Tag: Star Wars Cânone

  • VortCast 108 | The Mandalorian e O Livro de Boba Fett

    VortCast 108 | The Mandalorian e O Livro de Boba Fett

    Bem-vindos a bordo. Filipe Pereira (@filipepereiral | @filipepereirareal), Bruno Gaspar (@hecatesgaspar | @hecatesgaspar) e David Matheus Nunes (@david_matheus) se reúnem para comentar sobre as séries mais recentes do universo expandido de Star Wars: The Mandalorian e O Livro de Boba Fett.

    Duração: 89 min.
    Edição:
     Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • Especial | Star Wars

    Especial | Star Wars

    Há tempos, pelos idos dos anos setenta, se iniciava no cinema, por meio de um realizador motivado, audacioso e desbravador uma das melhores fantasias em formato Space Opera da história. A saga de Luke Skywalker, Han Solo e Princesa Léia foi expandida para muito além dos três primeiros filmes de Star Wars, e hoje figura no ideário do homem comum ocidental através dos produtos originais, novos lançamentos e materiais que expandem o pensamento idealizado por George Lucas.

    Star Wars é uma franquia lucrativa. Após sua compra pela Disney mais produtos foram garantidos, incluindo novos filmes e derivados. O antigo Universo Expandido que continha produtos antigos, como a trilogia Thrawn de Timothy Zhan e o recente Kenobi, de autoria de John Jackson Miller, além dos quadrinhos da Dark Horse e múltiplos jogos de RPG e videogames foi descontinuado, atribuído ao selo chamado Legends, não sendo mais parte oficial do cânone da saga. Algumas destas ideias foram recicladas e usadas nos roteiros de Lawrence Kasdan em Episódio VIII: Despertar da Força, enquanto o novo material suplementar faz parte necessariamente da história oficial indiscutivelmente, fator que antes Lucas jamais assumiu para sua franquia, mesmo dando aval para a criação da maioria das ramificações da legenda da força.

    Com promessas de novos filmes, incluindo spin offs cinematográficos, mais e mais material serão produzidos, além de reedições de produtos não lançados no Brasil, que finalmente farão parte do catálogo das editoras nacionais. A fim de mapear toda essa gama de material, organizamos este novo universo em textos analíticos e opinativos, desbravando uma galáxia distante, em busca do sentido da religião da Força. Como a própria Disney dividiu o universo de Star Wars na composição do novo cânone, consideramos necessário manter essa divisão pelo didatismo e para aqueles leitores que desejam acompanhar somente um ou outro.

    Podcasts

    VortCast 50 | Star Wars: Os Últimos Jedi
    VortCast 51 | Star Wars e as Polêmicas do Novo Filme (Ou Procurando Pelo em Ovo)

    Artigos

    Os Bastidores, Detalhes e as Mudanças de George Lucas em Star Wars
    Star Wars: Episódio VIII | Comentamos o novo trailer de Os Últimos Jedi
    Star Wars Celebration | O painel de Os Últimos Jedi, o primeiro pôster e o primeiro teaser  
    Sobre Ascensão Skywalker
    : Comentários do teaser, Comentários sobre o trailer final ,O que esperar
    Dia dos Investidores

    Novo Cânone

    Filmes
    (1977) Star Wars: Uma Nova Esperança
    (1980) Star Wars: Império Contra Ataca
    (1983) Star Wars: O Retorno de Jedi
    (1999) Star Wars: Ameaça Fantasma
    (2002) Star Wars: Ataque dos Clones
    (2005) Star Wars: A Vingança dos Siths
    (2015) Star Wars: O Despertar da ForçaCrítica 2 e Crítica 3
    (2016) Rogue One: Uma História Star Wars
    (2017) Star Wars – Episódio VIII: Os Últimos Jedi
    (2018) Han Solo: Uma História Star Wars
    (2019) Star Wars – Ascensão Skywalker 
    (2020) LEGO Star Wars: Especial de Festas

    Seriados
    (2008) Star Wars – Clone Wars
    (2014) Star Wars: Rebels – 1ª Temporada 
    (2019) The Mandalorian 1ª Temporada

    – Chapter One :The Mandalorian
    Chapter Two: The Child
    Chapter Three: The Sin
    Chapter Four: The Sanctuary
    Chapter Five: The Gunsliger
    Chapter Six: The Prisioner
    Chapter Seven: The Reckoning
    Chapter Eight: The Redemption  
    (2020) The Mandalorian 2ª Temporada

    Literatura
    (2014)
    Tarkin – James Luceno
    (2015) Star Wars: Lordes dos Sith – Paul S. Kemp  
    (2015) Star Wars: Estrelas Perdidas – Claudia Gray

    Quadrinhos
    (2014) Darth Maul – Filho de Dathomir
    (2015)
    Darth Vader #01-12
    (2015) Star Wars #01-12
    (2015) Princesa Leia
    (2015) Império Despedaçado
    (2015) Vader Down
    (2015) Lando
    (2015) Star Wars: O Diário do Velho Ben Kenobi

    (2016) Han Solo
    (2016) C-3PO – O Membro Fantasma
    (2016) Star Wars: Prisão Rebelde

    (2016) Star Wars: O Último Voo do Harbinger

    Linha Infantil

    Livros

    (2012) Star Wars: Darth Vader e Filho
    (2013) Star Wars: Academia Jedi
    (2013) Star Wars: Academia Jedi – O Retorno de Padawan
    (2015) Star Wars: A Princesinha de Vader

    Selo Legends

    Filmes:
    (1978) Star Wars – Holiday Special
    (1984) Caravana da Coragem: Uma Aventura Ewok
    (1985) Caravana da Coragem: A Batalha de Endor

    Seriados
    (2003) Star Wars – Guerras Clônicas

    Literatura
    (1991) Herdeiro do Império – Timothy Zhan
    (1992) Ascensão da Força Sombria – Timothy Zhan
    (1993) O Último Comando – Timothy Zhan
    (2014) Star Wars : A Trilogia – Special Edition

    Quadrinhos
    (1992) Império do Mal (trilogia)
    (2005) Jango Fett: Temporada de Caça
    (2010) Star Wars: Boba Fett – Laços de Sangue

  • O que esperar de Star Wars: A Ascensão Skywalker

    O que esperar de Star Wars: A Ascensão Skywalker

    Queridos amigos e fãs de todo o mundo, a espera acabou. Nosso país terá o privilégio de poder assistir Star Wars: A Ascenção Skywalker. Chegando por aqui em 19 de dezembro desta semana, o nono capítulo da maior franquia da história do cinema chegará ao seu fim depois de muita ação, batalhas espaciais, reviravoltas e também muitos pontos controvertidos, e nem estou falando da trilogia prequel e sim do penúltimo capítulo da saga, o polêmico Os Últimos Jedi, que dividiu os fãs ao meio, deixando muita gente desacreditada quanto à conclusão da saga. Mas sempre temos aqueles otimistas que confiam cegamente que o diretor J.J. Abrams possa dar um final digno à uma história criada por George Lucas, lá em 1977.

    De maneira estranha, a expectativa para o Episódio IX é altíssima, contudo, os fãs da franquia já sabem que existe a possibilidade do final não ser como todo mundo espera, como por exemplo como ocorreu e Vingadores: Ultimato que, apesar de duas baixas pesadas, foi algo muito mais que bonito ou épico e sim, justo.

    Falaremos disso mais para frente, depois que o filme for digerido pela maioria das pessoas, mas esse que vos escreve acredita que O Despertar da Força já trilhou um caminho que não deveria trilhar, mas uma vez que esse caminho começou a ser percorrido, não havia como voltar atrás, não com o que Rian Johnson fez em Os Últimos Jedi. O cineasta optou por trazer sua própria visão para a história de Luke Skywalker, recebendo críticas de Mark Hamill (que sempre que tem a oportunidade fala a respeito) e mais recentemente do ator John Boyega, responsável por dar vida a Finn. Assim, sobrou para J.J Abrams dar um final digno a história.

    Nós do Vortex optamos por não nos inteirar com relação às teorias e a história do filme, mas, de qualquer forma, alguma das teorias trazidas aqui por nosso time de redatores podem não fugir do óbvio. Então vamos a elas.

    A HISTÓRIA

    Acredita-se que o começo de A Ascenção Skywalker será uma espécie da caça ao tesouro, onde Rey (Daisy Ridley) e Kylo Ren (Adam Driver) estarão em busca de algo que poderá mudar a história da galáxia. Ren deverá ir atrás deste artefato para ter poder absoluto, enquanto a jovem Jedi (ou aprendiz) tentará impedir que o artefato caia nas mãos erradas.

    Vale destacar que esta é a primeira empreitada que Rey, Finn e Poe (Oscar Isaac) estão juntos, já que até agora, o trio principal nunca foi visto juntos numa aventura.

    Essa corrida contra o tempo, colocam os dróides com tempo suficiente em tela e ainda traz novos personagens como Zorii Bliss (Keri Russel) e Jannah, vivida por Naomi Ackie e o retorno de Billy Dee Williams como o homem mais charmoso da galáxia, Lando Calrissian, cuja participação se tornou obrigatória após a morte de Carrie Fischer e da união de Luke Skywalker à Força.

    Por algum motivo que ainda desconhecemos, teremos o aguardado retorno do Imperador Palpatine (Ian McDiarmid), que voltará em grade estilo, liderando uma massiva armada de cruzadores imperiais, com um exército de dar inveja a qualquer um. Com isso, é pouco provável que às antigas naves que aparecem nos trailers sejam descobertas e usadas pelos Rebeldes, como antes se acreditava. Ainda não se sabe se Palpatine estará independente, buscando retomar o controle da galáxia, inclusive acabando com a Primeira Ordem, ou se eles serão aliados.

    Porém, são as atitudes de Palpatine que devem fazer com que Kylo Ren siga os passos de seu avô e retorne para o Lado da Luz, primeiro para salvar Rey e segundo para destruir o maléfico lorde Sith de uma vez por todas. Inclusive, existe a possibilidade deste filme ser mais sobre Kylo Ren do que sobre Rey, cuja jornada, definitivamente será amparada por Luke Skywalker, como fantasma da força.

    RESPOSTAS

    Star Wars: A Ascensão Skywalker deve trazer muitas respostas e sem dúvida, a que mais atiça a curiosidade dos fãs é sobre o parentesco de Rey. Afinal ela é uma Skywalker? Uma Kenobi? Um clone de Anakin Skywalker? Existe a enorme possibilidade de Rey, assim como Kylo Ren já afirmou, ser uma ninguém, uma órfã, abandonada em Jakku. Mas a possibilidade dela ser descendente de Obi-Wan Kenobi é praticamente nula, assim como dela ser uma Skywalker (pelo menos até o final do filme). Uma das teorias mais loucas a respeito, como dito acima, é a da jovem ser um clone de Anakin Skywalker. Ora, em O Ataque dos Clones tomamos conhecimento do maior exército já visto em Star Wars, sendo que, em A Vingança dos Sith, é comprovado que o grandioso exército fez parte de um ambicioso plano de Palpatine para tomar o poder e ainda levou consigo o Jedi mais poderoso da galáxia. Já está comprovado que o exército de cruzadores estará a mando do lorde Sith, devendo ser demonstrado como um plano para um futuro que chegou. Faz bastante sentido ele ter alguém ao seu lado para liderar este novo golpe e esse alguém, poderá ser muito bem Rey (sendo clone ou não).

    MORTES

    Também é possível que tenhamos que nos despedir de personagens queridos, como Chewie (Joonas Suotamo) ou C3PO (Anthony Daniels). O gigante wookie sobreviveu às Guerras Clônicas, foi resgatado por Han Solo e junto de seu amigo ajudou a derrotar o Império. Com a morte de seu querido parceiro, talvez não haja mais nada para ele neste plano, se a hora requerer algum sacrifício de sua parte.

    Embora as imagens dos trailers mostram que C3PO está olhando seus amigos pela última vez, não acho que ele vá morrer ou ser destruído. Em algum momento do filme, talvez seja necessária uma troca de protocolo que talvez faça com que “Threepio” tenha toda sua memória apagada ao voltar ao normal. Obviamente isso o fará esquecer de tudo que passou com seu amigo R2-D2 desde que se lançaram numa cápsula de sobrevivência em Um Nova Esperança, em busca da ajuda de Obi Wan Kenobi

    PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

    J,J. Abrams tem a missão de agradar os fãs da saga. Então é muito provável que o filme traga rostos conhecidos do público e as participações não devem se contentar somente com o retorno de Luke e Lando. Yoda deve aparecer, assim como Obi-Wan (vivido por Ewan McGregor) e por que não, Anakin Skywalker (vivido novamente por Hayden Christensen)?

    E eu não falo tão somente de personagens dos filmes. Os fãs do universo expandido também terão seus egos inflados, uma vez que já vimos a nave Fantasma de Star Wars: Rebels escoltando a Millennium Falcon para a batalha final. Se a Fantasma está lá, quem a estará pilotando? Assim, é possível que veremos ainda que brevemente algum querido personagem do elenco de Rebels.

    Além disso, devemos ter atores conhecidos vestindo o manto dos Stormtroopers, assim como Daniel Craig, que gravou uma cena com Daisy Ridley em O Despertar da Força e Tom Hardy, juntamente com os príncipes William e Harry, que tiveram suas participações cortadas da edição final de Os Últimos Jedi. Fica aqui uma curiosidade: William e Harry foram cortados por causa da altura de William que era superior à altura padrão dos soldados.

    UM FINAL GRANDIOSO

    O final de A Ascensão Skywalker deve ser grandioso, primeiro por conta da batalha final que deve se assemelhar em escopo à batalha de O Retorno de Jedi ou, ainda mais, como a batalha de Coruscant, no início de A Vingança dos Sith.

    Mas as suas últimas cenas deverão arrancar lágrimas dos fãs.

    O cineasta Kevin Smith (um fanático por cultura pop e Star Wars) passou um dia num dos sets de A Ascensão Skywalker e acompanhou as gravações da famosa cena envolvendo C3PO. Ele disse recentemente que, nesse dia, pessoas da produção falaram para ele de um set de filmagens secreto, um set que estava sendo escondido até de outras pessoas envolvidas na produção. Ao questionar J.J. Abrams sobre o set, o diretor, inicialmente, proibiu que Smith visitasse o local, mas em seguida, concordou com a visita, porém, fazendo uma ressalva: Abrams disse a Smith que o set era o da última cena do filme e que algo especial havia sido preparado. Prontamente Smith desistiu de visitar o local.

    Então é isso, pessoal. Star Wars: A Ascensão Skywalker chega aos cinemas brasileiros em 19/12/2019.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

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  • Resenha | Star Wars: Estrelas Perdidas – Claudia Gray

    Resenha | Star Wars: Estrelas Perdidas – Claudia Gray

    Durante a época pré lançamento de Star Wars: O Despertar da Força, muitos livros foram lançados, licenciados pela Disney, com o selo Jornada Para o Despertar da Força. Esses, causavam um alvoroço tremendo, por aparentemente contarem a historia que se passou pós O Retorno de Jedi até o famigerado Episódio 7, mas a maioria enganava demais nesse sentido, contando pouco ou praticamente nada após esses eventos. Pois bem, Estrelas Perdidas é uma das exceções a regra acima citada, é um romance lançado no Brasil pela Editora Seguinte e traz uma historia juvenil, para o famigerado público Young Adult, com uma historia de amor melosa e que leva em conta o cenário de fundo de Guerra nas Estrelas.

    Claudia Gray é uma escritora gabaritada. Do novo Universo Expandido canônico, seu livro Legado de Sangue é bem elogiado, por mostrar a Senadora Leia Organa tentando lidar com a chamada Nova República. Aqui, são apresentados dois personagens de Jelucan, ainda crianças. Thane Kyrrel e Ciena Ree vivem nesse planeta na orla exterior, um lugar que a República mal assistia e que o recém empossado Império dá uma certa atenção. Neste ponto mora uma das riquezas da literatura, ao mostrar que o poderio imperial autoritário dava mais atenção a planetas distantes de Coruscant do que o antigo regime democrático.

    Aqui, a oposição ao Império é praticamente inexiste, e muitos exemplos disso são dados. Thane e Ciena ingressam na Academia Imperial com direito até a participação de um personagem clássico. Isso é curioso, pois a historia dos dois se confunde com o passado do governador e moff, tema esse o centro da historia de Tarkin de James Lusceno, que explora um pouco do passado interiorano do servo fiel do Império e antigo líder militar da República.

    Quanto a narrativa, não há muito o que reclamar, Gray escreve bem e ao menos no início o desenrolar de fatos é bem divertido. Mostra-se bem os bastidores e não demora a apresentar personagens clássicos, aliás contando com tantas aparições que soa forçado as vezes. O problema é da metade para o fim, enquanto os eventos de Uma Nova Esperança ocorrem, não se desata tanto o enlace sentimental dos protagonistas, mas após isso, quanto se aproxima o período de O Império Contra Ataca tudo fica meloso e enfadonho demais.

    A tradução do livro fica a cabo de Fabio Fernandes, o mesmo que fez um bom trabalho com o livro Legends Kenobi. Não fosse a boa adaptação de termos, ficaria ainda mais difícil terminar a leitura desse. Enquanto não perde tempo desenvolvendo um romance que pouco importa  para quem é fã da trilogia clássica, detalhes burocráticos são expostos, como o quão curta  é a carreira militar, com apenas três anos de treino acadêmico e uma carreira militar de meia década.

    Entre prólogo e capitulo 1 passam-se cinco anos, e Thane já é claramente apaixonado por Ciena, e isso é um pouco dado. O desenrolar desse apego é descrito pouco depois, e a evolução mostrada ano a ano faz entendiar. O foco narrativo é o sentimentalismo tacanho e barato, aludindo vez ou outra para o vasto universo criado por George Lucas, mas sempre deixando este em segundo plano. Ao menos, não se demora a discutir a política da galaxia, e a argumentar que do ponto de vista dos alistados, o Império pôs ordem e honestidade na galáxia enquanto o senado da antiga república era, ao menos no que se fala e repercute, composto por muitos alvos desonestos.

    Há aparições legais, como a Tantine IV, nave de Leia que lança R2 e C3PO para Tatooine, conversas com Mon Mothma (momento esse bem vergonhoso), Mesmo participações como a do Almirante Ackbar são banalizadas, pois cada bom momento desses personagens clássicos rivaliza com dois ou três momentos adocicados, como se o casal, que já é uma espécie de Romeu e Julieta do espaço,  fosse uma espécie de Forrest Gump duplicado em uma Space Opera.

    A questão  mais positiva do livro, é o detalhamento sobre o treinamento dos imperiais e sua rotina de perseguição aos rebeldes. Tanto Ciena quanto Thane parecem mesmo estar na elite entre os pilotos que passaram para a academia, mas mesmo essa boa urdição dá lugar um melodrama desnecessário, que só valoriza o quanto os dois personagens se enxergam como almas gêmeas.

    Quando Ciena vê o Imperador ela se assusta com sua aparência, achando ele grotesco, ao contrario das imagens veiculadas de Palpatine publicamente. Os hologramas do líder imperial eram falsos, e isso dá uma boa dimensão dos meandros e ardis da política de Star Wars, não tão distante do que se vê  em países emergentes ou desenvolvido na Terra atual.

    Claramente Estrelas Perdidas só funciona como boa introdução para o leitor ávido por romances água com açúcar, exceção talvez ao se final, que vislumbra um pouco da organização dos resquícios do Império e como  eles combatiam a República e mais tarde, a Resistência, inclusive aludindo a batalha de Jakku, mas ainda assim, se reduz até esse confronto a algo pessoal e hiper emotivo, o que é uma pena, pois mesmo sem ter um final feliz, o livro precisa lançar mão dos clichês impostos por seu formato literário, e pouco  acrescenta para quem quer saber das tramas principais que envolvem a galáxia de Star Wars.

    Compre: Star Wars: Estrelas Perdidas – Claudia Gray.

     

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  • Resenha | Darth Vader: Fim dos Jogos

    Resenha | Darth Vader: Fim dos Jogos

    Darth Vader: Fim dos Jogos começa imediatamente após os eventos de Darth Vader: Guerra de Shu-Torun, após Vader encontrar o oficial Tanoth, em uma conversa bastante expositiva. Fato é que mesmo que o desempenho da revista não seja positivo, o run do roteirista Kieron Gillen tem um apego a cronologia bem maior do que é visto nos textos de Jason Aaron em Star Wars.

    Os desenhos continuam com Salvador Larroca e o protagonista da revista divide os holofotes com o retorno da Doutora Aphra, que volta a interagir com Triplo Zero e Beetee, ou 000 e B1-T1, os androides que funcionam como espelho mal de C-3PO e R2-D2. Vader voltou a cair nas graças do Imperador, e recebe como missão de capturar seu antigo rival, o Dr. Cylo, o mesmo que trabalha com próteses robóticas e que ajudou a montar os suportes de vida de sua armadura.

    Quando se começa a ler a revista não há clarividência sobre a quais jogos que o titulo se refere e uma das possibilidades certamente é o jogo de gato e rato que ocorre na disputa entre Cylo e o lord sith, e o suspense estabelecido ali é bem idealizado. Quando a revista parece estar tomando um rumo diferente dos arcos mais antigos, há uma interferência, que faz referencia clara ao Episódio 3, e ver os momentos importantes de A Vingança dos Sith pelo traço de Larroca é um bocado estranho, sem falar que os que foram escolhidos, foram pessimamente mal filmados por George Lucas e pateticamente mal retratado aqui.

    Outro aspecto grotesco é a Frota Baleia de Cylo. Sem auxílio visual é difícil de descrever além do óbvio, sendo literalmente um “cardume” de animais marinhos enormes, paramentados com armaduras espaciais passeando pelo espaço, sem qualquer lógica nesse transito. As inteirações no final não fazem muito sentido, em especial em Darth Vader #25, o último número deste volume, as conversas entre o protagonista, Aphra e o Imperador soam estranhas, mas no final, os rumos do Império são bem encaminhados, inclusive sobre o comando do Star Destroyer Executor.

    Vader já  se torna o assassino a sangue frio de Império Contra Ataca, munido do Almirante Ozzell – feito no Episódio V por Michael Sheard – que estaria ao lado do recém promovido Sith, que agora era uma espécie de segundo em comando. Fim dos Jogos tenta soar épico, no sentido de mostrar o triunfo do personagem principal, mas é um bocado covarde nos rumos dos personagens mais carismáticos, basicamente para ter mais espaço para desenvolver historias e spin offs desses mesmos personagens. Infelizmente essas revistas do novo cânone tem um aspecto bem parecido com os filmes da Marvel e no pior sentido possível, de não se resolver bem em si, precisando sempre de acessórios e de ganchos sensacionalistas para funcionar e para gerar expectativas nos leitores, e isso é uma pena, para dizer o mínimo.

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  • Resenha | Star Wars: C-3PO – O Membro Fantasma

    Resenha | Star Wars: C-3PO – O Membro Fantasma

    Após a compra que a Disney executou sobre a Lucasfilm, anunciou que todo o antigo Universo Expandido se chamaria agora de Selo Legends, e novos quadrinhos e filmes dariam vazão as historias do filme. A realidade no entanto é que pouco ou nada mudou, as revistas da linha Star Wars e os primeiros números de Darth Vader se passavam entre Uma Nova Esperança e Império Contra Ataca, e o que todos queriam saber estava entre O Retorno de Jedi e O Despertar da Força, e esse pequeno especial envolvendo o androide que Anthony Daniels fazia nas outras trilogias mostra coisas de fato inéditas.

    Este C-3PO: O Membro Fantasma é menor que os arcos de Han Solo, Princesa Leia, Lando etc, foi publicado no Brasil na revista Darth Vader 21, da Panini, em 2017. Seu lançamento original foi um ano antes, nos EUA e com sete capas variáveis. O drama começa colocando o personagem consular lidando com outros droides, onde ele tem que dar ordens porque aparentemente não humanos pelo cenário, nem mesmo os da Resistência.

    O roteiro fica a cargo de James Robinson, um roteirista acostumado a lidar com excluídos (ficou famoso com histórias da DC como Starman e Sociedade da Justiça), e a forma como o robô age é engraçada, tal qual nos filmes, e dramática na medida, ao se ver obrigado a se vangloriar dos feitos que tem como agente de campo. A arte de Tony Harris soa um pouco estranha a primeira vista, a junção com as cores torna as imagens de um tom meio gritante, com tons berrantes demais. A tentativa de emular quadros bonitos não funcionou muito, principalmente por ter resultado num quadro meio feio.

    Há uma certa graça na mudança de cor de membro, em atenção as lendas que falavam sobre a perna prateada do robô de protocolo no primeiro filme. O fato da perda desse braço ter ocorrido de maneira drástica em meio ao cenário de estar cercado de outros seres autômatos dá muito significado. C-3PO não é como L3-37, personagem de Han Solo: Uma História de Star Wars, mas valoriza igualmente a presença dos seus iguais. Por mais que não seja revolucionário, ele faz presente a memória dos que estavam consigo, e o discurso final da história de Robinson valoriza exatamente isso, as lembranças deles, traçando até um paralelo entre o protagonista, que perdeu suas memórias pós A Vingança dos Sith, com seus companheiros. O final sentimental casa bem com o todo, fazendo dessa Membro Fantasma algo singelo e até tocante.

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  • Resenha | Star Wars: Lando

    Resenha | Star Wars: Lando

    Como parte da iniciativa de introduzir quadrinhos com histórias dos personagens clássicos de Guerra nas Estrelas, Star Wars – Lando é executada pela dupla Charles Soule nos roteiros e Alex Maleev na arte. O ponto de partida da história mostra o trambiqueiro se envolvendo carnalmente com uma governadora imperial, uma moff, em um ambiente que faz lembrar o cenário aéreo de Bespin, introduzido junto com o personagem em Império Contra-Ataca.

    Diferente do especial Han Solo, de Marjorie Liu e Mark Brooks, essa é uma história um pouco menos genérica, e apesar do caráter episódico, mostrando um dos últimos trambiques do personagem antes de se tornar um empresário do ramo de gás, há charme e alma nessa trama. Além, obviamente de focar em Lando, a revista também mostra Lobot, o ciborgue que o acompanha nos filmes, e que aqui, o ajuda no ofício de caçador de recompensas.

    Lando intercepta um artefato precioso, que o faz ser perseguido por pessoas poderosas, entre elas o Imperador Palpatine, que põe sua guarda, chamada Guarda Imperial de Elite para persegui-lo, o que consiste em um belo fan service. O ritmo da aventura é um pouco rápido demais, fato que mata um pouco do impacto da história, mas o acréscimo da caçadora de recompensas Chanath Cha, enviada pessoalmente em busca da nave roubada pelo protagonista — que a roubou sem saber que se tratava de um veículo do Império.

    O conjunto de personagens periféricos novos é bastante diversificado e se eles não são muito desenvolvidos dramaticamente, ao menos são visualmente marcantes, como os gêmeos felinos Aleksin e Pavol; Sava Korin Pers, que inclusive parece ter saído de alguma dos spin-offs de Jornada na Estrelas, em especial os visuais de Deep Space Nine.

    Se o roteiro é bastante normativo, o mesmo não se pode dizer da arte. Maleev dá uma bela versão de Lando, dos personagens antigos e ainda capricha nos que aqui são introduzidos. As lutas são muito bem desenhadas, extremamente fluidas, e as páginas duplas também são de encher os olhos, compondo quadros que deixam o trabalho final grandioso em boa parte dos momentos.

    No final, ao salvar seu antigo companheiro Lobot, ele responde a indagação de que ele não usaria blaster, para defender a sua vida e a dos seus. A história é repleta de pequenos detalhes que tornam a revista uma pequena pérola, com uma tramaa simples, certeira e que acerta demais na caracterização do malandro clássico que era o personagem de Billy Dee Williams.

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  • Resenha | Star Wars: Han Solo

    Resenha | Star Wars: Han Solo

    Minissérie em cinco edições, Star Wars – Han Solo, tal qual Star Wars da Marvel e a primeira versão canônica da revista de Darth Vader se passa entre as aventuras dos filmes Uma Nova Esperança e O Império Contra Ataca. A capa da primeira edição é feita por Lee Bermejo e o roteiro Marjorie Liu, que já fez algumas historias dos X-Men, da X-23 e a série de livros Hunter Kiss, além de contar com a arte de Mark Brooks, conhecido por seu trabalho em Cable e Deadpool.

    A história mostra Han negando sua vocação rebelde, se esgueirando na questão de contrabandista, fato que conversa bem com seu destino em O Despertar da Força, mostrando que essa é uma questão cíclica em sua vida. Aqui, Han e Chewbacca são chamados por parte da liderança dos rebeldes, incluindo um militar e a Princesa Leia. A autoridade do exército não o quer fazendo a missão secreta para os rebeldes, já a nobre de Alderaan quer que ele vá e depois de muito deliberar ele aceita. O estranho nessa história é que ela se passa muito próxima da revista Star Wars, da Marvel, e faz contradizer de certa forma alguns desses dramas e dessas tramas.

    A missão consiste em sua participação em uma corrida, fato que poria à prova suas capacidades como exímio piloto que sempre se declarou. Esses elementos conversam bastante com quase todos os produtos do universo expandido, onde conhecemos Solo agindo em alguns de seus papéis como contrabandista, embora aqui ele esteja seja como um espião disfarçado. Apesar do anti-herói estar acompanhado de Chewie, o wookie quase não aparece, aliás, na chamada competição O Vácuo do Dragão mostra mais elementos de A Ameaça Fantasma do que de outros episódios, em atenção à corrida de pods que Anakin ainda criança venceu, sobre Sepulba, que aliás, tem um personagem de sua raça aparecendo aqui.

    É no mínimo estranho que, logo na história que chama apenas Star Wars – Han Solo seja tão genérica e episódica a trama deste especial em cinco partes. A história é tão usual que faria mais sentido ser parte da revista mensal da saga, e não de um arco que foi lançado exatamente após o anúncio da morte do personagem nos cinemas. Mesmo os ganchos existentes soam oportunistas, não tem grande impacto sequer na edição posterior da revista. Além dessa falta de impacto, também pesa contra o especial o fato de que qualquer caçador de recompensas poderia ser a figura central da história de Liu.

    Os balões de diálogo frisam que essa é uma emocionante e inesperada corrida em mil anos, e isso não se traduz realmente em algo palpável, ao contrário, para quem lê é mais esperado os eventos entre as ultrapassagens e não a competitividade ligada a velocidade e astúcia dos pilotos. Quase tudo que envolve essa pequena publicação é bastante genérica, e serve quase que só para no final mostrar uma aproximação afetiva de Leia e Solo que está sendo negada por ambos, e isso é muito pouco, até porque há pouca demonstração dos dois no mesmo quadro, sendo assim, o quadrinho, infelizmente, não foge muito do ordinário ou do medíocre, sendo fraca até em comparação com outras revistas de Star Wars do cânone recente.

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  • VortCast 51 | Star Wars e as Polêmicas do Novo Filme (Ou Procurando Pelo em Ovo)

    VortCast 51 | Star Wars e as Polêmicas do Novo Filme (Ou Procurando Pelo em Ovo)

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Mario Abbade (@fanaticc) se reúnem após um longo inverno para uma análise contextual de um dos sucessos do ano, Star Wars: Os Últimos Jedi. Dando sequência a análise iniciada no VortCast 50, exploramos as polêmicas da produção e o contexto de seu lançamento: A ideologia por trás do filme em meio a era Trump, a evolução da narrativa para os cínicos dias atuais e os novos personagens dúbios contrariando a tônica do bem e do mal.  Saiba tudo isso e muito mais.

    Duração: 53 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner:
    Bruno Gaspar

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    Crítica Star Wars: Uma Nova Esperança
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    Crítica Star Wars: Os Últimos Jedi
    Vortcast 50:  Star Wars: Os Últimos Jedi

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    Especial | Star Wars

    Mario Abbade | Pensando em Cinema

    Rádio Band News (quartas às 20h30, quintas às 6h10, sextas às 18h30 e aos sábado às 9h40) | TV Band (quartas e sábados às 19h no Jornal do Rio)

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  • VortCast 50 | Star Wars: Os Últimos Jedi

    VortCast 50 | Star Wars: Os Últimos Jedi

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Rafael Moreira (@_rmc) se reúnem com Filipe Pereira (@filipepereiral), para dar suas primeiras impressões em relação ao mais novo filme da franquia Star Wars, Os Últimos Jedi, do diretor Rian Johnson. Seria o novo filme um remake de O Império Contra-ataca? Seria Rey uma overpower de midi-chlorians? Depois de Luke perder as mãos, teria ele perdido a cabeça? Saiba tudo isso e muito mais.

    Duração: 47 min.
    Edição: Rafael Moreira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner: 
    Rafael Moreira

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    Crítica Looper

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    Especial | Star Wars

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  • Review | Star Wars Rebels – 1ª Temporada

    Review | Star Wars Rebels – 1ª Temporada

    Após terminar Star Wars – Clone Wars forçosamente, graças a compra da Lucasfilm pelos estúdios Disney, Dave Filoni teve que resumir suas ideias para um ultimo ano da serie animada, deixando muitos de seus arcos abertos. A continuação logo viria, com a primeira temporada de Star Wars – Rebels, focada evidentemente em um grupo de resistentes ao domínio imperial.

    Antes até da primeira temporada, foram lançados alguns curtas-metragens. Um de 15 minutos – que na verdade é um compilado de vídeos breves, e é exibido na Netflix como um filme só – que não faz introdução alguma e tem uma linguagem semelhante a de um teaser, com pequenos insights dos personagens chave, e também A Fagulha de Uma Rebelião, que mostra o grupo formado pela pilota twi’lek Hera Syndulla, o sensitivo a força Kanan Jarrus, o lasatiano e brucutu Garazeb “Zeb” Orrelios, mandaloriana Sabine Wren e o carismático androide Chopper. O quinteto acaba esbarrando em Ezra Bridger, um menino órfão e desamparado, que comete pequenos furtos para sobreviver. É dele a trajetória que mais se aproxima de uma jornada de herói clássico, obviamente também por guardar semelhanças com o Luke de Uma Nova Esperança.

    O fato de se focar em um único grupo de aventureiros facilita tanto a narrativa quanto o aprofundamento dos personagens, fazendo até os sub plots soarem mais importantes é bem construídos do que em comparação por exemplo com Clone Wars. O decorrer desse segundo ano de certa forma repete a formula dos curtas já citados, abordando os eventos sem enormes contextualizações, os acontecimentos são tão episódicos que fazem até perguntar se este não seria um programa procedural.

    Quando Kanan resolve treinar Ezra é dada uma mostra de como funciona a tentativa de subsistir em tempos de crise, com o governo imperial reprimindo qualquer opositor. Kanan é um padawan caído, como visto em Kanan – O Último Padawan, e  acaba sendo o mais próximo de um mestre jedi para um rapaz que é sensitivo também a Força. Há uma aparição bem conveniente em Rise of The Old Masters, que gera entre pupilo e mestre uma expectativa que não se cumpre, envolvendo a mestre jedi Luminara Undulli. Nesse momento a confiança mútua entre os dois é testada, assim como é introduzido no cotidiano dos heróis a figura vilanesca do Inquisidor, que no começo, soa como uma imitação de Asajj Ventress para Vader, mas aos poucos o antagonista ganha importância e sentido para ali estar.

    Os cadetes imperiais são pegos ainda crianças, como dito por Finn em O Despertar da Força, e Rebels detalha isso. Os menino e meninas passam por provações duras, mas a maioria está lá de maneira voluntária, ao contrario do que é falado na época da Primeira Ordem. Essa diferença de versões talvez se justifique pela motivação básica de que, após O Retorno de Jedi e consequente queda do Império, partes importantes das falsas preocupações com direitos humanos foram simplesmente suprimidas, além de demonstrar que os discípulos de Snoke são mais extremos que os que se alistavam no conglomerado de Palpatine.

    No episódio Path of the Jedi, Kanan e Ezra viajam até um antigo templo jedi, a fim de complementar o treinamento do jovem. Entre situações de privação de sentidos e de provação da sua própria confiança, Ezra se vê combatendo opositores bem mais fortes que ele, como parte de um teste de aptidão, que resulta em um prêmio que era consideravelmente raro em tempos de queda da República, em especial após a execução da Ordem 66. Ao ter o cristal kyber em mãos, e com as sucatas que lhe restam, para enfim construir seu próprio sabre de luz, sem o auxílio de terceiros. Esse rito de passagem mostra-o como um jedi em potencial, alcançando um patamar que não parecia perto de ser transposto por ele.

    Há participações especiais pontuais no programa, algumas bastante carismáticas como a de Lando Calrisian (dublado por Billy Dee Willians), em um episódio que apesar de divertido, soa como um filler, e também do Governador Tarkin. Essa segunda pode parecer gratuita se falada fora de contexto, mas a participação do mandatário imperial serve tanto para fazer conexão dele com o Agente Kallus e o Inquisidor, quanto para mostrar que esse é o mesmo universo dos filmes, uma vez que, como em Rogue One – Uma História Star Wars, o personagem está lá para supervisionar a todos e dar início ao arco de captura de Kanan.

    Um dos méritos de Star Wars – Rebels é antecipar que haviam pequenos grupos que não necessariamente respondiam a cúpula da Aliança Rebelde, estabelecendo essas pequenas células antes mesmo do advento de Rogue One. O último dos arcos peca um pouco em resolução, mas deixa espaço aberto para alguns ganchos que seriam melhores explorado já na segunda temporada, com o advento de Ahsoka Tano como personagem fixa e a rivalidade com o próprio Darth Vader. A primeira temporada de Rebels soa divertida e introduz muito bem a participação de cada um dos personagens novos, para enfim aprofundar o drama em anos posteriores.

  • Review | Star Wars: Clone Wars

    Review | Star Wars: Clone Wars

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    A ordem dos capítulos de Star Wars – Clone Wars é bastante confusa, com arcos misturados entre as temporadas, de modo que para entender a cronologia do programa, é preciso observar uma lista específica, vista aqui. A análise segue portanto esta ordem e o primeiro desses episódios não é o piloto, e sim Cat and Mouse, da segunda temporada, episódio que mostra Anakin Skywalker indo em socorro de Bail Organa, com uma nave de ataque que tem um dispositivo de camuflagem semelhante ao visto nas naves klingons e romulanas na série clássica de Jornada nas Estrelas.

    Os capítulos de Clone Wars de David Filoni começam sempre pela mesma narração curiosa apresentada também no longa lançado no cinema em 2008. O programa explora o avanço dos separatistas da República, comandados por Asajj Ventress (introduzida na série não mais canônica Star Wars – Guerras Clônicas) e Conde Dooku. O design dos personagens está ligeiramente modificado, principalmente o de Yoda e as novas naves e armas mostradas lembram nesse início de série uma versão júnior do confronto da Estrela da Morte em Uma Nova Esperança.

    Outros detalhes interessantes são mostrados, como o processo de feitoria de mais clones, orquestrado pelos kaminoanos, assim como o uso de naves semelhantes a Y-Wing, as mesmas que ajudaram a Aliança Rebelde nos filmes clássicos O Império Contra Ataca e O Retorno de Jedi. A quantidade enorme de episódios faz explorar algumas tramas com personagens fracos e sem carisma, como Jar Jar Binks, mas também dá destinos importantes para o detalhamento da situação da guerra, como o paradeiro de Gunray, o vice rei da Confederação de Comércio, o mesmo que é desafeto de Amidala desde a Ameaça Fantasma.

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    Apesar dos muitos erros da nova trilogia, a Lucasfilm tomou cuidado para que não ocorresse novas fases de ostracismo com a franquia pós Episódio III – A Vingança dos Sith, como houve com Star Wars após O Retorno de Jedi, período esse de esquecimento que durou quase vinte anos, quebrado após o lançamento da edição especial do filmes clássicos em 1997. O plot do longa é simples em essência, mas de consequências políticas graves, envolvendo o sequestro e tentativa de resgate do filho de Jabba the Hutt, por meio das forças jedi, que enviam Anakin e sua nova pupila, Ahsoka Tano.

    Impressiona como a química de Tano e Skywalker funciona, muito mais exitosa do que qualquer versão de carne e osso envolvendo o escolhido Hayden Christensen. A perseguição de Asajj Ventress a Anakin se mostra constante ainda, provando que sua derrota na versão anterior de Clone Wars não passava de um despiste, mcguffin esse que é bastante comum dentro das histórias em quadrinhos mais famosas.

    A batalha entre Dooku e Skywalker revela um sith idoso muito mais ágil, diferente da versão já combalida de Christopher Lee, incapaz de dar saltos homéricos graças a sua idade já avançada. A trama envolvendo dos Hutts é bastante infantil e repleta de coincidências desagradáveis, especialmente em relação a Ziro, tio efeminado de Jabba, que mira um discurso de inclusão mas soa apenas bobo e preconceituoso.

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    Os primeiros arcos se dedicam a mostrar a relação de Obi Wan e Anakin, ratificando a rebeldia ainda fruto dos conflitos vistos em Episódio II – O Ataque dos Clones, com Skywalker ignorando as ordens de seu antigo mestre ao atacar com sua nave os opositores, ao invés de simplesmente entregar os suprimentos humanitários ao planeta onde o senador Organa está.

    O programa mostra situações estrategicamente colocadas em voga, não só a rebeldia e independência de Skywalker, mas também uma extrema diferença de caráter entre os clones que fazem a tropa de combate da república, mostrando inclusive traidores da causa. O filme longa-metragem apesar não ter um texto muito inspirado, ao menos serve para introduzir a maioria dos conceitos.

    Ahsoka, a padawan da espécie togruta (natural do planeta Shili), que é designada para ser aprendiz de Skywalker – mesmo que ele não queira – tem a jornada que talvez seja a mais rica de todo o seriado, já que começa com uma premissa simples e termina de modo adulto, trágico, discutindo a fidelidade entre os jedi.

    Há um número exacerbado de episódios com participação de Jar Jar, sempre desinteressantes ao menos no que o tange. Os capítulos bons caem muito de qualidade na participação dos gungans. A exploração em comparação com os outros de sua raça denuncia um enorme problema, uma vez que Binks é muito estabanado e atrapalhado até para sua raça gungan, que é construída para parecer bem menos evoluída do que os outros nativos de Naboo e de outros sistemas solares. Encarregar um personagem como esse a um cargo importante como visto nos episódios 2 e 3 soa absurdo e politicamente falho.

    Entre os antagonistas, Cad Bane se destaca, como um caçador de recompensas inventivo, manipulador e um belo desafiador da república, ao ponto de precisar da união entre três jedi para quebrar sua concentração de mente. Outro evento importante no começo da segunda temporada é a explicação do uso do holocron, artefato do universo expandido que foi tornado canônico neste segmento.

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    Antes de acabar a primeira temporada, nota-se uma evolução no que tange a animação, que se torna menos mecânica, fazendo com que a história engrene ainda mais nos anos posteriores. Na trilogia The Mandalore Plot, Voyage of Temptation e Duchess of Mandalore há dois fatores importantes, primeiro ao mostrar os mandalorianos e referenciar o caçador de recompensas Boba Fett, e o outro são as mostras de Palpatine já como um líder totalitário, impondo a suposta vontade da República sobre a soberania de um povo que se diz neutro.

    Death Trap, R2 Come Home, Lethal Trackdown são capítulos que servem a dois fins, sendo o menos importante dar alguma importância a R2-D2, como nas peripécias bobas que ele fazia em A Vingança dos Sith, e a outra e mais importante, visa dar uma boa noção de como está Boba Fett, unindo seu destino à caçadora de recompensas Aurra Singh, introduzida no episódio 1. Fett segue buscando vingança contra Mace Windu, mas uma face bem mais benevolente do caçador de recompensas é mostrada, muito além do vilão carismático e sangue frio da trilogia clássica.

    Um dos arcos mais interessantes é o que diz respeito a corrupção em Mandalorian, que mostra uma terrível tramoia que envolve um envenenamento de crianças através da adulteração da merenda escolar. Ahsoka é encarregada de palestrar sobre a venda de informações e influências para as crianças que são pouco mais velhas que ela. Em seu discurso, há um conservadorismo que aos poucos é desconstruído, notando-se uma rejeição extrema a revoluções e rebeliões, associando-as a um mal necessário dentro da resposta do povo a um sistema viciado em obtenção de recursos ilícitos.

    A questão do endividamento da República via financiamento da Guerra ajuda a mostrar a célula embrião da futura Rebelião. Os interessados em continuar o conflito claramente buscam permanecer lucrando, incluindo a kaminoana Burtoni, que era a principal interessada em continuar produzindo clones. Entre os resistentes estavam o rodiano Onno Farr, Bail Organa, Padmé e claro, a jovem Mon Mothma. O jogo de intrigas e conspirações soa mais adulta do que qualquer sessão de senado de Ataque dos Clones e demais filmes da trilogia prequel.

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    Filoni consegue organizar os roteiros de maneira bem harmoniosa, variando entre ações dos protagonistas dos filmes, lugares de resistência no conflito e entre república e separatistas, trazendo os personagens criados para o segmento das guerras clônicas sem esquecer os clássicos. Nesse ínterim, um dos cenários mais ricos é Dathormir e o destino dos personagens que tem origem lá, como Darth Maul e Asajj Ventress. Além disso, as irmãs das trevas possuem um background muito rico, envolvendo bruxaria, ressurreição de mortos e uma sociedade pautada em um governo feminino e neutro em relação aos ditames políticos vigentes, claro, com uma simpatia conveniente pelo lado sombrio da força, uma vez que é declaradamente contra os jedi, que na opinião destas, fomentam os anseios dos poderosos à época.

    Ainda nesse arco há um desdobramento curioso, não só com o retorno da Maul, mas também com uma mostra de insatisfação de Dooku com Sidious por ser obrigado a deixar de lado sua aprendiz, Ventress. Esse é um exemplo do quão descartável são os alunos para os seus mestres sith, além de uma atitude quase profética em relação a rejeição que o próprio conde sofreria em detrimento do novo pupilo do futuro imperador, sendo esse morto pelo próprio Vader nos primeiros momentos do Episódio III.

    O arco iniciado em Overlods e findado em Altar of Mortis discute os condutores da força, através de três seres pseudo místicos, revelando um representante para o lado negro, para o lado luminoso e um que traz o equilíbrio, através de uma família que mora sozinha em um planeta sem nome no sistema Chrelythiumn. Além desses dois episódios servirem para mostrar o futuro dos heróis, aventando a transformação de Skywalker em Vader. Os dois capítulos são misteriosos, inclusive na possibilidade deles terem ocorrido como em um sonho compartilhado entre os três guerreiros, mas ainda é uma boa interpretação do místico em relação ao poder da Força, refutando a ideia da ciência dos midichlorians etc.

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    Assajj Ventress é abandonada duas vezes, o que faz dela um personagem com caráter de pária o tempo inteiro. A primeira rejeição via Dookan mostra não só um subestimar do futuro imperador a pupila do Darth Tyranus como também uma precaução para um possível insurgência, além de obviamente deflagrar que o Conde tinha sim uma ligação emocional com sua aluna. Os rumos que a moça toma depois da segunda recusa, agora pelas suas conterrâneas mostra o quão arredia é sua alma, ao ponto de pensar em se tornar uma caçadora de recompensas, em um episódio que homenageia os bounty hunters que apareceram no Império Contra Ataca.

    No quinto ano se resgata o arco de Darth Maul, mostrando-o criando o Sol Negro, uma nova aliança que tenta ser uma alternativa ilegal para o submundo galáctico, que faz frente não só a república como também aos separatistas, estabelecendo até uma conexão com alguns mandalorianos, raça esta que sempre foi neutra no entrave político vigente. O sexto ano não dá um fim para a história, tendo uma continuação na revista Darth Maul – Filho de Dathomir.

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    Para a maioria dos fãs de Clone Wars, a riqueza do programa mora em Ahsoka Tahno e de fato a personagem ganha ares de maturidade passando de uma sidekick forçada e insuportável. A conspiração em torno de si faz perguntar se a autoridade dada aos jedi era ou não excessiva, visto que um engano dos mais pueris sacrificou a jovem padawan.

    Quando a moça é enquadrada pela lei injustamente e levada a prisão faz lembrar o cárcere de outra heroína, sendo essa uma versão mais nova da Princesa Leia ao ser levada para a detenção na Estrela da Morte. O desfecho dela ainda na quinta temporada foi emocionante, talvez o melhor final de arco, pesado para espectadores e para o personagem de Anakim, que sente-se impotente diante dos seus. Mas o futuro ainda reservaria mais para Tano, ainda em animações de Dave Filoni.

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    A sexta temporada tem três arcos pequenos, o primeiro um pouco interessante, sobre um vírus ocorrido nos clones que os faz agir de maneira estranha e que ajuda a explicar de maneira didática como os soldados obedeceram sem questionar a ordem 66 que deu cabo de muitos jedi. A segunda se foca no personagem Clóvis, o mesmo que pareceu ter um romance com Amidala no passado e cujo background é totalmente descartável e desimportante. O terceiro mostra uma procura pelos rastros de Syfo Dyas (ou Zaifo Vias), o jedi que foi citado no Episódio II como o responsável pelas encomendas dos clones de Jango Fett. Tal plot não era tão necessário, uma vez que já havia ficado claro o que houve com o personagem e o quadro piora quando é exibido mais um combate genérico entre Obi Wan, Anakin e Conde Dooku.

    Ao menos é nessa última parte onde Yoda percebe o mistério do além vida para os jedi, encontrando-se finalmente com Qui Gon Jinn (por sua vez, dublado por Liam Neeson), que se manifesta para ele e para outros jedi. Somente o mestre ancião acredita na veracidade do contato – fato que o faz ser visto como senil por alguns jedi – e passa a seguir as instruções do antigo e rebelde mestre, indo para Dagobah, planeta repleto de lodo onde moraria nos idos de Império Contra Ataca, e onde teria contato com as cinco sacerdotisas que lhe instruiriam nos caminhos mais místicos do pós morte.

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    Após algumas viagens ilusórias, mostrando um encontro utópico entre um bom Dooku, Anakin, Kenobi e demais jedi, Yoda rompe com o aparente estado de paz e segue estudando os detalhes da Força, junto as bruxas, ao ponto de ir ao planeta natal dos sith, Moraband, onde tem contato até com um fantasma de Darh Bane, o sujeito que criou a regra de dois dos sith.

    Aos poucos outras alegorias ilusórias ocorrem em Moraband além das feitas pelas bruxas, com Darth Sidious mostrando Sifo Dyas como prisioneiro, além de fazer referências óbvias ao futuro, tanto na era do Império quanto em Episódio III, mostrando inclusive uma versão diferente do futuro de Anakin Skywalker e o quão ele seria importante. Entre novos enganos e disputas ideológicas, flagra-se uma luta bem mais interessante entre Yoda e Sidious, mais profunda e repleta de nuances, ao contrário da pirotecnia de cunho gratuita vista no fim da trilogia prequel.

    Dave Filoni compreendeu muito bem o legado de George Lucas, talvez até melhor que o próprio criador, e apesar de deixar alguns arcos em abertos como com Maul e Ventress, ainda há uma exploração bem interessante dos detalhes do universo de Star Wars, muito além do conflito de Clone Wars em si, expandindo o conceito também pela futura serie Star Wars – Rebels e fomentando a discussão sobre os detalhes interessantes propostos por Lucas mas que foram muito mal trabalhados nos últimos três filmes que o mesmo dirigiu.

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  • Crítica | Rogue One: Uma História Star Wars

    Crítica | Rogue One: Uma História Star Wars

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    Um dos maiores méritos de Rogue One: Uma História Star Wars foi o de conseguir esconder a maior parte de suas tramas do marketing esclarecedor péssimo, que tomou conta de Holywood, onde a regra é revelar absolutamente tudo no material acessório. O longa de Gareth Edwards vai completamente na contramão dos outros blockbusters, que normalmente explicitam seus detalhes nos trailers, spots de tv e demais meios de divulgação.

    Apesar de já se saber o final, já que o filme conta uma sub trama essencial de Uma Nova Esperança, as revelações contidas no texto de Toni Gilroy e Chris Weitz são bombásticas, além de serem a principal característica positiva do longa. A Vingança dos Sith foi um filme da franquia que sofreu com esse estigma, já que para todos os efeitos, era obrigatório que o ansioso Anakin Skywalker fizesse a transição para o lado negro da Força. O mote principal de Rogue One são as estranhas relações que os rebeldes tem entre si, mostrando uma resistência fragmentada, com os mais moderados sendo os da Aliança Rebelde, liderados por Mon Mothma (Genevieve O’Reilly) e Bail Organa (Jimmy Smits), e os extremistas de Saw Gerrera (Forest Whitakker). Esse dois lados em alguns momentos convergem no mesmo caminho e em outros não, e essa dicotomia acrescenta uma riqueza política até então inédita na saga.

    A jornada do herói é executada por dois personagens da mesma família, primeiro com a jovem Jyn Erso (vivida por Felicity Jones na fase adulta) que sobrevive ao ataque do vilão da película, o militar imperial Orson Krennic (Ben Mendelsohn). A proximidade entre esses dois personagens se dá graças as antigas colaborações imperiais do segundo Erso envolvido na trama, Galen (Mads Mikkelsen), o pai da menina, que passou muito tempo afastado de seu clã, de maneira forçosa evidentemente. É nesse núcleo que se concentram a maioria dos eventos dramáticos importantes, fator este que traz bons e maus momentos para o script.

    A maior força dos bons filmes de Guerra nas Estrelas mora na humanidade dos seus personagens centrais que, mesmo em meio a tantas batalhas épicas, se mostram sentimentais, passíveis de erros e bem construídos. Tanto isso acontece que os trechos dignos de aplausos envolvem esses personagens clássicos. Não falta menção aos antigos aventureiros e o timing das aparições só faz melhorar quanto a qualidade das aparições. Uma em especial é de deixar o público boquiaberto, mas o sigilo quanto a identidade do personagem é importante para a apreciação do filme.

    Há um conjunto de personagens coadjuvantes bem divertida e visualmente bela. Os personagens periféricos como o crente na força Chirrut Îmwe (Donnie Yen) e o androide K-2SO (Alan Tudyk) garantem bons momentos cômicos, no entanto, o excessivo enfoque nessas personagens denuncia um problema do argumento, que é a falta de interesse causado por Jyn e por seu pseudo par romântico, o piloto Cassian Andor (Diego Luna), em especial pelo talento pouco aproveitado desse casting, fato que obviamente não ocorreu com o bom Despertar da Força, que também faz menções aos guerreiros clássicos e introduz novas figuras.

    A atmosfera do filme no entanto resgata qualquer possibilidade de amargor com o resultado final da obra que Edwards orquestra. A trilha sonora de Michael Giacchino não soa tão clássica quanto a de John Williams, mas faz um belo papel, elevando os eventos de guerra a um tom bastante dramático. A sensação terrível de uma batalha perdida é elevada a uma qualidade gritante, sentimental e tocante, ainda dando vazão a uma nova esperança, como denunciado no subtítulo do episódio IV. A fotografia de Greig Fraser é apurada e ajuda a reconstruir a mesma sensação de se explorar novamente os momentos clássicos de Star Wars, sem precisar de muletas narrativas como cópias de momentos históricos ou repetições de arcos, neste ponto, Rogue One: Uma História Star Wars é conciso e econômico, sendo equilibrado apesar dos defeitos pontuais citados.

  • Resenha | Star Wars: Darth Maul – O Filho de Dathomir

    Resenha | Star Wars: Darth Maul – O Filho de Dathomir

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    Dave Filoni tinha se organizado para ter mais do que os cinco anos lançados em Star Wars – Clone Wars. Com o lançamento da sexta temporada via Netflix, alguns arcos foram fechados e muitos outros não, entre eles, o destino de Darth Maul. No seriado, se explicou um pouco de sua origens, com uma visita a Dathomir, seu planeta natal e estabeleceu-se uma conexão dele com Asajj Ventress também. Darth Maul: O Filho de Dathomir é uma das poucas histórias fora as lançadas pela Marvel/Disney que está dentro do cânone da saga.

    A sobrevivência do personagem após os eventos de Star Wars – Episódio 1: A Ameaça Fantasma pode parecer estranho para quem não está ambientado a história, mas o sentido final que a animação acrescentou bastante ao ideário do personagem, ainda que a qualidade do que ocorreu a partir dessa ressurreição seja discutível. O ponto de partido do personagem é a prisão secreta que fica no topo de uma montanha, chamada Stygeon, onde Darth Sidious deixa claro que não deixou o ex-aprendiz vivo por benevolência. Enquanto está encarcerado, Maul aguarda o resgate do conglomerado de bandidos que comandava, o Sol Negro.

    Os desenhos de Juan Figeri não lembram muito os personagens live action, principalmente o Sith vivido por Christopher Lee. Sidious indica a Conde Dooku que investigue como o antigo discípulo conseguiu reunir um grupo de malfeitores e colaboradores como uma terceira força, longe tanto de separatistas quanto de republicanos. As conexões com Clone Wars seguem, com o acréscimo de Mae Talzin – a bruxa mestra de Dathomir – na história, auxiliando seu conterrâneo com outros guerreiros de seu planeta, a fim de fazer frente aos separatistas de General Grevious e do Conde.

    Maul subjuga o militar robótico e o aprendiz veterano de Sidious, e é nesse ponto que aparecem as forças da república, em especial Obi Wan Kenobi, que se preocupa com o avanço do antigo rival e relembra a perda da duquesa mandaloriana Satine, que era por sua vez o mais próximo de par romântico que o Jedi teve em sua vida de dedicação a religião da Força, a mesma que exige dos seus a não posse de nada, inclusive de amores.

    O personagem segue no universo expandido canônico de Star Wars. Já foi anunciada uma mini-série escrita por Cullen Bunn e com arte do brasileiro Luke Ross, além dele estar participando da animação Rebels. Enquanto isso, os eventos em Filho de Dathomir seguem com revelações bombásticas e uniões de inimigos contra um adversário em comum, mostrando os separatistas e o Sol Negro contra os Jedis.

    O desfecho contém algumas mortes que se não são tão importantes, compensam por serem violentas e por terem um tom mais adulto até do que o programa televisivo original. O roteiro de Jeremy Barlow amarra algumas pontas soltas em Clone Wars, com quatro edições que melhoram de qualidade gradativamente, inclusive com eventos importantes, com mortes de personagens importantes, mas ainda com gancho para a continuação do destino de Darth Maul, que segue com um mistério em volta das suas duas sobrevivências. Mesmo sem um fim determinado em Darth Maul: O Filho de Dathomir, segue essa sendo uma das histórias em quadrinhos mais agressivas e importantes desse novo cânone, não caindo na mornidão da versão Star Wars da Marvel e da revista do Darth Vader, com um scritpt que não tem medo de encerrar participações de personagens coadjuvantes.

  • Resenha | Star Wars (2015)

    Resenha | Star Wars (2015)

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    Após a compra da Lucasfilm pela Disney, e o consequente anúncio de novos filmes para o cinema, começou-se um novo Universo Expandido de Star Wars, que serviria de background ao cenário dos filmes e que a priori, teria todos as publicações consideradas canônicas. Os primeiros momentos desse reboot no segmento quadrinhos seriam ainda distantes do tempo visto em O Despertar da Força, e evidentemente deveria explorar as lacunas iniciais da saga, como todo o resto da Nova Marvel fazia com o universo da Casa das Idéias.

    A série regular que leva o nome da franquia começa com um arco que se passa pouco após a Batalha de Yavin, em Uma Nova Esperança. Skywalker Ataca tem roteiros de Jason Aaron (Scalped) e desenhos de John Cassaday (Planetary) e começa com uma estranha transação comercial entre os imperiais e caçadores de recompensa de Jabba the Hutt, evidentemente sendo isto, um ardil da carismática figura de Han Solo.

    Nesta primeira edição existe uma tensão absurda nestas tratativas, com o Império tratando os colaboradores como escória, sem se importar inclusive com os detalhes da recompensa posta sobre a cabeça de Solo. Tal sensação aparentemente bem construída rui muito facilmente após a revelação de quem seria a tripulação do caçador recompensas, com o encarregado Agaadeen cedendo informações vitais ao seu Império após uma ameaça de choque via R2-D2, o que faz perguntar quais os métodos de treinamento do estado tirânico junto aos seus alistados, uma vez que quase todos soam como covardes estúpidos.

    Um aspecto interessante é a formação do trio Luke, Han e Leia de novo em ação conjunta, o que ajuda a construir a ideia de urgência e precariedade nas fileiras de rebeldes, ao ponto de alistar uma membra da antiga realeza alderaniana como parte de uma tribulação de resgate, bem como um exímio piloto entre as forças de invasão. Apesar de pouco afeito aos desígnios da força, Luke segue intuitivo, e é a espiritualidade que o leva a encontrar os cativos. A ideia de mostrar os imperiais fazendo uso de escravos ajuda a aproximar ainda mais os vilões as figuras dos nazistas alemães, que se valiam das riquezas daqueles que julgava inferior, com a diferença de que os opositores em Star Wars são mais enérgicos, explorando a mais valia dos oprimidos de modo mais taxativo.

    Os graves problemas dessa história começam a partir do ponto massa véio do roteiro, onde se introduz Lord Vader como o negociador dos poderosos. Antes de encarar os rebeldes frente a frente, Chewbacca recebe a ordem direta de Leia para que atirasse nele, exibindo que a necessidade de obliterar um inimigo grande e simbólico. A saída desta situação é que não é propriamente condizente com o visto nos filmes, uma vez que o Darth está com um poder imenso.

    O cúmulo ocorre a partir do final do número 1 e prossegue pelo segundo, onde Vader encara Luke, antecipando um duelo que resultaria somente no próximo filme. Os defeitos deste “conceito” começam pelo fato do lord sith não ter qualquer noção de que o homem a sua frente é o destruidor da Estrela da Morte e claro, seu filho, fatos que lhe seriam relatados mais tarde. A gravidade está no quão genérica é a situação, tendo até uma tentativa esdrúxula de salvar este momento, fazendo referência a morte  de Dooku em Vingança dos Sith, já que o vilão está pronto para matar Luke do mesmo modo.

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    Os desenhos de Cassaday são irregulares, já que ele acerta nas feições de Han Solo e traz um Chewbacca em nada parecido com o original. As cenas de batalha ao menos são bem executadas, tanto na dilaceração de seres, como na destruição de naves e equipamentos. Nem mesmo a arte-final consegue resgatar da mediocridade o trabalho, que no geral, demonstra uma arte  desleixada e pouco inspirada, aquém dos melhores momentos do desenhista.

    O fato de postar a introdução como os letreiros amarelos verticais é um easter egg pequeno e bobo, mas bem significativo, por demonstrar de certa forma toda a reverência aos filmes, semelhante ao que ocorreu em Império do Mal. As referências prosseguem, retornando a Tatooine, com Vader visitando Jabba atrás de suprimentos para o seu império e de informações sobre os rebeldes que de lá saíram, a bordo da Milenium Falcon. É nesse interim que surge um personagem misterioso, de motivação extremamente forçada. A trama também envolve a figura de Boba Fett, que já demonstra uma estreita e clandestina relação com Vader.

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    A procura e os combates no planeta arenoso soam forçados, e pouco condizente com o já estabelecido no canône através do audiovisual, fator comum ao antigo Universo Expandido, mas agravado nesta versão em que todo o material derivado é considerado oficial para a historiografia dos personagens residentes dessa galáxia tão tão distante. A necessidade de tornar Boba Fett em um personagem mais atuante e enérgico segue nesta versão, sendo ele o responsável por tentar descobrir a identidade do homem que disparou o tiro fatal em Yavin 4. O texto parece querer esconder a falta de conteúdo através de um apelo barato ao sensacionalismo, envolvendo os personagens populares todos no mesmo curto espaço de uma história que deveria ser. A apelação em volta de Luke envolve ele sobrevivendo a um ataque direto de Vader, para depois inseri-lo cego, na casa de Obi-Wan, conseguindo revidar um ataque de Boba Fett, fator que faz o bodyhunter mal encarado fortificar sua posição como arquétipo e piada pronta, além é claro de contradizer toda a fanboyzice habitual que costuma idolatrá-lo.

    Há tantos problemas na concepção deste final que torna quase impossível decidir qual é o pior, se é Boba Fett derrubado, a mercê da bondado de um semi jedi incapaz de enxergar, se é o encontro de um diário de Kenobi, fato que evidentemente não faz sentido, já que estava em um lugar que qualquer imperial poderia achar, além do que o fantasma do velho poderia transmitir qualquer fato “novo”; ou a chegada de Sana Solo, que se revela a estranha figura que rondava as edições anteriores. A motivação da mulher era encontrar seu marido foragido, apresentando uma subtrama patética.

    O fechamento do arco é pifio, assemelhando Skywalker Ataca a um prólogo, de algo maior, no entanto, abre precedente para uma espécie de prólogo, protagonizado pelo jovem Obi Wan chegando a Tatooine, retirado de seu diário. Os desenhos de Simone Bianchi (Sete Soldados da Vitória e Pecado Original) funcionam quase a perfeição, captando os detalhes de uma máfia expansioanista, agravada ainda mais pela queda da República. Toda a carga de sentimentos, completamente avulsos no outro arco, tem sua redenção aqui, com o eremita e ex-jedi observando o pequeno Luke , sem poder treiná-lo, graças aos tios, que temem que ele tenha o mesmo destino do pai.

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    A grande seca que assola o planeta ajuda a explicar o envelhecimento avançado de Kenobi, aliado claro a preocupação e culpa que sente por não poder se redimir e por não conseguir resolver a questão da morte de dezenas de habitantes do seu atual lar. Também se nota um completo desprezo do Império dos planetas centrais como este, uma vez que não há preocupação alguma com as necessidades dos nativos por parte das autoridades espaciais. A parceria do infante Luke com Obi Wan funciona a perfeição, bem como a rebeldia do garoto, postura diferencial da aparente apatia e comodismo de quando ele é adulto, fase onde os recalques psíquicos e o medo sobrepujam normalmente a bravura. A mudança de espírito de Luke faz sentido de um modo que não foi igual nos seis números anteriores, justificando até o retorno do herdeiro da Força ao estado de bravura e busca por aventura.

    Aaron claramente se sente melhor escrevendo histórias com tons mais escuros, de tiro curto, que remetem em espírito ao auge de sua carreira, a frente dos volumes de Hellblazer. O segundo arco, Confronto na Lua dos Contrabandistas, começa a partir da onde terminou o número seis. Incrivelmente, as situações envolvendo a esposa e Han Solo rendem discussões engraçadas, desmontando qualquer encanto barato que o pirata lançara sobre a Princesa.

    Os desenhos de Stuart Immonem (Superman: Identidade Secreta e Nova Onda) combinam muito mais com o clima descompromissado de aventura, que segue Luke em sua tentativa de descobrir mais sobre os jedi do passado. Seu caminho é cortado por Grakkus o Hutt, um mafioso que possui uma coleção extraordinária sobre os resquícios dos jedi, tendo em sua posse os holocrons, objetos que armazenam informações sobre os jedi e que somente são abertos por quem tem afinidade com a força.

    O herói é feito prisioneiro, e enquanto cativo, informações interessantes sobre o passado da classe jedi são revelados, incluindo a instrução de uma figura misteriosa, que se assemelha aos instrutores de gladiadores da velho Império Romano. É interessante notar a inabilidade de Luke, bem como sua busca pela sabedoria dos seus antepassados. É neste interim que o paladino descobre que os templos jedi foram destruídos em sua totalidade, o que certamente o inspirou a fazer a busca que o faria “desaparecer” como visto no Episódio VII.

    Chega a ser engraçado notar Chewie como um detetive mal encarado, a procura dos seus amigos. A escolha por não utilizar como vilão os “medalhões” dá espaço para uma maior criatividade do roteiro, que evidentemente melhora muito, acrescentando fatos muito curiosos, dando origem até ao caçador de recompensas Dengar, visto em Império Contra Ataca e explorado pouco em comparação ao bodyhounter clonado mais famoso.

    O fato de ser usado como gladiador aproxima Luke do arquetipo de escravo que o jovem Anakin tinha em Ameaça Fantasma. O acréscimo de “auxiliares” do jedi, como o Mestre dos Jogos, demonstra que a luta contra a tirania não é exclusividade dos rebeldes. A construção desta figura serve também para explicar a habilidade de Finn em O Despertar da Força, quando maneja um sabre de luz sem qualquer afinidade com a força, já que isso já ocorria com outros lutadores exímios.

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    O motim que derruba o mafioso despótico em meio a arena é catártico e significativo, mas não é uma solução fácil ou maniqueíst, ao contrário, já que há algumas reviravoltas com os personagens novos que além de fazerem sentido, traçam um paralelo com a antiga alcunha de Mara Jade em Herdeiro do Império, ainda que o “membro” do imperial seja relacionada a Vader e não ao Imperador.

    A metade final é tão bem construída que quase faz justificar os enormes tropeços do começo dos arcos, e de fato esse reboot se inicia bem tendo em vista o ano como um todo, ainda que a metade destes lançamentos sejam de qualidade muito inferior aos bons momentos da  fase em que a Dark Horse era responsável pelos quadrinhos de Star Wars. A fórmula de unir quadrinistas talentosos não necessariamente garante uma sobriedade as publicações, como o visto no começo da trajetória de Aaron e Cassaday, mas com o tempo, o texto melhorou bastante, assim como a arte se adequou aquele momento histórico, desta nova roupagem do universo Star Wars.