Tag: Dark Horse Comics

  • Especial | Star Wars

    Especial | Star Wars

    Há tempos, pelos idos dos anos setenta, se iniciava no cinema, por meio de um realizador motivado, audacioso e desbravador uma das melhores fantasias em formato Space Opera da história. A saga de Luke Skywalker, Han Solo e Princesa Léia foi expandida para muito além dos três primeiros filmes de Star Wars, e hoje figura no ideário do homem comum ocidental através dos produtos originais, novos lançamentos e materiais que expandem o pensamento idealizado por George Lucas.

    Star Wars é uma franquia lucrativa. Após sua compra pela Disney mais produtos foram garantidos, incluindo novos filmes e derivados. O antigo Universo Expandido que continha produtos antigos, como a trilogia Thrawn de Timothy Zhan e o recente Kenobi, de autoria de John Jackson Miller, além dos quadrinhos da Dark Horse e múltiplos jogos de RPG e videogames foi descontinuado, atribuído ao selo chamado Legends, não sendo mais parte oficial do cânone da saga. Algumas destas ideias foram recicladas e usadas nos roteiros de Lawrence Kasdan em Episódio VIII: Despertar da Força, enquanto o novo material suplementar faz parte necessariamente da história oficial indiscutivelmente, fator que antes Lucas jamais assumiu para sua franquia, mesmo dando aval para a criação da maioria das ramificações da legenda da força.

    Com promessas de novos filmes, incluindo spin offs cinematográficos, mais e mais material serão produzidos, além de reedições de produtos não lançados no Brasil, que finalmente farão parte do catálogo das editoras nacionais. A fim de mapear toda essa gama de material, organizamos este novo universo em textos analíticos e opinativos, desbravando uma galáxia distante, em busca do sentido da religião da Força. Como a própria Disney dividiu o universo de Star Wars na composição do novo cânone, consideramos necessário manter essa divisão pelo didatismo e para aqueles leitores que desejam acompanhar somente um ou outro.

    Podcasts

    VortCast 50 | Star Wars: Os Últimos Jedi
    VortCast 51 | Star Wars e as Polêmicas do Novo Filme (Ou Procurando Pelo em Ovo)

    Artigos

    Os Bastidores, Detalhes e as Mudanças de George Lucas em Star Wars
    Star Wars: Episódio VIII | Comentamos o novo trailer de Os Últimos Jedi
    Star Wars Celebration | O painel de Os Últimos Jedi, o primeiro pôster e o primeiro teaser  
    Sobre Ascensão Skywalker
    : Comentários do teaser, Comentários sobre o trailer final ,O que esperar
    Dia dos Investidores

    Novo Cânone

    Filmes
    (1977) Star Wars: Uma Nova Esperança
    (1980) Star Wars: Império Contra Ataca
    (1983) Star Wars: O Retorno de Jedi
    (1999) Star Wars: Ameaça Fantasma
    (2002) Star Wars: Ataque dos Clones
    (2005) Star Wars: A Vingança dos Siths
    (2015) Star Wars: O Despertar da ForçaCrítica 2 e Crítica 3
    (2016) Rogue One: Uma História Star Wars
    (2017) Star Wars – Episódio VIII: Os Últimos Jedi
    (2018) Han Solo: Uma História Star Wars
    (2019) Star Wars – Ascensão Skywalker 
    (2020) LEGO Star Wars: Especial de Festas

    Seriados
    (2008) Star Wars – Clone Wars
    (2014) Star Wars: Rebels – 1ª Temporada 
    (2019) The Mandalorian 1ª Temporada

    – Chapter One :The Mandalorian
    Chapter Two: The Child
    Chapter Three: The Sin
    Chapter Four: The Sanctuary
    Chapter Five: The Gunsliger
    Chapter Six: The Prisioner
    Chapter Seven: The Reckoning
    Chapter Eight: The Redemption  
    (2020) The Mandalorian 2ª Temporada

    Literatura
    (2014)
    Tarkin – James Luceno
    (2015) Star Wars: Lordes dos Sith – Paul S. Kemp  
    (2015) Star Wars: Estrelas Perdidas – Claudia Gray

    Quadrinhos
    (2014) Darth Maul – Filho de Dathomir
    (2015)
    Darth Vader #01-12
    (2015) Star Wars #01-12
    (2015) Princesa Leia
    (2015) Império Despedaçado
    (2015) Vader Down
    (2015) Lando
    (2015) Star Wars: O Diário do Velho Ben Kenobi

    (2016) Han Solo
    (2016) C-3PO – O Membro Fantasma
    (2016) Star Wars: Prisão Rebelde

    (2016) Star Wars: O Último Voo do Harbinger

    Linha Infantil

    Livros

    (2012) Star Wars: Darth Vader e Filho
    (2013) Star Wars: Academia Jedi
    (2013) Star Wars: Academia Jedi – O Retorno de Padawan
    (2015) Star Wars: A Princesinha de Vader

    Selo Legends

    Filmes:
    (1978) Star Wars – Holiday Special
    (1984) Caravana da Coragem: Uma Aventura Ewok
    (1985) Caravana da Coragem: A Batalha de Endor

    Seriados
    (2003) Star Wars – Guerras Clônicas

    Literatura
    (1991) Herdeiro do Império – Timothy Zhan
    (1992) Ascensão da Força Sombria – Timothy Zhan
    (1993) O Último Comando – Timothy Zhan
    (2014) Star Wars : A Trilogia – Special Edition

    Quadrinhos
    (1992) Império do Mal (trilogia)
    (2005) Jango Fett: Temporada de Caça
    (2010) Star Wars: Boba Fett – Laços de Sangue

  • Resenha | Hellboy Omnibus Volume 1: Sementes da Destruição

    Resenha | Hellboy Omnibus Volume 1: Sementes da Destruição

    Hellboy, primeiramente, é um personagem único, diferente de muitas figuras mais famosas dos quadrinhos. Uma criatura que poderia ser uma coisa, mas pela sua educação, decide moralmente ser outra num mundo em que, dizem, aloja os demônios fazendo o inferno lá embaixo estar vazio, e frio. Disso, ele ri, e ri sem parar, uma vez acostumado a enfrentar as faces mais terríveis do medo e também como se soubesse que o “lado do mal”, sem apelar para quaisquer maniqueísmos, costuma ser mais fraco no final das contas que a luz que desdenha. Hellboy então é alguém que escolheu não ter chifres, e renega sem dúvida os seus irmãos e compadres do submundo em prol de salvar, repetidas vezes, e com muito sarcasmo, uma dimensão que o conjurou e o acolheu, e assim, o fez ser justo e virtuoso por mais que a sua aparência satânica, vermelha e forte transmita em sua iconografia o exato oposto disso.

    Mike Mignola é um gênio semi-desconhecido da nona-arte, o que é absolutamente vergonhoso devido seu alto potencial criativo e seus traços tão expressivos que, muitas vezes, dispensam balões de fala para completar verbalmente as imagens complexas e instigantes que o quadrinista faz questão de construir, mergulhando na sombra e no abstrato a seu bel prazer para nos encantar nas batalhas, e nos seres que dá vida nas páginas. Com seu estilo inconfundível nos quadrinhos, fez de Hellboy a criação mais popular da editora Dark Horse, uma das maiores editoras independentes que se contrapõe desde 1986 às gigantes Marvel e DC (apesar de Hellboy ser a cara da segunda), elaborando com o roteirista John Byrne uma realidade povoada por entidades tão bizarras e eventos tão inexplicáveis que só Guillermo Del Toro seria capaz de transpor o personagem ao cinema – algo que o estúdio Lionsgate duvidou, e em 2019 pagou o preço por não deixar Del Toro trabalhar.

    Agora, nesta coletânea Sementes da Destruição publicada no Brasil pela Mythos Editora em um primoroso trabalho gráfico e contando até com um rico caderno de esboços, reúnem-se todas as primeiras histórias de Hellboy, aquele que despreza suas origens do mal desde o começo, em uma perfeita e caprichada ordem cronológica para colecionador nenhum botar defeito. Em cinco histórias ao longo de mais de 300 páginas a destilar o potencial de Mignola e Byrne em criar histórias de terror mais divertidas e com mais atmosfera do que muitos filmes passáveis, hoje em dia, eis aqui um encadernado que visa nos encantar, do início ao fim, com as aventuras de um ser chamado ao nosso plano material para o mal, mas criado de maneira oposta a seu propósito inicial: ajudar os nazistas a vencer a segunda guerra, e dominar a Terra com a ajuda das trevas, forjando um novo abismo para aprisionar boa parte da humanidade rebelde.

    Só que não. Hoje, Hellboy e seus bizarros parceiros fazem atuar (sem garantia de sucesso, mas com boas risadas diante do perigo) no imprevisível e místico mundo dos fenômenos sobrenaturais, em um escritório que se propõe a investigar tais fenômenos em nível universal, e proteger a dimensão dos seres humanos de bestas do inferno, monstros errantes e antigas entidades que nunca querem descansar, e nos deixar em paz. Na luta contra as várias formas de horror em seu caminho (e com muita influência dos velhos mestres da literatura do gênero, como Edgar Allan Poe, o grande poeta William Blake e Lovecraft, para citar as referências mais explícitas), Hellboy faz o sarcasmo e o sadismo de Deadpool ser para principiantes, chegando a zombar de demônios poderosos (“Pô, assim você me mata de tédio!”) e nunca dar o devido crédito a todo azar de atrocidades que ao menino do inferno nunca são verdadeiramente horripilantes – e sim engraçadas, já que o fogo não teme a si próprio.

    Na luta entre iguais, a diferença é que um optou pela justiça, e os outros, pela soberba e tirania que se expressam em rituais macabros, e todo o resto de elementos trevosos que fazem parte substancial destas histórias irresistíveis, e cheias de uma mitologia tão própria e elogiada. Em Sementes da Destruição, talvez o melhor desses contos neste primeiro volume seja o “Quase um Deus”, acerca da cruel ganância extremista de um homem louco, junto da breve e ótima “O Caixão Acorrentado”, sobre um pacto demoníaco de uma mulher e o triste preço a ser pago por ela, a quem a morte é negada numa eternidade de servidão, no oculto. Talvez seja justamente nessa na qual o surrealismo e a loucura pagã que nutre o personagem sejam melhor transmitidos, em quadros de rara beleza a enriquecer o universo maluco de Hellboy, e que se esconde de nós, de dia e de noite, bem abaixo de nossas camas.

    Compre: Hellboy Omnibus Volume 1: Sementes da Destruição.

  • Resenha | Beasts of Burden: Cães Sábios e Homens Nefastos

    Resenha | Beasts of Burden: Cães Sábios e Homens Nefastos

    Quando Jill Thompson precisou ser substituída no segundo volume de Beasts of Burden, um clima de incertezas pairou sobre a multipremiada série, contudo, Benjamin Dewey se mostrou um nome acertado para conduzir essa história junto de Evan Dorkin, co-criador da série junto de Thompson.

    O traço mais rígido de Dewey casou perfeitamente com o clima dessa sequência, que deixou os fofinhos cachorros (e gato) de “Rituais animais” de lado e deu espaço para os Cães Sábios, mais velhos, experientes e severos, diante de toda sorte de ameaças sobrenaturais que cercam Burden Hill. A firmeza do novo desenhista conferiu a solidez necessária para o bom andamento da trama ali proposta.

    Em “Cães sábios e homens nefastos”, Dorkin e Dewey direcionam seu olhar para os arredores da cidade, nas Montanhas Pocono, onde incêndios e ocorrências sinistras surgiram sem mais nem menos, tendo em comum a presença de um estranho símbolo em formato de “S”. Para investigar tal fenômeno, a matilha dos Cães Sábios se embrenha na mata fechada, e começa a perceber que existe muito mais em jogo ali do que possa parecer.

    Adentrando por uma teia intrincada de eventos inexplicáveis, Lundy e sua equipe acaba por se deparar com a perigosa Irmandade da Serpente Vermelha, um grupo de humanos versados em magia e que ameaçam o equilíbrio sobrenatural do lugar, em busca de um antigo deus arcano, algo com o qual os Cães Sábios não podem permitir.

    Entre Salamandras, Guaxinins, Zumbis e Licantropes, o segundo volume de Beasts of Burden expande com sucesso sua mitologia, dando mais um passo rumo ao iminente conflito entre as forças do bem e do mal nesse ambiente de magia e mistério.

    Tendo em Miranda e Lundy seu maior enfoque narrativo, o enredo logra sucesso ao desenvolver não só as personalidades de seus protagonistas, como também dos coadjuvantes Emrys e Carver. Nesse volume temos a primeira interação entre humanos e animais realmente significativa, demonstrando a existência de homens e mulheres também operadores de magia que agem – ou agiam – em conjunto com os animais, algo que o primeiro volume tocou apenas de forma bem breve e distante.

    O desenvolvimento de Miranda, única remanescente da equipe apresentada no volume original, é flagrante, ao passo em que ela caminha para se tornar uma Cadela Sábia e de grande poder, enquanto vemos o orgulhoso Lundy ceder em suas decisões para o bem da equipe.

    As cores conseguem dar vivacidade para a narrativa, conferindo volume e textura para os personagens, sejam eles cachorros ou humanos. O supracitado traço de Dewey obtém êxito ao dar um aspecto mais duro e rígido para os Cães Sábios, sem perder de vista o humor inerente ao bom roteiro de Dorkin.

    Cabe ressaltar que, ainda que seja o segundo volume da série, a história funciona perfeitamente de maneira independente, não sendo necessária a leitura de “Rituais animais” para o entendimento pleno da narrativa.

    Publicado no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim, Beasts of Burden: Cães Sábios e Homens Nefastos saiu nos EUA em 2018 pela Dark Horse e chegou por aqui em 2019, contendo 124 páginas, papel de excelente gramatura e uma capa dura com acabamento primoroso. Um legítimo Petardo!

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  • Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 10 – O Vigarista e Outras Histórias

    Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 10 – O Vigarista e Outras Histórias

    Mike Mignola é um dos maiores autores de quadrinhos que o mercado norte-americano já gerou. Conhecido inicialmente por desenhar pontualmente para as majors Marvel e DC, o autor se viu lançado ao estrelato em 1994, ao lançar pela Dark Horse seu primeiro título autoral: Hellboy.

    De lá para cá muita água passou por debaixo da ponte, e o chamado mignolaverso em muito se expandiu, tornando-se hoje um dos universos ficcionais mais coesos dentro da ficção contemporânea. O que se manteve, felizmente, é o altíssimo padrão das histórias da Magnum Opus de Mignola.

    Hellboy mantém um nível de qualidade narrativa que impressiona e revigora o ânimo de seus ávidos leitores, a cada nova história lançada do personagem. Tal tradição se mantém no novo volume da coleção Hellboy Edição Histórica, publicada neste início de 2019, ano em que o personagem completa vinte e cinco anos de criação.

    “O vigarista e outras histórias” reúne arcos curtos do detetive sobrenatural, ilustrados tanto por Mignola quanto por artistas do quilate de Duncan Fegredo, Richard Corben e Jason Shawn Alexander. Tudo uniformemente colorido pelo magistral Dave Stewart.

    Em “O circo da meia-noite”, Mignola e Fegredo narram uma história da infância de Hellboy, na qual o garoto ainda não se vê de fato como a família do professor Travis Bruttenholm, se sentindo um estranho no ninho, sem lugar e sem destino, vendo-se na obrigação de fugir das instalações do B.P.D.P., para então se deparar com um sinistro e misterioso circo noturno. É brilhante a analogia que Mignola traça entre HB e o professor com Pinóquio e Geppetto, emulando a mesma dinâmica de estranhamento e pertencimento de duas crianças que queriam se tornar “meninos de verdade”. Dentro da linha temporal de Hellboy, essa história se mostra muito importante, uma vez que o garoto ali se depara, sem saber, com dois seres “desconhecidamente familiares”, ao mesmo tempo em que solidifica a relação paternal que possui com Bruttenholm.

    Em “O vigarista”, Mignola e Corben se aventuram pelo interior dos EUA no final dos anos 50, em uma trama típica de terror, envolvendo vilarejos macabros, pactos demoníacos, bruxas maquiavélicas, igrejas sinistras e muito do tom sobrenatural característico das aventuras do personagem. É interessante a representação de Hellboy nessa trama como coadjuvante, observando mais do que agindo, enquanto recebe algumas pistas da sina apocalíptica que futuramente tanto o perseguiria. A arte de Corben é responsável por muito do aspecto perturbador e sombrio que a trama possui.

    Na história curta “Aqueles que desbravam o oceano”, Mignola se associa a Joshua Dysart no roteiro, dando espaço para Alexander ilustrar uma trama deliciosa sobre ganância e loucura, envolvendo o famigerado pirata Barba Negra. Situada na metade dos anos 80, a história já apresenta Hellboy como um agente experiente do B.P.D.P., atuando junto com Abe Sapien em uma missão um tanto quanto intrincada, em busca da lendária cabeça do pirata e sua malfadada fortuna. A bizarrice inerente às histórias do HB se faz presente, ainda que o estilo da escrita difira um pouco do padrão dinâmico estabelecido por Mignola para o personagem.

    O encadernado se encerra com a história “A capela de Moloch”, escrita e desenhada pelo próprio Mignola, e apresenta Hellboy às voltas com uma sinistra ameaça demoníaca chamada Moloch, que se encontra instalada em uma antiga igrejinha. Em um ritmo frenético de ação e de condução narrativa, o criador do HB mostra nessa história seu absurdo talento para contar histórias bizarras, simples e paradoxalmente densas.

    O décimo volume, que contém 212 páginas e acabamento de luxo em capa dura, é o penúltimo dentro do planejamento atual do formato “edição histórica” da Mythos para o personagem, restando apenas o volume 11, “A noiva do demônio”, para encerrar essa etapa do Mignolaverso. Vale destacar o brilhante trabalho editorial feito por Fernando Bertacchini, que busca inserir sempre materiais pertinentes para a plena leitura e entendimento do universo ficcional no qual Hellboy se encontra.

    Compre: Hellboy Edição Histórica: Vol. 10.

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  • Resenha | Black Hammer: Origens Secretas – Volume 1

    Resenha | Black Hammer: Origens Secretas – Volume 1

    A capa de Black Hammer remete muito mais a um filme de terror do que a um quadrinhos. Um pouco ao momento em que Carrie liberta seus poderes na já clássica adaptação da obra de Stephen King para os cinemas, Carrie: A Estranha, pelas mãos de Brian De Palma. Fato é, que a história criada pelo roteirista Jeff Lemire e pelo ilustrador Dean Ormston tem uma narrativa tão intrigante quanto um livro de King.

    Na trama de Origens Secretas somos apresentados a Abraham Slam, Gail, Barbalien, Coronel Weird, Talky Walky e Madame Libélula. Todos possuem características e poderes bem peculiares e foram habitantes de Spiral City. Em um passado não muito distante, o grupo salvou a cidade de várias ameaças. Porém, ao enfrentarem um poderoso inimigo, acabaram sendo transportados para uma idílica fazenda em uma dimensão paralela. Os antigos campeões da cidade foram exilados e os habitantes da cidade que tantas vezes eles salvaram não fazem a menor ideia do que aconteceu, só que eles desapareceram. Já se passaram dez anos e ninguém do grupo sabe como foi parar ali, nem o motivo e nem se um dia vão conseguir dali.

    O volume lançado pela editora Intrínseca reúne os seis primeiros volumes da história. Ainda que bastante introdutórias, as histórias são bem intrigantes, com idas e vindas temporais, mostrando os heróis em seu passado glorioso e seu melancólico presente. Nesse ponto, a trama faz lembrar um pouco da série Lost, com suas idas e vindas e desenvolvimento de personagens, ainda que as histórias idealizadas por Lemire sejam mais interessantes e procuram aos poucos resolver seus mistérios. O roteirista e criador se esmera pra ir criando uma ambientação que prenda o leitor, ao passo que recheia tudo com diálogos inteligentes e influências bem vindas de outras histórias de quadrinhos e obras literárias de ficção científica. Outro ponto de destaque é o desenvolvimento dos personagens, com enfoque em seus dramas pessoais, no isolamento e nas suas emoções. Assim, o roteiro acaba dialogando com grandes obras dos quadrinhos, como Watchmen, Astro City e The Umbrella Academy. Watchmen talvez tenha sido a primeira com a qual pude estabelecer uma relação, principalmente no que tange à narrativa em linhas temporais distintas que mostram os heróis em seu auge e posteriormente já decadentes, com seus conflitos emocionais aflorando e regendo as relações interpessoais. Ormston capta bem as intenções de seu parceiro e cria um traço que prima por ter uma certa crueza, mas que evidencia o sentimento de cada personagem, favorecendo a empatia do leitor com os personagens. A colorização de Dave Stewart também é muito bem sacada, alternando tons vibrantes nos flashbacks com uma paleta mais dark nos momentos do presente.

    Desde o início, nota-se que Jeff Lemire idealizou uma obra referencial e também reverencial, pois seus personagens guardam semelhanças com alguns dos principais super heróis dos universos Marvel e DC, além de alguns outros de quadrinhos pulp. Examinando atentamente, vemos que o Devorador de Mundos é inspirado (e também presta homenagem) em Galactus e Darkseid, respectivamente grandes vilões cósmicos da Marvel e da DC; Black Hammer é inspirado em Thor e Superman, tanto pelo martelo quanto pela sua força e disposição em fazer o sacrifício supremo para proteger o mundo; Abraham Slam pode ser visto como uma mistura de Capitão América e Batman, pois é o único que não possui superpoderes e vive até certo ponto satisfeito com a sua condição atual; a Menina de Ouro é o equivalente ao Capitão Marvel e sua irmã Mary Marvel ,e possui até palavra mágica para transformação, mas sua condição impede seu envelhecimento, o que a torna uma mulher aprisionada no corpo de uma criança de nove anos; Madame Libélula tem suas influências dos quadrinhos de terror da EC Comics e Eerie Comics, com um certo quê das histórias do Monstro do Pântano e uma referência visual que evoca a Ravena dos Novos Titãs; o Coronel Weird é um misto de Adam Strange (o aventureiro cósmico da DC Comics) e do Doutor Estranho, pois é capaz de transitar entre dimensões, universos (e tem como sidekick a robô Talkie Walkie, cujo sentimentalismo lembra Marvin, de O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams) e não vivencia o tempo como o restante dos seus companheiros; e o Barbalien pode ser visto como uma reimaginação do Caçador de Marte (que eu ainda insisto em chamar de Ajax).

    Enfim, Black Hammer é uma história não convencional de super heróis e seu acerto é justamente esse. Com personagens bem trabalhados, um roteiro que prende a atenção e uma arte em sintonia com tudo isso, a HQ talvez seja uma das melhores coisas surgidas nos últimos tempos e não à toa recebeu o Prêmio Eisner de melhor nova série no ano de 2017.

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  • Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 5 – Máscaras e Monstros

    Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 5 – Máscaras e Monstros

    Hellboy - Edição Histórica - Vol. 5

    A quinta Edição Histórica de Hellboy, denominada Máscaras e Monstros, compreende alguns dos melhores confrontos do já clássico personagem de Mike Mignola com outras figuras. As primeiras aventuras do volume envolvem o Morcego de Bob Kane e Starman, já reformulado pelo britânico James Robinson – que também faria o roteiro das duas primeiras aventuras.

    Nazistas das Trevas começa com as desventuras do Morcego, em uma reimaginação bastante curiosa de Mignola a respeito do universo contido em Gotham City. Seu Coringa e Batman são caricatos, quase cartunizados, ao mesmo tempo que são muitíssimo mais violentos. O artista já havia desenhado o cruzado encapuzado em outras oportunidades (como em Gotham City 1889), mas nesta versão o personagem é bastante diferenciado, por estar imerso no universo de Hellboy. A personalidade do detetive está ligeiramente modificada, ele parece mais cínico. O desenrolar das investigações de Batman o levam até o Starman 1 (Ted Knight), que é atacado por skinheads que lançam mão de truques mágicos, fator que une ele ao diabo vermelho. A figura de um demônio escarlate faz discutir um dos trunfos do morcego, que impõe medo aos supersticiosos bandidos, mas que não conseguiria tanto êxito quanto Red.
    O segundo número, Horror na Floresta, daria sequência direta aos fatos narrados no primeiro. Hellboy e Starman VI (Jack Knight) viajariam atrás dos neonazistas que raptaram o Starman original (que também é pai do seu sucessor), visto que Batman teria que deter o palhaço (o bobo, o joker) em Gotham. A típica mistura de temas, unindo o nazismo a caça de operações de ocultismo é novamente aventada na história, o que dá um pouco mais de brilho a história de Robinson. O foco que a história dá a descrença em eventos metafísicos por parte de Mister Knight é interessante, por usar uma metáfora para exemplificar o quão importante é o pensamento “ateístico” no equilíbrio equacional da discussão sobre o Divino. O que pode ser apontado como ponto negativo na história, é também uma demonstração de cuidado e preocupação de Mignola e Robinson, pois raramente os 3 personagens entram em ação juntos, exatamente para não perder-se o foco da dualidade da trama. O final é deveras lúdico e o caráter do argumento é bem leve, como as outras grandes histórias de Hellboy.

    A história Hellboy e Ghost foi o primeiro crossover do personagem lançado no Brasil, e havia de ser com um personagem mais emblemático e mais condizente com o histórico de suas aventuras. Apesar de pouco conhecido do público brasileiro, Ghost, também publicada pela Dark Horse Comics (e em sua primeira aparição em um gibi nacional) é Elisa Cameron, uma fantasma que busca entender o motivo de sua morte. A publicação da Mythos Editora é datada de junho de 1999, posterior às duas primeiras histórias, Sementes da DestruiçãoO Despertar do Demônio.

    Além da arte da capa, Mike Mignola seria o responsável pela história da revista, enquanto a arte estava a cargo de Scott Benefiel – é interessante ver o personagem sobre a ótica de outro desenhista, e esta era uma das revistas pioneiras nesse quesito (depois virou festa). O lápis de Benefiel traz um anarquismo não visto nas histórias anteriores e lembra alguns bons momentos de John Ridgway nos primeiros números de Hellblazer. A violência não é retratada de forma graficamente bela, os atos incólumes de raiva e ódio são unidos aos corpos sujos e a matança crua, o aspecto de asco é muito presente na história logo no prólogo.

    As motivações de Ghost são muito parecidas com as típicas aventuras de detetives espirituais do cinema de Hong Kong, assim como seu modus operandi, mas claro, com uma pitada de anos 1990, mostrando boa parte de suas belas curvas – é curioso ver algo espectral, que a priori deveria causar temor, ser tão fortemente ligado a sensualidade, parece que o Diabo gosta de seduzir os incautos…

    A alma da heroína ainda é atormentada por espíritos desencarnados, apesar de sua experiência no combate a tal coisa. Uma entidade chamada “Paz” a motiva a ir em busca de uma figura monstruosa, de cor escarlate, afirmando que caso ela consiga haver a Mão da criatura, ela finalmente teria seus anseios atingidos e enfim a assassina justiceira poderia ter alívio em seu pós-vida. A trégua entre a fantasma e o demônio é rompida e ambos são jogados em uma outra dimensão espiritual.

    Ao final da edição é mostrado como o roteiro de Mignola foi confeccionado para a história, onde foram enviados desenhos com o layout para que Benefiel desenhasse por cima. A narrativa é descompromissada e apesar do flerte com uma estética niilista, a forma de abordar o sobrenatural é leve e escapista. A busca pelo “tesouro” se revela uma (óbvia) enganação, e Mignola aproveita seu argumento para fazer piada com a semi-nudez da heroína supracitada. A solução para o mistério é tão jocosa quanto a anedota anterior, pondo uma interrogação na máxima de “O Maior Detetive Paranormal do Mundo”. Mais uma vez a questão de não querer aprofundar-se muito em seu passado é levantado por Hellboy, fazendo dele a antítese da ideia por trás de Ghost, uma mulher que transita entre a raiva e a angústia proveniente dos tempos quando ainda era viva.

    C0mpre aqui.