Tag: Star Wars

  • VortCast 108 | The Mandalorian e O Livro de Boba Fett

    VortCast 108 | The Mandalorian e O Livro de Boba Fett

    Bem-vindos a bordo. Filipe Pereira (@filipepereiral | @filipepereirareal), Bruno Gaspar (@hecatesgaspar | @hecatesgaspar) e David Matheus Nunes (@david_matheus) se reúnem para comentar sobre as séries mais recentes do universo expandido de Star Wars: The Mandalorian e O Livro de Boba Fett.

    Duração: 89 min.
    Edição:
     Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • Review | Por Baixo do Capacete: O Legado de  Boba Fett

    Review | Por Baixo do Capacete: O Legado de Boba Fett

    Por Baixo do Capacete: O Legado de Boba Fett é um breve especial da Disney+. O episódio tem pouco mais de vinte minutos, mas fala bastante a respeito do caçador de recompensas mais famoso de Star Wars, mesmo que o caçador de recompensas tenha pouco tempo de tela no seu produto de origem.

    Assinada pelo especialista em obras de making off, Brian Kwan, o filme se inicia com um engraçado relato do designer de som da trilogia clássica, Ben Burtt, assoprando uma pequena corneta para mostrar como ele chegou no som da aeronave pilotada pelo personagem. Ao passo que se valoriza o legado dele, em especial na venda de brinquedos, também não há super valorização de sua participação, que teve apenas quatro linhas de diálogo e seis minutos e meio de tela da obra original.

    A maior riqueza do especial mora nos detalhes a respeito da criação do guerreiro com armadura, em especial no resgate de depoimentos da produção original, como do criador da Milenium Falcon, Joe Johnston (que também ficaria conhecido como diretor de Rocketeer, Jurassic Park III e Capitão América: O Primeiro Vingador), que cita Ralph McQuarrie como um dos responsáveis ao seu lado pelos esboços da armadura e do personagem. Se detalha até a ideia de colocar esporas nos pés dele, para parecer um autêntico caçador do velho oeste.

    Durante o tempo de exibição também se salienta o quão importante era fazer a armadura mandaloriana parecer surrada, mesmo antes de existir uma mitologia em torno dos guerreiros de Mandalore. Também não se furta em falar sobre Star Wars: Holiday Special, com o próprio George Lucas comentando a inserção do personagem na sequência animada, driblando o assunto tabu já que esse especial era assunto proibido até pouco tempo, quando a própria Disney disponibilizou em seu streaming a sequência em que ele aparece, sob o nome A História do Wookie que Acredita com duração de nove minutos.

    Voltado aos fãs, o documentário foca em detalhes de bastidores, conversando com colecionadores de brinquedos e derivados da saga. O objetivo de louvar a memória do personagem é alcançado, e só por isso já valeu a pena ser produzido e apreciado por quem se interessa pelo universo expandido de Star Wars, além de servir de teaser para o seriado O Livro de Boba Fett.

  • Especial | Star Wars

    Especial | Star Wars

    Há tempos, pelos idos dos anos setenta, se iniciava no cinema, por meio de um realizador motivado, audacioso e desbravador uma das melhores fantasias em formato Space Opera da história. A saga de Luke Skywalker, Han Solo e Princesa Léia foi expandida para muito além dos três primeiros filmes de Star Wars, e hoje figura no ideário do homem comum ocidental através dos produtos originais, novos lançamentos e materiais que expandem o pensamento idealizado por George Lucas.

    Star Wars é uma franquia lucrativa. Após sua compra pela Disney mais produtos foram garantidos, incluindo novos filmes e derivados. O antigo Universo Expandido que continha produtos antigos, como a trilogia Thrawn de Timothy Zhan e o recente Kenobi, de autoria de John Jackson Miller, além dos quadrinhos da Dark Horse e múltiplos jogos de RPG e videogames foi descontinuado, atribuído ao selo chamado Legends, não sendo mais parte oficial do cânone da saga. Algumas destas ideias foram recicladas e usadas nos roteiros de Lawrence Kasdan em Episódio VIII: Despertar da Força, enquanto o novo material suplementar faz parte necessariamente da história oficial indiscutivelmente, fator que antes Lucas jamais assumiu para sua franquia, mesmo dando aval para a criação da maioria das ramificações da legenda da força.

    Com promessas de novos filmes, incluindo spin offs cinematográficos, mais e mais material serão produzidos, além de reedições de produtos não lançados no Brasil, que finalmente farão parte do catálogo das editoras nacionais. A fim de mapear toda essa gama de material, organizamos este novo universo em textos analíticos e opinativos, desbravando uma galáxia distante, em busca do sentido da religião da Força. Como a própria Disney dividiu o universo de Star Wars na composição do novo cânone, consideramos necessário manter essa divisão pelo didatismo e para aqueles leitores que desejam acompanhar somente um ou outro.

    Podcasts

    VortCast 50 | Star Wars: Os Últimos Jedi
    VortCast 51 | Star Wars e as Polêmicas do Novo Filme (Ou Procurando Pelo em Ovo)

    Artigos

    Os Bastidores, Detalhes e as Mudanças de George Lucas em Star Wars
    Star Wars: Episódio VIII | Comentamos o novo trailer de Os Últimos Jedi
    Star Wars Celebration | O painel de Os Últimos Jedi, o primeiro pôster e o primeiro teaser  
    Sobre Ascensão Skywalker
    : Comentários do teaser, Comentários sobre o trailer final ,O que esperar
    Dia dos Investidores

    Novo Cânone

    Filmes
    (1977) Star Wars: Uma Nova Esperança
    (1980) Star Wars: Império Contra Ataca
    (1983) Star Wars: O Retorno de Jedi
    (1999) Star Wars: Ameaça Fantasma
    (2002) Star Wars: Ataque dos Clones
    (2005) Star Wars: A Vingança dos Siths
    (2015) Star Wars: O Despertar da ForçaCrítica 2 e Crítica 3
    (2016) Rogue One: Uma História Star Wars
    (2017) Star Wars – Episódio VIII: Os Últimos Jedi
    (2018) Han Solo: Uma História Star Wars
    (2019) Star Wars – Ascensão Skywalker 
    (2020) LEGO Star Wars: Especial de Festas

    Seriados
    (2008) Star Wars – Clone Wars
    (2014) Star Wars: Rebels – 1ª Temporada 
    (2019) The Mandalorian 1ª Temporada

    – Chapter One :The Mandalorian
    Chapter Two: The Child
    Chapter Three: The Sin
    Chapter Four: The Sanctuary
    Chapter Five: The Gunsliger
    Chapter Six: The Prisioner
    Chapter Seven: The Reckoning
    Chapter Eight: The Redemption  
    (2020) The Mandalorian 2ª Temporada

    Literatura
    (2014)
    Tarkin – James Luceno
    (2015) Star Wars: Lordes dos Sith – Paul S. Kemp  
    (2015) Star Wars: Estrelas Perdidas – Claudia Gray

    Quadrinhos
    (2014) Darth Maul – Filho de Dathomir
    (2015)
    Darth Vader #01-12
    (2015) Star Wars #01-12
    (2015) Princesa Leia
    (2015) Império Despedaçado
    (2015) Vader Down
    (2015) Lando
    (2015) Star Wars: O Diário do Velho Ben Kenobi

    (2016) Han Solo
    (2016) C-3PO – O Membro Fantasma
    (2016) Star Wars: Prisão Rebelde

    (2016) Star Wars: O Último Voo do Harbinger

    Linha Infantil

    Livros

    (2012) Star Wars: Darth Vader e Filho
    (2013) Star Wars: Academia Jedi
    (2013) Star Wars: Academia Jedi – O Retorno de Padawan
    (2015) Star Wars: A Princesinha de Vader

    Selo Legends

    Filmes:
    (1978) Star Wars – Holiday Special
    (1984) Caravana da Coragem: Uma Aventura Ewok
    (1985) Caravana da Coragem: A Batalha de Endor

    Seriados
    (2003) Star Wars – Guerras Clônicas

    Literatura
    (1991) Herdeiro do Império – Timothy Zhan
    (1992) Ascensão da Força Sombria – Timothy Zhan
    (1993) O Último Comando – Timothy Zhan
    (2014) Star Wars : A Trilogia – Special Edition

    Quadrinhos
    (1992) Império do Mal (trilogia)
    (2005) Jango Fett: Temporada de Caça
    (2010) Star Wars: Boba Fett – Laços de Sangue

  • Crítica | LEGO Star Wars: Especial de Festas

    Crítica | LEGO Star Wars: Especial de Festas

    LEGO Star Wars: Especial de Festas é a nova e última empreitada da LEGO ligado a franquia criada por George Lucas. O especial de 48 minutos é dirigido por Ken Cunningham, e começa logo após os eventos de A Ascensão Skywaker, mostrando o cenário da destruição da Primeira Ordem, com os personagens da nova trilogia indo a Kashyyyk, planeta natal de Chewbacca, para comemorar o dia da vida.

    Apesar desse não ser um evento canônico, ele traz a tona elementos do terrível especial de 1978, Star Wars: Holiday Special, no feriado comemorativo dos wookies. Além disso, os personagens seguem suas vidas pós-vitória da resistência, Rey treina Finn e a nova geração brinca preparando a Milenium Falcon para receber a família de Chewie.

    O tom é infantil e a trilha é bem diferente do visto nos filmes embora haja uma clara inspiração no temas de John Williams. O design das naves ao estilo Lego é bem legal, mas fora elas e os personagens, mal parece que essa é uma aventura da franquia de brinquedos, já que os cenários não parecem feitos de blocos amarelos.

    O artifício para que Rey aprenda a se tornar uma mestre Jedi é inteligente, passa por momentos clássicos garante momentos muito engraçados, que fazem troça com momentos grotescos da ultima trilogia, com especial foco na historias de Kylo Ren/Ben Solo. Além disso, há referencias ao conto de natal de Charles Dickens, com fantasmas mostrando o óbvio aos heróis. A mensagem singela e sentimental do dia da vida faz todo sentido, além de brincar com os elementos caros do cânone de Star Wars, sem parecer presunçoso, nem mesmo quando brinca com os clichês e elementos de viagem no tempo.

  • Review | The Mandalorian – 2ª Temporada

    Review | The Mandalorian – 2ª Temporada

    Depois de uma temporada inicial apoteótica, The Mandalorian retorna em 2020 repleta de expectativas por parte dos espectadores e da crítica. O destino do caçador de recompensas e da criança que lhe serve de parceiro e pupilo é explorado em cenários que lembram os bons momentos dos western spaghetti, e claro, aventuras de ficção científica.

    Em menos de dez minutos do primeiro episódio, Din Djarin se mete em um cenário de luta livre com diversos personagens alienígenas já conhecidos, inclusive os “suínos” gamorreanos que serviam de guardas de Jabba brigando e arrumando confusão. A sensação de que se expandiu o mundo introduzido em Uma Nova Esperança na cantina de Mos Eisley segue viva, claro, com pitadas do novo cânone e muitas referências a The Clone Wars e Rebels.

    Jon Favreau sempre disse que era um apaixonado pela trilogia clássica e tudo que foi produzido a respeito da saga, e isso se vê tanto na escolha de estender essa parceria com Dave Filoni, responsável pelas séries animadas em 3D que se localizavam entre os filmes, como também no retorno aos cenários clássicos e no uso de feitos visuais práticos, como era nos longas dos anos 70 e 80. O cuidado em dar volume e substância aos confins e subúrbios da galáxias fomenta a importância da jornada estabelecida entre o Mandaloriano e a criança, resultando numa boa releitura dos mangás do Lobo Solitário.

    A estrutura dos episódios segue a mesma da primeira temporada: há uma linha guia, mas alguns episódios são ligados a questões pontuais. A presença de velhos conhecidos dos fãs permanece neste ano, ainda que ocorra de forma breve. Essas aparições garantem fôlego a série e dão um pouco da dimensão do quanto o antigo universo expandido maltratou os personagens, especialmente Boba Fett, embora haja um resgate de elementos de quadrinhos antigos do selo Legends como em  Boba Fett: Engenhos da Destruição e Jango Fett: Temporada de Caça.

    Entre os diretores dos oito episódios, há de destacar Bryce Dallas Howard, que rege de maneira ainda mais firme do que havia sido na primeira temporada em The Sancturay, e também Robert Rodriguez, que produz um capítulo curto, mas repleto de ação e diversão, fato que rendeu ao diretor de Alita: Anjo de Combate a produção executiva da nova série da Disney +, The Book of Boba Fett. A presença de Rosario Dawson também é ótima, finalmente trazendo à luz um personagem que só tinha aparecido em versão animada.

    Os dois episódios finais são frenéticos, mostram boa parte dos personagens secundários com muito destaque, além de conter boas referências ao cinema recente, como uma clara alusão a cena do jogo de adivinhação em Bastardos Inglórios, e claro, o resgate a um conceito do universo expandido, os robôs de combate Dark Troopers. Para quem gosta de Star Wars, The Mandalorian é um prato cheio. Simples, direta, divertida e cheio de personagens carismáticos.

  • Resenha | Jango Fett: Temporada de Caça

    Resenha | Jango Fett: Temporada de Caça

    A segunda temporada de The Mandalorian trouxe para muitos fãs do universo Star Wars a curiosidade sobre o personagem: Jaster Mareel. Sobre ele há uma revista em quadrinhos, lançada em 2002, e protagonizada pelo caçador de recompensas morto em Ataque dos Clones, Jango Fett. Escrita por Haden Blackman e desenhada por Ramón F. Bachs, a minissérie em quatro partes Jango Fett: Temporada de Caça conta a história de Mareel.

    É bom frisar que esta publicação é não só anterior a A Vingança dos Sith, como a série animada Clone Wars, que explorou a história dos mandalorianos como sociedade. Nesta versão, a origem de Jango consiste em várias semelhanças com Luke Skywalker. Órfão desde muito cedo, Jango é treinado por um mentor e se vê obrigado a liderar uma tropa contra adversários que se insurgem contra seus interesses e integridade. Curiosamente essa versão do passado de Jango também conversa com a origem de Din Djarin na  1ª Temporada de The Mandalorian.

    Para quem gosta de histórias que exploram detalhes de personagens periféricos, essa é recheada de participações. Aparece o Lord Tyrannus ainda com cabelos castanhos servindo a Darth Sidious e discutindo a proposta do molde para os clones. Também é mostrado instrumentos de tortura dos filmes, além de exibir os mandalorianos como um grupo de mercenários comandado pelo líder tirânico Viszla (esse nome seria reutilizado nas animações de Dave Filoni), em contraponto a Mareel.

    Os desenhos são simples, mostram os personagens famosos de maneira fiel a versão em live-action, e ainda consegue demonstrar dinamismo e fluidez em sequências de ação, bem ao estilo dos filmes de faroeste que inspiraram George Lucas. Além disso, por mais simplória que seja a história, a trama sustenta uma rejeição de Jango aos membros da Antiga República, sobretudo aos Jedi.

    A relação entre Dookan e Fett tem um passado e isso é bem exemplificado aqui, e essa dimensão ganha contornos pessoais e irremediáveis. Até a questão de Star Wars possuir muitas e incômodas coincidências, aqui são simplesmente dribladas, por ser bem desenvolvido. Jango tem seus receios e amarguras, e busca honrar o legado de Jaster, o homem que lhe ensinou tudo. Jango Fett: Temporada de Caça se explora um dos aspectos ricos da mitologia da saga e que não envolve os Jedi como foco principal, o que é sempre válido.

  • Resenha | Star Wars: Darth Vader e Filho

    Resenha | Star Wars: Darth Vader e Filho

    Ser pai não é fácil, e Darth Vader descobre isso na nova historinha adorável de Jeffrey Brown, autor de outros contos no universo Star Wars para crianças e jovens adolescentes – todos distante da ficção científica, assumindo de vez a fantasia feito a saga original. Em Darth Vader e Filho, vemos em poucas e hilariantes páginas o que aconteceria ser Luke Skywalker não tivesse crescido como um escravo no esquecido planeta de Tatooine, mas sim junto ao seu pai verdadeiro, o temível imperador de preto. Pelo menos escapar das lições de moral malucas de Yoda, Luke certamente conseguiria.

    Em cartões de grande sagacidade e tão expressivos, quanto possível, vemos o Lorde Vader e seu garoto (ainda longe da fama) passando por todos os dramas de pai e filho, envolvendo brinquedos espalhados pelo chão e muito teimosia – será que Vader deixaria o filho brincar com um Han Solo de oito anos, o futuro símbolo da resistência? Em dado momento, Luke até pergunta ao paizão “todo-poderoso” da origem do nome “Estrela da morte”, lugar em que eles precisam morar. Se Luke soubesse que seu pai é o Hitler do espaço, algo poderia mudar no coração do menino?

    Nunca de fato saberemos, mas a resposta está sugerida logo no fim de O Império Contra-Ataca, quando Luke descobre seu verdadeiro e terrível parentesco, e prefere o abismo ao destino que lhe aguarda. Muito antes de todo esse drama bem ao estilo George Lucas, Brown dá coração e até amor ao ditador das trevas, e muita paciência no decorrer da paternidade – mas sem saber o que falar quando Luke lhe pergunta de onde vem os bebês, até porque cegonhas não existem no vácuo espacial. “Juntos poderemos dominar o universo!”, almeja o pai, no que seu filho responde: “E ai eu ganho um doce?”. Espertinho.

    Toda a graça e a sensibilidade cativantes que não existem (nem de longe) na trilogia Star Wars da Disney, de 2015 a 2019, tem de sobra em Darth Vader e Filho, em imagens que falam mais que mil palavras ou efeitos visuais vazios. Um livro imperdível aos fãs de star Wars, imortalizando a convivência de duas figuras ainda semelhantes, bem antes que a realidade estrague a relação entre eles, vivendo o amor que os une protegido pela simplicidade do momento. E ainda, pelo auto controle que Vader precisa ter na frente de seu exército, quando um Luke mimado começa a chorar na frente de todas as autoridades subordinadas a seu pai. Ironicamente, é nessa hora que Vader poderia dizer: “Que mico, meu filho! Que mico!”

    Compre: Darth Vader e Filho.

  • Dia dos Investidores da Disney: Os Principais Anúncios do Universo de Star Wars

    Dia dos Investidores da Disney: Os Principais Anúncios do Universo de Star Wars

    Meus amigos, a Disney não está para brincadeira! A data de dez de dezembro de 2020 poderá entrar para uma das principais da história desta gigante do entretenimento, já que foi o Dia dos Investidores da Disney, onde a “empresa do Mickey Mouse” apresenta para seus investidores seus projetos futuros. Foi uma maneira agradável de dizer que o seu dinheiro será empregado pesadamente em produções audaciosas para o público em geral, que envolve a Disney propriamente dita, a Pixar, Marvel e Lucasfilm com o universo de Star Wars.

    De fato, o que se viu foi que a Disney investirá pesado no seu canal de streaming, o Disney+, demonstrando querer viver não só do passado, mas de um futuro bastante promissor. Inclusive, o evento aproveitou para mencionar o sucesso estrondoso do canal que já está próximo de bater a meta que estava prevista para daqui 4 anos.

    Mas nem tudo são flores, uma vez que diversos projetos poderão sofrer cancelamentos ou mudanças em suas trajetórias. Falaremos isso em um texto mais específico.

    Aqui nós acompanharemos o que vem por aí no mundo criado por George Lucas em Star Wars.

    É inegável o sucesso de The Mandalorian, a série desenvolvida por Jon Favreau e Dave Filoni, que conta a história de um caçador de recompensa mandaloriano que, durante um serviço, resgata um bebê da mesma raça do mestre Yoda e que também é sensitivo na Força. As aventuras de “Mando” são leves, engraçadas, recheadas de ação, possuindo tudo que um velho fã de Star Wars quer. Importante dizer que a série foi o termômetro para diversas outras produções anunciadas.

    ROGUE SQUADRON

    Um dos anúncios mais importantes da noite foi o do tão aguardado novo filme de Star Wars: Rogue Squadron. Seguindo a linha de Rogue One e Solo, Rogue Squadron acompanhará o esquadrão de elite da aviação da Aliança Rebelde. A direção ficará a cargo de Patty Jenkins (Mulher-Maravilha), que disse que gostaria de fazer o maior filme sobre pilotos de guerra já feito. Rogue Squadron tem previsão para chegar aos cinemas em dezembro de 2023.

    OBI-WAN KENOBI

    Outro ponto alto da noite foi a confirmação oficial da produção da série de Obi-Wan Kenobi, ganhando título oficial, a confirmação do retorno de Ewan McGregor na pele do mestre Jedi, além do grande retorno de Hayden Christensen como Darth Vader. O seriado se passará 10 anos após os eventos de A Vingança dos Sith e, segundo a diretora Deborah Chow, a galáxia se tornou um lugar perigoso com a ascensão do Império e tem pessoas caçando cavaleiros Jedi. Obi-Wan precisará lidar com isso e ainda proteger o jovem Luke Skywalker.

    AHSOKA

    Após aparecer lindamente interpretada por Rosario Dawnson na segunda temporada de The Mandalorian, Ahsoka Tano ganhou uma série para chamar de sua. Assim como em Mandalorian, Ahsoka será capitaneada por Jon Favreau e Dave Filoni e trará novamente Dawson na pele da guerreira Jedi que deve continuar vasculhando a galáxia em busca de seu amigo Ezra Bridger e do Almirante Thrawn, desaparecidos ao final de Star Wars: Rebels.

    RANGERS OF THE NEW REPUBLIC

    Assim como Ahsoka, este outro derivado de The Mandalorian, também contará com a batuta de Favreau e Filoni e como o próprio nome já diz, mostrará os oficiais da Nova República. Em Mandalorian já vimos alguns deles pilotando X-Wings e colhendo informações em terra.

    ANDOR

    Andor é uma série que já está em estágio avançado de produção, tanto que foi divulgado um vídeo com cenas das filmagens e bastidores da produção. No vídeo, podemos perceber que é uma série que está investindo pesado em cenários, figurino e criaturas. Andor é sobre o personagem Cassian Andor, vivido por Diego Luna, que também assina a produção executiva da série. Andor foi o responsável por recrutar Jyn Erso para a Aliança Rebelde nos eventos de Rogue One: Uma História Star Wars.

    LANDO

    Lando Calrissian também ganhará sua própria série, mas não se sabe em qual momento ela se passará e nem se Donald Glover ou Billy Dee Williams, que fizeram o personagem nos cinemas, retornarão.

    THE BAD BATCH

    Se fôssemos traduzir esse nome, poderíamos dizer que um bad batch é um lote com defeito. A nova série animada de Star Wars teve seu primeiro trailer divulgado e se passará durante as Guerras Clônicas e talvez, logo após de A Vingança dos Sith. Bad Batch já teve um arco criado por George Lucas em Clone Wars. Segundo o criador, ele gostaria de explorar a ideia de que alguns dos clones fossem um pouco mais únicos que os outros, com habilidades um pouco mais especiais, formando assim uma unidade de forças especiais de batalha.

    The Bad Batch teve seu primeiro trailer divulgado e o que se pode esperar é muita ação nessa série animada que será a substituta de Clone Wars.

    VISIONS

    Talvez o projeto mais diferente apresentado, Visions explorará o universo criado por George Lucas em curtas animados, sendo que, seu diferencial será a forte influência do anime japonês, com diversos especialistas envolvidos no projeto.

    Para quem quiser pesquisar, num passado não muito distante, um trecho de uma animação japonesa de uma batalha espacial travada entre pilotos do Império e da Aliança Rebelde viralizou nas redes. Existe grandes chances de Visions ter nascido após esse vídeo.

    THE ACOLYTE

    Uma série com pegada de suspense e mistério, desenvolvida por Leslye Headland, responsável pelo ótimo Boneca Russa, e que acompanhará a época final da Alta República, com a ascensão dos poderes do Lado Sombrio. Poderemos ver muitos sabres de luz e diversos embates entre Jedi e Sith.

    Também foi confirmado que Taika Waititi dirigirá um filme inédito, inesperado e único no universo da franquia. O cineasta que cuida dos filmes do Thor no Universo Cinemático Marvel, já dirigiu episódios de The Mandalorian.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Resenha | Star Wars: Academia Jedi – O Retorno de Padawan

    Resenha | Star Wars: Academia Jedi – O Retorno de Padawan

    Ser aprendiz de bruxo não é fácil, mas ser um padawan é menos ainda! Esses aprendizes de Jedi, os grandes guerreiros do universo Star Wars, recebem um treinamento pesado na Academia Jedi, e não é qualquer um que consegue passar pelas provas, aguentar os conselhos (chatos) do Yoda e ainda, engolir a comida (terrível) do Gammy, o pior cozinheiro das galáxias! Bem-vindos a Academia Jedi – O Retorno de Padawan, na qual o jovem Roan Novachez ainda está longe de ser o grande piloto que sempre sonhou ser, e ao invés disso, ainda tem que lidar com muitos desafios – e até ver o seu melhor amigo Pasha namorando Gaiana, a menina dos seus sonhos.

    De volta para mais um ano em Hog… na Academia Jedi, Roan está mais animado do que nunca, se divertindo em um universo de possibilidades que todo menino gostaria de participar! Pela primeira vez, ele já começa a dominar o uso da Força, essa energia que os Jedi precisam ter controle, mas nem tudo é diversão! Agora, a turminha de alunos precisam aprender a ser responsáveis e a cuidar de um bichinho de estimação, um Voorpak muito fofo, e as inimizades de Roan se mostram inevitáveis. Logo no início do ano letivo ele já se depara com uma turma de jovens Sith, os poderosos do lado sombrio da Força, que já lhe dão dor de cabeça. E haja desabafos no seu diários.

    Com um tom leve e jovial, o livro ilustrado de Jeffrey Brown segue o mesmo clima descontraído do primeiro livro, também publicado no Brasil pela Editora Aleph, com desenhos tão expressivos e situações tão engraçadas que a gente nem sente falta das cores, já que o livro é todo em preto e branco como se fosse ilustrado a mão, transmitindo uma forte sensação de espontaneidade, francamente deliciosa. Em O Retorno do Padawan, ninguém está seguro da influência do mal, nem Roan, que começa a se juntar com os jovens Sith, porque eles parecem mais divertidos e estilosos que seus amigos Jedi. Logo, lições serão aprendidas, e Roan vai descobrir que nada (nada mesmo) vale mais que uma amizade de verdade, e sem interesses.

    Por toda parte, ecos de Harry Potter, As Crônicas de Nárnia e outros títulos famosos da cultura pop estão em evidência na história, e nem pense que isso pode comprometer alguma coisa, ou tornar O Retorno de Padawan menos criativo e surpreendente pra alguém. O livro consegue homenagear suas influências de um jeito bastante simpático, trilhando seu próprio caminho no universo Star Wars e sem esquecer dos ícones que fizeram a série ser tão amada ao redor do mundo – os Ewoks continuam sendo apaixonantes, apesar de serem malandros demais para seu tamanho. E o que será que Roan, o mais normal dos meninos consegue conquistar primeiro: a Gaiana, a menina que nem dá muita bola pra ele, ou o controle de uma nave espacial? Só lendo pra saber.

    Compre: Academia Jedi – O Retorno de Padawan.

  • De Thanos a Dostoiévski – Os mitos que permeiam todos nós

    De Thanos a Dostoiévski – Os mitos que permeiam todos nós

    O vilão da Marvel Thanos sempre esteve rodeado por conceitos ligados ao desconhecido, questões morais, niilismo e morte, portanto não me surpreende que sua gênese tenha surgido enquanto seu criador, Jim Starlin assistia a uma aula de psicologia na faculdade. 

    Sua origem se assemelha a estruturas conhecidas de mitos antigos. Ao nascer, sua mãe tenta acabar com a vida do filho por se chocar com a sua aparência e por acreditar, de alguma forma, que ele trará fim a vida no universo. Ato que é evitado por seu pai. Em um contexto mitológico, é como se sua mãe tivesse recebido uma revelação divina direta, acreditando fazer parte de uma profecia sombria. Um nascimento que nada deve aos dramáticos mitos gregos.

    Como muitos vilões em tantas outras histórias, Thanos cresce inicialmente com intenções pacíficas. Porém na sua adolescência, seu interesse por temas mais sombrios começa crescer. Chegando a desenvolver uma forte atração e genuíno amor pela personificação da Morte em seu universo. Amor esse que o levará a cometer atos indignos de seu sentimento. 

    Isso gera nele um conflito claro. Thanos até chegou a sonhar em criar uma nova forma de vida, mas cada vez mais se sentia atraído pela morte. Seu amor é implacável, assim como seu destino, inexorável. Thanos é um paradoxo vivo, seguindo um comportamento comum na história humana, invocar a morte enquanto se prega o amor.

    Afinal, por que essa temática? Há algum valor em reconhecermos e talvez até amarmos a morte? 

    Memento Mori: o fim inexorável

    Isso me traz à mente o conceito de memento mori; lembre-se da morte. Artistas renascentistas faziam questão de nos lembrar disso ao terem em suas obras crânios humanos e frutas apodrecendo, representantes da passagem do tempo, da nossa finitude, da morte.

    Diversas correntes filosóficas e religiosas focam na importância de se refletir sobre a morte: Sócrates, Platão, Buda, hinduísmo e os estoicos são ótimos exemplos. Diferente dos outros seres vivos, sabemos que iremos morrer. Vita brevis.

    Essa consciência é nossa dádiva e ao mesmo tempo nosso fardo. Quase como um preço a se pagar por termos aceitado o fogo roubado dos deuses pelo titã Prometeu, ou por termos comido do fruto do conhecimento no Éden. Com isso, nos tornamos cientes pela primeira vez da malícia, da sombra que habita em todos nós. Percebemos a nossa vulnerabilidade diante da natureza. Nos vimos nus, frágeis e com a certeza de que teremos um fim. 

    Esse é o começo da história humana, encenada e condensada em mitos a experiência de uma consciência evoluída em primatas que há apenas alguns milhões de anos vagavam pelas savanas africanas tentando sobreviver.

    Incorporar a brevidade da vida e não fugir da noção da morte é o que dá significado e ritmo à existência. É o que nos permite mover em direção a algo que nos transcende. É o que nos leva a construir catedrais e pirâmides que levam séculos para serem concluídas. É podermos ler as palavras gravadas com tinta em folhas de árvores, escritas por ancestrais que viveram e morreram há milhares de anos. A recorrência desse tema em nossas histórias nos traz para perto de nós mesmos, nos define como humanos, mesmo que essa tensão com a morte aqui seja personificada por um personagem alienígena. 

    A tensão de vida e morte em Thanos cria no personagem um apetite ambicioso para trazer harmonia e equilíbrio para o cosmos, similar aos mais famosos ditadores da nossa História. 

    Em Thanos, isso se traduz em reduzir pela metade toda a vida do Universo.

    Mural Old Town Hall (Göttingen) – Alemanha

    Carstian Luyckx: Vanitas – Still life with a celestial globe. (Vazio – Ainda há vida com um globo celestial)

    Pensamentos dissonantes

    Sua justificativa é a mesma de todos que detêm muito poder. Eles têm a solução para os problemas do mundo e somente eles podem nos salvar. 

    Essa armadilha cognitiva de se ver como uma força necessária para o bem de todos é bastante comum e convence, não somente quem propõe tais ideias, mas também seus seguidores. Vemos isso em diversos dilemas humanos: faz-se guerra para se ter paz, mata-se para que a vida prospere.

    No romance clássico e obrigatório 1984 de George Orwell, as dissonâncias entre pensamento e ação foram exploradas com maestria. O lema do partido que detém o poder no livro é: Guerra é Paz, Liberdade é Escravidão, Ignorância é Força. O chamado ‘duplipensar no livro não tem como objetivo ressaltar essa clara contradição, mas sim causar um choque mental tão dissonante que dissolveria qualquer questionamento racional e lógico da população. Exemplos na política moderna em que as contradições são empilhadas não faltam. Na linguística o conceito se apresenta através de eufemismos como ”fogo amigo” ao invés de ”tiro acidental” e ”danos colaterais” ao invés de ”múltiplas fatalidades”. Orwell definiu o “duplipensar” da seguinte maneira: 

    Saber e não saber, estar consciente da mais completa verdade enquanto se conta mentiras cuidadosamente construídas, manter simultaneamente duas opiniões que se cancelam, sabendo que elas são contraditórias e acreditar em ambas, usar a lógica contra lógica, repudiar a moralidade enquanto e se diz ser moral, acreditar que a democracia é impossível e que o Partido é o guardião da democracia. Esquecer, o que quer que seja necessário esquecer, e se voltar a memória novamente quando for necessária, e prontamente esquecer novamente, e acima de tudo, aplicar o mesmo processo ao próprio processo. 

    No ramo da filosofia moral, cenários que testam os limites dos nossos vieses e escolhas morais são criados e dissecados à exaustão. O objetivo aqui não é detalharmos tais situações em que é muito comum termos apenas opções de ”um mal menor” a serem escolhidas, mas sim questionar a aparente atração e, repito, contradição de se buscar paz com guerra, amor com ódio, respeito com autoritarismo. Se usarmos como referência uma das nossas melhores ferramentas de análise do comportamento humano, a História, é fácil concluir como essas contradições nunca se sustentam no longo prazo. Joseph Stalin, Hitler e Mao Tsé são apenas os exemplos mais famosos, mas há muitos outros. 

    Podemos concluir que suas aspirações e métodos sempre se dissolvem nas areias do tempo. O que há de comum entre eles: se rebelar contra a criação em si, agir contra algo que pelo que as histórias nos contam, não detemos a sabedoria para tal. 

    Sacrifícios e consequências

    Grandes ambições pedem grandes sacrifícios. Para Thanos, o sacrifício é acabar com sua única relação afetiva real e assim obter o poder necessário para seguir com seu plano. É muito comum que sejam sempre os mais próximos a nós a terem que lidar com as consequências de nossas escolhas. Mas o que de fato é essa noção de sacrifício e porque ela é contada e recontada em mitos, performada em ritos, vivenciada por todos nós? 

    A experiência humana traz consigo uma diferença crucial de outras formas de vida no planeta, e como quase todas as características humanas, carregam consigo a dualidade dádiva/maldição. 

    Uma boa definição do conceito de sacrifício é descrita pelo psicólogo e escritor Jordan Peterson: Sacrifício é o ato consciente de se abrir mão do presente para se alcançar o futuro

    Mesmo sem entendermos os mecanismos por detrás disso, o sentimento é de que quanto maior o sacrifício, mais significativa a recompensa. É por esse sentimento que Abraão cogitar fazer o que é pedido dele. Esse ofício sagrado (tradução direta do Latim) toma então cores honradas, e pode ser usado para justificar praticamente qualquer ação que o precede. Dada essa premissa, Thanos age e sacrifica a sua filha.

    Há nessa ação certa inconsciência e ingenuidade sobre as consequências e transformações que tais atos podem gerar. Por um lado, é impossível realmente identifica-las, pois o agente executor antes do ato (o “eu atual”) é um ser diferente do “futuro eu”. Em termos fenomenológicos, o último só nasce após o ato em si. Mesmo no mais planejado cenário, vemos na literatura e nos mitos o quão diferente pode ser a vivência entre pré e pós sacrifício.

    Somos seres que naturalmente inferimos causas nos fenômenos ao nosso redor. Se vemos um raio e, alguns segundos depois ouvimos um trovão, é fácil compreender que antes de termos as ferramentas para sabermos que ambos são apenas manifestações da mesma coisa, poderíamos concluir que um causava o outro. Com sacrifícios essa noção se repete. Daí as oferendas associadas com as colheitas, ou sacrifícios humanos para se obter a graça dos deuses, entre muitos outros exemplos. Alguns atos são de mais fácil observação que outros, como plantar sementes para se obter alimentos meses depois. O ponto é que o presente pode ser vendido para se alcançar o futuro. Por isso tal noção é tão destacada. Ela simplesmente funciona.

    Você pode questionar se o método empregado é o mais apropriado para se ter o que deseja no futuro, mas poucos questionariam o poder do sacrifício em si. Por outro lado, mesmo que ele funcione, o preço pago pode ser alto demais.

    Existir para desistir? 

    O principal argumento moral de Thanos é de que vivemos em um Universo com recursos finitos para uma população que não para de crescer. Em sua defesa, foi exatamente esse problema que seu planeta natal enfrentou e o fez sucumbir. Penso com isso que Thanos poderia facilmente aderir aos argumentos da filosofia anti-natalista, dado seu ponto de vista. 

    Para os anti-natalistas, evitar sofrimento contém um peso moral maior do que gerar alguma felicidade. Portanto, não existir têm uma relevância maior do que existir, sofrer e acumular sofrimento através das gerações. A lógica é que nascer, invariavelmente, trará algum tipo de sofrimento. E se temos o poder de escolher entre gerar uma nova vida (mais sofrimento) ou não, a escolha ética seria um desconfortável não. Para alguém que nunca venha a existir, não há nada a ser perdido em termos de felicidade ou prazeres. Afinal, você sofria antes do seu nascimento? 

    A conclusão para os anti-natalistas é de que a nossa espécie deveria gradualmente e conscientemente não mais se reproduzir e, portanto, não mais existir.

    Reduzir a existência da consciência em uma balança de ‘’felicidade’’ e ‘’sofrimento’’ me soa um tanto reducionista e ignora as ramificações desses estados. Se olharmos para as nossas próprias vidas, podemos ver que ‘’mais sofrimento = ruim’’ e ‘’mais felicidade = bom’’ não é uma equação tão simples assim. Um momento definido inicialmente como ruim ou mau pode estar diretamente conectado com o que definimos como bom e prazeroso. Ou mesmo, como algo que traga maior significado para a vida em si. 

    Uma história comumente contada em círculos Taoistas exemplificam esse pensamento e serve de reflexão: O Conto do Fazendeiro Chinês: 

    Era uma vez um fazendeiro chinês. Um dia, um de seus cavalos fugiu. Seus vizinhos vieram até ele, comentando como aquele acontecimento era um infortúnio. O fazendeiro respondeu: “talvez”.

    No dia seguinte, o cavalo que fugiu voltou, trazendo com ele sete cavalos selvagens. Os vizinhos apareceram novamente, dizendo que isso era uma grande sorte. O fazendeiro respondeu: “talvez”.

    Depois disso, o filho do fazendeiro tentou domar um dos cavalos selvagens e caiu, quebrando uma perna. Os vizinhos vieram lamentar o ocorrido, dizendo que aquilo era muito ruim. O fazendeiro respondeu: “talvez”.

    No dia seguinte, oficiais do exército que estava recrutando soldados apareceram, mas não levaram o filho do fazendeiro por conta da sua perna quebrada. Os vizinhos vieram ao fazendeiro falando sobre como aquilo era ótimo, e ele respondeu: “talvez”.

    Por isso, pergunto aos anti-natalistas:

    Como mensurar o impacto de talvez sermos a única espécie na galáxia que olha para si mesma e compreende sua finitude? Como mensurar o significado de algo que levou bilhões de anos para ser alcançado, ou seja, um Universo que tem a capacidade de olhar para si próprio e dizer, Eu sou!

    E se o sofrimento que todos carregamos ao existir for parte do nosso sacrifício cósmico? 

    As regras do jogo

    Encerrar uma ou mais vidas. Como alguém se sente após isso?

    Mitos e religiões antigas comumente têm algo a dizer sobre o encerramento de vidas e suas possíveis consequências. Acabar com uma vida consciente parece ter um peso ainda maior para quem comete tal ato. Nos mitos modernos temos inúmeros exemplos de uma mudança drástica na essência de quem  segue por esse caminho. Mesmo os assassinos mais frios em filmes sobre a Máfia, por exemplo, carregam consigo ao longo do tempo uma inquietude, um vazio e uma insatisfação que pouco servem de consolo quando realmente olham para seu abismo interno. 

    No filme O Irlandês, de Martin Scorsese, o personagem principal beira a psicopatia na sua aparente frieza em lidar com os assassinatos cometidos ao longo dos anos. Mas basta ver sua insatisfação com a conexão perdida com a filha, o medo de morrer e ser esquecido e sua palpável solidão para notar que a sua alma se encontra inquieta sobre as ações tomadas. Sua mente conta para si uma narrativa simples para um homem do seu contexto, “você fez o que tinha que ser feito”, mas isso pouco vale quando se tem que conviver com o que de fato foi feito. No final, a consequência é mais pesada do que a justiça humana e suas leis. É isso que o conceito de ‘’vender a alma para o diabo’’ remete. Você faz um acordo no qual não tem como mensurar o que vai perder, afinal, quem consegue explicar o que é viver tendo perdido sua essência? Fausto, de Goethe é talvez o exemplo mais famoso da história arquetípica de se obter algo mundano em troca da sua alma. Nesse clássico da literatura Fausto faz um acordo com a representação do ‘’inimigo do mundo’’, Mefistófeles para obter conhecimento, poder e prazeres humanos. O argumento de Mefistófeles é similar ao de Thanos e dos anti-natalistas, de que o sofrimento inerente ao mundo não justifica sua existência, pelo contrário, que devemos cessar tamanho sofrimento se possível. E por mais que o argumento seja coerente, sempre que alguém tentou implementa-lo, ele se mostrou no mínimo um tanto quanto problemático. O que notamos é que algo dentro de você se rompe (e não quero aqui definir esse ‘’algo’’) quando se quebra essa aparente lei universal. De um ponto de vista metafórico, o que acontece com esses personagens é o mesmo que a queda de Lúcifer. A descida ao inferno, a corrupção do ser.

    Walter White na série Breaking Bad, Anakin Skywalker em Star Wars, Tony Soprano em The Sopranos são as versões modernas da mesma história. A questão, entretanto, permanece: por que o desconforto da alma em seres que aparentemente estavam acima de qualquer ética e moral?

    Temos o mesmo padrão com Thanos. Após ter dizimado metade da vida no Universo, encontramos o personagem em um estado de reflexão, apatia e certa tristeza. Encontra-se em um estado de aceitação até mesmo do seu fim, que vem quase como um alívio, e não uma punição.

    Crime, castigo e outros mitos

    Poucos escritores exploraram esse contexto tão bem quanto Dostoievski em Crime e Castigo. Temos no romance as peças para um estudo da condição humana. Com a popularidade do racionalismo ateísta e do cientificismo em meados do século XIX, tornou-se comum, entre os intelectuais da época, o questionamento do papel das religiões sobre a moral e ética humanas.

    Para muitos, deveríamos dispensar com o misticismo, e sua aparente arbitrariedade, a definição do que deve ou não ser feito. É com esse pano de fundo que o autor nos apresenta sua crítica. O personagem principal da narrativa, Raskolnikov, tem no nome uma dica sobre o seu destino: sua raiz em russo remete à ‘dividido’, ‘separado’. Dentro de si cresce um dilema filosófico poderoso. Uma das vozes dentro de si vocifera que a moral serve para o homem de pequeno intelecto, para os covardes. Pois para aqueles que obtêm uma mente mais privilegiada e que estão ‘’acima de Deus’’, é fácil ver como essas ‘’regras’’ são porque são, sem um real fundamento por detrás delas. E quem consegue perceber isso, poderia em tese transcende-las e quebra-las, se tivesse a devida coragem para tal. Pois eis que Raskolnikov se depara com uma situação tentadora para colocar sua teoria moral em prática no decorrer do seu relacionamento com a senhoria que lhe aluga um quarto, além trabalhar com penhores e empréstimos.  Corrupta, ranzinza, gananciosa e mesquinha. Sua própria existência gera um desconforto para quem está ao seu redor. Raskolnikov usa de sua lógica moral para concluir que estaria fazendo um bem ao mundo ao por fim a essa vida e ainda poderia ajudar sua família e a si próprio com os recursos obtidos da velha. O questionamento é direto e claro, nosso personagem pergunta a si se estaria quebrando alguma regra universal que o impediria de cometer o crime que intitula o romance. O argumento racionalista que desdenha as regras e tradições antigas vence e Raskolnikov mata a velha. 

    Entramos então em um novo mundo junto com Raskolnikov. Um inferno criado por si, para si, constantemente perturbador. Vale ressaltar aqui a genialidade de Dostoievski, pois sua escrita nos transporta para esse inferno de forma vívida. Uma agonia e angústia se derrama sobre o personagem e sobre o leitor, tamanho o impacto da narrativa empregada por Dostoiévski

    É recorrente a ruptura que permeia as histórias citadas. Thanos, Walter White, Raskolnikov e Darth Vader são seres transformados por suas ações. Acreditando estarem acima do bem e do mal, desceram ao inferno, de onde poucos conseguem voltar. Essa crença traz consigo uma cegueira intrínseca, pois nenhum deles percebe a tempo qual arquétipo estão representando. Vale dizer que essa é a relação comum que temos com os mitos do dia dia. Conhecemos muitas histórias, umas mais famosas e presentes do que outras, independente disso, estamos fadados a revive-las, reproduzi-las. Foge-se de um arquétipo apenas para cairmos em outro. Rivalidade entre irmãos como Caim e Abel é recorrente em diversas culturas. Ter ciência de tais histórias não impedem irmãos de aturarem esses mitos nas suas buscas por elogios, competitividade, disputas e afins para se provarem como indivíduos. Nesses mitos encontramos a representação de todos os irmãos e irmãs combinados, sobrepostos, resultando em uma narrativa que facilmente encontra conexões com praticamente qualquer pessoa que tenha um irmão/irmã. Isso não quer dizer que viveremos exatamente todos os aspectos narrados no mito, pois como disse, ele não representa apenas a sua história, mas a sua somada a de todo o mundo. É fácil para mim relembrar na infância diversos desses momentos vividos com meu irmão, sem ter (felizmente) chegado ao mesmo final que Caim e Abel. O ponto é que o mito é mais presente em nossas vidas do que damos conta. Ele nasce do nosso próprio comportamento repetido, observado e depois colocado em forma de drama nas histórias. Incontáveis gerações de irmãos na pré-história precederam o conto de Caim e Abel. Romeu e Julieta são outro exemplo, ambos são a personificação da paixão fustigante que acomete casais desde tempos imemoriais.

    Quando as cortinas se fecham

    Por um certo prisma, todos temos livre-arbítrio, por outro, fica difícil separar nossas narrativas das representações arquetípicas que continuamente revivemos.

    O mesmo para os nossos vilões. Ao entrarem no palco como tais, abrem possibilidades para um mundo de mitos que os precederam, quase nunca cientes de qual etapa do seu próprio mito se está vivendo. Talvez nosso maior poder de decisão esteja exatamente aí, quando entramos no palco, quando escolhemos o papel que encenaremos, pois depois disso, seguimos o roteiro já escrito. Porém o mais comum é estarmos já vestidos e caracterizados para o papel sem termos ciência disso e só vamos perceber qual papel estamos encenando quando as cortinas se fecham e as luzes se apagam. Iniciamos ações com escolhas que se ramificam de maneira imprevisível. Um efeito dominó do universo a cada passo dado, onde da sua perspectiva não se consegue nunca ver o seu fim. Olhando para trás tudo fica mais claro e é relativamente simples apontar heróis e vilões. 

    Entretanto, alguns sinais podem ser percebidos enquanto o jogo acontece, pois são estágios que se repetem. Acreditar estar acima de tudo e de todos, se rebelar contra a vida ou com o que representa a essência de algo vivo (árvores, oceanos e no caso de Thanos, planetas), executar sacrifícios desmedidos para se atingir poder ou controle, ter a percepção de quem se tornou nesse processo e finalmente a descida ao inferno. 

    Assim como as etapas na Jornada do Herói, temos o seu contraponto, a sua sombra e consequentemente, seus respectivos estágios. Tomar ciência desses estágios e compreendê-los melhor é possivelmente a nossa melhor ferramenta para identificar qual papel estamos encenando e tentar mudar o curso do filme das nossas vida. Afinal, você não quer descobrir que é o vilão da sua história na derradeira cena final.

  • VortCast 70 | Todo Mundo Gosta… Menos Eu!

    VortCast 70 | Todo Mundo Gosta… Menos Eu!

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Bernardo Mazzei, David Matheus Nunes (@david_matheus), Jackson Good (@jacksgood), Julio Assano Júnior (@Julio_Edita) e Filipe Pereira abrem o coração e revelam os filmes que são amados pelo público e crítica, menos por nós. Venha conosco nessa polêmica e compartilhe sua lista de filmes.

    Duração: 117 min.
    Edição: Julio Assano Júnior
    Trilha Sonora: Julio Assano Júnior
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • Crítica | Star Wars – Episódio IX: A Ascensão Skywalker

    Crítica | Star Wars – Episódio IX: A Ascensão Skywalker

    Não é de hoje que vinha sendo afirmado que Star Wars: A Ascensão Skywalker seria o último filme da saga da família Skywalker iniciada lá em 1977 com Uma Nova Esperança. Após uma bem sucedida trilogia marcada também por O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi, anos mais tarde, o criador da saga, George Lucas resolveu responder as questões e os por quês de seus filmes anteriores serem os episódios IV, V e VI, numa nova e contestadíssima trilogia, ao final dos anos 90, onde nos foi mostrado o nascimento do Império e de seu mais importante membro, Darth Vader. Os resultados dos episódios I, II e III não foi nada satisfatório. Mas os fãs sempre tinham algumas perguntas em mente: o que aconteceu após a derrota do Império? O que aconteceu com Luke Skywalker, Leia Organa e Han Solo? Essas perguntas foram respondidas por meios de livros autorizados por Lucas, mas nunca chegamos a ver nada na tela do cinema. E essa era a vontade de muitos, porém, não era a vontade do cineasta, que ao deixar essa enorme marca na história do cinema, praticamente parou de produzir e criar, se concentrando somente em seu próprio império, a Lucasfilm e a Industrial Light & Magic, além de empresas menores, todas elas praticamente criadas para Star Wars, pois na época, não havia quem fizesse o que estava arquitetado na mente do diretor. Foi então que em 2012, uma bomba foi anunciada: A Disney comprou a Lucasfilm e, junto do anúncio, trouxe consigo o renascimento da franquia com uma nova trilogia com o episódio VII já programado para 2015 e mais, com o aclamado diretor J.J. Abrams na cadeira de direção e o aguardadíssimo retorno de Mark Hamill, Carrie Fisher e Harrison Ford. Muita coisa aconteceu desde o anúncio até aqui. Prazos curtíssimos, roteiros não aprovados, troca do time de roteiristas e troca de diretores. Após um correto filme (mas que deixou a desejar em alguns pontos), como foi O Despertar da Força, o oitavo capítulo, Os Últimos Jedi dividiu os fãs. Rian Johnson ousou muito trazendo uma visão bem peculiar sobre aquele universo e coube a J. J. Abrams retornar à direção com a clara missão de tentar “salvar” a franquia, buscando trazer  para o lado da luz aqueles fãs que ficaram extremamente descontentes com o filme anterior. É esse o propósito de A Ascensão Skywalker.

    Ao término de Os Últimos Jedi, podemos perceber que a Primeira Ordem dizimou quase que de uma vez por todas a Resistência. Não se sabe exatamente quanto tempo e passou da Batalha de Crait para o início do filme, mas a película já se inicia com um sanguinário Kylo Ren (Adam Driver) indo em busca de uma misteriosa e horripilante pista, enquanto Poe Dameron (Oscar Isaac) e Finn (John Boyega) estão numa perigosa missão para conseguir coletar informações importantíssimas vazadas por um espião infiltrado na Primeira Ordem. Por pouco a missão quase dá errado e Rey (Daisy Ridley) é duramente criticada por Poe, já que ela preferiu ficar em terra em treinamento Jedi sob os olhos da General Leia (Carrie Fisher). Rey está afobada, com sérios problemas de foco, o que interfere diretamente em seu treinamento e no seu julgamento por todo o transcorrer da fita, sendo que as informações coletadas são profundamente aterrorizantes, pois mostram um plano para um retorno triunfal do Império e a destruição de toda a galáxia.

    O Despertar da Força e Os Últimos Jedi tiveram tempo suficiente para trabalhar o desenvolvimento do trio principal e isso não acontece no novo episódio da saga, uma vez que o filme já começa frenético e urgente, sem tempo para que o expectador tenha uma pausa para respirar, até mesmo porque, com o perdão do trocadilho, os momentos de respiro são de tirar o fôlego. A propósito, algumas das teorias apresentadas são verdadeiras, contudo, acontecem de uma maneira diferente que aquele que assiste espera, deixando A Ascensão Skywalker com aquela impressão de ser um filme que busca o sorriso (e o choro) a cada momento.

    O filme é bem diferente de seus antecessores e muito mais em relação ao anterior, principalmente no que diz respeito ao tom e à fotografia. “Skywalker” é um filme bem mais colorido e leve, com vários momentos de humor e, curiosamente, equilibra bem com o contraste da violência, já que, talvez, seja o filme mais violento da franquia. Como dito no início deste texto, Os Últimos Jedi se desviou muito do “caminho” que a franquia costuma percorrer e aqui nos é mostrado as claras intenções de corrigir o curso e muitas vezes chega a soar forçado, sendo que em outras, parece que o filme é um gigante boneco de vodu de Rian Johnson, onde ele é alfinetado vez ou outra. Mas é importante deixar claro que não estraga em momento algum a experiência, e o sentimento, sinceramente, é de sorrir de maneira sádica ao experienciar certas situações lá apresentadas. Importante destacar que Abrams busca corrigir até seus próprios erros cometidos em O Despertar da Força.

    É interessante como J. J. Abrams e Chris Terrio, ao escreverem o filme, se preocuparam em fazer uma história em que o quarteto principal (Rey, Ren, Finn e Poe) seja o destaque. Se o fã tomar a consciência de que o filme é deles e não de Han, Luke e Leia, as coisas fluem com muito mais leveza. Tanto é verdade que, embora tardiamente, se trata da primeira aventura onde Rey, Finn e Poe aparecem em tela ao mesmo tempo, já que Rey só havia conhecido Poe ao final do filme anterior e junto deles estão novos personagens como Zorii Bliss, vivida por Keri Russel e Jannah, vivida por Naomie Ackie. Os droides que ficaram bastante sumidos tiveram participações significativas, principalmente quando se trata de C-3PO, brilhantemente vivido por Anthony Daniels, o único a gravar todos os filmes. Podemos sentir que A Ascensão Skywalker passa a ter novamente aquele aspecto familiar de amigos que se unem na batalha do bem contra o mal, algo que ficou bem definido e muito elogiado na trilogia original. O resgate desse sentimento é extremamente satisfatório.

    É inegável que o filme ainda divide opiniões, principalmente com relação à ameaça do Imperador Palpatine (Ian McDiarmid), em sua presença real e assustadora e os rumos tomados pelos personagens, principalmente o caminho de Rey e Kylo Ren, cuja química estabelecida no filme anterior continua sendo bastante explorada, mas de uma maneira que pode fazer com que o fã mais hardcore não aprecie, mas a questão é que o filme é desenvolvido em terreno seguro, sendo totalmente burocrático e em algumas vezes se espelhando em Vingadores: Ultimato.

    Diversos tipos de emoções definem Star Wars: A Ascensão Skywalker. Um filme que não só fecha a saga da família Skywalker, mas coloca um ponto final, fechando um capítulo importantíssimo na história do cinema e na história da cultura pop mundial. Obviamente a Disney tem planos ambiciosos para a franquia, como o já bem sucedido The Mandalorian, além de projetos futuros como a série de Obi-Wan Kenobi, que será protagonizada por Ewan McGregor, além de novas trilogias de longas metragens que devem focar em épocas como a da Velha República. Star Wars cresceu tanto que quase foi vítima de seu próprio crescimento e a nova trilogia, mesmo dentro de suas próprias limitações, nos permite agradecer e dizer “obrigado” por tudo isso ter existido.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

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  • O que esperar de Star Wars: A Ascensão Skywalker

    O que esperar de Star Wars: A Ascensão Skywalker

    Queridos amigos e fãs de todo o mundo, a espera acabou. Nosso país terá o privilégio de poder assistir Star Wars: A Ascenção Skywalker. Chegando por aqui em 19 de dezembro desta semana, o nono capítulo da maior franquia da história do cinema chegará ao seu fim depois de muita ação, batalhas espaciais, reviravoltas e também muitos pontos controvertidos, e nem estou falando da trilogia prequel e sim do penúltimo capítulo da saga, o polêmico Os Últimos Jedi, que dividiu os fãs ao meio, deixando muita gente desacreditada quanto à conclusão da saga. Mas sempre temos aqueles otimistas que confiam cegamente que o diretor J.J. Abrams possa dar um final digno à uma história criada por George Lucas, lá em 1977.

    De maneira estranha, a expectativa para o Episódio IX é altíssima, contudo, os fãs da franquia já sabem que existe a possibilidade do final não ser como todo mundo espera, como por exemplo como ocorreu e Vingadores: Ultimato que, apesar de duas baixas pesadas, foi algo muito mais que bonito ou épico e sim, justo.

    Falaremos disso mais para frente, depois que o filme for digerido pela maioria das pessoas, mas esse que vos escreve acredita que O Despertar da Força já trilhou um caminho que não deveria trilhar, mas uma vez que esse caminho começou a ser percorrido, não havia como voltar atrás, não com o que Rian Johnson fez em Os Últimos Jedi. O cineasta optou por trazer sua própria visão para a história de Luke Skywalker, recebendo críticas de Mark Hamill (que sempre que tem a oportunidade fala a respeito) e mais recentemente do ator John Boyega, responsável por dar vida a Finn. Assim, sobrou para J.J Abrams dar um final digno a história.

    Nós do Vortex optamos por não nos inteirar com relação às teorias e a história do filme, mas, de qualquer forma, alguma das teorias trazidas aqui por nosso time de redatores podem não fugir do óbvio. Então vamos a elas.

    A HISTÓRIA

    Acredita-se que o começo de A Ascenção Skywalker será uma espécie da caça ao tesouro, onde Rey (Daisy Ridley) e Kylo Ren (Adam Driver) estarão em busca de algo que poderá mudar a história da galáxia. Ren deverá ir atrás deste artefato para ter poder absoluto, enquanto a jovem Jedi (ou aprendiz) tentará impedir que o artefato caia nas mãos erradas.

    Vale destacar que esta é a primeira empreitada que Rey, Finn e Poe (Oscar Isaac) estão juntos, já que até agora, o trio principal nunca foi visto juntos numa aventura.

    Essa corrida contra o tempo, colocam os dróides com tempo suficiente em tela e ainda traz novos personagens como Zorii Bliss (Keri Russel) e Jannah, vivida por Naomi Ackie e o retorno de Billy Dee Williams como o homem mais charmoso da galáxia, Lando Calrissian, cuja participação se tornou obrigatória após a morte de Carrie Fischer e da união de Luke Skywalker à Força.

    Por algum motivo que ainda desconhecemos, teremos o aguardado retorno do Imperador Palpatine (Ian McDiarmid), que voltará em grade estilo, liderando uma massiva armada de cruzadores imperiais, com um exército de dar inveja a qualquer um. Com isso, é pouco provável que às antigas naves que aparecem nos trailers sejam descobertas e usadas pelos Rebeldes, como antes se acreditava. Ainda não se sabe se Palpatine estará independente, buscando retomar o controle da galáxia, inclusive acabando com a Primeira Ordem, ou se eles serão aliados.

    Porém, são as atitudes de Palpatine que devem fazer com que Kylo Ren siga os passos de seu avô e retorne para o Lado da Luz, primeiro para salvar Rey e segundo para destruir o maléfico lorde Sith de uma vez por todas. Inclusive, existe a possibilidade deste filme ser mais sobre Kylo Ren do que sobre Rey, cuja jornada, definitivamente será amparada por Luke Skywalker, como fantasma da força.

    RESPOSTAS

    Star Wars: A Ascensão Skywalker deve trazer muitas respostas e sem dúvida, a que mais atiça a curiosidade dos fãs é sobre o parentesco de Rey. Afinal ela é uma Skywalker? Uma Kenobi? Um clone de Anakin Skywalker? Existe a enorme possibilidade de Rey, assim como Kylo Ren já afirmou, ser uma ninguém, uma órfã, abandonada em Jakku. Mas a possibilidade dela ser descendente de Obi-Wan Kenobi é praticamente nula, assim como dela ser uma Skywalker (pelo menos até o final do filme). Uma das teorias mais loucas a respeito, como dito acima, é a da jovem ser um clone de Anakin Skywalker. Ora, em O Ataque dos Clones tomamos conhecimento do maior exército já visto em Star Wars, sendo que, em A Vingança dos Sith, é comprovado que o grandioso exército fez parte de um ambicioso plano de Palpatine para tomar o poder e ainda levou consigo o Jedi mais poderoso da galáxia. Já está comprovado que o exército de cruzadores estará a mando do lorde Sith, devendo ser demonstrado como um plano para um futuro que chegou. Faz bastante sentido ele ter alguém ao seu lado para liderar este novo golpe e esse alguém, poderá ser muito bem Rey (sendo clone ou não).

    MORTES

    Também é possível que tenhamos que nos despedir de personagens queridos, como Chewie (Joonas Suotamo) ou C3PO (Anthony Daniels). O gigante wookie sobreviveu às Guerras Clônicas, foi resgatado por Han Solo e junto de seu amigo ajudou a derrotar o Império. Com a morte de seu querido parceiro, talvez não haja mais nada para ele neste plano, se a hora requerer algum sacrifício de sua parte.

    Embora as imagens dos trailers mostram que C3PO está olhando seus amigos pela última vez, não acho que ele vá morrer ou ser destruído. Em algum momento do filme, talvez seja necessária uma troca de protocolo que talvez faça com que “Threepio” tenha toda sua memória apagada ao voltar ao normal. Obviamente isso o fará esquecer de tudo que passou com seu amigo R2-D2 desde que se lançaram numa cápsula de sobrevivência em Um Nova Esperança, em busca da ajuda de Obi Wan Kenobi

    PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

    J,J. Abrams tem a missão de agradar os fãs da saga. Então é muito provável que o filme traga rostos conhecidos do público e as participações não devem se contentar somente com o retorno de Luke e Lando. Yoda deve aparecer, assim como Obi-Wan (vivido por Ewan McGregor) e por que não, Anakin Skywalker (vivido novamente por Hayden Christensen)?

    E eu não falo tão somente de personagens dos filmes. Os fãs do universo expandido também terão seus egos inflados, uma vez que já vimos a nave Fantasma de Star Wars: Rebels escoltando a Millennium Falcon para a batalha final. Se a Fantasma está lá, quem a estará pilotando? Assim, é possível que veremos ainda que brevemente algum querido personagem do elenco de Rebels.

    Além disso, devemos ter atores conhecidos vestindo o manto dos Stormtroopers, assim como Daniel Craig, que gravou uma cena com Daisy Ridley em O Despertar da Força e Tom Hardy, juntamente com os príncipes William e Harry, que tiveram suas participações cortadas da edição final de Os Últimos Jedi. Fica aqui uma curiosidade: William e Harry foram cortados por causa da altura de William que era superior à altura padrão dos soldados.

    UM FINAL GRANDIOSO

    O final de A Ascensão Skywalker deve ser grandioso, primeiro por conta da batalha final que deve se assemelhar em escopo à batalha de O Retorno de Jedi ou, ainda mais, como a batalha de Coruscant, no início de A Vingança dos Sith.

    Mas as suas últimas cenas deverão arrancar lágrimas dos fãs.

    O cineasta Kevin Smith (um fanático por cultura pop e Star Wars) passou um dia num dos sets de A Ascensão Skywalker e acompanhou as gravações da famosa cena envolvendo C3PO. Ele disse recentemente que, nesse dia, pessoas da produção falaram para ele de um set de filmagens secreto, um set que estava sendo escondido até de outras pessoas envolvidas na produção. Ao questionar J.J. Abrams sobre o set, o diretor, inicialmente, proibiu que Smith visitasse o local, mas em seguida, concordou com a visita, porém, fazendo uma ressalva: Abrams disse a Smith que o set era o da última cena do filme e que algo especial havia sido preparado. Prontamente Smith desistiu de visitar o local.

    Então é isso, pessoal. Star Wars: A Ascensão Skywalker chega aos cinemas brasileiros em 19/12/2019.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

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  • Resenha | Star Wars: Estrelas Perdidas – Claudia Gray

    Resenha | Star Wars: Estrelas Perdidas – Claudia Gray

    Durante a época pré lançamento de Star Wars: O Despertar da Força, muitos livros foram lançados, licenciados pela Disney, com o selo Jornada Para o Despertar da Força. Esses, causavam um alvoroço tremendo, por aparentemente contarem a historia que se passou pós O Retorno de Jedi até o famigerado Episódio 7, mas a maioria enganava demais nesse sentido, contando pouco ou praticamente nada após esses eventos. Pois bem, Estrelas Perdidas é uma das exceções a regra acima citada, é um romance lançado no Brasil pela Editora Seguinte e traz uma historia juvenil, para o famigerado público Young Adult, com uma historia de amor melosa e que leva em conta o cenário de fundo de Guerra nas Estrelas.

    Claudia Gray é uma escritora gabaritada. Do novo Universo Expandido canônico, seu livro Legado de Sangue é bem elogiado, por mostrar a Senadora Leia Organa tentando lidar com a chamada Nova República. Aqui, são apresentados dois personagens de Jelucan, ainda crianças. Thane Kyrrel e Ciena Ree vivem nesse planeta na orla exterior, um lugar que a República mal assistia e que o recém empossado Império dá uma certa atenção. Neste ponto mora uma das riquezas da literatura, ao mostrar que o poderio imperial autoritário dava mais atenção a planetas distantes de Coruscant do que o antigo regime democrático.

    Aqui, a oposição ao Império é praticamente inexiste, e muitos exemplos disso são dados. Thane e Ciena ingressam na Academia Imperial com direito até a participação de um personagem clássico. Isso é curioso, pois a historia dos dois se confunde com o passado do governador e moff, tema esse o centro da historia de Tarkin de James Lusceno, que explora um pouco do passado interiorano do servo fiel do Império e antigo líder militar da República.

    Quanto a narrativa, não há muito o que reclamar, Gray escreve bem e ao menos no início o desenrolar de fatos é bem divertido. Mostra-se bem os bastidores e não demora a apresentar personagens clássicos, aliás contando com tantas aparições que soa forçado as vezes. O problema é da metade para o fim, enquanto os eventos de Uma Nova Esperança ocorrem, não se desata tanto o enlace sentimental dos protagonistas, mas após isso, quanto se aproxima o período de O Império Contra Ataca tudo fica meloso e enfadonho demais.

    A tradução do livro fica a cabo de Fabio Fernandes, o mesmo que fez um bom trabalho com o livro Legends Kenobi. Não fosse a boa adaptação de termos, ficaria ainda mais difícil terminar a leitura desse. Enquanto não perde tempo desenvolvendo um romance que pouco importa  para quem é fã da trilogia clássica, detalhes burocráticos são expostos, como o quão curta  é a carreira militar, com apenas três anos de treino acadêmico e uma carreira militar de meia década.

    Entre prólogo e capitulo 1 passam-se cinco anos, e Thane já é claramente apaixonado por Ciena, e isso é um pouco dado. O desenrolar desse apego é descrito pouco depois, e a evolução mostrada ano a ano faz entendiar. O foco narrativo é o sentimentalismo tacanho e barato, aludindo vez ou outra para o vasto universo criado por George Lucas, mas sempre deixando este em segundo plano. Ao menos, não se demora a discutir a política da galaxia, e a argumentar que do ponto de vista dos alistados, o Império pôs ordem e honestidade na galáxia enquanto o senado da antiga república era, ao menos no que se fala e repercute, composto por muitos alvos desonestos.

    Há aparições legais, como a Tantine IV, nave de Leia que lança R2 e C3PO para Tatooine, conversas com Mon Mothma (momento esse bem vergonhoso), Mesmo participações como a do Almirante Ackbar são banalizadas, pois cada bom momento desses personagens clássicos rivaliza com dois ou três momentos adocicados, como se o casal, que já é uma espécie de Romeu e Julieta do espaço,  fosse uma espécie de Forrest Gump duplicado em uma Space Opera.

    A questão  mais positiva do livro, é o detalhamento sobre o treinamento dos imperiais e sua rotina de perseguição aos rebeldes. Tanto Ciena quanto Thane parecem mesmo estar na elite entre os pilotos que passaram para a academia, mas mesmo essa boa urdição dá lugar um melodrama desnecessário, que só valoriza o quanto os dois personagens se enxergam como almas gêmeas.

    Quando Ciena vê o Imperador ela se assusta com sua aparência, achando ele grotesco, ao contrario das imagens veiculadas de Palpatine publicamente. Os hologramas do líder imperial eram falsos, e isso dá uma boa dimensão dos meandros e ardis da política de Star Wars, não tão distante do que se vê  em países emergentes ou desenvolvido na Terra atual.

    Claramente Estrelas Perdidas só funciona como boa introdução para o leitor ávido por romances água com açúcar, exceção talvez ao se final, que vislumbra um pouco da organização dos resquícios do Império e como  eles combatiam a República e mais tarde, a Resistência, inclusive aludindo a batalha de Jakku, mas ainda assim, se reduz até esse confronto a algo pessoal e hiper emotivo, o que é uma pena, pois mesmo sem ter um final feliz, o livro precisa lançar mão dos clichês impostos por seu formato literário, e pouco  acrescenta para quem quer saber das tramas principais que envolvem a galáxia de Star Wars.

    Compre: Star Wars: Estrelas Perdidas – Claudia Gray.

     

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  • Star Wars: A Ascensão Skywalker | Comentários Sobre o Trailer Final

    Star Wars: A Ascensão Skywalker | Comentários Sobre o Trailer Final

    E o trailer final de Star Wars: A Ascensão Skywalker, o nono capítulo da maior franquia da história do cinema, finalmente foi ao ar.

    O trailer vinha sendo aguardado com ansiedade pelos fãs após o bombástico teaser especial lançado durante a D-23 deste ano, que trazia uma imagem de Rey usando roupas pretas e portando um sabre de luz duplo de cores vermelhas.

    A expectativa era que esse trailer final mostrasse mais dessa Rey do Lado Negro, ou que de fato, Palpatine desse finalmente as caras.

    Mas, não foi isso o que aconteceu. De qualquer forma, o último trailer da saga que conta a história da família Skywalker foi lindo.

    Logo no início das imagens vemos Rey (Daisy Ridley), deixando no chão um capacete enquanto corre por uma floresta e um droid tenta alvejar suas costas, sem sucesso. O capacete e o droid são muito semelhantes aos usados por Luke no início de seu treinamento. Pelas imagens, podemos perceber que a jovem aprendiz já domina a Força consideravelmente. Chama a atenção uma faixa vermelha que ela usa numa das mãos. Essa faixa já havia sido mostrada no trailer anterior.

    Enquanto ouvimos a voz de Finn, dizendo que “é um instinto, uma sensação” e que a Força os reuniu, vemos Rey dentro de uns escombros, muito semelhantes ao destroyer imperial de Jakku em O Despertar da Força. Muito provável que este seja o interior da segunda Estrela da Morte. Vemos também o próprio Finn (John Boyega) num planeta desértico.

    A imagem corta para uma reunião que provavelmente acontece numa base dos rebeldes que deve ser durante uma pré-batalha, talvez a batalha mais importante do filme. Nesta cena, vemos Lando Calrissian (vivido novamente por Billy Dee Williams), Poe Dameron (Oscar Isaac) e C-3PO (Anthony Daniels) e muitos outros personagens, distribuídos entre pilotos e aparentemente civis. As imagens são rápidas e enquanto ouvimos a voz de Poe, dizendo que eles não estão sozinhos e que as pessoas lutarão se eles as liderarem, podemos ver a primeira aparição de Rose (Kelly Marie Tran), que aparece junto do personagem vivido por Dominic Monaghan, e vemos também, no planeta floresta a nave Tantive IV, além de Chewie (Joonas Suotamo), Poe e Finn, junto de uma X-Wing.

    Vemos novamente um novo trecho de Rey do lado de fora dos escombros da Estrela da Morte, com seu sabre de luz em punho aguardando ansiosamente para batalha, quando vemos pela primeira vez Kylo Ren (Adam Driver) saindo de dentro de uma onda que acabou de quebrar. As belas imagens são embaladas pela voz de Rey dizendo que as pessoas dizem que a conhecem, mas que na verdade, ninguém a conhece, para em seguida a voz de Ren proferir que ele a conhece. Essas falas mexeram com o público, não porque existe a possibilidade dos dois ficarem juntos, mas porque talvez seja do momento de uma possível redenção de Ben Solo em tentar salvar Rey, algo que será abordado em outro texto.

    Aí começam a surgir as novidades, como vários caças Tie se dirigindo a uma monstruosa base que parece que fica em um enorme iceberg. A imagem do gelo refletindo na água é maravilhosa, um grande trono de pedra com vários tentáculos, muito semelhante à tiara usada pelo Máscara da Morte, Cavaleiro de Câncer, de Os Cavaleiros do Zodíaco, e um antigo destroyer imperial saindo de dentro da água. A julgar pelo excesso de raios em tela, tanto pelas claridades na sala do trono, quanto pelas imagens do destroyer, é muito possível que seja o mesmo local onde a base iceberg se encontra. Ouvimos também pela primeira vez a maléfica voz de Palpatine (Ian McDiarmid), que diz que esperou muito tempo e que agora essa união será a destruição. Enquanto ouvimos Palpatine, vemos outras imagens como a Millennium Falcon se juntando e liderando uma gigantesca armada, onde podemos ver naves dos mais diferentes modelos, como naves da antiga Aliança Rebelde, naves separatistas, dentre muitas outras, inclusive a Fantasma, de Star Wars: Rebels, que aparece claramente ao lado da Falcon, pronta para a batalha. A nave que anteriormente havia aparecido como um easter egg de Rogue One, finalmente deu as caras e aumentou consideravelmente a possibilidade de vermos na tela grande, mesmo que por alguns segundos, seus integrantes.

    Depois um momento de partir o coração e que levou a maior dos fãs às lágrimas. C-3PO está sofrendo uma manutenção na região de sua cabeça. Ao ser perguntando por Poe o que ele está fazendo, o robô diz que está olhando para seus amigos pela última vez. Rey, e Finn também estão em cena e todos com cara de tristeza. É muito provável que, por algum motivo “Threepio” precisa alterar seu protocolo diplomático, o que justificaria seus olhos vermelhos mostrados no teaser anterior. Na cena, também vemos pela primeira vez a personagem de Keri Russel, a mascarada Zorri Bliss.

    A trilha sonora maravilhosa explode em tela e vemos mais e mais cenas épicas, como Chewie, Finn e Poe dizimando Stormtroopers, um caloroso abraço de Leia (Carrie Fisher) em Rey, enquanto ouvimos Luke Skywalker dizendo que enfrentar o medo é o destino de um Jedi. Vemos Lando comandando a Falcon ao lado de Chewie, além de trechos da enorme batalha que deve ser tão épica quanto à batalha de Coruscant, em A Vingança dos Sith. Sobre a batalha, como dito anteriormente, poderemos matar a saudade de diversas naves da trilogia clássica, já que veremos Y-Wings, B-Wings, entre outras em tela.

    A imagem corta para Rey e Kylo Ren na sala do trono do Imperador mostrada em O Retorno de Jedi, onde Luke enfrenta Darth Vader, vemos também, numa espécie de contraste os mesmos personagens destruindo um artefato, que provavelmente é o totem onde Kylo Ren mantém o capacete de Vader. Na verdade, não se sabe se eles destruíram o artefato juntos ou se foi Rey, enquanto Ren tentava proteger o totem. Curiosamente, é possível ver Rey empunhando uma adaga em sua outra mão. E vemos também um relance de Palpatine que parece se movimentar em alguma cadeira flutuante em direção à Rey, enquanto novamente ouvimos Luke dizer “a Força estará com você”, enquanto Leia completa com um “sempre”.

    O trailer cumpriu o seu papel: é lindo. O curioso é que mostra tudo, mas, em contrapartida, não mostra nada. As imagens que vemos ali, acabam por colocar uma pá de cal em algumas teorias, mas atiçam a curiosidade dos fãs sobre como será esse desfecho, algo que discutiremos em breve aqui no Vortex Cultural.

    Só sabemos que será grandioso. A impressão que o trailer deixou é que Star Wars: A Ascensão Skywalker será visualmente muito bonito e épico, no sentido de escala. Tudo parece ser enorme, com bastante informação em tela.

    O filme estreia no Brasil em 19/12/2019 e os ingressos já estão à venda.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Star Wars: A Ascensão Skywalker | Comentários do Novo Teaser Trailer

    Star Wars: A Ascensão Skywalker | Comentários do Novo Teaser Trailer

    A semana dos dias 20 a 25 de agosto foi cheio de surpresas para os fãs da cultura pop. Mais precisamente para os fãs da Disney, a realização da D23 deste ano de 2019, em Anaheim, deixará um marco na história da convenção. Englobando todas as empresas da gigante casa das ideias, a convenção praticamente marcou a estreia do ambicioso serviço de streaming da Disney, o Disney+, trazendo muitas novidades (muitas mesmo) do que estará por vir, principalmente quando se trata de produções da própria Disney, além da Marvel a, obviamente, da Lucasfilm.

    Sem dúvida, o momento mais aguardado era o painel de Star Wars: A Ascensão Skywalker, o nono e último capítulo da franquia. Se durante a Star Wars Celebration, realizada em maio, nos foi mostrado o primeiro teaser do filme, a esperança aqui era que o primeiro trailer completo fosse apresentado. Após a produtora e atual presidente da Lucasfilm, Kathleen Kennedy, e o diretor J. J. Abrams darem às boas vindas ao elenco do filme, o que os fãs viram foi um trailer que não tinha nome de trailer propriamente dito, mas sim um “material especial” para os fãs ali presentes. O material foi lançado oficialmente dois dias depois e deixou a internet atônita, como vem sendo feito em todos os trailers lançados desde O Despertar da Força.

    Embora tenhamos aproximadamente dois minutos e treze segundos de imagens, praticamente metade delas são de material inédito. No começo da fita vemos imagens marcantes de toda a história da saga da família Skywalker, desde A Ameaça Fantasma até Os Últimos Jedi. Importante destacar que o trailer respeita a ordem de lançamento dos filmes e não a ordem cronológica da história e novamente ouvimos a fala de Luke Skywalker (Mark Hamill) que diz “passamos adiante tudo que sabemos. Mil gerações vivem em você agora. Mas esta é a sua luta.”

    As imagens inéditas começam com Rey (Daisy Ridley), Finn (John Boyega), Poe Dameron (Oscar Isaac), Chewbacca (Joonas Suotamo) e C-3PO (Anthony Daniels), num planeta desértico observando uma cidade que parece estar comemorando algum tipo de carnaval. Os figurinos de Rey pouco mudaram desde o usado em O Despertar da Força, mas de Finn e Poe Dameron parecem muito bem trajados para uma aventura estilo Indiana Jones, principalmente Poe que parece que saiu direto do jogo Uncharted. Rapidamente temos a General Leia (Carrie Fischer), lembrando que esta é a última vez que a veremos a atriz em tela, sendo que sua participação foi feita por imagens descartadas dos outros filmes, já que infelizmente, Carrie Fisher nos deixou após terminar sua participação nas filmagens de Os Últimos Jedi.

    O trailer continua com uma bela imagem de diversas naves rebeldes pairando no ar pós velocidade da luz e vemos, também uma infinidade de cruzadores imperiais preparados para batalha. A quantidade é tão grande que chega a lembrar a armada de Agamenom, em Tróia. Observando os cruzadores, está Finn juntamente com Jannah, a nova personagem vivida por Naomi Ackie. Após vemos C-3PO com olhos vermelhos e um tipo de raio destruindo o que pode ser parte do planeta desértico do começo do trailer, para então vermos Rey praticando com o sabre de luz de Luke restaurado e Kylo Ren (Adam Driver) saindo furioso de sua nave, empunhando também sua arma. Vale destacar que as imagens não possuem nenhuma relação, porém vemos uma linda imagem dos dois duelando violentamente em cima de uma peça que provavelmente faz parte dos destroços da Estrela da Morte mostrada no primeiro teaser. Enquanto essas últimas cenas enchem os olhos dos espectadores, ouvimos a voz do Imperador Palpatine (Ian McDiamird) que diz “a sua jornada está próxima do fim”. A tela fica totalmente preta para logo então revelar uma maligna Rey, toda trajada de preto, empunhando um sabre de luz de lâmina dupla na cor vermelha, semelhante ao usado por Darth Maul.

    Obviamente, o destaque do trailer ficou por conta de Rey possivelmente flertando com o Lado Negro da Força e isso sugere o que pode ser parte da trama do novo filme, que poderá retratar a queda de Rey e a ascensão de Ben Skywalker, algo que será discutido no texto sobre as expectativas sobre o filme, dias antes do lançamento. Mas também, outras coisas chamaram bastante a atenção. A festa mencionada no início deste texto sugere que possa estar sendo realizada por Maz Kanata, já que o retorno de Lupita Nyong’o está confirmado. A quantidade de naves da Aliança Rebelde é significativa se levarmos em conta que a rebelião foi praticamente extinta no filme anterior. A imagem dos milhares de cruzadores imperiais no meio a uma tempestade de raios é incrível e pode se tratar somente de um desfile militar sob a liderança do General Hux (Domhnall Gleeson), que até agora não apareceu em uma imagem sequer. Os olhos vermelhos de C-3PO pode não ter siginificado algum, uma vez que o robô vem sofrendo trocas de peças constantemente e ele pode estar acordando justamente do procedimento em que seus olhos foram trocados após ser ferido em batalha.

    Aliás, vários personagens confirmados ainda não deram as suas caras. Luke Skywalker e Palpatine, provavelmente são aqueles que causam as maiores expectativas, além deles e de Maz Kanata, não vimos ainda Rose (Kelly Marie Tran) e a nova personagem vivida por Kerri Russel.

    Star Wars: A Ascensão Skywalker chega ao Brasil em 19 de dezembro de 2019.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Resenha | Darth Vader: Fim dos Jogos

    Resenha | Darth Vader: Fim dos Jogos

    Darth Vader: Fim dos Jogos começa imediatamente após os eventos de Darth Vader: Guerra de Shu-Torun, após Vader encontrar o oficial Tanoth, em uma conversa bastante expositiva. Fato é que mesmo que o desempenho da revista não seja positivo, o run do roteirista Kieron Gillen tem um apego a cronologia bem maior do que é visto nos textos de Jason Aaron em Star Wars.

    Os desenhos continuam com Salvador Larroca e o protagonista da revista divide os holofotes com o retorno da Doutora Aphra, que volta a interagir com Triplo Zero e Beetee, ou 000 e B1-T1, os androides que funcionam como espelho mal de C-3PO e R2-D2. Vader voltou a cair nas graças do Imperador, e recebe como missão de capturar seu antigo rival, o Dr. Cylo, o mesmo que trabalha com próteses robóticas e que ajudou a montar os suportes de vida de sua armadura.

    Quando se começa a ler a revista não há clarividência sobre a quais jogos que o titulo se refere e uma das possibilidades certamente é o jogo de gato e rato que ocorre na disputa entre Cylo e o lord sith, e o suspense estabelecido ali é bem idealizado. Quando a revista parece estar tomando um rumo diferente dos arcos mais antigos, há uma interferência, que faz referencia clara ao Episódio 3, e ver os momentos importantes de A Vingança dos Sith pelo traço de Larroca é um bocado estranho, sem falar que os que foram escolhidos, foram pessimamente mal filmados por George Lucas e pateticamente mal retratado aqui.

    Outro aspecto grotesco é a Frota Baleia de Cylo. Sem auxílio visual é difícil de descrever além do óbvio, sendo literalmente um “cardume” de animais marinhos enormes, paramentados com armaduras espaciais passeando pelo espaço, sem qualquer lógica nesse transito. As inteirações no final não fazem muito sentido, em especial em Darth Vader #25, o último número deste volume, as conversas entre o protagonista, Aphra e o Imperador soam estranhas, mas no final, os rumos do Império são bem encaminhados, inclusive sobre o comando do Star Destroyer Executor.

    Vader já  se torna o assassino a sangue frio de Império Contra Ataca, munido do Almirante Ozzell – feito no Episódio V por Michael Sheard – que estaria ao lado do recém promovido Sith, que agora era uma espécie de segundo em comando. Fim dos Jogos tenta soar épico, no sentido de mostrar o triunfo do personagem principal, mas é um bocado covarde nos rumos dos personagens mais carismáticos, basicamente para ter mais espaço para desenvolver historias e spin offs desses mesmos personagens. Infelizmente essas revistas do novo cânone tem um aspecto bem parecido com os filmes da Marvel e no pior sentido possível, de não se resolver bem em si, precisando sempre de acessórios e de ganchos sensacionalistas para funcionar e para gerar expectativas nos leitores, e isso é uma pena, para dizer o mínimo.

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  • Resenha | Star Wars: Prisão Rebelde

    Resenha | Star Wars: Prisão Rebelde

    O segundo arco do ano 2 da reavista Marvel Star Wars chama-se  Prisão Rebelde começa mostrando a bela Dra. Aphra presa pelos heróis rebeldes, ela que já tinha sido introduzida no primeiro ano de Darth Vader. Ao tentar fugir ela é detida por Leia e Sana Starros (introduzida no ano um de Star Wars, como ex caso de Han Solo). É bem engraçado o modo que Han usa para ganhar dinheiro, apostando os  poucos créditos da Rebelião  em uma mesa de Sabacc, diferente da versão antiga do Universo Expandido. Solo continua um canalha aproveitador e trambiqueiro,  e isso casa demais com a versão que Harrison Ford compôs para ele como cafajeste/canalha convicto.

    Os desenhos de Leinil Yu lembram demais os traços dos atores originais, e esse sem dúvida é o aspecto mais positivo e digno de nota da HQ. Outro fator legal é a dupla Sana e Leia, duas personagens que tem uma inteiração bem fluída e natural, como uma dupla de tiras cuja tensão racial é o principal mote, alias, Han e Luke também temm uma boa inteiração, com o jovem aprendiz da Força pilotando a Milenium Falcon sob o olhar atento de Solo, com esse sendo quase como um tutor do jovem Skywalker, o carinho que o caçador que Ford faz parece ter pelo personagem de Mark Hammil é bem viva aqui.

    A questão é que a aventura é bastante episódica, o mais rico dessa história são algumas inteirações e talvez isso seja positivo. O leitor que for pegar essa série, achando encontrar algo extraordinário, não achará. Em determinado ponto, aparece um vilão chamado Eneb Ray, um vilão deformado introduzido o Anual. Isso dá a revista a sensação clara de que esta é uma série em quadrinhos, pois como nas historias comuns e mensais da Marvel e DC, os vilões voltam, com planos mais mirabolantes e com existencias ainda mais miseráveis.

    A revista Anual número 1 introduz o personagem citado como um um espião rebelde no Império, que usava o nome Tharius Demo. A história é bem genérica, mas tem alguns bons momentos, como o encontro de Eneb com o Imperador, que mesmo sentado parece um vilão poderoso e amedrontador. É uma pena que ele lembre mais o Darth Sidious de Vingança dos Sith do que com o Imperador de Retorno de Jedi. A historia tem arte de Kieron Gillen e desenhos de Angel Unzueta.

    Já o Anual 2 (que não está no encadernado mas é importante falar um pouco sobre ela) é escrita por uma mulher Kelly Thompson, é focada na Leia Organa, e dedicado a Carrie Fisher, e é feita por, desenhada por Emilio Laiso, colorizada por Rachelle Rosenberg. É engraçado como a Leia de Laslo lembra a que Terry Dodson, que desenho a mini Princesa Leia. A personagem Pash Davane é sexualizada, visualmente interessante, mas não acrescenta quase nada na história. Sua relação com a senadora rebelde poderia ser melhor desenvolvida, mas perde para a vista com Sana Starros. Nem a tensão sexual das duas funciona, até porque fica claro que não seria levada para frente por conta dos rumos amorosos da heroína com o caçador de recompensar coreliano. Essa versão em quadrinhos de Star Wars da Marvel funcionaria de fato bem melhor caso não viesse com uma mega pretensão embutida em si, mas se o fã de quadrinhos ou aficionado na obra de George Lucas vier sem grandes expectativas, certamente poderá gostar um ou outro conceito da revista.

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  • Resenha | Star Wars: O Diário do Velho Ben Kenobi

    Resenha | Star Wars: O Diário do Velho Ben Kenobi

    Em 2016 a revista mensal de Star Wars continuava de vento em popa, com boas vendas e histórias conduzidas por artistas renomados, e por mais que não haja tanta interferência na área cinza entre os filmes, que quase não existe  historia – a compreender entre Retorno de Jedi e O Despertar da Força – essa revista e as de Darth Vader são as que mais acrescentam eventos canônicos, mais até que os livros.

    A primeira história do ano 2 de Star Wars inédita só ocorre no número 15, antes disso as histórias fazem parte do crossover A Queda de Vader. Esta é uma história do diário do Velho Ben Kenobi, em Tatooine, observando o jovem Luke Skywalker brincando com os pequenos speeders, acompanhado claro de Biggs Darklighter, que futuramente se torna piloto da Aliança Rebelde. Jason Aaron ainda se mantém nos roteiros e essa é desenhada por Mike Mayhew.

    Essa história se encaixa entre Vingança dos Sith e Uma Nova Esperança, e é curioso como Obi Wan fica em dúvida sobre o potencial de Luke, se ele seria tão forte na força quanto seu pai, e isso conversa bastante com outras historias do novo cânone, como quando Yoda afirma que preferia que Leia fosse treinada na força e não o garoto, e é difícil não pairar dúvida sobre isso, Kenobi errou antes com o pai, poderia fracassar também com o filho. Da parte narrativa, também vale destacar a paranoia do tio Owen com o jovem, que corre e quase se mata competindo com meninos da mesma idade dele. Aqui, o receio do tio é justificado pela rebeldia do menino, e não por conta do pai dele, que o meio irmão mal conheceu. Talvez a maior diferença, é que Ben diz acreditar que o escolhido seria Luke, e não o pai dele, o que para os fãs da trilogia prequel, é quase pecaminoso.

    Mayhew tem um traço característico demais, suas imagens soam muito belas, algumas ficam truncadas, mas os personagens tem uma versão bonita demais, mesmo que não pareçam os atores. As cenas de luta são fluídas demais, no entanto o foco dramático é na rejeição que Kenobi sofre, não que Owen esteja errado em isolar Luke, afinal, para todos os efeitos, o pai do rapaz foi morto pelo antigo jedi louco.

    É uma pena que esse arco só seja finalizado na edição 20, 5 meses depois. A primeira  história desses contos do Velho Ben já havia ocorrido em Star Wars #01 a #12, mas especificamente no número sete, mas não tinha um cliffhanger tão evidente quanto nesse. No entanto, o saldo é bem positivo, e é bem válido assistir a relação de camaradagem e desconfiança entre Owen e Ben, com os dois sendo completos opostos e trabalhando juntos somente  quando o intuito é proteger Luke, embora o fazendeiro ainda seja muito medroso e ressabiado e recuse a ajuda do antigo jedi em tudo.

    As partes que mostram Luke, pequeno,usando sua nave Skyhooper para ajudar o ataque ao wookie Krrsantan Negro, em uma versão bem mais digna que o Ani de Jake Lloyd em Ameaça Fantasma quando estava em Naboo, impressionante como Aaron é bem melhor nessa pegada de aventura que George Lucas,mesmo que seu projeto seja muito menos audacioso, e essa é a melhor das histórias de todo esse ano de publicações.

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  • Resenha | Star Wars: Tarkin – James Luceno

    Resenha | Star Wars: Tarkin – James Luceno

    Tarkin é um dos livros do cânone de Star Wars, ao contrário do muito que se diz do antigo Universo Expandido, que jamais foi oficialmente tratado como futuro, passado e presente da saga de George Lucas. O romance se passa cinco anos após o golpe que Palpatine deu na república.

    Nesse ponto, se revela o primeiro nome do político/ militar: Willhuff (o primeiro nome do Imperador também é dita, chamando então de Shiv Palpatine). A escrita de James Luceno é um pouco complicada, o ritmo da história é um bocado truncado, falta fluidez mínima na história, e o que se vê é uma narrativa arrastada, cheia de detalhes políticos que até são interessantes, mas que não se equilibra com os aspectos de ação ou aventura, ao contrário do que se fala a respeito de outro livro seu, do selo Legends, Darth Plagueis. Alias, apesar de ter sido jogado para um selo não canônico, Luceno faz questão de tornar oficial boa parte de sua história, dizendo que foi Plagueis o mestre de Darth Sidious.

    O ponto de partida são as cinzas das guerras clônicas, deixando claro que o pupilo do imperador, Darth Vader ajudou muito no expurgo ocorrido após a lei 66. No primeiro capítulo, se estabelece que o Moff acha correto afirmar que seus métodos não são totalitários como os de Vader e do imperador. Isso é interessante e contraditório, não só levando em conta o visto em Uma Nova Esperança, mas também em Clone Wars, quando Willhuff era apenas um capitão do exército da república. Lá já demonstrava ideais autoritários, fato que o fez se aproximar do déspota que tomou o poder.

    Das possibilidades para essa contradição, existem duas principais tentativas de justificativa para o comportamento de Tarkin, sendo a primeira um possível paralelo a realidade de muitos políticos atuais, que mesmo em ações neo liberais quando chegam ao poder, consideram-se esquerdistas levando em conta que o sujeito se auto engana, ao afirmar não ser autoritário), ou uma manipulação do próprio diário, para que ao menos sua memória oficial possa ser salva em caso de uma possível futura derrota do conglomerado imperial, em uma tentativa de contaminar futuras leituras ao seu respeito. Essa alternativa também tem paralelos iguais na realidade, inclusive entre costumeiros inimigos da opinião pública média.

    O livro acompanha os detalhes da construção da Estrela da Morte e seus capítulos divididos por paginas pretas, as vezes com desenhos nos inícios dos capítulos, fato que faz o trabalho editorial da versão brasileira da Aleph muito bonita.

    Luceno tem uma maneira de escrever bem peculiar,  de um jeito bem parecido com o de biografias. Suas histórias tem por costume focar bastante em seu personagem principal, e ao menos na parte em que foca a rejeição de Willhuff com os antigos separatistas, fato que ocorria por conta de sua origem. Nascido em Eriandur, em uma família rica, ele foi governador de  seu planeta antes de ingressar na carreira política. A narrativa varia de linha do tempo, entre o jovem cadete e o veterano político, que aliás, só ingressou nessa carreira por influência do chanceler de Naboo.

    Na parte do presente, Palpatine ordena que Vader e Tarkin trabalhem juntos, a fim de encontrar um Destroyer que foi roubado por opositores do governo, e ali se afina a relação dos dois, que passam de pessoas que se respeitam a quase amigos. Wilhuff chega a suspeitar que Vader e Anakin Skywalker são a mesma pessoa, fato que não é dado, ao menos nessa parte da cronologia da saga.

    É engraçado que pela ótica de Tarkin, o imperador é heroico, por ter conseguido organizar a galáxia e por driblar a problemática da corrupção do antigo senado, mas isso não justifica sequer aos olhos do Moff a exclusão de raças não humanas pelo Império, piorando muito quando se aproxima da borda da galáxia.

    As primeiras aparições de Vader o tornam amedrontador, mas não para o personagem-título. Apesar do respeito do Moff, Vader contesta sua preparação, diante do Imperador, que diz que ele está sendo reducionista. O livro também cita profecias do Conde Dooku, que conversava com Tarkin para tentar trazer ele para o lado separatista, e também fala um pouco sobre Ahsoka Tano, personagem que quase causou um racha entre Vader e seu novo mestre.

    Tarkin é mostrado como um belíssimo arquiteto e naves para a república e depois para o Império, mas incrivelmente deram a ele uma nave com um nome traduzido bem estranho: Pico da Carniça. Sua definição é de uma fragata, que fica baseada na Base Sentinela na Orla Exterior. A nave foi inspirada no design criado pelas naves furtivas usadas durante as Guerras Clônicas. Foi pega por uma célula rebelde e depois foi abandonada e recuperada pelo que restou do Império. Muito tempo depois, serviu ao Capitão Terex da Primeira Ordem.

    A literatura, para quem gosta do personagem ou para quem gosta de detalhamentos de dia a dia militar,  vale muito a pena, pois se aprofunda bem a questão de patentes e meandros, mas segue estranho como uma trama tão simples como a tentativa de Vader e Tarkin em recuperar um Star Destroyer raptado consegue ser tão enrolada e com uma escrita tão burocrático. Curioso é que um dos livros mais elogiados do Selo Legends, é Darth Plagueis. Ler Tarkin faz pensar duas vezes antes de encarar a leitura deste outro que já não tem qualquer peso canônico. As partes mais passáveis são as do passado de Willhuff, em Eriandur, como herdeiro do governo de sua família.

    De positivo em Tarkin, há o mergulho na intimidade de um personagem que ficou famoso como o real vilão de Uma Nova Esperança, a presença famosa no elenco que com Peter Cushing salvou o filme da inexperiência de Mark Hammil, Carrie Fisher e Harrison Ford, e notar isso hoje é um bocado estranho, já que são todos veteranos. Ainda assim, todo o código ético é bem exemplificado, e o livro serve bem como um pré Rogue One: Uma História Star Wars, no entanto a ideia de fortalecer o triunvirato Imperador, Vader e Tarkin é mal construída, de legal há a designação de Grão-moff (ou Gran Moff), e claro, o alvorecer da Estrela da Morte, mas não compensa a lentidão da trama.

    Compre: Tarkin – James Luceno.

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  • Resenha | Darth Vader: A Guerra de Shu-Torun

    Resenha | Darth Vader: A Guerra de Shu-Torun

    Depois de mais de um ano de publicações, o volume 1 das aventuras de Darth Vader tem em sua primeira aventura pós-Darth Vader: Ano Um e Queda de Vader. A Guerra de Shu Torun é um encadernado da Panini Books e compreende as edições de Darth Vader #16-20 e Annual 1, e mostra os momentos pós-Batalha de Yavin, em Uma Nova Esperança, sob o ponto de vista de Vader e os imperiais – e mal construído ou não a premissa de tentar reconstruir o Império Galático após uma grave derrota é evidentemente boa.

    No anual, a história é ligeiramente anterior aos eventos do restante da publicação, quase como um prólogo, mostra como o planeta Shu-Torun, que teve uma interferência do personagem-título antes mesmo do sith ser designado pelo Imperador para intervir militarmente lá. O lugar é rico minério e metais, portanto é um lugar estratégico para as partes da guerra na galáxia, mas toda essa complexidade é deixada de lado, para discutir o fato da Dra. Aphra estar nas mãos dos rebeldes.

    Os roteiros são de Kieron Gillen, e a arte Salvador Larroca nos números comuns (no Anual, é Leinil Yu quem desenha) e além do guerreiro meio homem meio máquina, há também Cylo e seus capangas na aventura, personagem esse responsável pelas próteses metálicas pós queimaduras em Anakin Skywalker e claro, dos possíveis substitutos dele. A leitura do encadernado é bem rápida e os desenhos de Larroca impressionam pela fluidez. Os cenários de lava dão um charme especial para a revista, tornando Shu-Torun um cenário ainda mais bonito e inspirado do que Mustaphar era em A Vingança dos Sith. Vader segue tendo que se reportar ao General Tagge.

    O problema maior aqui é que a maioria dos personagens, por mais estilosos que sejam, não causam qualquer comoção ou apreensão se estarão vivos ou nas publicações futuras. Cylo e seu exercito mesmo, poderiam ter uma grande personalidade, mas não ocorre nada realmente sensacional com eles, não há situações limite para eles ou oportunidade deles darem vazão  a qualquer momento de mínima singularidade. Em premissa eles são bem construídos, mas na prática, agem como bonecos de vilões genéricos, como meros capangas de tokusatsus, com pouco mais de presença que um boneco de massa de Power Rangers.

    Todo o arco parece só existir para justificar o reencontro do lorde sombrio com Aphra, o final mostra Mestre e Aprendiz lado a lado, Imperador e Vader conversando, onde o chefe deixa claro ao seu pupilo que ele não é insubstituível, e para todos os efeitos, Palpatine é bem mal desenhado, o que é estranho diante do trabalho que Larroca desempenhou até aqui, sendo o único aspecto irretocável até então. Esse é o penúltimo arco de Vader nesse volume, e sua história, apesar de alguns splash pages ótimos não tem uma historia a altura, ao contrário, consegue estar algumas linhas abaixo da mediocridade que permeia o universo Star Wars na Marvel.

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