Tag: Dave Filoni

  • Review | The Mandalorian – 2ª Temporada

    Review | The Mandalorian – 2ª Temporada

    Depois de uma temporada inicial apoteótica, The Mandalorian retorna em 2020 repleta de expectativas por parte dos espectadores e da crítica. O destino do caçador de recompensas e da criança que lhe serve de parceiro e pupilo é explorado em cenários que lembram os bons momentos dos western spaghetti, e claro, aventuras de ficção científica.

    Em menos de dez minutos do primeiro episódio, Din Djarin se mete em um cenário de luta livre com diversos personagens alienígenas já conhecidos, inclusive os “suínos” gamorreanos que serviam de guardas de Jabba brigando e arrumando confusão. A sensação de que se expandiu o mundo introduzido em Uma Nova Esperança na cantina de Mos Eisley segue viva, claro, com pitadas do novo cânone e muitas referências a The Clone Wars e Rebels.

    Jon Favreau sempre disse que era um apaixonado pela trilogia clássica e tudo que foi produzido a respeito da saga, e isso se vê tanto na escolha de estender essa parceria com Dave Filoni, responsável pelas séries animadas em 3D que se localizavam entre os filmes, como também no retorno aos cenários clássicos e no uso de feitos visuais práticos, como era nos longas dos anos 70 e 80. O cuidado em dar volume e substância aos confins e subúrbios da galáxias fomenta a importância da jornada estabelecida entre o Mandaloriano e a criança, resultando numa boa releitura dos mangás do Lobo Solitário.

    A estrutura dos episódios segue a mesma da primeira temporada: há uma linha guia, mas alguns episódios são ligados a questões pontuais. A presença de velhos conhecidos dos fãs permanece neste ano, ainda que ocorra de forma breve. Essas aparições garantem fôlego a série e dão um pouco da dimensão do quanto o antigo universo expandido maltratou os personagens, especialmente Boba Fett, embora haja um resgate de elementos de quadrinhos antigos do selo Legends como em  Boba Fett: Engenhos da Destruição e Jango Fett: Temporada de Caça.

    Entre os diretores dos oito episódios, há de destacar Bryce Dallas Howard, que rege de maneira ainda mais firme do que havia sido na primeira temporada em The Sancturay, e também Robert Rodriguez, que produz um capítulo curto, mas repleto de ação e diversão, fato que rendeu ao diretor de Alita: Anjo de Combate a produção executiva da nova série da Disney +, The Book of Boba Fett. A presença de Rosario Dawson também é ótima, finalmente trazendo à luz um personagem que só tinha aparecido em versão animada.

    Os dois episódios finais são frenéticos, mostram boa parte dos personagens secundários com muito destaque, além de conter boas referências ao cinema recente, como uma clara alusão a cena do jogo de adivinhação em Bastardos Inglórios, e claro, o resgate a um conceito do universo expandido, os robôs de combate Dark Troopers. Para quem gosta de Star Wars, The Mandalorian é um prato cheio. Simples, direta, divertida e cheio de personagens carismáticos.

  • Dia dos Investidores da Disney: Os Principais Anúncios do Universo de Star Wars

    Dia dos Investidores da Disney: Os Principais Anúncios do Universo de Star Wars

    Meus amigos, a Disney não está para brincadeira! A data de dez de dezembro de 2020 poderá entrar para uma das principais da história desta gigante do entretenimento, já que foi o Dia dos Investidores da Disney, onde a “empresa do Mickey Mouse” apresenta para seus investidores seus projetos futuros. Foi uma maneira agradável de dizer que o seu dinheiro será empregado pesadamente em produções audaciosas para o público em geral, que envolve a Disney propriamente dita, a Pixar, Marvel e Lucasfilm com o universo de Star Wars.

    De fato, o que se viu foi que a Disney investirá pesado no seu canal de streaming, o Disney+, demonstrando querer viver não só do passado, mas de um futuro bastante promissor. Inclusive, o evento aproveitou para mencionar o sucesso estrondoso do canal que já está próximo de bater a meta que estava prevista para daqui 4 anos.

    Mas nem tudo são flores, uma vez que diversos projetos poderão sofrer cancelamentos ou mudanças em suas trajetórias. Falaremos isso em um texto mais específico.

    Aqui nós acompanharemos o que vem por aí no mundo criado por George Lucas em Star Wars.

    É inegável o sucesso de The Mandalorian, a série desenvolvida por Jon Favreau e Dave Filoni, que conta a história de um caçador de recompensa mandaloriano que, durante um serviço, resgata um bebê da mesma raça do mestre Yoda e que também é sensitivo na Força. As aventuras de “Mando” são leves, engraçadas, recheadas de ação, possuindo tudo que um velho fã de Star Wars quer. Importante dizer que a série foi o termômetro para diversas outras produções anunciadas.

    ROGUE SQUADRON

    Um dos anúncios mais importantes da noite foi o do tão aguardado novo filme de Star Wars: Rogue Squadron. Seguindo a linha de Rogue One e Solo, Rogue Squadron acompanhará o esquadrão de elite da aviação da Aliança Rebelde. A direção ficará a cargo de Patty Jenkins (Mulher-Maravilha), que disse que gostaria de fazer o maior filme sobre pilotos de guerra já feito. Rogue Squadron tem previsão para chegar aos cinemas em dezembro de 2023.

    OBI-WAN KENOBI

    Outro ponto alto da noite foi a confirmação oficial da produção da série de Obi-Wan Kenobi, ganhando título oficial, a confirmação do retorno de Ewan McGregor na pele do mestre Jedi, além do grande retorno de Hayden Christensen como Darth Vader. O seriado se passará 10 anos após os eventos de A Vingança dos Sith e, segundo a diretora Deborah Chow, a galáxia se tornou um lugar perigoso com a ascensão do Império e tem pessoas caçando cavaleiros Jedi. Obi-Wan precisará lidar com isso e ainda proteger o jovem Luke Skywalker.

    AHSOKA

    Após aparecer lindamente interpretada por Rosario Dawnson na segunda temporada de The Mandalorian, Ahsoka Tano ganhou uma série para chamar de sua. Assim como em Mandalorian, Ahsoka será capitaneada por Jon Favreau e Dave Filoni e trará novamente Dawson na pele da guerreira Jedi que deve continuar vasculhando a galáxia em busca de seu amigo Ezra Bridger e do Almirante Thrawn, desaparecidos ao final de Star Wars: Rebels.

    RANGERS OF THE NEW REPUBLIC

    Assim como Ahsoka, este outro derivado de The Mandalorian, também contará com a batuta de Favreau e Filoni e como o próprio nome já diz, mostrará os oficiais da Nova República. Em Mandalorian já vimos alguns deles pilotando X-Wings e colhendo informações em terra.

    ANDOR

    Andor é uma série que já está em estágio avançado de produção, tanto que foi divulgado um vídeo com cenas das filmagens e bastidores da produção. No vídeo, podemos perceber que é uma série que está investindo pesado em cenários, figurino e criaturas. Andor é sobre o personagem Cassian Andor, vivido por Diego Luna, que também assina a produção executiva da série. Andor foi o responsável por recrutar Jyn Erso para a Aliança Rebelde nos eventos de Rogue One: Uma História Star Wars.

    LANDO

    Lando Calrissian também ganhará sua própria série, mas não se sabe em qual momento ela se passará e nem se Donald Glover ou Billy Dee Williams, que fizeram o personagem nos cinemas, retornarão.

    THE BAD BATCH

    Se fôssemos traduzir esse nome, poderíamos dizer que um bad batch é um lote com defeito. A nova série animada de Star Wars teve seu primeiro trailer divulgado e se passará durante as Guerras Clônicas e talvez, logo após de A Vingança dos Sith. Bad Batch já teve um arco criado por George Lucas em Clone Wars. Segundo o criador, ele gostaria de explorar a ideia de que alguns dos clones fossem um pouco mais únicos que os outros, com habilidades um pouco mais especiais, formando assim uma unidade de forças especiais de batalha.

    The Bad Batch teve seu primeiro trailer divulgado e o que se pode esperar é muita ação nessa série animada que será a substituta de Clone Wars.

    VISIONS

    Talvez o projeto mais diferente apresentado, Visions explorará o universo criado por George Lucas em curtas animados, sendo que, seu diferencial será a forte influência do anime japonês, com diversos especialistas envolvidos no projeto.

    Para quem quiser pesquisar, num passado não muito distante, um trecho de uma animação japonesa de uma batalha espacial travada entre pilotos do Império e da Aliança Rebelde viralizou nas redes. Existe grandes chances de Visions ter nascido após esse vídeo.

    THE ACOLYTE

    Uma série com pegada de suspense e mistério, desenvolvida por Leslye Headland, responsável pelo ótimo Boneca Russa, e que acompanhará a época final da Alta República, com a ascensão dos poderes do Lado Sombrio. Poderemos ver muitos sabres de luz e diversos embates entre Jedi e Sith.

    Também foi confirmado que Taika Waititi dirigirá um filme inédito, inesperado e único no universo da franquia. O cineasta que cuida dos filmes do Thor no Universo Cinemático Marvel, já dirigiu episódios de The Mandalorian.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Review | The Mandalorian – Chapter Five: The Gunslinger

    Review | The Mandalorian – Chapter Five: The Gunslinger

    O início de The Gunslinger  é no espaço, com o Mando de Pedro Pascal e o bebê da raça de Yoda sendo perseguidos. O diretor Dave Filoni e o roteirista e produtor Jon Favreau conseguem nesse terminar de referenciar as boas marcas e clichês de Star Wars, mostrando até o mesmo tipo de mira mega analógica típica do esquadrão rebelde que atacou a Estrela da Morte em Uma Nova Esperança.

    O repouso do mandaloriano em um planeta remoto, que inclui Peli Motto (Amy Sedaris) como uma de suas habitantes – junto a pequenos e atrapalhados dróides – tem um ar de filme de fantasia provinciano, variando entre o visto em Willow – Na Terra da Magia e os contos tolkianos de Tom Bombadil no livro A Sociedade do Anel, embora aqui não seja excessivo.

    Esse episódio é um dos mais curtos, considerando que a maioria deles não passou de quarenta minutos. A meia hora quase cravada mal se vê passar, o ritmo é fluído, mas a realidade é que quase nada ocorre, além de uma leve perseguição entre caçadores de recompensa. Ming-Na Wen mesmo, a atriz que protagonizava Agentes da  Shield tem uma participação como Fennec Shand, uma sniper atrás da recompensa pelo protagonista, e por mais que parecesse ter potencial, tem sua aparição incrivelmente encurtada, mais ainda que a personagem de Gina Carano em The Sanctuary.

    Este é quase um episódio do meio, um momento de breve reflexão sobre a jornada do anti herói, que tenta se esgueirar pelos confins da galáxia, que lida com a traição comum entre os mercenários e que se vê as voltas com os cercos comuns aos canalhas de Guerra nas Estrelas. Fora isso, há pouco avanço, além da vontade do novo personagem Toro Calican (Jake Cannavale) de entrar para a tal Guilda (a organização que reúne os Bounty Hunter da galáxia), e o que se vê é isso, um predador tentando ser mais esperto que o outro, com as cabeças ficando a prêmio o tempo inteiro.

    Filoni mais uma vez não faz um trabalho de direção tão assertivo, há pouco interferência dele enquanto realizador, o que é realmente uma pena, pois um sujeito que tem tanto conhecimento a respeito do cânone e do antigo universo expandido de Star Wars, se esperava uma participação um pouco mais aguda em seus episódios, e apesar desse e do Chapter One serem os que contém mais referencias visuais e espirituais com o antigo Universo Expandido, são também os mais genéricos em matéria de roteiro e de direção, mesmo com os fan services e  com a inversão de valores dentro de Mos Eisley, que agora é comandada por um droide como bartender, enquanto no Episódio IV, o  antigo chefe do bar proibia robôs.

    Para o futuro, resta entender e saber quem é a figura misteriosa que aparece na cena pós crédito, e esperar que  não seja a figura de Boba Fett, como boa parte dos fãs na internet teorizaram, uma vez que resgatar isso seria um péssimo retrocesso e referência a um dos momentos mais vergonhosos do material extra-audio visual.

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  • Review | The Mandalorian – Chapter One: The Mandalorian

    Review | The Mandalorian – Chapter One: The Mandalorian

    Havia muita expectativa em relação a série que Jon Favreau organizava no universo Star Wars, e já no piloto da primeira série live action derivada Guerra nas Estrelas, The Mandalorian não demora a mostrar ação, mirando as ações do personagem-titulo – interpretado por Pedro Pascal mas que não tem sua identidade e origem desenhadas em um planeta de neve, com ele entrando em uma cantina que faz lembrar demais a Mos Eisley de Tatooine, em uma dosagem bem interessante de referencias e fan service.

    O piloto, chamado Chapter One é dirigido por Dave Filoni, o cowboy, produtor e showrunner de outros derivados da saga de George Lucas, em um sucesso indiscutível em Clone Wars, Rebels, um início promissor com Resistance e um enorme conhecimento sobre o antigo universo expandido (chamado de Legends) e o novo canônico. De destaque positivo e fora trama, há uma vinheta bem legal, que faz a luz passar por capacetes ou carapaças de personagens clássicos, um agrado aos fãs que não soa ofensivo para quem não é exatamente aficionado pela franquia.

    Os mandalorianos tem detalhes de seus posicionamentos nas mesmas animações  que Filoni conduziu, e em alguns livros e historias em quadrinhos antigas. Os personagens mais conhecidos entre eles curiosamente são dois não membros da “raça” os caçadores de recompensa Jango e Boba Fett. Os métodos do mandaloriano misterioso não são tão diferentes dos dois personagens citados, com a diferença de que ele realmente tem presença e é certeiro demais, ao contrário do jeito atabalhoado que ambos pereceram, em Ataque dos Clones e O Retorno de Jedi respectivamente. O povo de Mandalore é conhecido por ser pacifico, exceto alguns membros da elite, entre eles os que usam as tais armaduras cromadas, e os tempos pós queda imperial talvez expliquem o modo de agir do personagem de Pascal.

    A ação do episódio é curiosa, pois é violenta, como se espera de um caçador de recompensas que vai atrás de seu alvo, e as brigas são francas, secas e se valem de uma anti artificialidade atroz. A mistura de figuras digitais e reais é bem encaixada, assim como o uso de efeitos digitais e práticos. A textura dos personagens é muito real, fato que facilita que os combates pareçam realistas.

    Não há  um grande desenrolar do panorama político da galáxia pós queda do Império, que é onde o seriado se coloca cronologicamente, mas observando bem se percebe que boa parte dos métodos mudaram. O mandaloriano ao capturar seus alvos, os congela em carbonita, e há de se lembrar que quando Han Solo é preso em O Império Contra Ataca, o foi para que testassem antes de prender ali Luke Skywalker, ou seja, das duas  uma, ou ele assume riscos de maneira até um pouco irresponsável, ou essa prática se popularizou na galáxia muito distante.

    Também se nota que há resquícios de mandatários imperiais, que envolvem pessoas do elenco bem famosas, como Werner Herzog, que faz o Cliente (ele é chamado somente dessa forma). Sua participação ainda é pequena, mas ele parece ser um sujeito imponente, poderoso e cruel, um vilão clássico mas que dá margem para mais nuances.

    As outras participações, de Greef Carga (Carl Weathers) e IG-11 (Taika Waititi) são mais extensas dão mais margens para ou teorizar ou para protagonizar mais ação (caso do segundo, que aliás, impressiona no modo de mostrar a movimentação de um droide de ataque IG, que antes, só andava nos filmes, e só foi mostrado de fato atirando nas animações. Uma pena que boa parte desses momentos cruciais tenha sido mostrado nos materiais de divulgação. Já Carga não tem todo seus segredos revelados, mas parece ser um sujeito de grande importância, possivelmente ligado a um dos lados antagônicos da antiga guerra entre rebeldes e imperiais, e não só um sujeito neutro como normalmente são os bounty hunters.

    The Mandalorian – Chapter One é curto, tem 38 minutos e a exibição dos outros episódios serão feitos em momentos da semana bem diferentes. A abordagem dramática impressiona por ser direta, revelando muita coisa, mas deixando muitos mistérios para serem desenvolvidos e desenrolados em momentos a frente, inclusive com uma piscada para o público bem legal. Não há apelo para muitas obviedades, mesmo que ainda tenha alguns clichês empregados, e é visualmente deslumbrante em cenários e nas interações entre os bonecos digitais, os fantasiados e personagens meramente humanos.

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  • Review | Star Wars Rebels – 1ª Temporada

    Review | Star Wars Rebels – 1ª Temporada

    Após terminar Star Wars – Clone Wars forçosamente, graças a compra da Lucasfilm pelos estúdios Disney, Dave Filoni teve que resumir suas ideias para um ultimo ano da serie animada, deixando muitos de seus arcos abertos. A continuação logo viria, com a primeira temporada de Star Wars – Rebels, focada evidentemente em um grupo de resistentes ao domínio imperial.

    Antes até da primeira temporada, foram lançados alguns curtas-metragens. Um de 15 minutos – que na verdade é um compilado de vídeos breves, e é exibido na Netflix como um filme só – que não faz introdução alguma e tem uma linguagem semelhante a de um teaser, com pequenos insights dos personagens chave, e também A Fagulha de Uma Rebelião, que mostra o grupo formado pela pilota twi’lek Hera Syndulla, o sensitivo a força Kanan Jarrus, o lasatiano e brucutu Garazeb “Zeb” Orrelios, mandaloriana Sabine Wren e o carismático androide Chopper. O quinteto acaba esbarrando em Ezra Bridger, um menino órfão e desamparado, que comete pequenos furtos para sobreviver. É dele a trajetória que mais se aproxima de uma jornada de herói clássico, obviamente também por guardar semelhanças com o Luke de Uma Nova Esperança.

    O fato de se focar em um único grupo de aventureiros facilita tanto a narrativa quanto o aprofundamento dos personagens, fazendo até os sub plots soarem mais importantes é bem construídos do que em comparação por exemplo com Clone Wars. O decorrer desse segundo ano de certa forma repete a formula dos curtas já citados, abordando os eventos sem enormes contextualizações, os acontecimentos são tão episódicos que fazem até perguntar se este não seria um programa procedural.

    Quando Kanan resolve treinar Ezra é dada uma mostra de como funciona a tentativa de subsistir em tempos de crise, com o governo imperial reprimindo qualquer opositor. Kanan é um padawan caído, como visto em Kanan – O Último Padawan, e  acaba sendo o mais próximo de um mestre jedi para um rapaz que é sensitivo também a Força. Há uma aparição bem conveniente em Rise of The Old Masters, que gera entre pupilo e mestre uma expectativa que não se cumpre, envolvendo a mestre jedi Luminara Undulli. Nesse momento a confiança mútua entre os dois é testada, assim como é introduzido no cotidiano dos heróis a figura vilanesca do Inquisidor, que no começo, soa como uma imitação de Asajj Ventress para Vader, mas aos poucos o antagonista ganha importância e sentido para ali estar.

    Os cadetes imperiais são pegos ainda crianças, como dito por Finn em O Despertar da Força, e Rebels detalha isso. Os menino e meninas passam por provações duras, mas a maioria está lá de maneira voluntária, ao contrario do que é falado na época da Primeira Ordem. Essa diferença de versões talvez se justifique pela motivação básica de que, após O Retorno de Jedi e consequente queda do Império, partes importantes das falsas preocupações com direitos humanos foram simplesmente suprimidas, além de demonstrar que os discípulos de Snoke são mais extremos que os que se alistavam no conglomerado de Palpatine.

    No episódio Path of the Jedi, Kanan e Ezra viajam até um antigo templo jedi, a fim de complementar o treinamento do jovem. Entre situações de privação de sentidos e de provação da sua própria confiança, Ezra se vê combatendo opositores bem mais fortes que ele, como parte de um teste de aptidão, que resulta em um prêmio que era consideravelmente raro em tempos de queda da República, em especial após a execução da Ordem 66. Ao ter o cristal kyber em mãos, e com as sucatas que lhe restam, para enfim construir seu próprio sabre de luz, sem o auxílio de terceiros. Esse rito de passagem mostra-o como um jedi em potencial, alcançando um patamar que não parecia perto de ser transposto por ele.

    Há participações especiais pontuais no programa, algumas bastante carismáticas como a de Lando Calrisian (dublado por Billy Dee Willians), em um episódio que apesar de divertido, soa como um filler, e também do Governador Tarkin. Essa segunda pode parecer gratuita se falada fora de contexto, mas a participação do mandatário imperial serve tanto para fazer conexão dele com o Agente Kallus e o Inquisidor, quanto para mostrar que esse é o mesmo universo dos filmes, uma vez que, como em Rogue One – Uma História Star Wars, o personagem está lá para supervisionar a todos e dar início ao arco de captura de Kanan.

    Um dos méritos de Star Wars – Rebels é antecipar que haviam pequenos grupos que não necessariamente respondiam a cúpula da Aliança Rebelde, estabelecendo essas pequenas células antes mesmo do advento de Rogue One. O último dos arcos peca um pouco em resolução, mas deixa espaço aberto para alguns ganchos que seriam melhores explorado já na segunda temporada, com o advento de Ahsoka Tano como personagem fixa e a rivalidade com o próprio Darth Vader. A primeira temporada de Rebels soa divertida e introduz muito bem a participação de cada um dos personagens novos, para enfim aprofundar o drama em anos posteriores.

  • Review | Star Wars: Clone Wars

    Review | Star Wars: Clone Wars

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    A ordem dos capítulos de Star Wars – Clone Wars é bastante confusa, com arcos misturados entre as temporadas, de modo que para entender a cronologia do programa, é preciso observar uma lista específica, vista aqui. A análise segue portanto esta ordem e o primeiro desses episódios não é o piloto, e sim Cat and Mouse, da segunda temporada, episódio que mostra Anakin Skywalker indo em socorro de Bail Organa, com uma nave de ataque que tem um dispositivo de camuflagem semelhante ao visto nas naves klingons e romulanas na série clássica de Jornada nas Estrelas.

    Os capítulos de Clone Wars de David Filoni começam sempre pela mesma narração curiosa apresentada também no longa lançado no cinema em 2008. O programa explora o avanço dos separatistas da República, comandados por Asajj Ventress (introduzida na série não mais canônica Star Wars – Guerras Clônicas) e Conde Dooku. O design dos personagens está ligeiramente modificado, principalmente o de Yoda e as novas naves e armas mostradas lembram nesse início de série uma versão júnior do confronto da Estrela da Morte em Uma Nova Esperança.

    Outros detalhes interessantes são mostrados, como o processo de feitoria de mais clones, orquestrado pelos kaminoanos, assim como o uso de naves semelhantes a Y-Wing, as mesmas que ajudaram a Aliança Rebelde nos filmes clássicos O Império Contra Ataca e O Retorno de Jedi. A quantidade enorme de episódios faz explorar algumas tramas com personagens fracos e sem carisma, como Jar Jar Binks, mas também dá destinos importantes para o detalhamento da situação da guerra, como o paradeiro de Gunray, o vice rei da Confederação de Comércio, o mesmo que é desafeto de Amidala desde a Ameaça Fantasma.

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    Apesar dos muitos erros da nova trilogia, a Lucasfilm tomou cuidado para que não ocorresse novas fases de ostracismo com a franquia pós Episódio III – A Vingança dos Sith, como houve com Star Wars após O Retorno de Jedi, período esse de esquecimento que durou quase vinte anos, quebrado após o lançamento da edição especial do filmes clássicos em 1997. O plot do longa é simples em essência, mas de consequências políticas graves, envolvendo o sequestro e tentativa de resgate do filho de Jabba the Hutt, por meio das forças jedi, que enviam Anakin e sua nova pupila, Ahsoka Tano.

    Impressiona como a química de Tano e Skywalker funciona, muito mais exitosa do que qualquer versão de carne e osso envolvendo o escolhido Hayden Christensen. A perseguição de Asajj Ventress a Anakin se mostra constante ainda, provando que sua derrota na versão anterior de Clone Wars não passava de um despiste, mcguffin esse que é bastante comum dentro das histórias em quadrinhos mais famosas.

    A batalha entre Dooku e Skywalker revela um sith idoso muito mais ágil, diferente da versão já combalida de Christopher Lee, incapaz de dar saltos homéricos graças a sua idade já avançada. A trama envolvendo dos Hutts é bastante infantil e repleta de coincidências desagradáveis, especialmente em relação a Ziro, tio efeminado de Jabba, que mira um discurso de inclusão mas soa apenas bobo e preconceituoso.

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    Os primeiros arcos se dedicam a mostrar a relação de Obi Wan e Anakin, ratificando a rebeldia ainda fruto dos conflitos vistos em Episódio II – O Ataque dos Clones, com Skywalker ignorando as ordens de seu antigo mestre ao atacar com sua nave os opositores, ao invés de simplesmente entregar os suprimentos humanitários ao planeta onde o senador Organa está.

    O programa mostra situações estrategicamente colocadas em voga, não só a rebeldia e independência de Skywalker, mas também uma extrema diferença de caráter entre os clones que fazem a tropa de combate da república, mostrando inclusive traidores da causa. O filme longa-metragem apesar não ter um texto muito inspirado, ao menos serve para introduzir a maioria dos conceitos.

    Ahsoka, a padawan da espécie togruta (natural do planeta Shili), que é designada para ser aprendiz de Skywalker – mesmo que ele não queira – tem a jornada que talvez seja a mais rica de todo o seriado, já que começa com uma premissa simples e termina de modo adulto, trágico, discutindo a fidelidade entre os jedi.

    Há um número exacerbado de episódios com participação de Jar Jar, sempre desinteressantes ao menos no que o tange. Os capítulos bons caem muito de qualidade na participação dos gungans. A exploração em comparação com os outros de sua raça denuncia um enorme problema, uma vez que Binks é muito estabanado e atrapalhado até para sua raça gungan, que é construída para parecer bem menos evoluída do que os outros nativos de Naboo e de outros sistemas solares. Encarregar um personagem como esse a um cargo importante como visto nos episódios 2 e 3 soa absurdo e politicamente falho.

    Entre os antagonistas, Cad Bane se destaca, como um caçador de recompensas inventivo, manipulador e um belo desafiador da república, ao ponto de precisar da união entre três jedi para quebrar sua concentração de mente. Outro evento importante no começo da segunda temporada é a explicação do uso do holocron, artefato do universo expandido que foi tornado canônico neste segmento.

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    Antes de acabar a primeira temporada, nota-se uma evolução no que tange a animação, que se torna menos mecânica, fazendo com que a história engrene ainda mais nos anos posteriores. Na trilogia The Mandalore Plot, Voyage of Temptation e Duchess of Mandalore há dois fatores importantes, primeiro ao mostrar os mandalorianos e referenciar o caçador de recompensas Boba Fett, e o outro são as mostras de Palpatine já como um líder totalitário, impondo a suposta vontade da República sobre a soberania de um povo que se diz neutro.

    Death Trap, R2 Come Home, Lethal Trackdown são capítulos que servem a dois fins, sendo o menos importante dar alguma importância a R2-D2, como nas peripécias bobas que ele fazia em A Vingança dos Sith, e a outra e mais importante, visa dar uma boa noção de como está Boba Fett, unindo seu destino à caçadora de recompensas Aurra Singh, introduzida no episódio 1. Fett segue buscando vingança contra Mace Windu, mas uma face bem mais benevolente do caçador de recompensas é mostrada, muito além do vilão carismático e sangue frio da trilogia clássica.

    Um dos arcos mais interessantes é o que diz respeito a corrupção em Mandalorian, que mostra uma terrível tramoia que envolve um envenenamento de crianças através da adulteração da merenda escolar. Ahsoka é encarregada de palestrar sobre a venda de informações e influências para as crianças que são pouco mais velhas que ela. Em seu discurso, há um conservadorismo que aos poucos é desconstruído, notando-se uma rejeição extrema a revoluções e rebeliões, associando-as a um mal necessário dentro da resposta do povo a um sistema viciado em obtenção de recursos ilícitos.

    A questão do endividamento da República via financiamento da Guerra ajuda a mostrar a célula embrião da futura Rebelião. Os interessados em continuar o conflito claramente buscam permanecer lucrando, incluindo a kaminoana Burtoni, que era a principal interessada em continuar produzindo clones. Entre os resistentes estavam o rodiano Onno Farr, Bail Organa, Padmé e claro, a jovem Mon Mothma. O jogo de intrigas e conspirações soa mais adulta do que qualquer sessão de senado de Ataque dos Clones e demais filmes da trilogia prequel.

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    Filoni consegue organizar os roteiros de maneira bem harmoniosa, variando entre ações dos protagonistas dos filmes, lugares de resistência no conflito e entre república e separatistas, trazendo os personagens criados para o segmento das guerras clônicas sem esquecer os clássicos. Nesse ínterim, um dos cenários mais ricos é Dathormir e o destino dos personagens que tem origem lá, como Darth Maul e Asajj Ventress. Além disso, as irmãs das trevas possuem um background muito rico, envolvendo bruxaria, ressurreição de mortos e uma sociedade pautada em um governo feminino e neutro em relação aos ditames políticos vigentes, claro, com uma simpatia conveniente pelo lado sombrio da força, uma vez que é declaradamente contra os jedi, que na opinião destas, fomentam os anseios dos poderosos à época.

    Ainda nesse arco há um desdobramento curioso, não só com o retorno da Maul, mas também com uma mostra de insatisfação de Dooku com Sidious por ser obrigado a deixar de lado sua aprendiz, Ventress. Esse é um exemplo do quão descartável são os alunos para os seus mestres sith, além de uma atitude quase profética em relação a rejeição que o próprio conde sofreria em detrimento do novo pupilo do futuro imperador, sendo esse morto pelo próprio Vader nos primeiros momentos do Episódio III.

    O arco iniciado em Overlods e findado em Altar of Mortis discute os condutores da força, através de três seres pseudo místicos, revelando um representante para o lado negro, para o lado luminoso e um que traz o equilíbrio, através de uma família que mora sozinha em um planeta sem nome no sistema Chrelythiumn. Além desses dois episódios servirem para mostrar o futuro dos heróis, aventando a transformação de Skywalker em Vader. Os dois capítulos são misteriosos, inclusive na possibilidade deles terem ocorrido como em um sonho compartilhado entre os três guerreiros, mas ainda é uma boa interpretação do místico em relação ao poder da Força, refutando a ideia da ciência dos midichlorians etc.

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    Assajj Ventress é abandonada duas vezes, o que faz dela um personagem com caráter de pária o tempo inteiro. A primeira rejeição via Dookan mostra não só um subestimar do futuro imperador a pupila do Darth Tyranus como também uma precaução para um possível insurgência, além de obviamente deflagrar que o Conde tinha sim uma ligação emocional com sua aluna. Os rumos que a moça toma depois da segunda recusa, agora pelas suas conterrâneas mostra o quão arredia é sua alma, ao ponto de pensar em se tornar uma caçadora de recompensas, em um episódio que homenageia os bounty hunters que apareceram no Império Contra Ataca.

    No quinto ano se resgata o arco de Darth Maul, mostrando-o criando o Sol Negro, uma nova aliança que tenta ser uma alternativa ilegal para o submundo galáctico, que faz frente não só a república como também aos separatistas, estabelecendo até uma conexão com alguns mandalorianos, raça esta que sempre foi neutra no entrave político vigente. O sexto ano não dá um fim para a história, tendo uma continuação na revista Darth Maul – Filho de Dathomir.

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    Para a maioria dos fãs de Clone Wars, a riqueza do programa mora em Ahsoka Tahno e de fato a personagem ganha ares de maturidade passando de uma sidekick forçada e insuportável. A conspiração em torno de si faz perguntar se a autoridade dada aos jedi era ou não excessiva, visto que um engano dos mais pueris sacrificou a jovem padawan.

    Quando a moça é enquadrada pela lei injustamente e levada a prisão faz lembrar o cárcere de outra heroína, sendo essa uma versão mais nova da Princesa Leia ao ser levada para a detenção na Estrela da Morte. O desfecho dela ainda na quinta temporada foi emocionante, talvez o melhor final de arco, pesado para espectadores e para o personagem de Anakim, que sente-se impotente diante dos seus. Mas o futuro ainda reservaria mais para Tano, ainda em animações de Dave Filoni.

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    A sexta temporada tem três arcos pequenos, o primeiro um pouco interessante, sobre um vírus ocorrido nos clones que os faz agir de maneira estranha e que ajuda a explicar de maneira didática como os soldados obedeceram sem questionar a ordem 66 que deu cabo de muitos jedi. A segunda se foca no personagem Clóvis, o mesmo que pareceu ter um romance com Amidala no passado e cujo background é totalmente descartável e desimportante. O terceiro mostra uma procura pelos rastros de Syfo Dyas (ou Zaifo Vias), o jedi que foi citado no Episódio II como o responsável pelas encomendas dos clones de Jango Fett. Tal plot não era tão necessário, uma vez que já havia ficado claro o que houve com o personagem e o quadro piora quando é exibido mais um combate genérico entre Obi Wan, Anakin e Conde Dooku.

    Ao menos é nessa última parte onde Yoda percebe o mistério do além vida para os jedi, encontrando-se finalmente com Qui Gon Jinn (por sua vez, dublado por Liam Neeson), que se manifesta para ele e para outros jedi. Somente o mestre ancião acredita na veracidade do contato – fato que o faz ser visto como senil por alguns jedi – e passa a seguir as instruções do antigo e rebelde mestre, indo para Dagobah, planeta repleto de lodo onde moraria nos idos de Império Contra Ataca, e onde teria contato com as cinco sacerdotisas que lhe instruiriam nos caminhos mais místicos do pós morte.

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    Após algumas viagens ilusórias, mostrando um encontro utópico entre um bom Dooku, Anakin, Kenobi e demais jedi, Yoda rompe com o aparente estado de paz e segue estudando os detalhes da Força, junto as bruxas, ao ponto de ir ao planeta natal dos sith, Moraband, onde tem contato até com um fantasma de Darh Bane, o sujeito que criou a regra de dois dos sith.

    Aos poucos outras alegorias ilusórias ocorrem em Moraband além das feitas pelas bruxas, com Darth Sidious mostrando Sifo Dyas como prisioneiro, além de fazer referências óbvias ao futuro, tanto na era do Império quanto em Episódio III, mostrando inclusive uma versão diferente do futuro de Anakin Skywalker e o quão ele seria importante. Entre novos enganos e disputas ideológicas, flagra-se uma luta bem mais interessante entre Yoda e Sidious, mais profunda e repleta de nuances, ao contrário da pirotecnia de cunho gratuita vista no fim da trilogia prequel.

    Dave Filoni compreendeu muito bem o legado de George Lucas, talvez até melhor que o próprio criador, e apesar de deixar alguns arcos em abertos como com Maul e Ventress, ainda há uma exploração bem interessante dos detalhes do universo de Star Wars, muito além do conflito de Clone Wars em si, expandindo o conceito também pela futura serie Star Wars – Rebels e fomentando a discussão sobre os detalhes interessantes propostos por Lucas mas que foram muito mal trabalhados nos últimos três filmes que o mesmo dirigiu.

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