Tag: matt reeves

  • VortCast 107 | Expectativas 2022

    VortCast 107 | Expectativas 2022

    Bem-vindos a bordo. Filipe Pereira (@filipepereiral | @filipepereirareal), Bernardo Mazzei (@be_mazzei) e Jackson Good (@jacksgood) se reúnem para comentar sobre os principais lançamentos nos cinemas e TV para o ano de 2022 e as principais expectativas.

    Duração: 89 min.
    Edição:
     Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • VortCast 55 | Melhores Filmes de 2017

    VortCast 55 | Melhores Filmes de 2017

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira (@filipepereiral) e Rafael Moreira (@_rmc) recebem o ouvinte e podcaster Cliff Rodrigo Silva para comentar sobre a lista publicada no site sobre os melhores filmes lançados em 2017 no Brasil.

    Duração: 111 min.
    Edição: Julio Assano Junior
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    Piores Filmes de 2017

    Lista Completa dos Melhores Filmes de 2017
    Crítica Mãe!
    Crítica T2 Trainspotting
    Crítica Manchester à Beira-Mar
    Crítica Em Ritmo de Fuga
    Crítica It: A Coisa
    Crítica A Qualquer Custo
    Crítica Planeta dos Macacos: A Guerra
    Crítica Star Wars: Os Últimos Jedi
    Crítica Blade Runner 2049
    Crítica Corra!
    Crítica Logan

    Comentados na Edição

    Lista Piores Filmes de 2017
    VortCast 54 | Piores Filmes de 2017
    VortCast 02 | Darren Aronofsky
    VortCast 45 | Pós-Oscar 2017
    VortCast 08 | Planeta dos Macacos
    VortCast 50 | Star Wars: Os Últimos Jedi
    VortCast 51 | Star Wars e as Polêmicas do Novo Filme
    VortCast 05 | Filmes Marvel
    VortCast 44 | Piores Filmes de 2016
    VortCast 46 | Melhores Filmes de 2016
    Overdrive #17 Androides sonham com ovelhas elétricas?

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  • Melhores Filmes de 2017

    Melhores Filmes de 2017

    Assim como no ano passado, realizamos uma lista coletiva dos melhores filmes do ano a partir da seleção pessoal de cada redator do site. Dessa forma, é natural que, numa equipe heterogênea formada por diversos profissionais e com visões diferenciadas sobre a crítica cinematográfica, uma lista como essa abarque diversos gêneros e estilos. Motivo mais do que necessário para não justificarmos as razões que esse ou aquele filme não integraram a lista final. Espero que gostem do resultado.

    (confira também nossa lista de Piores Filmes de 2017).

    10. Mãe! (Darren Aronofsky, 2017) – Por Felipe Freitas

    Darren Aronofsky talvez tenha sido o maior obstáculo de seu próprio projeto. Quando Mãe! estava próximo de chegar aos cinemas, o diretor já estava dissecando os conceitos do filme em qualquer entrevista que ele tinha oportunidade. Acabou que um dos melhores longas do ano ficou manchado pela fama de prepotência de quem o concebeu e por conta disso não teve o reconhecimento merecido. E bota merecido nisso!

    Jennifer Lawrence atua no melhor papel de sua carreira e carrega o filme nas costas quase que literalmente, já que 70% dele são planos fechados na atriz, seja em seu rosto ou em suas costas. É um trabalho difícil e cada segundo no filme nos dá a impressão disso. Mas Lawrence não está sozinha: Javier Bardem e Michelle Pfeiffer também estão em alto nível.

    Darren leva adiante suas personagens e sua grande alegoria com muito controle e um clima tão crescente que faz do terceiro ato do longa-metragem um dos mais megalomaníacos e fortes dos últimos anos, com primor técnico e carregado de significados — sejam eles frutos do ego do diretor ou não.

    9. T2 Trainspotting (Danny Boyle, 2017) – Por Flávio Vieira

    Há mais de 20 anos atrás, Danny Boyle adaptou o romance do escocês Irvine Welsh e apresentou Trainspotting (compre aqui) ao mundo. Na trama, acompanhávamos um grupo de jovens absortos em um universo de drogas, e também toda uma toxicidade social que os fazia repudiar o establishment. Por conta disso, apesar de toda ausência de compasso moral existente no filme, era óbvia a conexão do espectador (principalmente os mais jovens) com esses personagens. Somado a isso, Boyle se utiliza de uma subversão do modo de fazer cinema ao utilizar uma direção clássica e instrumental, interconectividades entre cenas aliados a registros visuais fortes, enquadramentos inconvencionais e alegorias oníricas e surreais.

    Em 2002, Welsh escreveu uma continuação para esses personagens em um novo romance: Pornô (compre aqui) — os adictos à heroína agora estavam envolvidos na indústria da pornografia. Apesar do material promissor, Boyle não conseguiu transformar o romance em algo bom o suficiente, mas apenas mais uma continuação comercial como tantas outras. O projeto foi abandonado e engavetado por cerca de dez anos para que finalmente o cineasta encontrasse sua história para Renton (Ewan McGregor) e companhia.

    O longa de 2017 possui um sabor nostálgico evidente, não só pelos personagens, mas também pelo fato dele a todo momento defrontar o seu passado e olhar para trás, some-se a isso ao sarcasmo, as inevitáveis tragédias, jogo de câmera embriagado e os correlatos visuais com o seu antecessor. Contudo, assim como os espectadores cresceram ao longo dessas mais de duas décadas, a evolução acontece com o novo filme. A maneira como o longa o tempo todo nos faz olhar o passado e o presente com outros olhos é um sinal de amadurecimento, ainda que escancare como não somente os personagens perderam muito de suas rebeldias e transgressões, o mesmo acontece conosco. T2 Trainspotting dá continuidade ao retrato cínico de uma geração, suas consequências e seus arrependimentos. Muito além de um retorno ao passado. Destaque para o monólogo de Renton revisitado e o diálogo-desabafo entre ele e Sick Boy (Jonny Lee Miller).

    8. Manchester à Beira-Mar (Kenneth Lonergan, 2016) – Por Fábio Z. Candioto

    Manchester à Beira-Mar foi uma das principais surpresas do ano passado. Inovador por ser uma distribuição da Amazon Studios (de um filme de qualidade, o contrário do que a Netflix vem fazendo) nos grandes cinemas e concorrendo a um grande prêmio, colocando ainda mais lenha na fogueira da discussão “cinema versus streaming”. Curioso também por ter sido realizado apenas pela ajuda financeira e emocional de Matt Damon ao endividado diretor Kenneth Lonergan e também polemico, por ter dado o Oscar de melhor ator a Casey Affleck em meio a acusações de assédio sexual, tudo isso antes do caso Harvey Weinstein e Kevin Spacey.

    Porém o filme não se sustenta por suas polêmicas, mas por sua brutal honestidade e sensibilidade ao lidar com perda, luto, tristeza e uma família destruída por mortes, trágicas ou não. Lee Chandler (Affleck) precisa juntar os cacos do que sobrou de si após a morte de seus filhos para ajudar o sobrinho que perde o pai, seu irmão Kyle Chandler (Joe Chandler). Sem entregar a história de primeira e alternando um feliz e normal ao depressivo e apático Lee Chandler, Kenneth nos guia de forma magistral até o momento que nos mostra a razão pela qual ele é assim, quase nos fazendo ter vergonha de ter sentido raiva do personagem. A partir daí, vários são os momentos que nos conectam cada vez mais àquela história, sem soluções mirabolantes, sem viradas repentinas e sem golpes de roteiro. Apenas pessoas normais tentando sobreviver.

    Talvez aí resida o fato de que o filme, ao mesmo tempo que fez sucesso na crítica, passou desapercebido do grande público. As nossas tragédias já são grandes demais para alguém nos fazer sentir tão fielmente a dos outros.

    7. Em Ritmo de Fuga (Edgar Wright, 2017) – Por Bernardo Mazzei

    A trilha sonora de um filme é uma parte muito grande de toda a experiência. Algumas trilhas são tão grandiosas, que costumam transformar um filme mediano em um filme empolgante. Mas o que dizer de um filme que foi idealizado para se encaixar perfeitamente com a trilha? Edgar Wright nos responde essa questão com o sensacional Em Ritmo de Fuga, um dos mais divertidos filmes de ação dos últimos tempos.

    Wright escreveu o filme para que tudo fosse perfeitamente sincronizado, com o preciosismo de encaixar até mesmo os barulhos dos tiros e das batidas de carro com a música de fundo. O resultado é impressionante. Pesam também a favor do filme o roteiro coeso, o ótimo elenco (com destaque especial pros vilões Jamie Foxx e Jon Hamm) e as cenas de ação que, por mais elaboradas que sejam, são tão bem filmadas que não deixam em nenhum momento o espectador perdido, pelo contrário, conseguem o situar perfeitamente dentro da ação.

    6. Empate

    It: A Coisa (Andy Muschietti, 2017) – Por Dan Cruz

    Remakes de filmes de terror das décadas de 80 e 90 nem sempre são sinônimos de sucesso. Franquias que arrebatavam fãs para salas de cinema no fim do século passado parecem não apresentar o mesmo fôlego nos dias de hoje para gerar continuações rentáveis financeiramente. Assim, as novas versões de Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo ficaram apenas no primeiro filme mesmo, enquanto as novas versões de Chucky, o Brinquedo Assassino nem mesmo chegaram a ser exibidas nos cinemas.

    Não é o caso de It: A Coisa. O filme baseado no romance homônimo de Stephen King (compre aqui) não só fez bonito nos cinemas como já deixou garantida a sua continuação para setembro de 2019, além de bater o recorde de bilheteria para filmes de terror nos Estados Unidos (anteriormente pertencente a O Exorcista, de 1973). Sabiamente, o diretor argentino Andy Muschietti filmou apenas a parte da história que conta a infância do grupo de protagonistas, o que gera uma história mais fluida, sem os flashbacks da versão original, além da garantia de uma sequência.

    No filme, acompanhamos o paradeiro de um grupo de pré-adolescentes assolados por terríveis alucinações causadas pelo assustador palhaço dançarino Pennywise numa cidadezinha do Maine onde os adultos não parecem se importar muito com suas crianças. Se no telefilme (lançado em VHS no Brasil) os personagens eram crianças nos anos 50, o roteiro adapta a história para algo mais próximo do espectador atual, situando-os no final dos anos 80. Além de preparar o próximo capítulo para os dias de hoje, It: A Coisa aproveita o clima de nostalgia oitentista de sucessos atuais, como Stranger Things. Além de garantir bons sustos, temos uma história envolvente e intrigante, com personagens cativantes que nos fazem querer saber mais sobre a vida de cada um. Talvez o filme não chegue ao status de “obra-prima do medo” – como o presunçoso subtítulo  brasileiro da versão anterior afirmava – mas certamente merece um lugar de destaque entre os filmes de terror modernos.

    A Qualquer Custo (David Mackenzie, 2016) – Por Flávio Vieira

    É bastante comum no subgênero western ter como um de seus temas a reação violenta de um personagem sobre a sociedade que o impinge. A Qualquer Custo, ainda que se apresente como um western moderno, não é diferente de outros tantos exemplares do gênero. O longa — por mais que tenha em seu cerne a história de dois irmãos assaltantes de bancos, que moram no Texas, e passam a ser perseguidos por policiais — vai muito além da sinopse que o descreve.

    Essas camadas se dão de forma sutil, ora nos diálogos existentes entre a dupla de policiais Marcus Hamilton (Jeff Bridges) e Alberto Parker (Gil Birmingham), um deles branco, enquanto o outro possui origens mexicanas e indígenas, restando claro a ironia e a contradição existente que os tornam parceiros, dado o genocídio aplicado aos povos indígenas desde a colonização dos EUA e agora a constante perseguição aos mexicanos e outros imigrantes pela elite branca.

    Esse é só um dos estratos desenvolvidos no filme de David Mackenzie, e isso fica claro no desenvolvimento dos irmãos Toby (Chris Pine) e Tanner Howard (Ben Foster), pertencentes às classes massacradas pelo 1% que detém a riqueza no mundo, sendo o Estado apenas um instrumento que garantirá essa exclusão, o que deixa claro na própria figura dos policiais que vão referendar as ações do pessoal do andar de cima, ainda que estes sequer façam parte desse mesmo ambiente. Mackenzie cria um filme envolvente, intenso, com um claro caráter de classe e repleto de camadas sobre a origem de nossa miséria e de nossos futuros cada vez mais incertos. Tudo isso aliado à trilha melancólica de Nick Cave e Warren Ellis.

    5. Planeta dos Macacos: A Guerra (Matt Reeves, 2017) – Por David Matheus Nunes

    Quem diria que um despretensioso reboot faria tanto sucesso? A trilogia de Planeta dos Macacos foi o resultado do comprometimento do diretor Matt Reeves, que assinou os dois últimos filmes, com o amor pela atuação em captura de movimentos de Andy Serkis, aliado à absurda tecnologia que o cinema pode desfrutar hoje em dia.

    Em Planeta dos Macacos: A Guerra, podemos acompanhar o lindo e justo desfecho da história do macaco Caesar (Serkis), o líder da comunidade símio, que agora enfrenta o que talvez seja o último front militar, liderado por um coronel, vivido pelo ótimo Woody Harrelson. O filme desde seu início prende a atenção daquele que assiste e mostra o quanto os macacos evoluíram ao longo dos anos. Sem contar que temos pela primeira vez um alívio cômico: um divertido chimpanzé (Steve Zahn) que atravessa o caminho de Caesar. É, também, o filme mais dotado de cargas dramáticas e emocionais da trilogia, o que faz com que o expectador experimente diversas sensações durante o transcorrer da fita, sendo o destaque, novamente, para a atuação de Serkis, que desde o filme anterior merecia uma indicação ao Oscar pelo papel de Caesar.

    4. Star Wars: Os Últimos Jedi (Rian Johnson, 2017) – Por Pedro Lobato

    Star Wars: Os Últimos Jedi é um divisor de águas e de opiniões. Ao mesmo tempo em que o filme abraça tudo o que a franquia cinematográfica construiu em toda a sua história, leva o universo Star Wars para novos e inesperados lugares.

    Precisa-se de coragem para tomar as decisões do diretor e roteirista Rian Johnson quando se trata de Star Wars. Encontrar um Luke Skywalker (Mark Hamill) que foge do arquétipo clássico do herói construído na trilogia clássica é ousado e eriça os fãs que ainda não aceitaram a morte do universo expandido da franquia. Porém, mesmo sendo o maior jedi do universo, explora-se os lados mais humanos do personagem, além de dar espaço para uma nova geração de heróis e antagonistas. Rey (Daisy Ridley) e Kylo Ren (Adam Driver) ganham maior destaque e profundidade emocional, além de contracenarem a melhor cena de combate de sabres do filme (cena que, diga-se de passagem, tem uma fotografia memorável).

    Star Wars não se trata apenas de um filme blockbuster. A série de filmes angaria cada vez mais pessoas à sua legião de fãs com uma história empolgante e moderna. Agora só nos resta esperar ansiosamente pela conclusão da trilogia em 2019.

    3. Blade Runner 2049 (Denis Villeneuve, 2017) – Por Rafael Moreira

    Blade Runner 2049 é um animal diferente do seu filme antecessor. Se esse animal é elétrico ou real, um sapo ou uma ovelha, fica pra lista de dúvidas que Blade Runner (compre aqui) nos deixa. Independente disso, é um grande filme mais ligado aos temas da sociedade presente, tal como o livro que dá origem a tudo isso. Enquanto no filme original tínhamos a busca e a destruição do Criador — em função da angústia que a própria existência, e o fim dela, proporciona —, temos aqui a busca da identidade, tema que também era presente no seu antecessor, mas agora menos ambígua no sentido do que de fato somos, e querendo ressaltar o contraste da projeção daquilo que gostaríamos de ser. Outros temas, como a luta pela liberdade que o filme aborda, não me parecem exatamente uma reflexão, mas talvez algo como exposição da luta natural dos seres por ela, sejam humanos ou replicantes. A reflexão do tema fica por conta do que nos dá esse direito a liberdade.

    Se nos temas notamos diferenças consideráveis, a estética é Blade Runner até a alma, comparável a uma grande coruja de carne e osso. A trilha sonora, que era um dos pontos que mais me preocupava, foi uma grata surpresa que, apesar de não contar com Vangelis, ela segue muito bem na linha do que foi feito por ele no filme do Ridley Scott, e tem toques contemporâneos que a modernizaram na medida certa. A direção de arte do filme junto dos efeitos e a trilha sonora criam a atmosfera perfeita que é o coração da série. Os equipamentos eletrônicos e os comerciais nos telões digitais não são mais da Panasonic e sim da Sony, mas pelo menos o Black Label do Deckard foi mantido até com o mesmo copo.

    2. Corra! (Jordan Peele, 2017) – Por Marcos Paulo Oliveira

    Um suspense, com algo de comédia/paródia, com algo de ficção científica. Corra! é uma estranheza em si, um filme que se nega a se enquadrar nas expectativas dos gêneros cinematográficos, fazendo com que quem o assista esteja constantemente desarmado. Embora o filme de suspense se pronunciasse logo no começo, antes mesmo de sermos apresentados ao protagonista do filme, Chris (Daniel Kaluuya), nossas expectativas são constantemente confirmadas à partir da voz de Rod, seu melhor amigo e um cético agente da agência de segurança de transportes, e outrora contestadas na docilidade e forma apaixonada com que a namorada Rose (Alisson Willians) trata seu amado.

    Um dos grandes favoritos do público na premiação da academia, talvez a grande inovação aqui seja a forma inesperada com que se busca tratar do tema do racismo, trazendo para tela não o caipira bronco e tipicamente racista, numa espécie de estereótipo do eleitor de Trump, mas o típico eleitor de Obama. Um filme político mostrando o quão políticas são as relações quando se trata daqueles que consideramos diferentes, em que cada um possui seu próprio “token” para protegê-lo da pecha de racista, afinal toda gente branca tem um amigo negro, normalmente só um mesmo, e para completar o escudo, é fã de Kanye West e foi assistir Pantera Negra na estreia. Ou seja, todas formas de antecipar a proteção às suas ações, mas que ainda vê em primeira instância a cor da pele, se apropriando daquilo que faz a cultura negra ser admirável, mas jogando fora aquilo que faz da pessoa negra ser humano.

    Traduzido para o cotidiano, é a “ficcionalização” daquele reflexo de se colocar revoltosamente contra cada notícia de exposição de racismo e violência contra etnias, mas no dia seguinte mudar de calçada tão logo aviste um representante perfeito daquele mesmo estereótipo, em um reflexo tão imediato quanto o anterior, na suposição do caráter por trás do corpo pele escura. Numa espécie de nova roupa para a escravidão que tantas vezes se apropriou dos corpos das pessoas negras construindo impérios sobre seus esqueletos, a política de agora exige mais sutileza, tornando possível apropriar-se da cultura, da voz, da força e dos talentos das pessoas negras contanto que no fundo no fundo, exista uma pessoa branca no comando.

    Toda essa profunda percepção da política e do racismo, e a capacidade de alternar as peles nas quais nos colocamos coloca Corra! como um dos melhores filmes de 2017, tomando, acertadamente, o lugar dos tradicionais filmes nas premiações e na representação social.

    1. Logan (James Mangold, 2017) – Por Thiago Augusto Corrêa

    Desde a estreia de X-Men nos cinemas, em um longínquo ano 2000, o cinema pipoca se curvou às histórias em quadrinhos. O sucesso garantiu uma fórmula que foi seguida, em maior ou menor grau, pela maioria das adaptações. Com a Disney/Marvel representando grande parte das e, inevitavelmente, produzindo tramas com estruturas similares, a Fox tentou manter em alta sua franquia heroica — os X-Men e seus derivados — procurando novas maneiras de abordar um tema que se tornou tão rentável ao ponto de ser transformado em um sub-gênero.

    Por dois anos consecutivos, o estúdio foi responsável pelo melhor filme de quadrinhos do ano. Em 2016, Deadpool ria das próprias fórmulas criadas nas narrativas fundamentadas nesses mais de dez anos. No ano passado, Logan procurou expandir o gênero ao evitar a repetição da fórmula, procurando construir não um filme de super-herói, mas com super heróis. Adaptando parcialmente O Velho Logan, de Mark Millar e Steven McNiven, a presença de Wolverine na trama é apenas um dos fatores que abrilhantam o roteiro, bem sustentado por um drama situado em um mundo destruído com um personagem central resignado.

    Com a classificação etária restrita para menores, a produção entrega toda a violência do mutante, característica fundamental de sua criação,  ao mesmo tempo em que apresentava um forte desfecho ao personagem interpretado pelo sempre bom Hugh Jackman, em sua última atuação como Wolverine (ao menos, é o que tudo indica). Se entre críticas profissionais e o entusiamos do público o filme tem se destacado como um marco, com uma narrativa diferente da habitual responsável por uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, Logan deverá ser visto no futuro como uma das poucas obras de qualidade da época em que o cinema descobriu as histórias em quadrinhos. Se considerarmos que trata-se de um dos personagens mais populares da Marvel, não poderia ser diferente.

    Participaram dessa votação: Bernardo Mazzei, Cristine Tellier, Dan Cruz, David Matheus Nunes, Doug Olive, Fábio Z. Candioto, Felipe Freitas, Filipe Pereira, Flávio Vieira, Jackson Good, José Fontenele, Marcos Paulo Oliveira, Pablo Grilo, Pedro Lobato e Tiago Lopes.

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  • Crítica | Planeta dos Macacos: A Guerra

    Crítica | Planeta dos Macacos: A Guerra

    Em X-Men: Deus Ama O Homem Mata, Chris Claremont e Brent Anderson falavam sobre a intolerância dos humanos contra os mutantes, situação que já era presente nas histórias pregressas dos X-Men e se acentuou nesta, usando como exemplo de nêmese o fanatismo religioso de um reverendo que pregava que os portadores do gene X eram amaldiçoados. Talvez essa seja a referência recente mais justa ao plot Planeta dos Macacos: A Guerra, de Matt Reeves, terceiro e possivelmente último capítulo da nova saga iniciada em Planeta dos Macacos: A Origem.

    Antes do desenvolvimento do roteiro no novo longa temos uma introdução sobre os capítulos anteriores, explicando que o vírus que havia dizimado a população humana anteriormente em Planeta dos Macacos: O Confronto, se modificou, com consequências que só são reveladas após um bom tempo decorrido de filme. Cesar (Andy Serkis) continua cuidando dos seus, e busca um lugar alternativo para repousar com a sua família, uma vez que um novo inimigo surge, o Coronel (Woody Harrelson), um homem autoritário que possui métodos questionáveis aos olhos de outros homens, inclusive, montando ao redor de si um muro alto para defender-se de seus inimigos.

    Os filmes de Reeves e Ruppert Wyatt não se preocupavam em serem fiéis a série original, mas sempre reverenciavam os filmes quando assim julgavam necessário. É neste terceiro capítulo que se recontam grande parte dos eventos de A Conquista do Planeta dos Macacos e A Batalha dos Planeta dos Macacos, claro, trazendo os assuntos de divisão de castas e de exploração da mão de obra símia para um contexto mais moderno e verossímil, como já vinha ocorrendo nos episódios anteriores. A surpresa é que a maior parte das referências propostas aqui vão além do simples easter eggs típicos das refilmagens famosas. Cada acréscimo e citação tem alguma importância e valores realmente significativos, não sendo apenas fan service.

    Uma das diferenças básicas entre essas versões e a iniciada em Planeta dos Macacos , de 1968, é a escolha por discutir questões de cunho social e guerra de classes. Outro fator que já era referenciado antes e que se agrava nesses é o completo distanciamento dos homens daquilo que chamamos de humanidade. O homem é mostrado como um sujeito sem escrúpulos, desesperado pela própria sobrevivência e capaz de cercear a vida até de seus entes queridos, caso necessário. O coronel vivido por Harrelson soa caricato em grande parte dos momentos, mas sua postura também dialoga com outros tantos comportamentos de líderes de nossa história.

    Toda a complexidade de personagens é jogada em um quarteto de símios, sendo eles Cesar, o orangotango Maurice (Karin Konoval) que serve de conselheiro do líder símio, Rocket (Terry Notary) que é o braço armado dos macacos, e o novo elemento, Bad Ape (Steve Zhan), que, além de ser um dos personagem mais carismáticos, ainda carrega em si uma importância sui generis no roteiro, sendo portanto a prova cabal de uma teoria que corria desde o primeiro filme. Neste momento, se levanta a possibilidade de que os experimentos iniciados por Will Rodman (James Franco) terem apenas acelerado o processo natural e a nova configuração da cadeia alimentar que colocaria os símios acima dos homens, e essa nova possibilidade de configuração é mais uma das muitas semelhanças entre a série e o ideário dos X-Men.

    Os macacos não são mostrados somente como seres complexos, mas há também profundidade maior em seus desejos e anseios, não restando mais a necessidade de viverem em paz sem serem importunados pelos homens que lhe fizeram mal, mas também uma necessidade de formar uma sociedade auto-sustentável. Os eventos desencadeados a partir do confronto com o Coronel põe em cheque os sentimentos de Cesar, que se deixa levar por desejos vis e egoístas, fazendo-o enxergar inclusive algumas semelhanças suas com Koba, o macaco extremista dos filmes anteriores. Tal argumento favorece o texto de Mark Bomback e Reeve, e o torna mais adulto, mostrando mais uma vez o óbvio, que é possível sim criar um blockbuster com substância.

    As referências aos filmes Apocalipse Now e Nascido Para Matar são muitas. A crueza com que Reeves conduz a maior parte das cenas dramáticas rivaliza em gravidade com as cenas de mortes de povos oprimidos. A beatificação de Cesar relembra muito a trajetória de Moisés à frente do povo israelita, mas sua jornada não é tão retilínea quanto a prevista no livro bíblico do Êxodo, ao contrário, é repleta de tropeços, arrependimentos e de perdas irreparáveis em sua existência. Planeta dos Macacos: A Guerra fecha bem a trilogia, e de certa forma, encaminha a existência na Terra para a famigerada cena da Estátua da Liberdade na praia, revelando o quão trágica e auto destrutiva é a existência do homem.

    Ouça nosso podcast sobre a série Planeta dos Macacos. Acompanhe-nos pelo Twitter e Instagram, curta a fanpage Vortex Cultural no Facebook, e participe das discussões no nosso grupo no Facebook.

  • Crítica | Cloverfield: Monstro

    Crítica | Cloverfield: Monstro

    Cloverfield O Montro 1

    Produzido por J. J. Abrams e sua Bad Robot, o filme de Matt Reeves – que futuramente faria Planeta dos Macacos: O Confronto – tornou-se um pequeno clássico instantâneo, por dar prosseguimento ao novo exploitation do segmento found footage (câmera em primeira pessoa). Os 84 minutos de Cloverfiel: Monstro se preocupam em manter viva a sensação de que o filme exibido é na verdade uma fita particular encontrada nos arquivos da Segurança Nacional, o que ajuda a montar o caráter pseudo real do longa-metragem.

    As primeira cenas mostram detalhes da rotina de Hudson ‘Hud’ Platt (T.J. Miller), que começa a registrar a despedida de seu amigo Rob Hawkins (Michael Stahl-David), o qual está prestes a deixar Nova York para se mudar para o Japão. Para louvar sua saída, o sujeito chama os amigos mais próximos para uma reunião na qual desabafa parte dos sentimentos complicados que teve por cada um deles, momentos registrados por seu inconveniente colega. Um evento cataclísmico ocorre na cidade, causando agitação e pavor em seus habitantes, com destruição de muitos dos símbolos nacionais.

    O estudo da humanidade praticado por Reeves é curioso, em especial na cena em que há a queda da cabeça da Estátua da Liberdade, mostrando em 2008 as pessoas se aglomerando em torno dos destroços para fotografar o artefato, dando vazão à necessidade fútil de se registrar tudo mesmo sob risco de perecer.

    Cloverfield O Montro 2

    Como nos filmes de zumbis, populares desde os anos 60, há a mesma sensação de impotência e de inevitabilidade da morte. Os sobreviventes se aglomeram e a sensação agorafóbica aumenta graças ao estilo de filmagem com câmera na mão e edição de som, que focaliza a destruição dos pontos locais, e ao suspense proveniente de visão restrita apenas aos olhos de Hud, e não do todo.

    As saídas que os poucos amigos que restaram, e que envolvem adentrar os esgotos e registrar os fatos por câmera, passam a ser uma necessidade. O desconhecimento dos personagens sobre os fatos ocorridos no externo faz temer não só a si próprios, mas também quem os acompanha, mesmo com pouca informação de seu passado, fato que faz universalizar as questões, já que cada um dos personagens genéricos poderia ser facilmente substituído pelo público.

    Cloverfield se vale muito do fator cinema, desde o isolamento e espetáculo individual, típicos da sétima arte, até a acústica das salas de exibição. É evidente que o plano sequência não é real, e sua continuidade se dá através de cortes bruscos nas sombras, nas pausas de respiração dos personagens e na tentativa fútil de fugir do destino terrível que aguarda os jovens que estavam em Manhattan.

    A sensação de que a morte se aproxima rivaliza com a claustrofobia inerente à sensação provinda da movimentação da câmera. O conjunto de sensações faz imergir o público, que viaja junto com os condenados à morte. O roteiro de Drew Goddard é simples e evoca o senso de sobrevivência que é comum a qualquer plateia, independente de língua, credo ou raça. Ao final, são mostradas cenas do casal que teria de se separar por causa da viagem, em um momento de ternura, momento ironicamente interrompido pelo evento do monstro que destruiu a cidade e fez lembrar do trauma de 11 de setembro.

    Compre: Cloverfield: Monstro

  • Crítica | Planeta dos Macacos: O Confronto

    Crítica | Planeta dos Macacos: O Confronto

    Planeta dos Macacos O Confronto

    Lançado em 2011, Planeta dos Macacos: A Origem conseguiu ser bem-sucedido de uma forma que poucos reboots são capazes. Isso porque o longa não se limitou a modernizar aspectos superficiais e recontar a mesma história, e sim dedicou-se a um ponto fundamental para que uma franquia sobre macacos humanoides falantes pudesse ser levada a sério nos dias de hoje: a transição do mundo, como nós o conhecemos, para o Planeta dos Macacos propriamente dito. O novo capítulo da saga, intitulado O Confronto, dá mais um passo nessa direção, felizmente ainda sem pressa.

    Apesar da mudança na direção (saiu Rupert Wyatt, entrou Matt Reeves), o filme manteve sua identidade, não apenas visual como também conceitual. A pegada de realismo/seriedade permaneceu e ganhou contornos mais dramáticos, pois o cenário agora é muito mais sombrio. Dez anos após o fim de A Origem, o vírus criado em laboratório praticamente dizimou a humanidade. Um grupo de sobreviventes localizado em São Francisco precisa reativar uma usina hidrelétrica situada numa floresta próxima. O problema é que neste território vive uma enorme comunidade de símios evoluídos, liderados por nosso velho conhecido Cesar (Andy Serkis, pra variar humilhando mais uma vez). Nem um pouco difícil adivinhar que o contato entre os dois grupos não vai acabar bem.

    Logo nos primeiros minutos da produção, o fato de um dos lados ser composto por macacos se torna irrelevante. Eles são organizados, caçam, se comunicam (principalmente por gestos, ainda), transmitem conhecimentos complexos para os mais jovens, e até andam a cavalo. Vemos, indiscutivelmente, uma civilização. A partir daí fica reconhecível um dos argumentos mais velhos do mundo, o contato entre dois povos cujo nível tecnológico é diferente. Ódio e medo do desconhecido, preconceito por parte dos “superiores”, bons e maus elementos em ambos os grupos, todos os elementos estão lá. Nesse sentido, o filme conquista seu lugar no hall das boas ficções científicas, que usam um contexto diferente para falar dos nossos problemas atuais e históricos.

    Grande parte do mérito da manutenção da identidade, que faz com que O Confronto se encaixe perfeitamente como a continuação natural de A Origem, cabe ao retorno dos roteiristas Rick Jaffa e Amanda Silver, agora com a adição de Mark Bomback. A jornada de Cesar continua, mostrando que governar é muito mais difícil do que liderar uma revolução. Agora mais velho e pai de família, tenta atuar como líder moderado, buscando preservar tanto seu povo quanto os humanos, dos quais conheceu o lado bom. A oposição surge na figura de Koba, cujo ódio pelos humanos (por ter sido cobaia de laboratório durante anos) o conduz a uma postura cada vez mais belicosa. Aliás, palmas para o ator Toby Kebbell, que faz um trabalho tão bom quanto o de Serkis.

    O elenco, aliás, conta com grandes nomes que fazem um trabalho discreto porém sólido, uma vez que o destaque sem dúvida é da galera da captura de movimentos. Gary Oldman, como o líder do grupo humano, começa gritando a plenos pulmões, mas seu personagem perde importância com o decorrer da trama. O casal vivido por Jason Clarke e Keri Russell representa os bonzinhos da vez, e tem ótimos momentos interagindo com Cesar. Quem também mostra competência é Matt Reeves, seguro tanto nos momentos mais intimistas quanto nas cenas de ação, nas quais sabe imprimir tensão e fazer o espectador se sentir no meio do caos – basta lembrar de seu principal trabalho, Cloverfield.

    Embora sobrem acertos, o filme não está isento de falhas. Incomoda o quanto os humanos parecem organizados, limpos, bem alimentados. Depois de dez anos em um cenário pós-apocalíptico, era de se esperar que eles estivessem em pior estado. A motivação para ativar a hidrelétrica, se analisada com calma, também não convence. Os personagens dizem estar cientes que a energia vai durar por tempo limitado, e o principal objetivo é conseguir contato com outros grupos de humanos, para assim “reconstruir a civilização”. A experiência não ensinou a eles o perigo de encontrar outras pessoas num mundo de recursos limitados?

    Contudo, os erros são perdoáveis por se tratar de uma história na qual o “o que” e o “como” são muito mais relevantes que o “por que”. O futuro onde macacos ainda mais evoluídos escravizam os humanos ainda parece distante, é difícil enxergar Cesar nessa equação, ainda que sua escolha final (consciente e de coração pesado) represente mais um pequeno passo nessa direção. Que a saga continue sendo contada sem pressa alguma, pois está claro que este é um dos casos em que a viagem é mais importante que o destino.

    Texto de autoria de Jackson Good.

    Ouça aqui nosso podcast sobre a saga “Planeta dos Macacos”.