eles mesmos e o restante do elenco, apesar de estarmos familiarizados com os atores e seus personagens, interpretavam outras pessoas com nomes diferentes. Merlyn, por exemplo, é um dos chefões da máfia e dono da boate onde Barry, Kara, Cisco e Winn trabalham. Já Joe e Stein chefiam outra facção da máfia e são inimigos mortais de Merlyn, sendo que ambos os criminosos estão atrás de seus filhos, Iris, que é filha de Joe e Stein (sim, é isso mesmo) e Mon-El, filho de Merlyn.

    Enquanto Barry e Kara, com seus poderes drenados, tentam seguir o roteiro, Wally West/Kid Flash (Keiynan Lonsdale), Cisco Ramon/Vibro e J’on J’onzz, devidamente transformado no Caçador Marciano, perseguem o Mestre da Música por Central City. Aqui cabe um destaque porque os três heróis trabalham de maneira cooperativa semelhante aos X-Men na abertura do filme Dias de Um Futuro Esquecido.

    Como dito, o ótimo episódio pareceu muito curto (mesmo tendo o tempo regular característico), fazendo com que certas resoluções tivessem seus desfechos de forma um pouco mais urgente. De qualquer forma, o Mestre da Música é um ótimo vilão e realmente seria muito legal se ele retornasse, aparecendo nos demais seriados, já que o antagonista atinge exatamente determinado ponto da mente daqueles que são afetados. Seria muito interessante ver a mente deturpada e sofrida de Oliver Queen ambientada num musical que se passa na 2ª Guerra Mundial, por exemplo.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • O Mega Crossover entre Supergirl, The Flash, Arrow e Legends of Tomorrow

    O Mega Crossover entre Supergirl, The Flash, Arrow e Legends of Tomorrow

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    Finalmente, o mega crossover do canal CW aconteceu. Durante o decorrer da semana, pudemos acompanhar nos episódios de Supergirl, The Flash, Arrow e Legends of Tomorrow a reunião de quase todos seus personagens/heróis numa batalha contra os alienígenas conhecidos como Dominadores, numa adaptação da série Invasão, da DC Comics, lançada no final de 1988 com seu término logo no começo de 1989.

    Ainda que todos os anúncios desse grande evento da televisão anunciava uma grande história de 4 episódios, o que vimos é que o episódio de Supergirl, em nada teve a ver com o crossover. O que acontece de relevante em seu episódio, que foi ao ar na América na segunda-feira, são pequenos easter eggs, ou seja, portais de Barry Allen tentando chegar na Terra da última filha de Krypton. E quando ele consegue, o episódio acaba após uma pequena conversa.

    Diferentemente da reunião que aconteceu no ano passado entre Arrow e Flash, onde 90% do elenco das séries se reuniu naquilo que não parecia ser um episódio de Flash seguido de um episódio de Arrow, Invasão até que foi bem distinto, obviamente reunindo seus principais heróis, deixando a peculiaridade e o elenco secundário de cada série no seu devido lugar em seu respectivo dia da semana. Sendo assim, o que vimos, foi 100% um episódio distinto de Flash sucessivamente com episódios distintos de Arrow e Legends of Tomorrow, o que não foi ruim, devido a quantidade generosa de heróis dessa vez.

    Barry Allen (Grant Gustin) e os cientistas dos Laboratórios S.T.A.R. recebem um imagem de seus satélites de que uma espécie de meteoro irá atingir o centro de Central City. Chegando lá, Barry percebe que se trata de uma nave com diversos alienígenas dentro dela. Com a ajuda da diretora da A.R.G.U.S, Lyla Michaels (Audrey Marie Anderson), o “team Flash” fica sabendo que se trata da raça conhecida como Dominadores ou Domínions, cujo primeiro contato com a Terra se deu nos anos 50. Prontamente, Allen sai para reunir Oliver Queen/Arqueiro Verde (Stephen Amell), Thea Queen/Speedy (Willa Holland), John Diggle/Espartano e Felicity Smoak (Emily Bett-Rickards), trazendo em seguida a Supergirl, Kara Danvers (Melissa Benoist). O time fica completo minutos depois com a chegada das “lendas” Ray Palmer/Átomo (Brandom Routh), Sara Lance/Canário Branco (Caity Lötz), Martin Stein/Jax Jackson/Nuclear (Victor Garber e Franz Drameh) e Mick Rory/Onda Térmica (Dominic Pursell).

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    Um dos pontos principais desse episódio é uma estranha mensagem escondida na nave das Lendas que foi deixada pelo Barry do futuro. Quem acompanha o seriado do Flash, sabe que foi Barry quem criou a inteligência artificial Gideon (uma espécie de Jarvis) e que Gideon é a responsável pela nave das Lendas, a Weaverider. Aos poucos vamos percebendo o quão poderoso Barry Allen é. O problema é que Barry precisa contar a todos o conteúdo da mensagem que diz respeito às recentes alterações que fez do passado, mudando e muito o presente de todos. Aliás, além da ameaça principal da temporada, esse era um assunto recorrente entre os personagens de Flash e que tem uma agradável resolução.

    Já no interessante episódio de Arrow, após Oliver, Sara, Diggle, Thea e Ray (os não meta humanos do grupo) serem abduzidos para uma nave dos Dominadores, coube a Barry e Kara liderar o “team Arrow” com a adição dos heróis Rene Ramirez/Cão Raivoso (Rick Gonzalez), Rory Regan/Retalho (Joe Dinicol) e Curtis Holt/Sr. Incrível (Echo Kellum), numa missão desesperada para tentar localizar seus companheiros. Porém, o destaque do episódio fica para os momentos em que os abduzidos, induzidos a um tipo de coma, revisam as suas vidas se eles não fossem heróis. Desta forma, podemos ver Oliver Queen prestes a se casar com Laurel Lance (Katie Cassidy), falecida na temporada anterior, além dos pais de Ollie, Moira e Robert (Susanna Thompson e Jamey Sheridan, retornando a seus papéis). Vale de destacar que quando os abduzidos percebem que estão numa situação atípica, onde tudo é exatamente como eles queriam que fosse, começa uma espécie de conflito interno em cada um eles, sendo que, a partir do momento que isso acontece, uma espécie de mecanismo de defesa é ativado, fazendo com que os vilões Exterminador (sem os créditos ao interprete),  Damien Dhark (Neal McDonough) e Malcolm Merlyn (John Barrowman) tentem evitar a qualquer custo que os abduzidos acordem do coma induzido.

    Coube a Nate Heyood, o Gládio (Nick Zano), pilotando a Waverider, o resgate dos abduzidos e com isso entramos no episódio de Legends of Tomorrow, onde alguns personagens saem de cena para a entrada de Nate e de Amaya, a Vixen, vivida por Maisie Richardson-Sellers.

    O referido episódio, assim como o drama de Barry, por ter estragado a vida de todos e assim como o drama de Oliver, pela sua vida ter se tornado o que ela é hoje, também temos um drama pessoal do Dr. Martin Stein, que durante uma de suas viagens pelo tempo, acabou por interagir com seu eu mais novo, alterando o seu presente. Vale destacar que é a primeira vez que as Lendas voltam a 2016 desde que partiram com a Waverider lá no primeiro episódio da primeira temporada.

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    Tudo que se sabe até então é que os Dominadores querem eliminar os meta humanos do planeta. Com isso cabem a Felicity, Cisco Ramon (Carlos Valdez), Gládio, Vixen e Onda Térmica retornarem aos anos 50 com o objetivo de descobrirem o que aconteceu no primeiro contato com a raça alienígena, enquanto os heróis que ficaram em 2016 precisam enfrentar alguns agentes do governo que querem, a qualquer custo, prender Barry Allen para entregá-lo aos Dominadores. E pelo fato de todos (principalmente Cisco) estarem chateados com Barry, o velocista escarlate decide se entregar com o intuito de estabelecer uma trégua com os alienígenas. Obviamente, todos o perdoam, fazem aquele discurso motivacional de amizade e decidem ir para a guerra, no melhor momento dessa reunião.

    O mega crossover da CW foi algo inédito na televisão. Obviamente, pelo excesso de personagens e por envolver muita coisa, o roteiro é cheio de furos e erros, mas considerando o pouco tempo de filmagem para unir tantos personagens assim, o resultado é satisfatório.

    O que vai deixar os fãs dos quadrinhos e que também gostam das séries felizes é a enorme quantidade de referências a não só a coisas relacionadas à DC Comics, mas também, da Marvel. A maneira como a parte final de Invasão acontece chega a lembrar a primeira vez que vimos os Vingadores reunidos no cinema. Infelizmente é impossível reunir nesse texto todos os bons momentos e o humor bem recorrente, mas um dos destaques está lá e lá ficou para ser usada novamente: um galpão, cuja parte externa é idêntica à Sala da Justiça.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Rebirth: O Renascimento da DC Comics – Parte 2

    Rebirth: O Renascimento da DC Comics – Parte 2

    Após a nossa análise da primeira parte de Rebirth – O Renascimento da DC Comics, com os volumes especiais com nome vinculado à saga, prosseguimos com os primeiros números de Liga da Justiça, Asa Noturna e Hal Jordan e os Lanternas Verdes, além de um interessante material extra de revistas mensais que corroboram este novo momento na editora.

    Sem maiores delongas, vamos aos reviews:

    Liga da Justiça – Renascimento #01

    Liga da Justica - Renascimento 01

    Esperada não só por ser a publicação do principal grupo de heróis da história, a publicação também era cercada de expectativas por ser escrita e desenhada por Bryan Hitch, que havia brilhado bastante nas publicações de Os Supremos e Authority. A história se passa em um ataque alienígena urbano, em que a equipe clássica – Flash, Batman, Mulher Maravilha, Cyborg – as exceções estão em missões paralelas, com Lanterna explorado na próxima revista e o Superman Clark Kent analisando a sua vida de casado com Lois Lane, estranhando sua atual rotina.

    O grupo se vê em dúvida em aceitar a aposentadoria do Azulão e abraçar a nova versão do último kriptoniano, uma vez que não confiam nele. Há uma leve semelhança entre a ameaça alienígena vista nesta e a criatura de Ozymandias em Watchmen, mas não parecida o suficiente para associá-la a um easter egg.

    Prós: Hitch desenha muito bem e consegue equilibrar texto e arte. O mesmo deverá deixar os desenhos a cargo de outrem, uma vez que tem um terrível histórico de atrasos. Interessante também é a utilização de Jessica Cruz e Simon Baz como os Lanternas Verdes da história.

    Contras: A revista não possui muitas conclusões, o que torna o arco um pouco capenga, deixando uma grande dúvida de quais perspectivas serão traçadas na linha regular da Liga.

    Hal Jordan e os Lanternas Verdes #01

    Hal Jordan e os Lanternas Rebirth

    A revista correspondente às aventuras do piloto que veste o manto do gladiador esmeralda começa mostrando a ação da Tropa Sinestro e de seu comandante, já bem idoso, variando entre o encantamento com a suposta vitória naquele setor espacial, já que a lanternas verde nada fazem, e a obsolescência programada que sofre, não aceitando qualquer mimo a si causado por sua saúde pouco abundante.

    No roteiro de Robert Venditti há uma repetitiva, porém interessante recontagem da origem de Jordan, atrelando seu destino a cada um dos terráqueos detentores do poderoso anel, bem como aponta novos rumos de rivalidade com Sinestro e Parallax. Essa talvez seja a revista mais inspirada até aqui, e a química entre a equipe criativa é enorme.

    Prós: Mais uma vez Ethan Van Sciver consegue êxito ao capturar um clima aventuresco e escapista mesmo em poucas páginas e em uma história introdutória. A chance que tem de destacar cada um dos representantes das tropas coloridas é plenamente cabível, e não se preocupa em termos de argumentos de explicar todas as ações.

    Contras: Há poucos defeitos, talvez o maior é a necessidade de sempre precisar mostrar Hal recebendo o anel de Abin Sur, fato que rivaliza com a morte dos Wayne e a destruição de Kripton como clichê mais repetido da editora.

    Asa Noturna – Renascimento #01

    Asa Noturna Rebirth

    A história de Tim Seeley começa com uma explicação sobre a alcunha do herói, ligando esta a uma lenda de Kripton, dos heróis Asa Noturna e Flamejante, para, mais tarde, mostrar Dick Grayson retomando sua relação com Damian Wayne. Há um cuidado em lembrar-se das histórias do herói órfão como Agente 37, inclusive dando uma finalização deste arco transitando para outro. O reencontro do herói com seu mentor soa frio mas não burocrático, repleto de emoções conflitantes, como se houvesse emoções ali guardadas, de um vigilante que quer provar aos outros e a si mesmo seu valor.

    Prós: A curiosidade em assistir a interação entre Grayson e o antigo análogo da Wildstorm para o Batman, e atualmente herói recorrente da DC, Meia-Noite, é bastante proveitosa, e gera no público a vontade de ver mais daquela interação. O desfecho dribla seus próprios defeitos e soa nostálgico ao finalmente retornar do herói ao seu clássico manto.

    Contras: O link com a Noite das Corujas – com a diferenciação nominal de Planalto das Corujas – soa muito longínqua da historia de Scott Snyder, por mais que faça sentido se lembrado.

    Aproveitando o hype, analisamos também algumas das revistas de linha, lançadas quinzenalmente. Abaixo, algumas opiniões sobre:

    Aquaman #01

    Aquaman - Rebirth

    A história começa com uma conversa franca e íntima entre Arthur Curry e Mera, em terra, após uma noite de prazer. A discussão envolve o assumir dos atlantes aos habitantes da superfície. A publicação, com roteiros de Dann Abnett, consegue harmonizar bem a importância que o Aquaman deveria ter no universo DC, com as pitadas de humor e escapismo necessárias para a boa fruição de uma simples história em quadrinhos. Esse é o início do arco Afogamento e mostra consequências bastante adultas para um ingresso de uma nova raça/espécie no cenário político mundial, com o acréscimo surpresa de um dos maiores vilões do rei atlântico. Os prós envolvem os desenhos inspirados de Brad Walker e a cobertura midiática do Planeta Diário, ainda que grande parte do que é aventado seja apenas um despiste e, até este momento, haja poucos defeitos neste pontapé inicial.

    Batman #01

    Batman 1

    Eu Sou Gotham começa na vista aérea da metrópole, observada por um infante, enquanto o Morcego se ocupa de tentar salvar um avião em chamas mesmo sem ter os poderes de seus companheiros de Liga, como o Lanterna Verde, Superman e afins. As tramas escolhidas pelo roteirista Tom King e desenhista David Finch soam harmoniosas com a historiografia do personagem, alem de contar com uma boa dose de heroísmo. O poder heroico do vigilante é emocionante, mas é interrompido por uma interferência externa que soa como o aspecto mais negativo da publicação, por utilizar um deus ex machina banalizado e que será trabalhado mais para frente.

    Flash #01

    Flash - Renascimento

    Joshua Williamson retorna aos roteiros para descortinar as consequências no cotidiano de Barry Allen, após o retorno de seu velho amigo Wally West e a consequente descoberta da perda geral de dez anos, para todos que habitam aquele universo. Apesar de levar em conta essas novas informações, o decorrer da história é morno, exceto pelo final que guarda um mistério sobre o uso da força da aceleração.

    Arqueiro Verde #01

    Arqueiro Verde - Renascimento

    A trama segue os eventos diretos de Arqueiro Verde – Renascimento #01, com  a mesma equipe criativa – roteiro de Benjamin Percy e arte de Otto Schmidt – com o Arqueiro e Canário enfrentando um grupo de assalto misterioso. Uma das artes de capa variante é assinada por Neal Adams, que mostra ainda estar afiado, apesar da distância temporal em que desenhava as aventuras de Oliver Queen. A despeito de toda ação escapista, o evento mais digno de nota na revista é a discussão que Dinah propõe, de que todas as relações de Olliver tem a ver com seu dinheiro, inclusive dos bandidos que enfrentaram em Seattle, os quais estavam atrás dos materiais da Companhia Queen, usando uma discussão normalmente relegada ao Batman como possível fonte do desequilíbrio social de sua respectiva cidade. O desfecho contém um cliffhanger interessante, que inclusive põe personagens presentes na primeira temporada de Arrow para conviver com esta versão do vigilante.

    Conclusão:

    Rebirth ainda não consegue mostrar a que veio, em um limbo entre reboot e retorno às origens. Ao menos, vale o intuito de reprisar origens dos personagens, além de resgatar de maneira inteligente o tom heroico clássico, que sempre foi a marca registrada do corpo de personagens da DC Comics.

  • Crítica | Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2)

    Crítica | Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2)

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    “The Red Capes are Comming”. A frase de Lex Luthor (Jesse Eisenberg) que se fez famosa no trailer de Batman vs Superman: A Origem da Justiça remete ao herói da independência dos EUA, Paul Revere — que também virou música na voz de Johnny Cash — atuando como mensageiro nas batalhas de Lexington e Concord. Ele chegou a Boston em seu cavalo gritando esta frase em referência aos soldados ingleses que usavam capas vermelhas.

    E é com a reação da humanidade à vinda de um força maior coberta por capa vermelha que a trama se move por boa parte do primeiro ato. O surgimento de uma espécie alienígena representa duas grandes questões da modernidade: a retirada do ser humano do pedestal de ser mais poderoso do universo, e a materialização de sua relação ambígua entre amor e temor que boa parte das religiões têm com relação às divindades. Se na Antiguidade a existência de uma força maior era um fato, hoje a fé é desmotivada e se mostra enfraquecida, como relatou Nietzsche, indicando que a fé tornou-se secundária na vida moderna, dando origem ao que ele chamou de Super-Homem (Ubermensch – Além do Homem) capaz de controlar o mundo à sua volta e não mais um joguete das fatalidades.

    Ainda assim, porém, existe a ideia de que nossos erros são a raiz da raiva de forças as quais não alcançamos total controle, tal é com as forças da natureza. Essa ideia preenche a relação de crime e castigo, amor através do temor e fidelidade forçada, conceitos essenciais para entender por que a invasão de uma divindade causa reações tão paradoxais à população do filme, temendo um deus que perde a calma caso alguém não se ajoelhe para pedir perdão.

    O medo, a febre que cresce nos corações são o motor de uma guerra, seja ela forjada em palavras ou com fogo, e é desta característica que Lex Luthor se aproveita para trabalhar sua megalomania caótica de quem não apenas desacredita e confronta, mas pretende ser o deus de seu tempo. Sua amargura é descrita numa citação breve do argumento da contradição dos fatos do filósofo David Hume para a inexistência de um deus. Porém sua maquinação não é racional como aquela da filosofia, mas sim solitária e apaixonada a ponto de impedi-lo de se contentar em matar apenas o deus metafórico e tornar-se senhor de si. O surgimento de um verdadeiro deus não se traduz para ele como uma afronta ou temor, mas na oportunidade de vingança que vai além das ruminações de quem espera respostas filosóficas. Tudo isso relaciona-se com sua performance física e verbal ao trazer um pouco de outras encarnações deste que é um dos maiores vilões dos quadrinhos, mostrando-se leve, sagaz e manipulador ao retratar o yuppie moderno da era da informação em toda sua vaidade.

    Nenhum pecado será perdoado. E é com este mantra enraizado em seus traumas que a orfandade trouxe que Batman/Bruce Wayne (Ben Affleck) e Superman/Clark Kent (Henry Cavill) interagem para criar os dois lados de uma mesma moeda. A vontade e a necessidade de fazer algo frente ao que se entende como errado são uma arma poderosa, porém polissêmica, e por isso capazes de produzir não só grandes feitos como também grandes tragédias, tal qual religiões, em que um mesmo conceito é capaz de tanto fazer alguém dar a vida em prol de um ideal quanto é capaz de dar as armas para dizimá-la. Para ligar estes dois personagens, o truque foi usar uma coincidência dos quadrinhos para representar os amores mais profundos dos meninos (apesar de a Mulher-Maravilha representar muito bem o gilrpower e mostrar-se superior e mais saiba que qualquer outra pessoa da trama, este é um filme que fala essencialmente aos meninos) e ligá-los emocionalmente.

    As duas grandes surpresas do filme ficam na performance e representação que Affleck trouxe ao Homem-Morcego, e Gal Gadot como Mulher-Maravilha, todavia o casting é irrepreensível. Como seus alteregos, a coisa funciona igualmente bem. O Batman se mostra brutal, poderoso e amedrontador em sua performance física exacerbando violência e em sua postura e fala que jamais recuam, deixando claro que sua principal gadget é o medo que provoca. Uma personificação exemplar que relaciona o figurino e o forte apelo à fantasia mostrando um Batman capaz de feitos improváveis, mas não necessariamente impossíveis.

    A Mulher-Maravilha é especialmente bem tratada, tanto por sua música-tema, que é mais impactante e carismática que a de seus companheiros de cena, quanto pela cinematografia (não por acaso é colocada no centro da Trindade), tratando de mostrar uma heroína inabalável e divina na essência do termo. Ela demonstra em suas linhas de diálogos já ter passado pelos sofrimentos que hoje os demais heróis passam. Mesmas dúvidas, mesmas tristezas, mesmas perdas, mas com a sabedoria de que não há recompensas em viver acima das nuvens, ciente de que a corrupção do poder sempre chega.

    O roteiro é coeso, mesmo com a abertura para as loucuras temporais que a DC trabalha nos quadrinhos, e possui todas as pontas costuradas pelos sempre talentosos Chris Terrio (Argo) e David Goyer, que se utilizaram de ao menos duas grandes histórias clássicas dos heróis-título. Apesar desta competência, faltam pausas para assimilar e deixar respirar certas ideias do filme e assim algumas conclusões podem soar falsas ou apressadas. Falta a mesma contemplação para justificar a ação, que, apesar de ser intensa e poderosa, conta mais com a pose do que com movimentos ao capturar muito da estética e linguagem narrativa dos quadrinhos. O recurso que nas mãos de outro diretor poderia traduzir-se em cenários enfadonhos, é bem aproveitado por Zack Snyder, o qual entende que o que há de especial na linguagem visual dos quadrinhos é justamente o preenchimento entre um quadro e o outro exigido do público, e por isso produz cenas que, independente da apreciação do todo, funcionam por si só.

    Ainda assim, o ritmo traz algumas perdas para a narrativa e à estrutura dos atos, que iniciam e terminam a ação em períodos incomuns nos demais filmes de super-heróis (tanto da Marvel quanto da Trilogia Nolan), o que afeta a noção de tempo do filme, desregulando as emoções sobre os acontecimentos e prejudicando a entrega. Ao decidir emocionar pela fantasia de se observar a trindade dos quadrinhos agora em carne e osso e pelo jogo esquemático e inteligente do roteiro, a direção acaba optando também por evitar emoções mais profundas, formando um filme rebuscado e apaixonado, mas carente de amor.

    Texto de autoria de Marcos Paulo Oliveira.

  • Crítica | Batman vs Superman: A Origem da Justiça (1)

    Crítica | Batman vs Superman: A Origem da Justiça (1)

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    O que interessa aos heróis não é brigar entre si, mas sim lutar por um bem maior. Só que alguém fez o diretor Zack Snyder – que como cineasta é um ótimo designer de videogames, além de famoso por seus exageros – entender e aplicar isso no cenário de um filme que precisava ser épico, mas diferente de Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Se o Superman de Henry Cavill quer na soberania de suas ações se retratar e nos fazer esquecer de O Homem de Aço, o Batman de Ben Affleck vive num mundo à parte dos filmes de Christopher Nolan, sendo o mais sisudo e inflexível dentre os exibidos no cinema. Um personagem ao mesmo tempo limítrofe às próprias fraquezas, mas que chega a acender o bat-sinal no céu de Gotham e enfrentar um Deus, tão furioso quanto ele, para subvertê-las e não ter que enfrentá-las a base de vodka ou psiquiatria contra os traumas do passado; esses sim, invencíveis. E que tudo em Batman vs Superman: A Origem da Justiça gire em torno do peso de outrora sobre o presente, para que enfim seja erguida a ponte do universo DC Comics no Cinema, da mesma forma que a Marvel já conseguiu. Passou da hora.

    Um filme de responsabilidades, seguro de si para incorporar mais certezas que dúvidas sobre o futuro; dúvidas oriundas da falta de planejamento da DC e Warner – muita boataria e fato que é bom, nenhum! Todavia, quando o Morcego e o Homem de Aço dividem a tela pela primeira vez, num show de efeitos especiais de doer os olhos tamanha a complexidade visual, fica difícil não sorrir. Porque, numa analogia indireta à fazenda dos pais adotivos de Superman, o campo está arado e só falta colher os frutos, já que o próprio filme é fruto, em parte, das vaidades estéticas e sufocantes de seu diretor – dessa vez muito mais consciente do poder do material que tem em mãos do que quando rodou Watchmen -, filme após filme, pavimentando e aprimorando o mirabolante universo DC na telona, mesmo que essa seja uma atitude retumbante, mas atrasada e vacilante no êxito, até agora… Até agora, pois o terceiro ato é o grande trunfo da obra.

    A produção vem lotada de surpresas, e isso não poderia ser melhor, principalmente num tempo em que qualquer easter-eggs de fenômenos pop é motivo de intermináveis fóruns, internet afora. Também por isso, o filme apresenta um bom equilíbrio entre tantos personagens dividindo a mesma história. É notável, em especial no ótimo terceiro ato, como Snyder sabe aproveitar a extremidade da tela de cinema IMAX, ampliando sem comiseração esse potencial da situação, o que faz uma lenda ser mito quando a máscara racha durante a luta, o que neste caso aprimora o espetáculo e amplia suas ilusões, mesmo que o 3D ao longo do filme seja 100% preguiçoso e inútil, o que parece demonstrar que o diretor estava preocupado demais na empolgação da coisa, para “enxergar” onde mora o razoável numa luta tridimensional como essa.

    Filme frenético, moderno, cheio de fúria, fogo e barulho, mas calma, não é Mad Max, mesmo! Do começo ao fim, estudamos e sentimos o poder que move o certo e o errado, o bem e o mal que o Cinema nos ajuda a definir e validar no valor de seus símbolos e mitos. Batman vs Superman: A Origem da Justiça é um filmaço, é o desenho da Liga da Justiça com atores reais e um pouco da seriedade de Nolan (um dos produtores do filme), mas o melhor, claro, feito sobremesa, é deixado para o fim.

  • Resenha | O Reino do Amanhã

    Resenha | O Reino do Amanhã

    O Reino do Amanhã - capa

    A Era de Ferro dos Quadrinhos

    A década de 1990 foi um período conturbado para as hqs de heróis. Uma verdadeira explosão de comic shops nos Estados Unidos levou um grande público a consumir cada vez mais revistas novas, com heróis que fugiam dos padrões morais das décadas anteriores. Resultado direto de uma nova visão de mercado adotada dez anos antes, as editoras perceberam que séries fechadas poderiam render boas cifras. Além disso, o público havia tomado conhecimento da raridade de exemplares “número um” e seus valores astronômicos atingidos (uma cópia de Action Comics nº 1, com a primeira aparição do Superman, pode chegar hoje a 1 milhão e meio de dólares). Assim, uma grande especulação fez com que qualquer exemplar com o número 1 estampado na capa vendesse horrores, na esperança de que um dia aquilo valeria alguma coisa. Na ânsia de capitalizar em cima dessa tendência, as editoras despejaram nas comic shops cada vez mais “primeiras edições” de revistas com qualidade duvidosa. Essa tendência, junto com a necessidade dos autores e artistas de terem maior poder criativo sobre seus personagens, levou ao surgimento de editoras independentes, sendo a Image Comics a principal delas.

    As histórias de super-heróis de então tiveram seus maiores artistas criando cada vez mais novos personagens, que não estavam diretamente ligados a nenhuma cronologia pré-existente. O impacto visual das páginas passa a ser mais importante do que as histórias, e assim vários desenhistas começaram a roteirizar seus próprios quadrinhos. Extremamente violentos, com musculatura exagerada e armados até os dentes, os heróis do fim do milênio não eram tão diferentes dos vilões que enfrentavam. O bom-mocismo estava, definitivamente fora de moda. As duas maiores editoras, Marvel e DC Comics, incorporaram essa tendência em suas páginas também. Vimos então histórias mais violentas, roteiros menos elaborados e arte exagerada – com direito a mulheres sendo representadas pura e simplesmente como objetos sexuais. Um herói que não matasse seu inimigo – de preferência, da pior forma possível – não merecia ser chamado de herói. Da mesma forma, um desenhista que entendesse minimamente de anatomia não teria seu lugar ao sol no mercado de hqs.

    Até que chegou Alex Ross.

    Retorno à Era de Prata

    Em 1993, Ross tinha ilustrado a belíssima minissérie Marvels. Com um estilo bastante realista e um retorno às origens da Casa das Ideias, Marvels lançou o jovem pintor no mercado de forma magistral. Pouco tempo depois, Alex Ross teria ido à Distinta Concorrência apresentar um novo projeto. Ele que cresceu com os personagens da editora, lendo seus gibis e assistindo seus desenhos animados, queria ilustrar uma história que retratasse sua paixão pela Era de Prata dos quadrinhos, um tempo no qual heróis eram heróis “de verdade”. Para não cair no risco de deixar uma obra de tamanha magnitude ser roteirizada pelo próprio desenhista (algo bastante em voga na época), o editor Dan Raspler convidou Mark Waid para a empreitada. Waid era famoso por seu conhecimento enciclopédico do Universo DC, e era talentoso o bastante para encarar tamanho desafio. Assim, com os esboços e anotações originais de Ross em mãos, e após várias reuniões de criação, Mark Waid criou uma história fantástica que ao mesmo tempo que criticava o cenário da época, reverenciava os maiores personagens de todos os tempos. Alex Ross teve bastante liberdade na criação, e sua ideia original (a história deveria se chamar A Era Heroica) teve bastante coisa aproveitada.

    Assim, em 1996, Reino do Amanhã é publicado, na forma de uma minissérie em quatro partes. O sucesso foi estrondoso. Uma grande campanha de marketing antecipou o lançamento, com pôsteres e cards colecionáveis. Desde então, a história tem sido republicada frequentemente, com edições de luxo, materiais extra, esboços… E a trama, embora um registro histórico da época em que foi escrita, continua relevante nos dias de hoje.

    Verdade, Justiça e Quadrinhos Americanos

    O primeiro capítulo apresenta como está o mundo após a aposentadoria dos maiores heróis do UDC. Através do ponto de vista de um ser humano comum, o Reverendo Norman McCay, Waid e Ross nos apresentam esse futuro pessimista e muito parecido com o que estava acontecendo nas outras editoras. Os meta-humanos se consideravam superiores ao resto do planeta, e suas brigas mesquinhas e egocêntricas ofereciam mais riscos do que segurança à população. Os vilões não são mais um grande problema, e sim os próprios autoproclamados heróis. Wesley Dodds, o Sandman original, está num leito de hospital, em seus últimos momentos da vida. Norman McCay presencia sua morte e acaba herdando as visões do Armagedom que Sandman tinha em vida. Ao fim de um culto, Norman recebe a inesperada visita do Espectro, o Fantasma da Vingança, que anuncia ao pastor sua missão no fim do mundo. McCay e Espectro iniciam uma jornada no plano etéreo na qual presenciam os grandes fatos que levará ao Apocalipse de suas visões.

    Assim, vemos um Superman isolado em sua Fortaleza da Solidão em um holograma que simula fielmente a Fazenda Kent. Clark está mais velho, de barba e cabelos grisalhos, e seu semblante demonstra o peso do mundo que carrega em seus ombros. Ele demonstra não saber do incidente que ocorreu há pouco tempo no Kansas, uma explosão nuclear causada pela morte do Capitão Átomo pelas mãos de Magog. Diana, a Mulher-Maravilha chega para avisá-lo de que o mundo precisa dele novamente, aparentemente sem sucesso. Espectro então leva Norman para conhecer o que restou da antiga Liga da Justiça. Descobrimos que o Flash se fundiu à Força de Aceleração, e agora praticamente pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, inclusive em outras dimensões da realidade. Gavião Negro se tornou uma entidade da natureza, Lanterna Verde orbita solitariamente a Terra em uma base espacial que ele mesmo construiu com seu anel. E Gotham City é governada por uma legião de drones controlada pelo Batman, que adota uma estratégia de tolerância zero ao crime. O fim do primeiro capítulo mostra o Superman finalmente retornando à ativa e trazendo consigo novamente a esperança de tempos melhores.

    No segundo capítulo, vemos o ressurgimento da Liga da Justiça da América. O retorno do Superman inspirou outro heróis de sua época a juntarem-se às suas fileiras. Flash, Lanterna Verde, Poderosa, Ray, Mulher-Maravilha, Gavião Negro e Robin Vermelho são os primeiros. Com o tempo, a inspiração faz com que mais heróis saiam da sombra. Menos, claro, o Batman, que continua recluso em sua caverna, controlando os drones e monitorando, como um Grande Irmão, sua cidade. Seu estado físico encontra-se debilitado, mas suas habilidades mentais estão melhores do que nunca. Bruce Wayne se recusa a voltar para a Liga da Justiça, por não concordar com os métodos que o Superman adota. Após o diálogo entre os dois gigantes, descobrimos que o Homem-Morcego tem sua própria rede de vigilantes, em sua maioria jovens e filhos dos heróis do passado. Isso reforça a tradição do Cavaleiro das Trevas de influenciar e arrebanhar jovens pro seu exército particular. Dick Grayson, o primeiro Robin, não está ao seu lado. Como Robin Vermelho e conhecendo seu antigo mentor, ele prefere juntar-se ao kryptoniano, mas sua filha não pensa da mesma forma e engrossa as fileiras do Batman (uma subtrama que, infelizmente, se perdeu e só ficamos sabendo devido ao material extra). Ao lado do Batman, temos também grandes figurões como o Arqueiro Verde, Besouro Azul, Canário Negro entre outros.

    Superman continua seu recrutamento e vai atrás dos novos heróis, impondo sua vontade através da força. Os que recusam são presos em um Gulag projetado pelo Senhor Milagre, impossível de escapar (uma clara referência ao sistema de encarceramento e trabalhos forçados da extinta União Soviética). Alex Ross concebeu a arquitetura da prisão com o design clássico do QG da Legião do Mal, do desenho Superamigos. A ideia do Superman é que o Gulag seja uma espécie de colônia de reabilitação, e hologramas são projetados para educar os internos a usarem seus poderes com responsabilidade. Infelizmente, as coisas não são tão simples como ele gostaria.

    Nesse capítulo ficamos também sabendo o motivo pelo qual Superman se aposentou. Com a chegada de novos heróis, a opinião pública passou a não confiar mais nos métodos considerados antiquados do protetor de Metrópolis. Após um ataque do Coringa que resultou na morte de Lois Lane, Magog – um dos novos heróis – assassina o Palhaço do Crime e é preso pelo Superman, que o leva a julgamento. Seguindo a ideia de que “bandido bom é bandido morto”, o júri absolve Magog que desafia Superman para uma luta. Ao ver que isso não levaria a nada, o Azulão abandona sua cidade, seus protegidos e sua “batalha sem fim”, entregando esse novo mundo aos heróis do novo tempo. Seu isolamento então mostra-se uma forma de abandonar tudo, menos seus ideais, pois ele ainda está convencido de que está certo. Ao voltar, enfrenta Magog e o prende para a reabilitação.

    Além dos dois grupos de heróis, vemos ainda nesse capítulo os humanos mais ricos do mundo, liderados por Lex Luthor, formando uma Frente de Libertação da Humanidade. Os maiores vilões do passado se mostram preocupados com o destino dos humanos comuns frente a tanto poder concentrado nas mãos de tão poucos. Esta cena reflete em muito a noção de que magnatas e grandes corporações são quem realmente governam o mundo. Luthor e seus aliados podem até usar a desculpa de que estão protegendo a humanidade, mas na verdade estão apenas protegendo seus próprios interesses e garantindo os privilégios da elite capitalista. Qualquer semelhança com qualquer magnata da vida real (principalmente alguém que porventura almeja o cargo de presidente dos Estados Unidos) não me parece mera coincidência. Novamente, os quadrinhos americanos refletem a sociedade na qual são produzidos.

    Ponto de ebulição

    No terceiro capítulo, tudo dá errado. O Gulag não funciona como reabilitação, e cada vez mais os prisioneiros se rebelam. A população, que havia voltado a acreditar no Superman, passa a olhá-lo novamente com desconfiança. A Mulher-Maravilha então começa a pressionar Superman para que ele tome atitudes mais severas. Como uma guerreira, ela acredita que força letal deve ser usada contra os mais resistentes. Superman não concorda por achar isso uma atitude fascista, e a Princesa Amazona insiste que ele deva assumir de uma vez seu papel como líder mundial. Vemos um Superman dividido entre a vontade de tomar as rédeas do poder e a ideia de justiça e democracia que ele sempre defendeu e acreditou. Enquanto isso, Bruce Wayne une-se a Lex Luthor para garantir o protagonismo à humanidade. Luthor tem em suas mãos uma arma secreta: o jovem adulto Billy Batson, que sofreu lavagem cerebral desde criança e pode tornar-se o Capitão Marvel e agir à favor do magnata.

    O capítulo fica cada vez mais tenso quando vemos o rompimento da Mulher-Maravilha com o Superman. Decidida a derrubar a prisão sobre as cabeças dos presos rebeldes caso necessário, Diana segue para o Gulag com os heróis que a apoiam. Enquanto isso, Bruce Wayne revela que nunca esteve realmente do lado de Luthor, que manda o capitão Marvel derrubar a prisão. É a batalha do Homem de Aço contra o Mortal Mais Poderoso da Terra.

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    No quarto e último capítulo, o Armagedom chega à Terra. Durante a luta entre Superman e Capitão Marvel, a ONU resolve mandar uma bomba nuclear sobre o local, eliminando a ameça sobre-humana de uma vez por todas. Batman e seus aliados juntam-se finalmente aos seus antigos amigos para combater os prisioneiros. Enquanto isso, os jatos dos Falcões Negros chegam com a bomba, que é lançada no coração dos Estados Unidos. Superman e Capitão Marvel parecem finalmente ter chegado a uma trégua no embate, e enquanto a bomba cai, o Espectro finalmente dá a Norman McCay a ordem para cumprir seu papel no fim do mundo: julgar. Cabe ao velho pastor decidir quem deve pagar pelos pecados do mundo, os super-humanos ou a humanidade.

    A explosão da bomba – e a morte e sacrifício de vários heróis –  faz com que Superman perca o juízo e decida acabar de uma vez por todas com os responsáveis. Com fúria nos olhos, voa para o prédio das Nações Unidas decidido a derrubá-lo. Nesse momento, Norman McCay pede ao Espectro para que ele possa interferir. Como um bom pastor, o reverendo MacCay aconselha o ensandecido kryptoniano e firmemente o trás à razão. Superman então percebe que a paz não pode ser imposta pela força, e que um novo mundo mais justo só é possível com a união entre humanos e super-homens.

    A história então termina com a redenção dos meta-humanos e sua reinserção na sociedade, de uma forma bastante inspiradora e positiva após tantas tragédias. Superman volta a acreditar na humanidade e isso fica representado em seu retorno à identidade de Clark Kent, ao colocar os óculos na última página.

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    O Reino Hoje

    Anos após a publicação original, duas novas cenas foram acrescentadas à trama, em edições encadernadas de luxo. A primeira é o encontro do Super com Órion, em Apokolips, que tomou o lugar de seu pai Darkseid como ditador do planeta, e a conversa com Senhor Milagre, que projetaria a prisão. A segunda é o epílogo, onde vemos que Clark e Diana não só estão juntos como anunciam para Bruce Wayne que ele será o padrinho do bebê que está no ventre da Mulher-Maravilha. Uma cena bastante emocionante, diga-se de passagem.

    O tempo também nos mostrou o quão acertada foi a decisão de Dan Raspler em convocar Mark Waid para o roteiro. Embora a ideia de Alex Ross fosse excelente, é muito provável que o resultado não seria o mesmo caso o próprio ilustrador assumisse o roteiro. Prova disso é a maxi-série Justiça, escrita por Jim Krueger e ilustrada  por Ross, que foi muito maior (12 capítulos!) e não teve o mesmo êxito que o Reino. Vinte anos depois de sua publicação original, Reino do Amanhã ainda tem muito o que dizer. A Edição Definitiva apresenta, além dos esboços de Alex Ross para cada personagem, um guia para cada easter egg presente na hq, além de toneladas de textos explicativos, pôsteres e a sensação de que cada material extra é realmente relevante. Reino do Amanhã não é apenas uma história da Liga da Justiça. É uma epopeia atual, que mostra os super-heróis como deuses vivos da mitologia moderna andando entre nós. Se o Superman é o protagonista da história, Norman McCay é o “pé-no-chão” que nos conecta a ela. Norman representa cada leitor ou leitora que já se admirou com essas lendas e, por um motivo ou outro, virou as costas pra ela. A narrativa bíblica, presente em versículos do Apocalipse de São João nas visões do reverendo, dá o tom grandioso da história. O conflito ideológico entre Batman e Superman, além das inserções da Mulher-Maravilha, nunca estiveram tão presentes no mundo moderno quanto hoje em dia. Ao mesmo tempo, a escalação dos personagens remonta claramente à época em que foi escrita. O Lanterna Verde por exemplo, é Alan Scott porque Hal Jordan tinha morrido nas publicações da época e a Tropa dos Lanternas Verdes não existia mais.

    A história serviu ainda de base para muitas publicações futuras da DC, mas nenhuma delas se equipara à grandiosidade e maestria dessa saga sobre deuses e mortais, sobre o Bem e o Mal, sobre homens e super-homens.

    Compre: Reino do Amanhã (Edição Definitiva)