Tag: creed

  • VortCast 107 | Expectativas 2022

    VortCast 107 | Expectativas 2022

    Bem-vindos a bordo. Filipe Pereira (@filipepereiral | @filipepereirareal), Bernardo Mazzei (@be_mazzei) e Jackson Good (@jacksgood) se reúnem para comentar sobre os principais lançamentos nos cinemas e TV para o ano de 2022 e as principais expectativas.

    Duração: 89 min.
    Edição:
     Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • VortCast 46 | Melhores Filmes de 2016

    VortCast 46 | Melhores Filmes de 2016

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Jackson Good (@jacksgood), Thiago Augusto Corrêa (@tdmundomente), Filipe Pereira e Rafael Moreira (@_rmc) se reúnem, em complemento ao podcast de Piores Filmes de 2016, dessa vez para comentar sobre os melhores filmes lançados em 2016 no Brasil e as menções honrosas de cada membro da equipe.

    Duração: 162 min.
    Edição: Victor Marçon
    Trilha Sonora: Victor Marçon
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    Bruno Gaspar

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    Promoção Batman – Lendas do Cavaleiros das Trevas: Alan Davis – Volume 2

    Comente no post desta edição e concorra ao primeiro exemplar de Batman – Lendas do Cavaleiros das Trevas: Alan Davis – Volume 2, publicado pela Panini Comics.

    Melhores Filmes de 2016

    Crítica A Grande Aposta
    Crítica Carol
    Crítica Capitão Fantástico
    Crítica Os Oito Odiados
    Crítica Deadpool
    Crítica Spotlight: Segredos Revelados
    Crítica A Bruxa
    Crítica Elle
    Crítica Creed: Nascido Para Lutar
    Crítica A Chegada

    Comentados nesta edição

    Lista de Piores Filmes de 2016
    Lista de Melhores Filmes de 2016
    VortCast 38: Melhores Filmes de 2015
    VortCast 44: Piores Filmes de 2016

    Menções Honrosas

    Crítica O Nascimento de Uma Nação (2016)
    Crítica Doutor Estranho
    Crítica Rogue One: Uma História Star Wars
    Crítica Animais Fantásticos e Onde Habitam
    Crítica Capitão América: Guerra Civil
    Crítica Zootopia: Essa Cidade é o Bicho
    Crítica Creepy
    Crítica O Lamento
    Crítica Snowden: Herói ou Traidor

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  • Melhores Filmes de  2016

    Melhores Filmes de 2016

    Ano passado fizemos nossa primeira lista coletiva de melhores filmes do ano, a partir da seleção pessoal de cada crítico do site. Uma lista que representava, mesmo que em um pequeno grupo, o melhor dos melhores. O sucesso nos fez repetir essa fórmula ainda que uma lista sempre tenha comentários a favor e contra.

    Nada mais junto se considerarmos uma equipe heterogênica, formada por diferentes estilos de crítica, cada um com uma tendência cinematográfica diferente. O resultado sempre é positivo, ainda que alguns leitores se perguntem porque este ou aquele filme não está presente.

    Em nossa lista dos melhor dos melhores, é perceptível que o grande filão atual de Hollywood, os filmes baseados em quadrinhos, vem sofrendo uma queda. Se as bilheterias ainda mantém uma fatia gorda do mercado, o mesmo não se pode dizer da qualidade, fator com que dividiu as produções de quadrinhos na lista dos piores e com apenas um representante na de melhores (particularmente, eu acrescentaria mais duas produções nessa lista, mas, apesar de estarem em minha lista pessoal, não foram bem pontuados na lista geral, desculpe Strange e Rogers).  A lista talvez não seja surpreendente ressaltando alguma grande obra ignorada pela crítica em geral, mas demonstra o quanto é possível realizar um bom cinema tanto em facetas autorais como no mais básico – e bacana – cinema pipoca de explosões, sangue e, se possível, quartas paredes quebradas.

    A lista, enfim.

    10. A Grande Aposta (Adam McKay, 2015) – Por Fábio Candioto

    A Grande Aposta apareceu nos cinemas de 2016 quase como uma surpresa. Adam McKay, responsável pelo filme, era mais conhecido pelos filmes de Ron Burgundy, como O Âncora, mas nesta produção indicada ao Oscar de melhor filme do ano passado, o passo dado adiante é gigantesco, ao contar a história de como alguns economistas americanos conseguiram observar e prever a crise imobiliária e financeira de 2008. Contando com grande elenco e um tom misturando comédia e sarcasmo (devido ao nível do absurdo de como as operações financeiras eram realizadas), A Grande Aposta traz um excelente e didático filme, que consegue entreter com seus personagens, diálogos e principalmente uma narrativa que poderia ser embromada e confusa devido ao tema, mas flui naturalmente tanto para interessados quanto para leigos no tema.

    9. Carol (Todd Haynes, 2015) – Por Filipe Pereira

    Todd Haynes executa um filme sucinto e tocante, que menciona temas de ternura e amor através de manifestações puras. O drama de Carol carrega semelhanças com outra produção de sua filmografia, Longe do Paraíso, ainda que que sejam diferentes em destalhes cruciais. Além de conter uma fotografia que faz abrilhantar ainda mais o incisivo roteiro, o filme ainda conta com uma atuação inspirada de Cate Blanchett, que faz uma mulher forte e decidida, que não se dobra diante da vontade masculina e conservadora que predomina no restante da humanidade. Rooney Mara executa também um trabalho brilhante que dialoga com perfeição ao de Blanchett, mesmo que seu personagem seja completamente diferente de Carol. As trocas de olhares falam muito e tornam a interação entre o casal principal em algo profundo e sentimental, denunciando a inevitabilidade do destino de ambas, explicitando o quão profundo era o laço emocional que as unia.

    8. Capitão Fantástico (Matt Ross, 2016) – Por Amilton Brandão

    Não é por acaso que o novato diretor Matt Ross inicia seu filme com um ritual de iniciação primitivo. O ritual tem sua valia tanto para Bo (George Mckay), filho primogênito de Ben (Viggo Mortensen) quanto para o espectador. A crueza e intensidade da cena serve como preparação para o conjunto de valores e idéias que serão apresentados e discutidos ao longo do filme.

    Ben vive com seus seis filhos em uma floresta reclusa, longe de praticamente todas influências da sociedade moderna como a conhecemos. Nesse pequeno refúgio eles cultivam uma vida de acordo com os valores da contracultura, onde discussões literárias ao redor da fogueira são casuais e incentivadas, assim como a música e artes em geral. Essa quebra do antiquíssimo modelo da família nuclear por si só traz uma reflexão necessária em tempos onde o moralismo e o conservadorismo ainda ameaçam qualquer vertente filosófica que desafie o status quo. Sempre entregando qualidade em sua atuação, Mortensen demonstra o quão difícil e conflituoso pode ser uma vida na qual um pai realmente têm que ouvir seus filhos argumentando e usando as ferramentas intelectuais que ele mesmo os ensinou para fazer valer suas próprias vontades.

    O roteiro demonstra maturidade ao deixar claro as vantagens e as desvantagens desse estilo de vida. Os filhos de Ben são poliglotas, versados em literatura clássica e até física avançada. Seu pai é o próprio responsável por grande parte dessa educação e o mesmo estimula seus filhos a realmente pensar, analisar, refletir e argumentar suas idéias. Quando uma de suas filhas tenta usar a palavra “interessante” para descrever o livro que estava lendo no momento (Lolita), Ben replica dizendo que isso é uma “não-palavra”’ e pede que ela analise e discorra sobre sua visão da obra. Até os mais jovens, são capazes de um questionamentos sócio-político sagaz. O filme nos apresenta essas situações de maneira criativa e descontraída, casando com o tom do primeiro ato. Ao mesmo tempo deixando claro que a ausência da mãe começa a pesar cada vez mais sobre toda a família.

    7. Os Oito Odiados (Quentin Tarantino, 2016) – Por Jackson Good

    Certa vez definiram Quentin Tarantino como “o mais cool dos cineastas cult” – seja lá o que isso signifique exatamente. O fato é que diretor sempre transita entre as alas de quem curte analisar sub-textos e metalinguagens e daqueles interessados simplesmente numa diversão sanguinolenta. Ainda que sua imagem de ídolo “alternativão” construída pré-Kill Bill venha sendo contestada a cada novo filme lançado, é gratificante vê-lo solto e despreocupado, fazendo claramente o que quer no seu último longa, intitulado Os Oito Odiados.

    Mais uma vez ambientando-se no Velho Oeste, assumidamente um dos seus gêneros preferidos, Tarantino naturalmente homenageia clássicos, começando pela trilha sonora do mito Enio Morricone. Há também espaço para auto-referências bastante claras, como uma releitura de Cães De Aluguel e o uso de seus atores-fetiche Kurt Russell, Tim Roth, Cristoph Waltz e Samuel L. Jackson (fantástico, aliás). Se você quiser dar pontos pela sátira/crítica à sociedade norte-americana e sua formação baseada em violência, misoginia, paranoia e imoralidades afins, tudo bem. Mas a impressão é de que o plot (diferentes personagens presos em uma estação de diligências durante uma nevasca, todos com segredos e interesses obscuros) é apenas uma desculpa para o velho Quentin se divertir com suas homenagens, cenas longas com diálogos expositivos onde os atores brilham, reviravoltas regadas a alguns litros de sangue, e outros de seus brinquedos habituais. E nem precisa de mais do que isso para ser um dos destaques do ano.

    6. Deadpool (Tim Miller, 2016) – Por David Matheus

    Se existe um exemplo de que a internet pode mover montanhas, esse exemplo é Deadpool. O filme solo do mercenário tagarela ficou anos no papel e só ganhou notoriedade graças à rede mundial de computadores. Há poucos anos, Hollywood tinha uma espécie de costume em que filmes para maiores de idade não faziam dinheiro algum, uma vez que se limitava a quantidade de público que iria ao cinema. Com isso, diversos personagens que mereciam ter suas histórias contadas de forma justa ganharam adaptações bizarras para as telonas para que todos as pessoas pudessem assistir. Wolverine é um caso recorrente e Deadpool, coitado, teve seu projeto enfiado debaixo dos tapetes após a bizarrice vista no filme solo do carcaju. Mas o astro Ryan Reynolds e o diretor Tim Miller seguiram em frente e gravaram apenas uma cena para convencer os executivos de que Deadpool merecia um filme à altura do personagem. “Não”, eles disseram. Então, porque não “vazar” a cena e ver o que o mundo acha? E o resultado foi estrondoso e a dupla Reynolds e Miller ganharam sinal verde para o que quisessem fazer, mas com um orçamento limitado. Deadpool não perdoa ninguém. Não perdoa o espectador, não perdoa o Lanterna Verde. Não perdoa a Marvel, não perdoa as celebridades e não perdoa nem a sua casa, a Fox, levando ao chão as super (e as vezes desastrosas) produções dos X-Men. O filme em si não é uma maravilha, mas está entre os melhores filmes do ano não por ser “violento e divertido” e trazer justiça para o personagem, mas sim por ser corajoso e por quebrar paradigmas e quartas paredes que foram levantadas ao longo dos anos em Hollywood.

    5. Spotlight: Segredos Revelados (Tom McCarthy, 2015) – Por Bernardo Mazzei

    Principal vencedor do Oscar do ano passado, Spotlight: Segredos Revelados poderia ter facilmente caído no melodrama barato ou no sensacionalismo, uma vez que lida com uma questão extremamente delicada. Entretanto, o diretor Tom McCarthy conduz o filme de forma segura e brilhante, conseguindo grandes atuações de todo o elenco, principalmente de Mark Ruffalo. Spotlight é um filme que se preocupa em contar bem uma história, mas é nas relações humanas em que se destaca. Todos os personagens tem nuances próprias e fogem dos arquétipos do gênero. Mais que isso, não há nenhuma forma de maniqueísmo. Executado de forma simples e direta, Spotlight é um excelente longa que fez por merecer a estatueta de melhor filme.

    4. A Bruxa (Robert Eggers, 2015) – Por Flávio Vieira

    O gênero de Terror parece ter se reinventado na última década, ainda que essa reinvenção seja questionável, já que a maioria dos bons filmes que têm saído nesses últimos anos ainda utilize seus principais nomes como referência, entre eles, William Friedkin, John Carpenter, Wes Craven, Tobe Hooper, entre outros. A Bruxa, de Robert Eggers, vai além do momento fértil que o cinema de terror vive e sabe como trabalhar suas influências e transmitir medo.

    Na cena de abertura, acompanhamos o chefe de uma família sendo levado perante um conselho de seus concidadãos, sendo acusado e sentenciado ao banimento da colônia, tendo de sair com sua família e todas as suas posses para a floresta. Não sabemos qual o crime cometido, mas segundo o pai “ele apenas praticou o evangelho do Senhor”. O deserto e a escuridão os espera, como uma forma de provação, assim como Jesus foi provado. Os resultados não serão os mesmos, aqui remetem muito mais ao destino de Caim, após ser expulso do Éden. Um horror que não pode ser diminuído aguarda por cada membro da família, e esse horror, de maneira psicológica, é transmitido aos telespectadores.

    A Bruxa relembra até mesmo os incrédulos que há momentos onde a racionalidade não tem lugar, neste momento não se pode varrer as cinzas ou apaziguar a maldade que existe dentro de cada um de nós.

    3. Elle (Paul Verhoeven, 2015) – Por Rafael W. Oliveira

    Se o cinema de Paul Verhoeven é marcado por subversões, satirizações, sensualidade desmedida e uma visão bastante ampla em suas particularidades sobre a análise de temas corriqueiros do cotidiano, Elle pode ser uma síntese tanto quanto foi Instinto Selvagem, RoboCop, Tropas Estelares ou Showgirls. E é nisso que olhamos para um destes filmes e dizemos: é puro Verhoeven. O “puro” define um cineasta cujo cinema sempre fora recebido com tamanho carinho pelo próprio, mesmo em seus projetos mais revistos por estúdios. Elle, lançado tanto tempo após o último longa de Verhoeven, é mais uma obra de sensibilidade singular sobre a banalidade das discussões em temas corriqueiros do cotidiano. E também sobre a força que o Cinema têm de nos fazer desafiar e reavaliar nossas próprias questões de moralidade.

    Pois enquanto Elle faz uma sátira impiedosa sobre uma gama de tempos, em uma experiência extremamente prazerosa ao senti-los no decorrer da narrativa, Verhoeven também chega diante do caos do mundo e nos entrega um filme sobre o controle, podendo isso ser entendido como quisermos. E em uma Isabelle Huppert sólida, magnética e dona de uma presença de imposição assombrosa, o diretor encontra sua nova catarse sobre o cotidiano, o mundano, o banal, o sujo e o amoral. E levando-o a uma definição banal e ainda pouco representativa para tal, Elle é uma obra-prima.

    2. Creed: Nascido Para Lutar (Ryan Coogler, 2015) – Por Rafael Moreira

    Creed: Nascido Para Lutar é a retomada em grande estilo de uma das maiores mitologias do cinema. Continuando com Rocky passando o bastão de protagonista para o filho de seu grande amigo dos tempos áureos, Apolo Creed. Depois de uma boa retomada da franquia em Rocky Balboa que tirou o gosto amargo que o quinto filme tinha deixado com os fãs, Creed nos leva de volta a origem da série. Tanto em qualidade como nas próprias metáforas para a vida que o Sly sempre faz questão de colocar.  Além disso, seja por mérito do diretor ou do próprio Stallone, essa é possivelmente sua melhor atuação.

    Enfim, Creed é a história de uma vida. De um ator. De um lutador. Seja no ringue ou fora dele. Que luta tanto por si próprio quanto por quem está a sua volta. Podemos dizer que Creed é a materialização em forma de arte da melhor frase do cinema brucutu. “Não importa o quanto você bate. Mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha”. Ah, Rocky. Que saudades que estávamos de você.

    1. A Chegada (Denis Villeneuve, 2016) – Por Thiago Augusto Corrêa

    Dennis Villeneuve se mantém como um dos diretores mais interessantes na ativa. Suas obras são capazes de integrar o roteiro e a imagem sem medo que a narrativa se torne parcialmente subjetiva. Baseado no conto de Ted Chiang, A Chegada mantém o estilo do diretor em uma potente história apoiada na tradição da ficção científica para destacar a falta de comunicação entre as comunidades. A transmissão da linguagem se transforma no conectivo de compreensão entre os povos, retomando simbolicamente o necessário uso da expressão e da palavra como transmissor de conhecimento.

    A ficção científica na história marca o desconhecido, potencializa a mensagem principal da produção em um roteiro reflexivo que exige do público uma parcela de análise e comprensão, tanto em sua mensagem quanto no paradoxo exibido em cena. Enquanto outros diretores cedem ao caminho mais fácil, Villeneuve mantém a confiança no público para que seus filmes adquiram um significado completo.

    Confira também nossa lista dos Piores Filmes de 2016.

    Participaram desta votação: Flávio Vieira, Rafael Moreira, Thiago Augusto Corrêa, Filipe Pereira, Amilton Brandão, Jackson Good, André Kirano, Pablo Grilo, Bernardo Mazzei, David Matheus, Douglas Olive, Marcos Paulo Oliveira, Fábio Candioto, Halan Everson, Dan Cruz, Leonardo Amaral, Cristine Tellier, Marlon Faria e Rafael W. Oliveira.

  • Crítica | Creed: Nascido Para Lutar

    Crítica | Creed: Nascido Para Lutar

    creed nascido para lutar

    O ano era 1976. Gerald Ford era o Presidente dos EUA após suceder Richard Nixon em decorrência do escândalo Watergate ocorrido anos antes. As políticas de bem-estar social começaram a apresentar um declínio que altera mudanças nas estruturas econômicas e políticas do país, culminando no modelo neoliberal aplicado por Ronald Reagan. Quatro anos antes, a Guerra do Vietnã havia chegado ao fim com a saída dos EUA, após forte pressão política da política externa e interna. Havia um sabor amargo na boca dos americanos e uma descrença do seu poderio e hegemonia frente ao mundo, aliado ao contexto de uma possível guerra nuclear, a qual poderia ocorrer por qualquer movimento em falso de uma das principais potências do século XX que tinha o mundo como um tabuleiro de xadrez. Se isso não fosse o bastante, o país enfrentava uma forte recessão, desemprego e inflação, criando um cenário de instabilidade e crise interna. É nesta conjuntura em que Rocky: Um Lutador é forjado por Sylvester Stallone, e por diversas vezes este cenário, e a própria história de Stallone, se mesclaria a personagem de Balboa e não mais saberíamos diferenciar o criador da criatura.

    Creed: Nascido Para Lutar não poderia ser diferente. O sétimo filme da franquia concebida pelo astro nos anos 1970 faz jus ao filme original sem desrespeitar seu próprio caminho. Os elementos conjunturais do primeiro filme se modificam, mas a crise global e o clima de incertezas e inseguranças permanecem, com as características típicas do do século XXI, tornando o novo longa uma bela releitura do filme de 1976. O ainda iniciante Ryan Coogler, responsável por Frutivale Station: A Última Parada, sabe utilizar muito bem a fórmula da série a seu favor e tem um talento natural para posicionar sua câmera e contar histórias de underdogs – azarões, personagens excluídos e à margem da sociedade.

    O longa se inicia por meio de um flashback que introduz o protagonista Adonis “Donny” Johnson (Alex Henderson) no início de sua adolescência em um centro de detenção juvenil de Los Angeles, internado por conta de pequenos delitos e do seu comportamento agressivo. Sua infância se resumiu a saltar de orfanatos e casas de detenções para menores. No entanto, sua vida muda completamente após receber a visita de Mary Anne Creed (Phylicia Rashad), que lhe diz ser filho ilegítimo de Apollo Creed (Carl Weathers), seu falecido marido e ex-campeão peso pesado de boxe.

    Os anos se passam, Adonis (Michael B. Jordan) permanece com Mary Anne na mansão construída nos áureos tempos em que Apollo era vivo, e divide seu tempo em tentativas abortadas de uma carreira empresarial e lutas clandestinas no México aos finais de semana. A genética paterna fala mais alto e Adonis decide se dedicar exclusivamente ao boxe, apesar do desgosto de sua mãe, e parte para Filadélfia para tentar convencer um velho amigo de seu pai a treiná-lo e tentar provar a si mesmo que faz jus ao legado de seu pai.

    Se para Donny é difícil carregar o peso de seu sobrenome e seu passado, o fardo é dividido e compartilhado entre seu treinador, Balboa, já que o ringue não tem mais espaço para seu corpo cansado. O tempo o venceu. E o tempo, tema tão caro para Stallone nos últimos anos, novamente retoma como um dos pontos-chave para o desenvolvimento de Rocky no longa. Em seu primeiro diálogo com Donny, ele é questionado do motivo de Apollo ter perdido a luta realizada entre eles tantos anos atrás, “Foi o tempo que o venceu. O tempo derruba a todos. Ele é imbatível”, responde Rocky. Novamente ficção e realidade se misturam na vida do astro.

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    As construções dos relacionamentos existentes em Creed: Nascido Para Lutar se alicerçam principalmente na relação entre treinador e aluno. Há uma doçura existente na presença desses personagens e o florescimento da relação se dá de maneira gradual, graças ao talento de ambos,  Stallone certamente entrega a melhor atuação de sua carreira até então, andando em uma linha tênue e encantadora de resignação, com a chegada da velhice, e o desejo e a esperança de se ver novamente no jogo, nem que isso se realize na figura de seu discípulo. A importância das relações é impressa também na personagem de Tessa Thompson, Bianca, uma jovem cantora que se envolve com Adonis. 

    Se os relacionamentos são importantes para a construção e a verossimilhança dessas personagens, são nos detalhes que o filme cresce, como em pequenos momentos de Rocky subindo a colina e conversando no túmulo de Adrian e Paulie; na divertida cena de manifestação física de nervosismo de Donny pedindo para que retirassem suas luvas minutos antes de sua primeira luta pois precisava ir ao banheiro; ou mesmo na intimidade do jovem lutador ouvindo músicas e fazendo tranças em Bianca. Apesar de Bianca possuir um problema de perda de audição progressiva, isso não toma um caráter melodramático para a trama. A doença existe e não é tratada como um ponto de virada simbólico dentro do roteiro, apenas como um fato na vida da personagem.

    A confiança de Stallone em, pela primeira vez, entregar o roteiro da série Rocky para terceiros se mostra uma escolha acertada, o texto de Coogler e Aaron Covington compreendem a essência de Rocky e as nuances contidas na personagem desde sua concepção. O trabalho de direção é impecável, seja na sutileza em retratar esses pequenos universos como também para apresentar os ringues, e isso fica claro na primeira luta profissional de Adonis. Em um plano sequência de tirar o fôlego, a cena transporta o espectador para dentro do ringue, com toda a visceralidade e brutalidade existente em uma luta de boxe.

    Coogler demonstra um nível de maturidade alto e realiza a transição entre o cinema independente e o cinema de grande estúdio sem perder sua assinatura. Enquanto isso, Stallone se reinventa, desconstrói para se reconstruir. Embaixo do brucutu que nos habituamos a ver por tantos anos – e que tanto insistiu em nos mostrar – existe um ator comprometido na composição de um personagem fragilizado, com uma mensagem universal de que a vida sempre nos deixará de joelhos, pouco importando o quão duro sejamos capazes de bater, cabendo a nós aguentarmos os golpes e seguirmos em frente.