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  • Caio Oliveira e as Paródias em Quadrinhos

    Caio Oliveira e as Paródias em Quadrinhos

    A produção nacional de quadrinhos é prolífica em paródias, em suas diferentes vertentes. Seguindo a tradição nacional de sucesso no humor, esse tipo de abordagem ganhou espaço e notoriedade por explorar chavões e clichês para gerar comicidade (e driblar licenciamentos editoriais).

    Assim, não é de se espantar que o trabalho de um fenômeno da gibisfera brasileira como Caio Oliveira ganhe notoriedade com a velocidade que ganhou.

    O quadrinista brasileiro tem uma capacidade ímpar de captar em seus Quadrinhos o zeitgeist e trabalhar a partir de uma perspectiva amplamente metarreferencial, empregando o humor como força motriz de suas inventivas histórias. Seguindo essa linha, temos aqui três diferentes trabalhos do autor, com propostas tão distintas quanto se poderia imaginar, mas que carregam consigo o humor gerado a partir da intertextualidade como traço marcante.

    Em All Hipster Marvel, Caio apresenta uma sátira à cultura hipster, desenvolvida através da intertextualidade paródica em relação aos heróis da Marvel Comics, ironizando alguns dos clichês das histórias da editora, através de minicontos em cores e traços cartunescos, nos quais o riso é o alvo, nem tanto uma linha narrativa unificada e coerente. A HQ possui vinte páginas e foi publicada em papel reciclado, com lombada canoa.

    Com Panza o quadrinista apresenta uma aventura de Sancho Pança, o fiel escudeiro de Dom Quixote, entrando em uma jornada para descobrir a verdade acerca da missão que norteou a vida do já idoso e doente Dom, enquanto sua sanidade é colocada à prova por seus surpreendentes inimigos.

    Menos sarcástica que a história anterior, Panza investe em um traço mais firme e bem delineado em preto e branco, se aproximando muito mais do padrão das animações do que das charges, novamente brincando com referências até mesmo anacrônicas como o Monstro de Frankenstein saltar das páginas de um livro para enfrentar um assustado e impotente Sancho dentro de um moinho de vento.

    O desdobramento criado por Caio a partir da história original conta com um humor mais comedido em seu tom, em contraponto com a narrativa visual expressiva e repleta de dinamismo em sua diagramação. Dessa simbiose, o autor concebe uma história que devolve o heroísmo ao Quixote, agora não mais um louco, mas sim um visionário incompreendido por seus pares, que repassa seu legado ao fiel e roliço escudeiro, forjando assim um herói improvável, mas o primeiro sidekick da história. Também em lombada canoa, Panza conta com quarenta páginas, impressas em papel pólen, além de capa cartonada.

    Em R’lyehboy temos uma salada de referências saltando das páginas, passando por Hellboy, H.P. Lovecraft, Raça Negra e toda a estética e mecânica dos jogos de RPG como Dungeons & Dragons, em páginas dispostas no formato horizontal, com poucos quadros e uma proposta de traço que brinca com o expressionismo que norteia o trabalho de Mike Mignola em choque com o traço cartunesco já característico de Caio.

    Assim acompanhamos a história nonsense de um investigador sobrenatural, claramente inspirado na criação máxima de Mignola e no famoso Cthulhu, símbolo maior da literatura lovecraftiana, diante de ameaças bizarras de toda sorte, como vikings cujo canto de guerra se assemelha a uma paródia de “É tarde demais”, do grupo de pagode Raça Negra. Falar em nonsense, como no início deste parágrafo, não se mostra um exagero agora que temos uma pequena noção do que estamos falando aqui, não é mesmo?

    Como as duas obras anteriores, R’lyehboy foi publicada também em capa cartonada, lombada canoa e setenta e duas páginas e emula o padrão visual das capas de Hellboy, de Mignola.

    Publicadas pela Quinta Capa e financiadas através do Catarse, as revistas de Caio Oliveira tecem um padrão narrativo hilário e despojado, fortemente calçado na paródia como estratégia de composição discursiva, alternando até mesmo entre estilos de narrativa visual de acordo com as propostas de cada história, evidenciando a versatilidade do quadrinista brasileiro, dono de um texto ácido e de uma arte dinâmica, que arrancam boas risadas até mesmo do leitor mais carrancudo.

    Conheça mais do trabalho de Caio Oliveira: Quinta Capa | Twitter | Instagram.

  • Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 10 – O Vigarista e Outras Histórias

    Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 10 – O Vigarista e Outras Histórias

    Mike Mignola é um dos maiores autores de quadrinhos que o mercado norte-americano já gerou. Conhecido inicialmente por desenhar pontualmente para as majors Marvel e DC, o autor se viu lançado ao estrelato em 1994, ao lançar pela Dark Horse seu primeiro título autoral: Hellboy.

    De lá para cá muita água passou por debaixo da ponte, e o chamado mignolaverso em muito se expandiu, tornando-se hoje um dos universos ficcionais mais coesos dentro da ficção contemporânea. O que se manteve, felizmente, é o altíssimo padrão das histórias da Magnum Opus de Mignola.

    Hellboy mantém um nível de qualidade narrativa que impressiona e revigora o ânimo de seus ávidos leitores, a cada nova história lançada do personagem. Tal tradição se mantém no novo volume da coleção Hellboy Edição Histórica, publicada neste início de 2019, ano em que o personagem completa vinte e cinco anos de criação.

    “O vigarista e outras histórias” reúne arcos curtos do detetive sobrenatural, ilustrados tanto por Mignola quanto por artistas do quilate de Duncan Fegredo, Richard Corben e Jason Shawn Alexander. Tudo uniformemente colorido pelo magistral Dave Stewart.

    Em “O circo da meia-noite”, Mignola e Fegredo narram uma história da infância de Hellboy, na qual o garoto ainda não se vê de fato como a família do professor Travis Bruttenholm, se sentindo um estranho no ninho, sem lugar e sem destino, vendo-se na obrigação de fugir das instalações do B.P.D.P., para então se deparar com um sinistro e misterioso circo noturno. É brilhante a analogia que Mignola traça entre HB e o professor com Pinóquio e Geppetto, emulando a mesma dinâmica de estranhamento e pertencimento de duas crianças que queriam se tornar “meninos de verdade”. Dentro da linha temporal de Hellboy, essa história se mostra muito importante, uma vez que o garoto ali se depara, sem saber, com dois seres “desconhecidamente familiares”, ao mesmo tempo em que solidifica a relação paternal que possui com Bruttenholm.

    Em “O vigarista”, Mignola e Corben se aventuram pelo interior dos EUA no final dos anos 50, em uma trama típica de terror, envolvendo vilarejos macabros, pactos demoníacos, bruxas maquiavélicas, igrejas sinistras e muito do tom sobrenatural característico das aventuras do personagem. É interessante a representação de Hellboy nessa trama como coadjuvante, observando mais do que agindo, enquanto recebe algumas pistas da sina apocalíptica que futuramente tanto o perseguiria. A arte de Corben é responsável por muito do aspecto perturbador e sombrio que a trama possui.

    Na história curta “Aqueles que desbravam o oceano”, Mignola se associa a Joshua Dysart no roteiro, dando espaço para Alexander ilustrar uma trama deliciosa sobre ganância e loucura, envolvendo o famigerado pirata Barba Negra. Situada na metade dos anos 80, a história já apresenta Hellboy como um agente experiente do B.P.D.P., atuando junto com Abe Sapien em uma missão um tanto quanto intrincada, em busca da lendária cabeça do pirata e sua malfadada fortuna. A bizarrice inerente às histórias do HB se faz presente, ainda que o estilo da escrita difira um pouco do padrão dinâmico estabelecido por Mignola para o personagem.

    O encadernado se encerra com a história “A capela de Moloch”, escrita e desenhada pelo próprio Mignola, e apresenta Hellboy às voltas com uma sinistra ameaça demoníaca chamada Moloch, que se encontra instalada em uma antiga igrejinha. Em um ritmo frenético de ação e de condução narrativa, o criador do HB mostra nessa história seu absurdo talento para contar histórias bizarras, simples e paradoxalmente densas.

    O décimo volume, que contém 212 páginas e acabamento de luxo em capa dura, é o penúltimo dentro do planejamento atual do formato “edição histórica” da Mythos para o personagem, restando apenas o volume 11, “A noiva do demônio”, para encerrar essa etapa do Mignolaverso. Vale destacar o brilhante trabalho editorial feito por Fernando Bertacchini, que busca inserir sempre materiais pertinentes para a plena leitura e entendimento do universo ficcional no qual Hellboy se encontra.

    Compre: Hellboy Edição Histórica: Vol. 10.

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  • O Breve Adeus de Mignola

    O Breve Adeus de Mignola

    mike mignolaEstamos definitivamente cercados de um riquíssimo universo narrativo, seja literário ou cinematográfico. Inúmeros filmes, livros e histórias em quadrinhos, de todos os gêneros possíveis e para os mais variados gostos. Porém, dentre esse cenário repleto de conteúdo, pouquíssimos são os artistas que verdadeiramente vão além de suas obras, transcendendo os limites da literatura e da imaginação, criando universos inteiros e nos transportando para dentro deles. Mike Mignola definitivamente é um deles.

    Para quem não sabe de quem estou falando, Michael Joseph “Mike” Mignola é um quadrinista americano que começou sua carreira em meados de 1980 fazendo ilustrações na revista em quadrinhos The Comic Reader. Após passar alguns anos trabalhando para grandes editoras como a Marvel e a DC Comics (ilustrando e arte-finalizando trabalhos nas revistas do Demolidor, Punho de Ferro, Hulk, Batman, entre outros), em 1994 Mignola teve sua oportunidade de publicar pela editora Dark Horse Comics um trabalho completamente autoral, escrito e desenhado por ele mesmo, que viria a ser seu maior legado: Hellboy, um demônio invocado do inferno por Rasputin e os alemães nazistas com o intuito de trazer o apocalipse à terra. Porém, Hellboy é descoberto pelo Professor Trevor Bruttenholm e acaba por ser criado entre os soldados Aliados nos EUA. Desse ponto, ao invés de se tornar uma criatura das trevas que busca a aniquilação da humanidade, Hellboy se torna um ser de boa índole, integrante do B.P.R.D. (Bureau of Paranormal Research and Defence), organização secreta do governo americano que combate ameaças sobrenaturais diversas.

    Uma obra recheada de referências culturais e históricas do mundo todo, Mignola usa e abusa das influências obscuras da literatura de H.P. Lovecraft e da narrativa épica de Robert E. Howard para criar algo único. Aliado à sua arte profundamente e claramente inspirada pelo movimento cinematográfico do expressionismo alemão dos anos 1920, Mignola brinca com técnicas de luz e sombra, visando dar mais profundidade às suas histórias de aventura, imersas em uma atmosfera sombria de terror.

    Desde a primeira história sobre o  “meio demônio” mais famoso dos quadrinhos (Sementes da Destruição, 1994), mais de 20 anos se passaram e muito mais histórias foram desenvolvidas no universo de Hellboy. Não apenas o protagonista, mas outros personagens ganharam seu destaque devido ao longo de toda a trajetória do herói, os quais, juntos, foram responsáveis por combater vampiros, lobisomens, fantasmas, demônios e até mesmo deuses antigos.

    Mike Mignola é uma epítome no mundo dos quadrinhos. Não à toa, sua obra durou mais de 20 anos, além de ter recebido duas grandes adaptações cinematográficas e inúmeros spin offs em quadrinhos. Porém, depois de todo esse tempo, ao fim da 10ª edição do arco Hellboy no Inferno, o autor anunciou que vai encerrar seu trabalho no universo do personagem. Como um período de férias, querendo dar um tempo da construção de narrativas para poder explorar a pintura, segundo o próprio autor. Nas palavras do próprio Mike: “Eu não posso dizer ao certo se essa vai ser a última coisa do Hellboy que eu estarei envolvido. Eu não quero colocar uma nota final nisso, mas por enquanto esse é o fim da minha era desenhando e escrevendo sobre o Hellboy”.

    Definitivamente é, de certa forma, uma triste notícia para seus fãs que, como eu, têm um carinho imenso pela obra em quadrinhos do autor, bem como por seus personagens. Mignola é um dos poucos por aí. Um artista indescritível, capaz de extrair complexidade estética e emocional da aparente simplicidade de seus desenhos e de seus roteiros. Uma pequena linha, círculos amarelos na escuridão e silhuetas estranhas são sempre indicativos do mundo obscuro que ele criou ao longo do tempo e a empolgação e a tensão que se passa ao leitor ao sugerir que o desconhecido reside nas sombras de nosso mundo real. Isso é Mike Mignola, e isso é muito do que ele nos deu ao longo dos anos.

    Independente disso, é muito importante que grandes artistas como Mignola deem um tempo para seu trabalho, não apenas pelo esgotamento emocional e físico que trabalhar com quadrinhos evidentemente toma do artista, como também para que possa explorar novos horizontes dentro de sua arte.

    Quando eu matei o Hellboy, a verdade é que ele não foi ao inferno, ele foi para dentro de minha cabeça. Porque o mundo de “Hellboy no Inferno” é o mundo que eu comecei a criar quando tudo começou. Assim, o mundo que eu estou desenhando e pintando é sim o mundo de ‘Hellboy no Inferno’, mas a razão deste ser o pano de fundo deste mundo é porque é o que quero desenhar de qualquer forma. Eu peguei o Hellboy e o joguei em um mundo repleto de coisas que eu queria desenhar. Então agora, enquanto estou desenhando e pintando por diversão, eu vou continuar desenhando este mesmo mundo”, explica o autor.

    Dessa forma, apesar de ficar emocionado em saber que Mignola decide tirar um tempo de Hellboy, dando um aparente fim em seu trabalho, o autor e artista merece esse tempo, essa possibilidade de ir além da sua própria arte e, quem sabe, ser tão inspirador na pintura quanto nos quadrinhos. E isso é inegável, podemos ter certeza de que a mente obscura de Mignola vai se transportar para as pinturas e, de certa forma, creio que todos os seus fãs estarão ansiosos para ver seus futuros trabalhos.

    As mãos do artista nos quadrinhos vão deixar saudade. Espero que só por enquanto, pois acredito que ele ainda tem muito o que nos presentear e muitos mundos obscuros ainda a serem explorados.

    Texto de autoria de Pedro Lobato.

  • Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 4 – A Mão Direita da Perdição

    Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 4 – A Mão Direita da Perdição

    Com arte e roteiro executados por Mike Mignola, a quarta edição histórica de Hellboy, da editora Mythos, é dividida em arcos temporais bastante distintos, variando cronologicamente de eras em eras, cuja extensão compreende algumas histórias publicadas entre 1998 e 2000.

    A primeira parte é chamada Anos Dourados e começa com o arco Panquecas. Lançada em 1999, é uma das histórias mais populares do personagens por abordar o demônio escarlate ainda infante. O fato do herói comer panquecas, com apenas dois anos de idade, selaria a porta de “retorno” ao inferno. A Natureza da Fera foi uma das primeiras histórias idealizadas por Mignola, em 1994, mas só foi publicada cinco anos depois. Ela é baseada numa lenda folclórica inglesa. Hellboy se traveste de caçador de dragões e se embrenha na mata atrás do réptil mitológico. O final é constituído por uma questão que reafirma uma dúvida atroz a respeito da afiliação do filho do demônio, e que, para o grupo de “contratantes”, fica a incerteza quanto a intenção do herói. Esta e a primeira história só foram publicadas em cores nesta edição compilada. Rei Vold mistura inúmeras referências ao folclore norueguês. A história contém alguns embates bastante violentos, sem deixar de lado o caráter de discussão e contestação de clichês dos quadrinhos, ratificando a função de desconstruir o ideal heroico que Mignola sempre usou em seu personagem mais ilustre e famoso.

    A parte dois chama-se Anos de Maturidade e começa com o drama espiritual Cabeças, ambientado no Japão dos anos 1960, que mantém o clima típico do país mesmo com o pouco conhecimento do autor sobre a sua histografia. Os fantasmas que perseguem Hellboy tentam acabar com a própria agonia de uma forma pouco ortodoxa, variando entre o grotesco e o tragicômico. Adeus, Sr. Tod brinca com arquétipos de H. P. Lovecraft; a trama é bem curta, e quase não há protagonismo para Hellboy, lembrando muito mais um mini-conto lovecraftiano. Originalmente publicada em tiras e adaptada para o formato em hq, O Vârcolac faz uso de um mito romeno sobre um vampiro que se alimenta do sol e da lua. As cores de Dave Stewart, em especial o vermelho sangue, são muito vivas, o que realça os elementos da história. O aspecto de filme de terror remete aos primórdios do cinema de horror e inúmeros outros momentos, como as fitas dos anos 30, os filmes de monstros da Universal, o barroco da Hammer Films, e um bocado do registro visual do diretor italiano Dario Argento.

    A parte três é denominada A Mão Direita da Perdição e começa com a história homônima, jogando uma luz sobre o motivo da mão do personagem ser enorme e feita de pedra. Já no início, há uma recordação de Sementes da Destruição, mostrando o antigo vilão Malcolm Frost no recordatório, e seu filho, um padre idoso, no tempo cotidiano. A origem da malignidade de Frost é discutida, sua motivação é dada pelo seu “santo herdeiro” como a de um homem de boa intenção, curioso quanto aos desígnios divinos. A mão rochosa do personagem é atribuída a uma maldição pessoal, um fardo que ele deve carregar para si. A história não é tão diferente quanto as anteriores, mas serve para trazer um frescor de perdão à trajetória do filho do demônio.

    A Caixa do Mal é a derradeira história do encadernado, ainda explorando o mistério envolvendo a mão destra do herói. Originalmente publicada em duas partes, Mignola acrescentou quatro páginas finais em um epílogo. Todo o descompromisso com a cronologia e com o caráter jocoso presentes nas outras histórias é um pouco deixado de lado nesta edição. A aventura é apocalíptica e serve para o personagem discutir a sua origem — sempre renegada por ele mesmo  e seu papel no provável fim do mundo, bem como suas atividades enquanto agente do BPRD. Curioso como uma figura herdeira do inferno deve segurar um fardo tão grande, e que, por meio da cruz que carrega, se assemelhe a figuras distantes dos arquétipos de seus ancestrais, aproximando-o ainda mais à figura do Salvador. O que mais impressiona na criatura de Mike Mignola é essa variação de espírito e a quantidade de significados conflitantes em uma só persona, a qual representa, mesmo com tantas agruras, uma das figuras mais carismáticas e destacadas das que foram oriundas dos modorrentos anos 90.

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  • Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 3 – O Caixão Acorrentado

    Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 3 – O Caixão Acorrentado

    Hellboy - Volume 3 - O Caixão Acorrentado

    Após duas edições históricas, com as séries (Sementes da Destruição e O Despertar do Demônio) que fundamentam a base de Hellboy, o terceiro volume lançado pela Editora Mythos é um compilado de pequenas histórias publicadas entre 1994 a 1998. Os fãs mais fervorosos poderão reclamar da quebra cronológica entre as publicações anteriores, porém esta edição é um interessante panorama de exercícios narrativos compostos por Mike Mignola.

    As sete histórias dessa edição são aventuras do detetive do sobrenatural em diferentes momentos de sua vida. As tramas se desenvolvem de maneira objetiva: o demônio visita algum local com registros de manifestações sobrenaturais, entra em contato direto com elas e, muitas vezes, sai fracassado da batalha ainda sem compreender os poderes ocultos com os quais lutara.

    Mesmo nascido de forma diabólica e sendo um aprendiz do oculto desde criança, a personagem compartilha o estranhamento das situações com o leitor. A personagem corpulenta pragueja a maior parte do tempo e, na ação, resolve tudo com pouco tato, respondendo a ameaças com grosserias, socos e punhados de bala.

    O traço do autor reforça as tramas atmosféricas ao produzir desenhos precisos, sem cenários detalhados quando não necessários à trama. O uso excessivo de sombras e de paletas escuras dá o tom lúgubre da narrativa, que sempre se movimenta com histórias estranhas, maravilhosas ou sobrenaturais.

    O autor teve cuidado ao pesquisar sobre a tradição cultural de diversos países e regiões, aprofundando-se em histórias orais, lendas e em obras de escritores passados, para compor sua própria narrativa utilizando tais elementos. Neste aspecto, Mignola aproxima-se de Neil Gaiman no sentido de respeitar os universos com rica tradição histórica e acrescentando sua visão particular a eles. Ao apresentar uma lenda prévia sob outra ótica, a tradição ganha nova voz.

    Este volume apresenta o mesmo padrão das edições anteriores, de capa dura e papel couché, com breves comentários do autor antes de cada história, além de um glossário que explica citações e referências contidas em cada uma delas. Após a excelente grande saga que apresenta Hellboy, estas pequenas histórias atemporais demonstram a habilidade de Mignola de narrá-las e a potência desta grandiosa personagem criada por ele.

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  • Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 2 – O Despertar do Demônio

    Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 2 – O Despertar do Demônio

    “Um homicídio em um museu de cera de Nova York e o desaparecimento de um cadáver levam Hellboy e o Bureau de Pesquisas e Defesa Paranormal à Romênia, em busca de uma lendária figura: Vladimir Giurescu, um antigo integrante da nobreza – e um vampiro. Como se Giurescu não fosse ameaça suficiente, a deusa das trevas Hecate surge para confrontar Hellboy com aterradoras revelações a respeito de seu propósito na Terra. Enquanto isso, cientistas nazistas descongelados após décadas de hibernação preparam-se para o retorno de Rasputin, o monge insano e precursor do fim do mundo.”

    O Despertar do Demônio, apresentado na segunda edição histórica do Hellboy, é uma continuação direta dos acontecimentos de Sementes da Destruição e nos leva de volta a uma imersão ao oculto, obscuro e fantástico do universo de Mike Mignola, com a qualidade de sempre já conhecida do autor.

    A história vai explorar de maneira sutil a busca pelo propósito e a razão de existir do herói vermelhão; dessa vez, porém, colocando Hellboy para enfrentar um famoso vampiro e uma deusa da mitologia grega (Hecate). A história é tão bem desenvolvida e cheia de nuances que é seguro dizer que Mignola explora quase que um novo olhar sobre essas lendas.

    A excelente história novamente se encaixa perfeitamente na arte de Mignola, definida por Alan Moore como sendo a amálgama do expressionismo alemão com Jack Kirby. Sua profundidade e a coesão entre preto e branco inundam as páginas da HQ, criando a atmosfera perfeita para se contar uma boa história sobre fantasia e horror.

    Mais uma vez o álbum da edição histórica não deixa a desejar em seu acabamento impecável e que enche os olhos de qualquer colecionador. É uma relíquia indispensável para a coleção de qualquer amante dos quadrinhos.

    Texto de  autoria Pedro Lobato.

  • Resenha | O Incrível Cabeça de Parafuso e Outros Objetos Curiosos

    Resenha | O Incrível Cabeça de Parafuso e Outros Objetos Curiosos

    Mike Mignola um dia teve uma ideia para um brinquedo: “Um robô com a cabeça semelhante a uma lâmpada, que se encaixaria em diversos corpos”. Dessa ideia surgiu o Cabeça de Parafuso, personagem que protagoniza a história principal que dá nome ao álbum, composto por seis pequenas histórias em quadrinhos.

    “Máquinas voadoras vitorianas, uma cabeça mecânica, roubos de tumbas, fantasmas, bruxas, marionetes, alienígenas e vegetais gigantes: um vertiginoso desfile de curiosidades encontra-se reunido nesta coletânea.”

    O Incrível Cabeça de Parafuso e Outros Objetos Curiosos conta com duas histórias ganhadoras do Eisner Awards: O Incrível Cabeça de Parafuso,vencedora da categoria Melhor Publicação de Humor do Eisner 2002, e O mágico e a cobra, vencedora do Eisner por melhor história curta. Só esse fato por si só demonstra o quão valioso é este compilado de histórias. Porém, trata-se de um trabalho que pode causar um pouco de estranhamento para aqueles que não estão familiarizados com o trabalho de Mike Mignola, que é mais conhecido por ser o responsável por criar o Hellboy.

    Mignola possui uma arte peculiar e sombria, que se completa brilhantemente dentro de suas narrativas influenciadas por uma atmosfera de terror, obscurantismo e mistério. Mignola é único. Alguns podem considerar histórias como Na capela dos objetos estranhos e A bruxa e sua alma superficiais, mas têm bastante significado no universo que o autor vem desenvolvendo desde o início de sua carreira. Esta pode não ser a obra mais importante de sua vida, mas com certeza é obrigatória para todos os seus fãs, que se envolvem em seu universo oculto e misterioso.

    O preço do encadernado de fato é alto, porém ele possui um acabamento gráfico impecável. Ao final, temos 11 páginas de esboços e anotações do autor, que vão deixar qualquer fã extremamente satisfeito.

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    Texto de autoria de Pedro Lobato.

  • Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 1 – Sementes da Destruição

    Resenha | Hellboy Edição Histórica: Vol. 1 – Sementes da Destruição

    Hellboy – Sementes da Destruição é uma daquelas histórias despretensiosas que sabe como fazer uma boa introdução de personagens e ainda deixar uma semente do que viria a se tornar um grande épico dos quadrinhos, seja pela mitologia utilizada na série, sua dinâmica, ou mais ainda, pelo seu protagonista carismático. (mais…)