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  • Dia dos Investidores da Disney: Os Principais Anúncios do Universo de Star Wars

    Dia dos Investidores da Disney: Os Principais Anúncios do Universo de Star Wars

    Meus amigos, a Disney não está para brincadeira! A data de dez de dezembro de 2020 poderá entrar para uma das principais da história desta gigante do entretenimento, já que foi o Dia dos Investidores da Disney, onde a “empresa do Mickey Mouse” apresenta para seus investidores seus projetos futuros. Foi uma maneira agradável de dizer que o seu dinheiro será empregado pesadamente em produções audaciosas para o público em geral, que envolve a Disney propriamente dita, a Pixar, Marvel e Lucasfilm com o universo de Star Wars.

    De fato, o que se viu foi que a Disney investirá pesado no seu canal de streaming, o Disney+, demonstrando querer viver não só do passado, mas de um futuro bastante promissor. Inclusive, o evento aproveitou para mencionar o sucesso estrondoso do canal que já está próximo de bater a meta que estava prevista para daqui 4 anos.

    Mas nem tudo são flores, uma vez que diversos projetos poderão sofrer cancelamentos ou mudanças em suas trajetórias. Falaremos isso em um texto mais específico.

    Aqui nós acompanharemos o que vem por aí no mundo criado por George Lucas em Star Wars.

    É inegável o sucesso de The Mandalorian, a série desenvolvida por Jon Favreau e Dave Filoni, que conta a história de um caçador de recompensa mandaloriano que, durante um serviço, resgata um bebê da mesma raça do mestre Yoda e que também é sensitivo na Força. As aventuras de “Mando” são leves, engraçadas, recheadas de ação, possuindo tudo que um velho fã de Star Wars quer. Importante dizer que a série foi o termômetro para diversas outras produções anunciadas.

    ROGUE SQUADRON

    Um dos anúncios mais importantes da noite foi o do tão aguardado novo filme de Star Wars: Rogue Squadron. Seguindo a linha de Rogue One e Solo, Rogue Squadron acompanhará o esquadrão de elite da aviação da Aliança Rebelde. A direção ficará a cargo de Patty Jenkins (Mulher-Maravilha), que disse que gostaria de fazer o maior filme sobre pilotos de guerra já feito. Rogue Squadron tem previsão para chegar aos cinemas em dezembro de 2023.

    OBI-WAN KENOBI

    Outro ponto alto da noite foi a confirmação oficial da produção da série de Obi-Wan Kenobi, ganhando título oficial, a confirmação do retorno de Ewan McGregor na pele do mestre Jedi, além do grande retorno de Hayden Christensen como Darth Vader. O seriado se passará 10 anos após os eventos de A Vingança dos Sith e, segundo a diretora Deborah Chow, a galáxia se tornou um lugar perigoso com a ascensão do Império e tem pessoas caçando cavaleiros Jedi. Obi-Wan precisará lidar com isso e ainda proteger o jovem Luke Skywalker.

    AHSOKA

    Após aparecer lindamente interpretada por Rosario Dawnson na segunda temporada de The Mandalorian, Ahsoka Tano ganhou uma série para chamar de sua. Assim como em Mandalorian, Ahsoka será capitaneada por Jon Favreau e Dave Filoni e trará novamente Dawson na pele da guerreira Jedi que deve continuar vasculhando a galáxia em busca de seu amigo Ezra Bridger e do Almirante Thrawn, desaparecidos ao final de Star Wars: Rebels.

    RANGERS OF THE NEW REPUBLIC

    Assim como Ahsoka, este outro derivado de The Mandalorian, também contará com a batuta de Favreau e Filoni e como o próprio nome já diz, mostrará os oficiais da Nova República. Em Mandalorian já vimos alguns deles pilotando X-Wings e colhendo informações em terra.

    ANDOR

    Andor é uma série que já está em estágio avançado de produção, tanto que foi divulgado um vídeo com cenas das filmagens e bastidores da produção. No vídeo, podemos perceber que é uma série que está investindo pesado em cenários, figurino e criaturas. Andor é sobre o personagem Cassian Andor, vivido por Diego Luna, que também assina a produção executiva da série. Andor foi o responsável por recrutar Jyn Erso para a Aliança Rebelde nos eventos de Rogue One: Uma História Star Wars.

    LANDO

    Lando Calrissian também ganhará sua própria série, mas não se sabe em qual momento ela se passará e nem se Donald Glover ou Billy Dee Williams, que fizeram o personagem nos cinemas, retornarão.

    THE BAD BATCH

    Se fôssemos traduzir esse nome, poderíamos dizer que um bad batch é um lote com defeito. A nova série animada de Star Wars teve seu primeiro trailer divulgado e se passará durante as Guerras Clônicas e talvez, logo após de A Vingança dos Sith. Bad Batch já teve um arco criado por George Lucas em Clone Wars. Segundo o criador, ele gostaria de explorar a ideia de que alguns dos clones fossem um pouco mais únicos que os outros, com habilidades um pouco mais especiais, formando assim uma unidade de forças especiais de batalha.

    The Bad Batch teve seu primeiro trailer divulgado e o que se pode esperar é muita ação nessa série animada que será a substituta de Clone Wars.

    VISIONS

    Talvez o projeto mais diferente apresentado, Visions explorará o universo criado por George Lucas em curtas animados, sendo que, seu diferencial será a forte influência do anime japonês, com diversos especialistas envolvidos no projeto.

    Para quem quiser pesquisar, num passado não muito distante, um trecho de uma animação japonesa de uma batalha espacial travada entre pilotos do Império e da Aliança Rebelde viralizou nas redes. Existe grandes chances de Visions ter nascido após esse vídeo.

    THE ACOLYTE

    Uma série com pegada de suspense e mistério, desenvolvida por Leslye Headland, responsável pelo ótimo Boneca Russa, e que acompanhará a época final da Alta República, com a ascensão dos poderes do Lado Sombrio. Poderemos ver muitos sabres de luz e diversos embates entre Jedi e Sith.

    Também foi confirmado que Taika Waititi dirigirá um filme inédito, inesperado e único no universo da franquia. O cineasta que cuida dos filmes do Thor no Universo Cinemático Marvel, já dirigiu episódios de The Mandalorian.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Crítica | Star Wars – Episódio IX: A Ascensão Skywalker

    Crítica | Star Wars – Episódio IX: A Ascensão Skywalker

    Não é de hoje que vinha sendo afirmado que Star Wars: A Ascensão Skywalker seria o último filme da saga da família Skywalker iniciada lá em 1977 com Uma Nova Esperança. Após uma bem sucedida trilogia marcada também por O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi, anos mais tarde, o criador da saga, George Lucas resolveu responder as questões e os por quês de seus filmes anteriores serem os episódios IV, V e VI, numa nova e contestadíssima trilogia, ao final dos anos 90, onde nos foi mostrado o nascimento do Império e de seu mais importante membro, Darth Vader. Os resultados dos episódios I, II e III não foi nada satisfatório. Mas os fãs sempre tinham algumas perguntas em mente: o que aconteceu após a derrota do Império? O que aconteceu com Luke Skywalker, Leia Organa e Han Solo? Essas perguntas foram respondidas por meios de livros autorizados por Lucas, mas nunca chegamos a ver nada na tela do cinema. E essa era a vontade de muitos, porém, não era a vontade do cineasta, que ao deixar essa enorme marca na história do cinema, praticamente parou de produzir e criar, se concentrando somente em seu próprio império, a Lucasfilm e a Industrial Light & Magic, além de empresas menores, todas elas praticamente criadas para Star Wars, pois na época, não havia quem fizesse o que estava arquitetado na mente do diretor. Foi então que em 2012, uma bomba foi anunciada: A Disney comprou a Lucasfilm e, junto do anúncio, trouxe consigo o renascimento da franquia com uma nova trilogia com o episódio VII já programado para 2015 e mais, com o aclamado diretor J.J. Abrams na cadeira de direção e o aguardadíssimo retorno de Mark Hamill, Carrie Fisher e Harrison Ford. Muita coisa aconteceu desde o anúncio até aqui. Prazos curtíssimos, roteiros não aprovados, troca do time de roteiristas e troca de diretores. Após um correto filme (mas que deixou a desejar em alguns pontos), como foi O Despertar da Força, o oitavo capítulo, Os Últimos Jedi dividiu os fãs. Rian Johnson ousou muito trazendo uma visão bem peculiar sobre aquele universo e coube a J. J. Abrams retornar à direção com a clara missão de tentar “salvar” a franquia, buscando trazer  para o lado da luz aqueles fãs que ficaram extremamente descontentes com o filme anterior. É esse o propósito de A Ascensão Skywalker.

    Ao término de Os Últimos Jedi, podemos perceber que a Primeira Ordem dizimou quase que de uma vez por todas a Resistência. Não se sabe exatamente quanto tempo e passou da Batalha de Crait para o início do filme, mas a película já se inicia com um sanguinário Kylo Ren (Adam Driver) indo em busca de uma misteriosa e horripilante pista, enquanto Poe Dameron (Oscar Isaac) e Finn (John Boyega) estão numa perigosa missão para conseguir coletar informações importantíssimas vazadas por um espião infiltrado na Primeira Ordem. Por pouco a missão quase dá errado e Rey (Daisy Ridley) é duramente criticada por Poe, já que ela preferiu ficar em terra em treinamento Jedi sob os olhos da General Leia (Carrie Fisher). Rey está afobada, com sérios problemas de foco, o que interfere diretamente em seu treinamento e no seu julgamento por todo o transcorrer da fita, sendo que as informações coletadas são profundamente aterrorizantes, pois mostram um plano para um retorno triunfal do Império e a destruição de toda a galáxia.

    O Despertar da Força e Os Últimos Jedi tiveram tempo suficiente para trabalhar o desenvolvimento do trio principal e isso não acontece no novo episódio da saga, uma vez que o filme já começa frenético e urgente, sem tempo para que o expectador tenha uma pausa para respirar, até mesmo porque, com o perdão do trocadilho, os momentos de respiro são de tirar o fôlego. A propósito, algumas das teorias apresentadas são verdadeiras, contudo, acontecem de uma maneira diferente que aquele que assiste espera, deixando A Ascensão Skywalker com aquela impressão de ser um filme que busca o sorriso (e o choro) a cada momento.

    O filme é bem diferente de seus antecessores e muito mais em relação ao anterior, principalmente no que diz respeito ao tom e à fotografia. “Skywalker” é um filme bem mais colorido e leve, com vários momentos de humor e, curiosamente, equilibra bem com o contraste da violência, já que, talvez, seja o filme mais violento da franquia. Como dito no início deste texto, Os Últimos Jedi se desviou muito do “caminho” que a franquia costuma percorrer e aqui nos é mostrado as claras intenções de corrigir o curso e muitas vezes chega a soar forçado, sendo que em outras, parece que o filme é um gigante boneco de vodu de Rian Johnson, onde ele é alfinetado vez ou outra. Mas é importante deixar claro que não estraga em momento algum a experiência, e o sentimento, sinceramente, é de sorrir de maneira sádica ao experienciar certas situações lá apresentadas. Importante destacar que Abrams busca corrigir até seus próprios erros cometidos em O Despertar da Força.

    É interessante como J. J. Abrams e Chris Terrio, ao escreverem o filme, se preocuparam em fazer uma história em que o quarteto principal (Rey, Ren, Finn e Poe) seja o destaque. Se o fã tomar a consciência de que o filme é deles e não de Han, Luke e Leia, as coisas fluem com muito mais leveza. Tanto é verdade que, embora tardiamente, se trata da primeira aventura onde Rey, Finn e Poe aparecem em tela ao mesmo tempo, já que Rey só havia conhecido Poe ao final do filme anterior e junto deles estão novos personagens como Zorii Bliss, vivida por Keri Russel e Jannah, vivida por Naomie Ackie. Os droides que ficaram bastante sumidos tiveram participações significativas, principalmente quando se trata de C-3PO, brilhantemente vivido por Anthony Daniels, o único a gravar todos os filmes. Podemos sentir que A Ascensão Skywalker passa a ter novamente aquele aspecto familiar de amigos que se unem na batalha do bem contra o mal, algo que ficou bem definido e muito elogiado na trilogia original. O resgate desse sentimento é extremamente satisfatório.

    É inegável que o filme ainda divide opiniões, principalmente com relação à ameaça do Imperador Palpatine (Ian McDiarmid), em sua presença real e assustadora e os rumos tomados pelos personagens, principalmente o caminho de Rey e Kylo Ren, cuja química estabelecida no filme anterior continua sendo bastante explorada, mas de uma maneira que pode fazer com que o fã mais hardcore não aprecie, mas a questão é que o filme é desenvolvido em terreno seguro, sendo totalmente burocrático e em algumas vezes se espelhando em Vingadores: Ultimato.

    Diversos tipos de emoções definem Star Wars: A Ascensão Skywalker. Um filme que não só fecha a saga da família Skywalker, mas coloca um ponto final, fechando um capítulo importantíssimo na história do cinema e na história da cultura pop mundial. Obviamente a Disney tem planos ambiciosos para a franquia, como o já bem sucedido The Mandalorian, além de projetos futuros como a série de Obi-Wan Kenobi, que será protagonizada por Ewan McGregor, além de novas trilogias de longas metragens que devem focar em épocas como a da Velha República. Star Wars cresceu tanto que quase foi vítima de seu próprio crescimento e a nova trilogia, mesmo dentro de suas próprias limitações, nos permite agradecer e dizer “obrigado” por tudo isso ter existido.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

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  • O que esperar de Star Wars: A Ascensão Skywalker

    O que esperar de Star Wars: A Ascensão Skywalker

    Queridos amigos e fãs de todo o mundo, a espera acabou. Nosso país terá o privilégio de poder assistir Star Wars: A Ascenção Skywalker. Chegando por aqui em 19 de dezembro desta semana, o nono capítulo da maior franquia da história do cinema chegará ao seu fim depois de muita ação, batalhas espaciais, reviravoltas e também muitos pontos controvertidos, e nem estou falando da trilogia prequel e sim do penúltimo capítulo da saga, o polêmico Os Últimos Jedi, que dividiu os fãs ao meio, deixando muita gente desacreditada quanto à conclusão da saga. Mas sempre temos aqueles otimistas que confiam cegamente que o diretor J.J. Abrams possa dar um final digno à uma história criada por George Lucas, lá em 1977.

    De maneira estranha, a expectativa para o Episódio IX é altíssima, contudo, os fãs da franquia já sabem que existe a possibilidade do final não ser como todo mundo espera, como por exemplo como ocorreu e Vingadores: Ultimato que, apesar de duas baixas pesadas, foi algo muito mais que bonito ou épico e sim, justo.

    Falaremos disso mais para frente, depois que o filme for digerido pela maioria das pessoas, mas esse que vos escreve acredita que O Despertar da Força já trilhou um caminho que não deveria trilhar, mas uma vez que esse caminho começou a ser percorrido, não havia como voltar atrás, não com o que Rian Johnson fez em Os Últimos Jedi. O cineasta optou por trazer sua própria visão para a história de Luke Skywalker, recebendo críticas de Mark Hamill (que sempre que tem a oportunidade fala a respeito) e mais recentemente do ator John Boyega, responsável por dar vida a Finn. Assim, sobrou para J.J Abrams dar um final digno a história.

    Nós do Vortex optamos por não nos inteirar com relação às teorias e a história do filme, mas, de qualquer forma, alguma das teorias trazidas aqui por nosso time de redatores podem não fugir do óbvio. Então vamos a elas.

    A HISTÓRIA

    Acredita-se que o começo de A Ascenção Skywalker será uma espécie da caça ao tesouro, onde Rey (Daisy Ridley) e Kylo Ren (Adam Driver) estarão em busca de algo que poderá mudar a história da galáxia. Ren deverá ir atrás deste artefato para ter poder absoluto, enquanto a jovem Jedi (ou aprendiz) tentará impedir que o artefato caia nas mãos erradas.

    Vale destacar que esta é a primeira empreitada que Rey, Finn e Poe (Oscar Isaac) estão juntos, já que até agora, o trio principal nunca foi visto juntos numa aventura.

    Essa corrida contra o tempo, colocam os dróides com tempo suficiente em tela e ainda traz novos personagens como Zorii Bliss (Keri Russel) e Jannah, vivida por Naomi Ackie e o retorno de Billy Dee Williams como o homem mais charmoso da galáxia, Lando Calrissian, cuja participação se tornou obrigatória após a morte de Carrie Fischer e da união de Luke Skywalker à Força.

    Por algum motivo que ainda desconhecemos, teremos o aguardado retorno do Imperador Palpatine (Ian McDiarmid), que voltará em grade estilo, liderando uma massiva armada de cruzadores imperiais, com um exército de dar inveja a qualquer um. Com isso, é pouco provável que às antigas naves que aparecem nos trailers sejam descobertas e usadas pelos Rebeldes, como antes se acreditava. Ainda não se sabe se Palpatine estará independente, buscando retomar o controle da galáxia, inclusive acabando com a Primeira Ordem, ou se eles serão aliados.

    Porém, são as atitudes de Palpatine que devem fazer com que Kylo Ren siga os passos de seu avô e retorne para o Lado da Luz, primeiro para salvar Rey e segundo para destruir o maléfico lorde Sith de uma vez por todas. Inclusive, existe a possibilidade deste filme ser mais sobre Kylo Ren do que sobre Rey, cuja jornada, definitivamente será amparada por Luke Skywalker, como fantasma da força.

    RESPOSTAS

    Star Wars: A Ascensão Skywalker deve trazer muitas respostas e sem dúvida, a que mais atiça a curiosidade dos fãs é sobre o parentesco de Rey. Afinal ela é uma Skywalker? Uma Kenobi? Um clone de Anakin Skywalker? Existe a enorme possibilidade de Rey, assim como Kylo Ren já afirmou, ser uma ninguém, uma órfã, abandonada em Jakku. Mas a possibilidade dela ser descendente de Obi-Wan Kenobi é praticamente nula, assim como dela ser uma Skywalker (pelo menos até o final do filme). Uma das teorias mais loucas a respeito, como dito acima, é a da jovem ser um clone de Anakin Skywalker. Ora, em O Ataque dos Clones tomamos conhecimento do maior exército já visto em Star Wars, sendo que, em A Vingança dos Sith, é comprovado que o grandioso exército fez parte de um ambicioso plano de Palpatine para tomar o poder e ainda levou consigo o Jedi mais poderoso da galáxia. Já está comprovado que o exército de cruzadores estará a mando do lorde Sith, devendo ser demonstrado como um plano para um futuro que chegou. Faz bastante sentido ele ter alguém ao seu lado para liderar este novo golpe e esse alguém, poderá ser muito bem Rey (sendo clone ou não).

    MORTES

    Também é possível que tenhamos que nos despedir de personagens queridos, como Chewie (Joonas Suotamo) ou C3PO (Anthony Daniels). O gigante wookie sobreviveu às Guerras Clônicas, foi resgatado por Han Solo e junto de seu amigo ajudou a derrotar o Império. Com a morte de seu querido parceiro, talvez não haja mais nada para ele neste plano, se a hora requerer algum sacrifício de sua parte.

    Embora as imagens dos trailers mostram que C3PO está olhando seus amigos pela última vez, não acho que ele vá morrer ou ser destruído. Em algum momento do filme, talvez seja necessária uma troca de protocolo que talvez faça com que “Threepio” tenha toda sua memória apagada ao voltar ao normal. Obviamente isso o fará esquecer de tudo que passou com seu amigo R2-D2 desde que se lançaram numa cápsula de sobrevivência em Um Nova Esperança, em busca da ajuda de Obi Wan Kenobi

    PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

    J,J. Abrams tem a missão de agradar os fãs da saga. Então é muito provável que o filme traga rostos conhecidos do público e as participações não devem se contentar somente com o retorno de Luke e Lando. Yoda deve aparecer, assim como Obi-Wan (vivido por Ewan McGregor) e por que não, Anakin Skywalker (vivido novamente por Hayden Christensen)?

    E eu não falo tão somente de personagens dos filmes. Os fãs do universo expandido também terão seus egos inflados, uma vez que já vimos a nave Fantasma de Star Wars: Rebels escoltando a Millennium Falcon para a batalha final. Se a Fantasma está lá, quem a estará pilotando? Assim, é possível que veremos ainda que brevemente algum querido personagem do elenco de Rebels.

    Além disso, devemos ter atores conhecidos vestindo o manto dos Stormtroopers, assim como Daniel Craig, que gravou uma cena com Daisy Ridley em O Despertar da Força e Tom Hardy, juntamente com os príncipes William e Harry, que tiveram suas participações cortadas da edição final de Os Últimos Jedi. Fica aqui uma curiosidade: William e Harry foram cortados por causa da altura de William que era superior à altura padrão dos soldados.

    UM FINAL GRANDIOSO

    O final de A Ascensão Skywalker deve ser grandioso, primeiro por conta da batalha final que deve se assemelhar em escopo à batalha de O Retorno de Jedi ou, ainda mais, como a batalha de Coruscant, no início de A Vingança dos Sith.

    Mas as suas últimas cenas deverão arrancar lágrimas dos fãs.

    O cineasta Kevin Smith (um fanático por cultura pop e Star Wars) passou um dia num dos sets de A Ascensão Skywalker e acompanhou as gravações da famosa cena envolvendo C3PO. Ele disse recentemente que, nesse dia, pessoas da produção falaram para ele de um set de filmagens secreto, um set que estava sendo escondido até de outras pessoas envolvidas na produção. Ao questionar J.J. Abrams sobre o set, o diretor, inicialmente, proibiu que Smith visitasse o local, mas em seguida, concordou com a visita, porém, fazendo uma ressalva: Abrams disse a Smith que o set era o da última cena do filme e que algo especial havia sido preparado. Prontamente Smith desistiu de visitar o local.

    Então é isso, pessoal. Star Wars: A Ascensão Skywalker chega aos cinemas brasileiros em 19/12/2019.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

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  • Star Wars: A Ascensão Skywalker | Comentários Sobre o Trailer Final

    Star Wars: A Ascensão Skywalker | Comentários Sobre o Trailer Final

    E o trailer final de Star Wars: A Ascensão Skywalker, o nono capítulo da maior franquia da história do cinema, finalmente foi ao ar.

    O trailer vinha sendo aguardado com ansiedade pelos fãs após o bombástico teaser especial lançado durante a D-23 deste ano, que trazia uma imagem de Rey usando roupas pretas e portando um sabre de luz duplo de cores vermelhas.

    A expectativa era que esse trailer final mostrasse mais dessa Rey do Lado Negro, ou que de fato, Palpatine desse finalmente as caras.

    Mas, não foi isso o que aconteceu. De qualquer forma, o último trailer da saga que conta a história da família Skywalker foi lindo.

    Logo no início das imagens vemos Rey (Daisy Ridley), deixando no chão um capacete enquanto corre por uma floresta e um droid tenta alvejar suas costas, sem sucesso. O capacete e o droid são muito semelhantes aos usados por Luke no início de seu treinamento. Pelas imagens, podemos perceber que a jovem aprendiz já domina a Força consideravelmente. Chama a atenção uma faixa vermelha que ela usa numa das mãos. Essa faixa já havia sido mostrada no trailer anterior.

    Enquanto ouvimos a voz de Finn, dizendo que “é um instinto, uma sensação” e que a Força os reuniu, vemos Rey dentro de uns escombros, muito semelhantes ao destroyer imperial de Jakku em O Despertar da Força. Muito provável que este seja o interior da segunda Estrela da Morte. Vemos também o próprio Finn (John Boyega) num planeta desértico.

    A imagem corta para uma reunião que provavelmente acontece numa base dos rebeldes que deve ser durante uma pré-batalha, talvez a batalha mais importante do filme. Nesta cena, vemos Lando Calrissian (vivido novamente por Billy Dee Williams), Poe Dameron (Oscar Isaac) e C-3PO (Anthony Daniels) e muitos outros personagens, distribuídos entre pilotos e aparentemente civis. As imagens são rápidas e enquanto ouvimos a voz de Poe, dizendo que eles não estão sozinhos e que as pessoas lutarão se eles as liderarem, podemos ver a primeira aparição de Rose (Kelly Marie Tran), que aparece junto do personagem vivido por Dominic Monaghan, e vemos também, no planeta floresta a nave Tantive IV, além de Chewie (Joonas Suotamo), Poe e Finn, junto de uma X-Wing.

    Vemos novamente um novo trecho de Rey do lado de fora dos escombros da Estrela da Morte, com seu sabre de luz em punho aguardando ansiosamente para batalha, quando vemos pela primeira vez Kylo Ren (Adam Driver) saindo de dentro de uma onda que acabou de quebrar. As belas imagens são embaladas pela voz de Rey dizendo que as pessoas dizem que a conhecem, mas que na verdade, ninguém a conhece, para em seguida a voz de Ren proferir que ele a conhece. Essas falas mexeram com o público, não porque existe a possibilidade dos dois ficarem juntos, mas porque talvez seja do momento de uma possível redenção de Ben Solo em tentar salvar Rey, algo que será abordado em outro texto.

    Aí começam a surgir as novidades, como vários caças Tie se dirigindo a uma monstruosa base que parece que fica em um enorme iceberg. A imagem do gelo refletindo na água é maravilhosa, um grande trono de pedra com vários tentáculos, muito semelhante à tiara usada pelo Máscara da Morte, Cavaleiro de Câncer, de Os Cavaleiros do Zodíaco, e um antigo destroyer imperial saindo de dentro da água. A julgar pelo excesso de raios em tela, tanto pelas claridades na sala do trono, quanto pelas imagens do destroyer, é muito possível que seja o mesmo local onde a base iceberg se encontra. Ouvimos também pela primeira vez a maléfica voz de Palpatine (Ian McDiarmid), que diz que esperou muito tempo e que agora essa união será a destruição. Enquanto ouvimos Palpatine, vemos outras imagens como a Millennium Falcon se juntando e liderando uma gigantesca armada, onde podemos ver naves dos mais diferentes modelos, como naves da antiga Aliança Rebelde, naves separatistas, dentre muitas outras, inclusive a Fantasma, de Star Wars: Rebels, que aparece claramente ao lado da Falcon, pronta para a batalha. A nave que anteriormente havia aparecido como um easter egg de Rogue One, finalmente deu as caras e aumentou consideravelmente a possibilidade de vermos na tela grande, mesmo que por alguns segundos, seus integrantes.

    Depois um momento de partir o coração e que levou a maior dos fãs às lágrimas. C-3PO está sofrendo uma manutenção na região de sua cabeça. Ao ser perguntando por Poe o que ele está fazendo, o robô diz que está olhando para seus amigos pela última vez. Rey, e Finn também estão em cena e todos com cara de tristeza. É muito provável que, por algum motivo “Threepio” precisa alterar seu protocolo diplomático, o que justificaria seus olhos vermelhos mostrados no teaser anterior. Na cena, também vemos pela primeira vez a personagem de Keri Russel, a mascarada Zorri Bliss.

    A trilha sonora maravilhosa explode em tela e vemos mais e mais cenas épicas, como Chewie, Finn e Poe dizimando Stormtroopers, um caloroso abraço de Leia (Carrie Fisher) em Rey, enquanto ouvimos Luke Skywalker dizendo que enfrentar o medo é o destino de um Jedi. Vemos Lando comandando a Falcon ao lado de Chewie, além de trechos da enorme batalha que deve ser tão épica quanto à batalha de Coruscant, em A Vingança dos Sith. Sobre a batalha, como dito anteriormente, poderemos matar a saudade de diversas naves da trilogia clássica, já que veremos Y-Wings, B-Wings, entre outras em tela.

    A imagem corta para Rey e Kylo Ren na sala do trono do Imperador mostrada em O Retorno de Jedi, onde Luke enfrenta Darth Vader, vemos também, numa espécie de contraste os mesmos personagens destruindo um artefato, que provavelmente é o totem onde Kylo Ren mantém o capacete de Vader. Na verdade, não se sabe se eles destruíram o artefato juntos ou se foi Rey, enquanto Ren tentava proteger o totem. Curiosamente, é possível ver Rey empunhando uma adaga em sua outra mão. E vemos também um relance de Palpatine que parece se movimentar em alguma cadeira flutuante em direção à Rey, enquanto novamente ouvimos Luke dizer “a Força estará com você”, enquanto Leia completa com um “sempre”.

    O trailer cumpriu o seu papel: é lindo. O curioso é que mostra tudo, mas, em contrapartida, não mostra nada. As imagens que vemos ali, acabam por colocar uma pá de cal em algumas teorias, mas atiçam a curiosidade dos fãs sobre como será esse desfecho, algo que discutiremos em breve aqui no Vortex Cultural.

    Só sabemos que será grandioso. A impressão que o trailer deixou é que Star Wars: A Ascensão Skywalker será visualmente muito bonito e épico, no sentido de escala. Tudo parece ser enorme, com bastante informação em tela.

    O filme estreia no Brasil em 19/12/2019 e os ingressos já estão à venda.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Star Wars: A Ascensão Skywalker | Comentários do Novo Teaser Trailer

    Star Wars: A Ascensão Skywalker | Comentários do Novo Teaser Trailer

    A semana dos dias 20 a 25 de agosto foi cheio de surpresas para os fãs da cultura pop. Mais precisamente para os fãs da Disney, a realização da D23 deste ano de 2019, em Anaheim, deixará um marco na história da convenção. Englobando todas as empresas da gigante casa das ideias, a convenção praticamente marcou a estreia do ambicioso serviço de streaming da Disney, o Disney+, trazendo muitas novidades (muitas mesmo) do que estará por vir, principalmente quando se trata de produções da própria Disney, além da Marvel a, obviamente, da Lucasfilm.

    Sem dúvida, o momento mais aguardado era o painel de Star Wars: A Ascensão Skywalker, o nono e último capítulo da franquia. Se durante a Star Wars Celebration, realizada em maio, nos foi mostrado o primeiro teaser do filme, a esperança aqui era que o primeiro trailer completo fosse apresentado. Após a produtora e atual presidente da Lucasfilm, Kathleen Kennedy, e o diretor J. J. Abrams darem às boas vindas ao elenco do filme, o que os fãs viram foi um trailer que não tinha nome de trailer propriamente dito, mas sim um “material especial” para os fãs ali presentes. O material foi lançado oficialmente dois dias depois e deixou a internet atônita, como vem sendo feito em todos os trailers lançados desde O Despertar da Força.

    Embora tenhamos aproximadamente dois minutos e treze segundos de imagens, praticamente metade delas são de material inédito. No começo da fita vemos imagens marcantes de toda a história da saga da família Skywalker, desde A Ameaça Fantasma até Os Últimos Jedi. Importante destacar que o trailer respeita a ordem de lançamento dos filmes e não a ordem cronológica da história e novamente ouvimos a fala de Luke Skywalker (Mark Hamill) que diz “passamos adiante tudo que sabemos. Mil gerações vivem em você agora. Mas esta é a sua luta.”

    As imagens inéditas começam com Rey (Daisy Ridley), Finn (John Boyega), Poe Dameron (Oscar Isaac), Chewbacca (Joonas Suotamo) e C-3PO (Anthony Daniels), num planeta desértico observando uma cidade que parece estar comemorando algum tipo de carnaval. Os figurinos de Rey pouco mudaram desde o usado em O Despertar da Força, mas de Finn e Poe Dameron parecem muito bem trajados para uma aventura estilo Indiana Jones, principalmente Poe que parece que saiu direto do jogo Uncharted. Rapidamente temos a General Leia (Carrie Fischer), lembrando que esta é a última vez que a veremos a atriz em tela, sendo que sua participação foi feita por imagens descartadas dos outros filmes, já que infelizmente, Carrie Fisher nos deixou após terminar sua participação nas filmagens de Os Últimos Jedi.

    O trailer continua com uma bela imagem de diversas naves rebeldes pairando no ar pós velocidade da luz e vemos, também uma infinidade de cruzadores imperiais preparados para batalha. A quantidade é tão grande que chega a lembrar a armada de Agamenom, em Tróia. Observando os cruzadores, está Finn juntamente com Jannah, a nova personagem vivida por Naomi Ackie. Após vemos C-3PO com olhos vermelhos e um tipo de raio destruindo o que pode ser parte do planeta desértico do começo do trailer, para então vermos Rey praticando com o sabre de luz de Luke restaurado e Kylo Ren (Adam Driver) saindo furioso de sua nave, empunhando também sua arma. Vale destacar que as imagens não possuem nenhuma relação, porém vemos uma linda imagem dos dois duelando violentamente em cima de uma peça que provavelmente faz parte dos destroços da Estrela da Morte mostrada no primeiro teaser. Enquanto essas últimas cenas enchem os olhos dos espectadores, ouvimos a voz do Imperador Palpatine (Ian McDiamird) que diz “a sua jornada está próxima do fim”. A tela fica totalmente preta para logo então revelar uma maligna Rey, toda trajada de preto, empunhando um sabre de luz de lâmina dupla na cor vermelha, semelhante ao usado por Darth Maul.

    Obviamente, o destaque do trailer ficou por conta de Rey possivelmente flertando com o Lado Negro da Força e isso sugere o que pode ser parte da trama do novo filme, que poderá retratar a queda de Rey e a ascensão de Ben Skywalker, algo que será discutido no texto sobre as expectativas sobre o filme, dias antes do lançamento. Mas também, outras coisas chamaram bastante a atenção. A festa mencionada no início deste texto sugere que possa estar sendo realizada por Maz Kanata, já que o retorno de Lupita Nyong’o está confirmado. A quantidade de naves da Aliança Rebelde é significativa se levarmos em conta que a rebelião foi praticamente extinta no filme anterior. A imagem dos milhares de cruzadores imperiais no meio a uma tempestade de raios é incrível e pode se tratar somente de um desfile militar sob a liderança do General Hux (Domhnall Gleeson), que até agora não apareceu em uma imagem sequer. Os olhos vermelhos de C-3PO pode não ter siginificado algum, uma vez que o robô vem sofrendo trocas de peças constantemente e ele pode estar acordando justamente do procedimento em que seus olhos foram trocados após ser ferido em batalha.

    Aliás, vários personagens confirmados ainda não deram as suas caras. Luke Skywalker e Palpatine, provavelmente são aqueles que causam as maiores expectativas, além deles e de Maz Kanata, não vimos ainda Rose (Kelly Marie Tran) e a nova personagem vivida por Kerri Russel.

    Star Wars: A Ascensão Skywalker chega ao Brasil em 19 de dezembro de 2019.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Os Bastidores, Detalhes e As Mudanças de George Lucas em Star Wars

    Os Bastidores, Detalhes e As Mudanças de George Lucas em Star Wars

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    Desde 1997,  passados 20 anos da primeira vez em que a abertura da 20th Century Fox quase se mesclava com a música de John Williams e os letreiros amarelos prenunciando o intenso conflito entre rebeldes e o Império, há ainda o mesmo assombro do público com o Star Destroyer Cruzader invadindo o espaço atrás da nave Tative IV ao perceber novas mudanças em meio aos três filmes clássicos – e canônicos – de Mister George Lucas.

    O aspecto que talvez não esteja claro para o aficionado atual – ainda mais o alienado – era todo o cenário cinzento que ocorria nos anos 1970. Graças a fatores como Watergate, a Guerra do Vietnã e muitos outros eventos históricos, a maior parte do público americano consumia fitas protagonizadas por anti-heróis, homens talhados pela vida, que se valiam de drogas e bebidas para fazer aplacar a sua miséria existencial.

    Em meio a tantos outros expoentes do futuro cinema, com De Palma, Coppola, Scorsese e De Palma, Lucas surgia como um homem que apontava para outras vertentes, ainda que seu THX-1138 – tanto o curta, quanto o longa- fossem produtos da mesma depressão emocional que inspirava os seus contemporâneos, havia nele a vontade de resgatar tempos mais simples, o que o fez realizar seu American Grafitti – ou Loucuras de Verão, na tradução brasileira. No entanto, ainda faltava algo, já que o jovem diretor não gostava das interferências e intervenções que os produtores faziam em seus dois longas-metragens lançados.

    A descoberta de Joseph Campbell e seu livro O Herói de Mil Faces ajudou o contador de histórias a organizar sua epopeia, se valendo do monomito para tal, um conceito que resume a tradição retórica e oral no “contar histórias”, usando arquétipos que facilitariam o diálogo com o público, ainda que alguns desses detalhes fossem ligeiramente diferentes em Star Wars, especialmente em relação à “donzela em perigo” da Princesa Leia de Carrie Fischer, que, apesar de estar encarcerada, não era exatamente a figura feminina sem ação.

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    Mesmo os terríveis erros de direção, especialmente nas cenas de tiroteios, onde charmosamente se apresentavam dois droids praticamente invulneráveis – e que serviriam de alívio cômico durante três filmes e, claro, a pontaria sempre certeira da cônsul e princesa Leia Organa – traziam um extrema simpatia para a versão de 1977 de Uma Nova Esperança. Misturadas ao caráter dúbio da perseguição de Darth Vader aos resquícios da Aliança Rebelde (até então um rumor, aos olhos do poderoso governo totalitário), as coincidências convenientes se diluíram, não precisando ser desnecessariamente revistas e remontadas.

    Curioso é que George Lucas não mexeu nos erros mais crassos de seus roteiros, e sim no que poderia soar flagrante aos olhos do público mais conservador. A falta de coragem e dificuldade em seguir em frente acabaram por fazer o antes promissor cineasta se tornar um bilionário enfadado, entediado, sempre preocupado em agradar às plateias que o rejeitaram antes, em detrimento do público que sempre lhe foi fiel, e que se agigantou graças à popularidade.

    Lucas se tornaria o avesso de Luke: enquanto o jovem fazendeiro buscava a possibilidade de novas aventuras, lutando contra o status quo, seu criador faria basicamente o exercício de regurgitar o trabalho que o tornou famoso, não conseguindo sair da prisão em que ele próprio se impôs. As boas ideias de Star Wars teriam vindo de criadores mais inteligentes e experimentados, na concepção de alguns fãs ranzinzas, reunindo as intenções dignas de Kurosawa, Flash Gordon, Frank Herbert e afins.

    As dificuldades em gravar começaram pelos problemas com clima, com uma tempestade de areia terrível na Tunísia, que destruiu grande parte dos cenários de Tatooine. O caos se instaurou e por pouco a franquia não parou antes mesmo de começar, já que a maioria dos atores reclama o tempo inteiro, exceção feita a Alec Guinness, que apesar de não acreditar em nada na história, era o mais profissional e experiente do elenco.

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    A versão “desespecializada”, compilada a partir de rips dos Blu-rays da antiga trilogia executada por fãs inconformados com tantas mudanças em pós lançamento, faz lembrar o quão épica era a ideia inicial do jovem diretor e roteirista nascido em Modesto Califórnia. Desde a tragédia que acometeu os tios adotivos de Skywalker, até o encontro com Obi-Wan “Ben” Kenobi – que emula os grandes mestres dos samurais, ainda que seja muito mais ativo do que o costume dos homens sábios –, e, claro, o caminho até Alderaan, incluindo a recusa de Luke e aceitação de seu destino, algo já desejado antes, são elementos que deram forma aos escritos de Campbell, um manifesto que ainda não era tão banalizado quanto atualmente é.

    A burocracia tomou conta daquele universo e manifestou-se de forma brutal através do conselho que responde ao almirante Grand Moff Tarkin, de Peter Cushing, um dos homens fortes do governo tirânico e que acabou de dissolver o conselho de senadores, talvez o último bastião da antiga república. A derrubada deste era na verdade um ato simbólico, uma última desculpa que visava justificar os desmandos do autointitulado Imperador.

    Skywalker era um personagem com o caráter em formação, tão inseguro quanto seu intérprete Mark Hammil, propenso a fugas e desobediências, e até a não ceder a desaforos. Tal característica seria comum – e ainda mais exacerbada – no Han Solo de Harrison Ford, que não sequer pensa em não desferir o primeiro “golpe” em seu opositor, Greedo, ao se ver na mira da morte. A atitude mais enérgica era pouco sutil e representava a mudança mais esdrúxula e criticada por quase todos os fãs, fator que retiraria do caçador de recompensa (e cafajeste) toda a sua atitude de anti-herói arrependido. O Solo que “atira depois” seria incapaz de improvisar junto a Luke e Chewie uma invasão a uma estação espacial impenetrável, bem como planejaria raptar a senadora que já era refém. A trinca de protagonistas ganharia o acréscimo da ardilosa Leia, que, sem saída, encontra uma rota improvisada, uma atitude típica de uma inconformada política.

    A fuga da Estrela da Morte abre precedente para duas questões interrogativas, a primeira em relação ao legado de Kenobi e a segunda em relação ao grupo de rebeldes, que ao se despedir do esquadrão Rogue usa a famosa frase “que a força esteja com você”, como incentivo para os pilotos/atiradores. É sabido que a religião dos Jedi estava em desuso, praticamente sepultada após a extinção da ordem anos antes, tendo em Vader seu único remanescente, ao menos de modo oficial. Os membros da aeronáutica rebelde teriam dito aquilo como mais uma atitude de resistência, onde o apego ao Divino seria o maior ato de revolta possível, em comparação com a burocracia adotada pelos que restaram da República.

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    Paul Hirsch e Richard Chew seriam fundamentais para o sucesso da empreitada de Lucas em Star Wars. Depois de terminar suas filmagens, e após deixar a maioria dos atores decepcionados com sua direção frouxa, que basicamente pedia mais intensidade e velocidade, George Lucas se via com problemas de prazo e com um corte de filme terrível em mãos. A saída foi demitir seu então editor, que se recusava (por motivos certos) a fazer o que ele queria, e então a dupla começou a “salvá-lo”. O problema maior é que este mérito premiado no Oscar fez ele criar o hábito de agir como diretor dentro da sala de direção, e não no set, fato que se agravaria de 1999 em diante.

    O resultado das primeiras impressões da recém-criada Industrial Light and Magic era terrível, e as acusações iam desde desleixo puro e simples até o desperdício de tempo somente com substâncias ilícitas, dada a caracterização hippie da maioria dos operários. A pressão fez o cineasta acelerar ainda mais os processos, além de encontrar em Ben Burtt e sua edição de som primorosa um fator que garantisse a maior parte da alma da trilogia. O maior mérito de Lucas, aliado a persistência do produtor Alan Ladd Jr., que quase perdeu seu emprego pela Fox por causa do filme, certamente foi conseguir reunir todas essas mentes inteligentes em torno do mesmo propósito, conseguindo harmonizar tudo isso de modo que ficasse realmente lendário, tão escapista quanto ele queria no início.

    A vitória dos mambembes soldados revoltosos sobre os ditames dos poderosos e bem armados membros do reinado sombrio é simbólico, remete a uma época mais simples, de luta entre o bem e o mal, como era na época da Segunda Guerra Mundial, em que aliados e o eixo se digladiavam. O resgate a essa temática se via necessário, diante da grande depressão que os Estados Unidos passavam, fato que também fez da série Rocky um sucesso. A ressalva resulta na questão do simplismo que seria imposto ao recém criado gênero de “blockbuster”, tencionado por Tubarão de Steven Spielberg, e fundamentado neste pelo merchandising que Lucas garantiu a si antes do fechamento de contrato, expandindo o conceito que se iniciou em Planeta dos Macacos e tornando profissional a comercialização de “bonecos” e demais produtos.

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    Em 1978, George Lucas parecia ter um cuidado maior com exposição de sua marca, já que Star War Holiday Especial foi defenestrado e recolhido, execrado por ele e negado sempre que se levantava a possibilidade da obra ter existido. Para todos os efeitos de discussão a respeito do que é cânone e do que é universo expandido na franquia, uma vez que o especial continha o elenco do primeiro filme. Dois anos após, a trajetória de Luke, Leia, Han, Chewbacca e os droides prosseguiria, com o anúncio de novos personagens a serem explorados.

    O Império Contra-Ataca começa nas planícies geladas de Hoth, provando que no universo Star Wars os planetas têm normalmente um só clima. A arenosa e calorenta Tatooine fora gravada na Tunísia, enquanto o planeta gelado que servia de base para os rebeldes, localizava-se em Finse, Noruega.

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    Dois fatores ajudaram a fundamentar mudanças na franquia, primeiro, o acidente que vitimou Hammil, deformando seu rosto, e outro dentro da própria trama, com o tema Marcha Imperial estreando, no que é possivelmente o maior marco musical de toda a saga. A entrega do roteiro nas mãos de Leigh Brackett e Lawrence Kasdan foi uma saída excelente, bem como a direção de Irvin Kershner, que suplanta muito bem os defeitos de George Lucas em ambos os aspectos. É na abordagem do trio que acontecem as cenas com maior tensão sexual da saga, entre Solo e Organa, além da lendária figura do mentor, vista na diminuta criatura que se apresenta para Luke.

    Dagobah serve de avatar da caverna de preparação do herói, o lugar para onde o protagonista recorre a fim de acumular conhecimento e se preparar para a grande batalha. Luke é um aluno arredio, complicado e incrédulo; possui vícios como a teimosia e arrogância, que não ficavam tão gritantes antes, mas que em ambiente isolado pioram demais. Com Yoda, Skywalker percebe que seu pior inimigo é ele mesmo, e ainda assim se deixa levar pela pressa e pela aproximação do perigo. A imprudência o faz agir instintivamente, indo atrás de seus amigos emboscados.

    A figura criada por Stuart Freeborn teria que ser mais convincente do que qualquer ator humano, e a liga de plástico só fez sentido graças ao ótimo manuseio de Frank Oz, que trazia sua experiência em Muppets para orquestrar um mestre zen esverdeado, diferente de tudo o que já existia. As lições de Yoda ecoariam pela eternidade, no personagem mais inspirado pensado por Lucas – ao menos no lado do Bem.

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    Grande parte dos méritos do segundo filme se dá pela distância de seu criador, que procurava outras locações. A bifurcação da trama, dividindo as ações em duas frentes, se assemelhava à divisão da Sociedade do Anel, no livro As Duas Torres, de J. R. R. Tolkien. Toda a parte passada em Bespin faz discutir as intenções de Han Solo, especialmente por compará-lo com o caráter de seu antigo amigo e aliado, Lando Calrissian (Billy Dee Williams), um antigo apostador que, por ter se “endireitado”, teme perder seus feitos.

    O roteiro de Empire Strikes Back é formado por sucessivos movimentos de traição, primeiro de Lando com Solo, depois, Lando com os lacaios de Vader – evidentemente por arrependimento, dada a quebra do acordo entre ambos – depois, no discurso do Darth junto ao seu filho, tencionando juntar as forças familiares contra o Imperador. A motivação dos personagens é carregada de duplicidade de pensamento e incertezas, gerando uma carga de ambiguidade até então desconhecida pelo maniqueísta projeto inicial. Além disso, o suspense e a tragédia são muito presentes nos momentos finais, deixando em aberto a sensação de que as forças malignas venceram, sem mais espaço para o otimismo desenfreado da encarnação anterior.

    Apesar da relação antiga entre Kershner e Lucas ser baseada no mesmo mote visto entre Obi-Wan e Luke, a cisão ocorreu, com acusações de “ruína do filme”, atrelada às mudanças que Kershner havia feito dentro da trama. Envolvido com outros aspectos da produção, o cineasta decidiu por seguir na descentralização de funções. A saída obrigatória do nome de Lucas do quadro do sindicato de roteiristas e diretores, se fez como represália à realização de seu filme de modo independente. O ressentimento por ter a audácia retribuída com isso fez com que Lucas se isolasse ainda mais, tendo de abrir mão de ter Spielberg como diretor, optando então por Richard Marquand, o mesmo de O Buraco da Agulha, baseado no livro de Ken Follet.

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    O Retorno de Jedi se inicia com o anúncio de que o Imperador visitará as instalações da nova Estrela da Morte – ainda em construção – e claro, o retorno da aventura a Tatooine, para encontrar Jabba the Hutt, que tem em seu poder o Capitão Solo, preso em carbonita, argumento utilizado no filme anterior para o caso de Ford não aceitar renovar seu contrato.

    A exploração do submundo de crimes de Tatooine é interessante, mostrando uma nova gama de personagens e criaturas, com um conjunto estranhíssimo de alienígenas, fato que deixa ainda mais claro o intenso racismo do Império, visto que quase não há criaturas não-humanas nas fileiras do exército dos poderosos, somente nas bordas da galáxias, nos subúrbios do universo.

    Outro ponto curioso é notar a evolução postural de Luke, tão convincente que se faz perguntar se ele não retornou ao planeta pantanoso nesse meio tempo. Fator destacável é a fraqueza de mente dos subalternos de Jabba, quase todos facilmente manipuláveis, exceção feita ao próprio chefão do crime e ao caçador de recompensas de visual interessante Boba Fett. A fragilidade é tanta dentro da instituição que a maioria dos personagens se infiltra sem quase dificuldade nenhuma,

    O decréscimo de qualidade é bastante notado, desde a descida de Skywalker a Dagobah, onde o antigo “mestre zen” está convalescendo, se despedindo melancolicamente do seu aluno, até a conclusão de que o treinamento que jamais foi findado, não o será graças a esta saída – metalinguagem para a decadência cinematográfico do tomo anterior para este. A aura de Retorno é muito mais sombria, não no aspecto fotografia, mas sim dos figurinos. O traje de Luke é negro, sua nova espada reluzente é esverdeada, e quase todos os cenários onde está são repletos de lodo e escuridão, mesmo quando está na lua de Endor.

    A problemática ocorre graças a gravidade das circunstâncias, algo que claramente poderia ser maior, tendo seu teor banalizado pelas aventuras semi-infantis com o ewoks, os “ursinhos irracionais” capazes de preparar armadilhas para os generais rebeldes e as tropas imperiais. É neste filme também que as cenas de amor constrangedoras começam a ocorrer, ainda que sejam muito menos incômodas do que nos filmes dos anos 2000.

    Outro fator complicado é a desnecessário sexualização de Carrie Fischer de sua personagem. Leia era uma personagem forte, feminina e operante no espectro político, tinha argumentos e justificativas corretas em relação à revolução e no debate da democracia. Se algo funcionava no confuso cenário de Star Wars, transformá-la em um bibelô, vestido em um biquíni dourado, faria ser lembrada mais por isso do que, por exemplo, ter sido ideia dela a fuga bem-sucedida da Estrela da Morte, e ainda seria motivo de piada em filmes B como Mortal Kombat. A diminuição da personagem é de uma covardia sem escrúpulos, fruto de uma ação provavelmente mal pensada da parte dos roteiristas, que não percebiam o sexismo bobo em que enfiavam a personagem, mesmo que tal ato tenha vindo de uma figura nojenta com Jabba.

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    Para compensar tal problema, há a construção da batalha espacial, entre a resistência e o poderoso governo tirânico. Um dos argumentos que justifica a construção tosca do ideário dos rebeldes é a tentativa de fortalecer a figura do Imperador interpretado por Ian McDiarmid, fortificando a teoria de que o Império só poderia perder para ele mesmo, e que o acerto dos “mocinhos” só ocorreu pela arrogância dos opositores, factoide que teoriza um dos motes principais de O Despertar da Força, e que serviu de base para inúmeras aventuras no Universo Expandido posterior à trilogia clássica.

    Star Wars é uma saga familiar, trata dos dramas caros a Anakin e Luke Skywalker, ao contrário do que foi vendido pela “nova” trilogia, de que seria a trajetória trôpega de um jedi que passou por ambos os lados da Força. A vitória final é em conjunto, entre Vader e seu filho, com o Darth derrotando seu antigo mestre, dando finalmente a chance aos revoltosos de acertar o âmago do seu inimigo. Mesmo os finais adocicados e cafonas, reunindo os aventureiros em torno da lua, não fazem o sacrifício dos personagens perder a força simbólica que ostentam. O fechamento da saga merecia um final melhor, o que motivou claramente Lucas a rever tudo, modificar o que achava equivocado, montando  equívocos ainda maiores para criar prequels tão fracassadas quanto os spin-offs focados nos ewoks. A força da trilogia original é tão grande que suplanta mesmo esses delitos e transgressões por parte de seu criador, que claramente tem problemas em perceber que sua história não pertence mas a si, e sim ao público que o fez rico, que trata de forma cara seu objeto de idolatria, e que segue mantendo carinho em um objeto que maltratou demais seus apreciadores, mas que prossegue vivo, claro, graças ao selvagem capitalismo visto nos produtos derivados. A obra se mantém ainda viva graças à magia da fábula que Campbell previu.

    A Força sobrevive, apesar de midi-chlorians, corridas de pods e piadas, além do Universo Expandido, subsistindo, há muito tempo, em uma galáxia distante e no ideário de seus devotos.

    Leia nosso especial sobre Star Wars.

  • Crítica | Star Wars – Episódio VII: O Despertar da Força

    Crítica | Star Wars – Episódio VII: O Despertar da Força

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    A franquia Star Wars talvez seja a maior e mais bem sucedida do cinema. Com o lançamento de Uma Nova Esperança, em 1977, O Império Contra-Ataca, de 1980 e O Retorno de Jedi, em 1983, a saga criada por George Lucas se solidificou de forma poderosa, mudando para sempre a maneira de fazer cinema, devido ao seu pioneirismo nos efeitos especiais, principalmente, além de espetaculares cenas de ação que envolviam batalhas travadas no espaço. A história do jovem órfão Luke Skywalker que, de repente, se vê no meio do embate entre a Aliança Rebelde contra o temido Império Galático, ao lado de icônicos personagens como Han Solo, Chewbacca, Princesa Leia, os simpáticos C-3PO e R2-D2 e o temido Darth Vader, angariou uma horda de fãs espalhados pelo mundo todo. E é assim até hoje.

    No final dos anos 90, para deleite dos fãs, Lucas resolveu mostrar ao mundo como a Galáxia foi dominada pelo Império. Novamente centrando toda carga em cima de um membro da família Skywalker, o resultado foi desastroso. O diretor também foi responsável pelos roteiros e, novamente, foi pioneiro ao usar câmeras digitais, porém, deu um tiro no próprio pé, ao dar uma ênfase maior ao visual, se esquecendo quase que por completo da história. Não adiantou muito contar o que todo mundo já sabia sem ter diálogos ou situações que se sustentassem por si só. Assim, A Ameaça Fantasma, O Ataque dos Clones e A Vingança dos Sith são considerados pelos mais velhos uma mancha na história da franquia.

    Desde o começo, Lucas planejou três trilogias para contar a história da família Skywalker, uma terceira parte que nunca sairia do papel, deixando para os fãs imaginarem o que teria acontecido com os personagens. Contudo, antes mesmo da trilogia prequel, liberou os direitos da história para que o escritor Timothy Zahn desse continuidade à história que se passava alguns anos depois de O Retorno de Jedi.

    Foi então que o inesperado aconteceu. No final de outubro de 2012, a Disney anunciou a compra de todo o grupo da Lucasfilm e, neste mesmo anúncio, foi dada a notícia que, enfim, veríamos na tela do cinema os Episódios VII, VIII e IX, além de filmes derivados. Obviamente a notícia, além de cair como uma bomba na indústria, trouxe mais perguntas do que respostas. Perguntas respondidas aos poucos até a estreia de Star Wars – O Despertar da Força.

    J.J. Abrams foi o encarregado de dar vida ao Episódio VII. Porém, o diretor tinha uma bomba nas mãos: o roteiro de Michael Arndt não era bom o suficiente, além de parecer que o escritor quis desenvolver uma nova história em vez de trazer de volta os velhos conhecidos dos fãs, o que obrigou Abrams a substituir Arndt por Lawrence Kasdan, roteirista de O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. Com isso, aos poucos, foi ganhando a confiança dos fãs, o suficiente para que a frase “in J.J. we trust” fosse replicada pela internet. Contudo, Abrams tinha um prazo apertadíssimo nas mãos para faze-lo da forma merecida, com efeitos práticos e uma história justa tanto para aqueles que amam a franquia, quanto para os novos espectadores.

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    Seguindo a “fórmula” das duas trilogias anteriores, o trio de protagonistas foi composto por novatos. A atriz britânica Daisy Ridley nunca tinha atuado em um longa metragem, John Boyega tinha em seu currículo o bom Ataque ao Prédio, cabendo a Oscar Isaac o posto de “veterano” por ser mais conhecido do público. No lado dos antagonistas, temos o ótimo Andi Serkis, Domhnall Gleeson e Adam Driver. O time se junta com Mark Hamill, Carrie Fisher, Harrison Ford, Anthony Daniels e Peter Mayhew, deixando o filme com excesso de personagens, prejudicando, de certa forma, a aparição e o tempo de tela de certos alguns destes.

    Em que pese os créditos iniciais focarem a história no desaparecimento de Luke Skywalker (Hamill), fica claro que a protagonista de O Despertar da Força é Rey (Ridley), uma jovem deixada por sua família no planeta Jakku. Enquanto seus familiares não retornam, Rey sobrevive precariamente no planeta desértico recolhendo sucata em troca de pouca comida como forma de pagamento. O caminho de Rey cruza com BB-8, o robô do piloto da Resistência, Poe Dameron (Isaac). O droide fugindo de um ataque da Primeira Ordem, liderado por Kylo Ren (Driver), esconde informações importantíssimas sobre o paradeiro de Luke Skywalker. A semelhança com Uma Nova Esperança é notória, mas, em momento algum prejudica o desenvolvimento da trama, sendo que em paralelo a estes acontecimentos, também somos apresentados a FN-2187 (Boyega), um stormtrooper sem nome e sem propósito algum para lutar pela Primeira Ordem e que mais tarde é batizado de Finn.

    O primeiro ato é marcado pela química entre os 3 novos protagonistas que funciona bastante. Dameron é cínico e sarcástico, mas de bom coração, Finn é o responsável pelo lado lúdico que a franquia sempre adotou (mas sem soar chato) e Rey é o destaque do filme. Sabe pilotar qualquer veículo, além de ser muito inteligente e conhecer tudo sobre mecânica.

    Demora um pouco para vermos os personagens antigos, porém, a espera vale cada centavo gasto na sala do cinema. Embora a aparição da dupla Han Solo (Ford) e Chewbacca (que não envelheceu um ano sequer, vivido novamente por Peter Mayhew) seja por conta de uma coincidência difícil de acreditar, considerando o tamanho da galáxia (um dos pontos preguiçosos do roteiro), pôde-se perceber que muita coisa mudou desde O Retorno de Jedi. Fato comprovado quando Rey pergunta se o mercenário em cena era Han Solo, a resposta é clara: “eu costumava ser” e a situação a seguir é um divertido momento do filme mostrando um Han Solo mercenário, algo que o espectador nunca tinha visto na prática. Com certeza teremos mais momentos assim se seu filme solo for confirmado.

    Se o lado da Resistência segue na busca por Luke Skywalker, também é esse o objetivo da Primeira Ordem. Aliás, o resquício do Império é um dos pontos mal trabalhados no filme, o que deixa claro que os personagens da Resistência tiveram mais atenção do que os da Primeira Ordem que aparenta ser mais poderosa e mais organizada quando da época do Imperador Palpatine. Aqui, temos a liderança do General Hux (Gleeson, frio, sem nenhum carisma), o cavaleiro Kylo Ren, ambos liderados pelo misterioso Supremo Líder Snoke (Serkis), que ganha este adjetivo por simplesmente ser uma incógnita, uma vez que não faz sentido algum termos um personagem com a magnitude que aparenta ter. Também está presente a Capitã Phasma (Gwendoline Christie), uma stormtrooper imponente com sua armadura cromada, bastante adorada pelos fãs nos trailers, mas que foi uma decepção. A participação de Phasma chega a ser pior que as presenças descartáveis de Bobba Fett e Darth Maul nos filmes anteriores.

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    Kylo Ren é um destaque à parte. Devoto de Darth Vader, jurou destruir o último Jedi e terminar o que Vader começou. O cavaleiro que não pode ser considerado um Sith é poderoso no uso da Força e não pensa duas vezes em se exibir. O curioso é que Kylo ainda é um tanto quanto cru e demonstra não ter habilidade suficiente com seu sabre de luz, além de ser tão jovem quanto Rey nos momentos em que aparece sem sua máscara.

    A história faz um longo desvio do caminho percorrido por Uma Nova Esperança quando a personagem de Lupita Nyong’o, Mas Kanata, surge em tela. A agradável e milenar alienígena consegue enxergar através dos olhos das pessoas e se torna responsável por esclarecer algumas coisas à Rey, o que faz com que a trama tome um belo caminho, enchendo os olhos de quem assiste, preparando um terceiro ato grandioso, repleto de momentos incríveis, ainda que retorne ao paralelo do filme original.

    O Despertar da Força é repleto de ótimos momentos, tanto do que diz respeito às situações mais engraçadas, quanto nos momentos de ação, bem como de tensão. A perseguição de um caça Tie Fighter à Millennium Falcon faz com que você se agarre na cadeira. – podemos perceber que a equipe da ILM – Industrial Light And Magic teve um cuidado especial com a Falcon (uma nave respeitada inclusive pelos membros da Primeira Ordem). Embora Star Wars não respeite as leis da física, é fácil perceber que a nave de Han Solo é bem mais pesada que o Tie Fighter, fazendo esses e outros pequenos detalhes arrancarem sorrisos tímidos vez ou outra.

    A expectativa cresce quando os personagens clássicos entram em cena. A sensação de nostalgia percorre toda a fita. O veterano e mestre John Williams, mais uma vez, é responsável pela ótima trilha sonora, e assim como em todos os filmes, traz uma trilha original onde busca, em alguns momentos, revisar seus clássicos imortalizados na primeira trilogia. O departamento de arte e o design de produção também são certeiros. As naves que todos conhecemos estão lá, assim como o posicionamento das câmeras, tomadas, ângulos e principalmente nos cockpits dos X-Wings e dos Tie Fighters. O mesmo podemos falar das roupas dos personagens. Como Han Solo diz, sua jaqueta é nova, mas podemos perceber sua clássica camisa branca, sua calça militar e seu cinto com o coldre são os mesmos.

    Embora seja um filme de J.J. Abrams, Star Wars – O Despertar da Força, não é um típico filme do diretor, que procurou de forma respeitosa manter o legado brilhante criado por George Lucas. O resultado é um ótimo filme, repleto de ótimos personagens em uma história divertida, cheia de ação e principalmente emocionante. Promovendo mais um marco cinematográfico e apontando novos caminhos para o universo desta galáxia muito, muito distante.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Crítica | Star Wars – Episódio VI: O Retorno de Jedi

    Crítica | Star Wars – Episódio VI: O Retorno de Jedi

    Retorno de Jedi - Star Wars

    (Este texto usará como fonte a versão do filme lançada no Blu-ray em 2011, que somou as alterações feitas em 1997 e 2004 na obra original. Essas mudanças no episódio VI podem ser vistas com detalhes neste video)

    O Retorno de Jedi foi lançado em 1983 com grandes expectativas após O Império Contra-Ataca, de 1980, que é considerado pela maioria dos fãs da saga como seu melhor filme. Tamanha qualidade atingida por seu antecessor colocou em cima de “Jedi” uma enorme pressão, já que tal acerto dificilmente se repetiria.

    Dirigido por Richard Marquand, com roteiro de Lawrence Kasdan e George Lucas, e contando com todo o elenco original (Mark Hamill como Luke Skywalker, Harrison Ford como Han Solo, Carrie Fisher como Leia Organa, Anthony Daniels como C-3PO, Billy Dee Williams como Lando Calrissian, Peter Mayhew como Chewbacca, etc), Jedi muda significativamente o legado de Império ao mexer em pontos chave da saga, como motivações e personalidades de personagens, além de inserir outros elementos na história. Não à toa é o filme mais criticado da saga original.

    A obra começa com a busca por Han Solo, ainda congelado em Carbonite e mantido no palácio de Jabba. Toda essa sequência inicial que nos mostra um Luke Skywalker amadurecido também causa um certo estranhamento, pois não é de fato necessária a trama da saga, ou mesmo deste capítulo dela. Com duração de aproximadamente 37 minutos, parece alongada demais se comparada à sequência inicial de Império, criada com o propósito de explicar as marcas no rosto de Luke Skywalker, já que Mark Hamill havia se acidentado gravemente algum tempo antes. Neste filme aliás, Hamill entrega uma atuação não excelente por causa de suas limitações enquanto artista, mas muito melhorada em relação aos primeiros filmes, enquanto Harrison Ford parece estar a todo tempo brincando de atuar, não parecendo querer estar ali.

    Logo após, o filme se divide entre a jornada de Luke voltando para Dagobah a fim de terminar seu treinamento com Yoda, e lá interage novamente com Obi-Wan Kenobi (Alec Guiness) a respeito da revelação do filme anterior de que Vader é seu pai. Ao mesmo tempo, a Aliança Rebelde prepara um novo plano de ataque à nova Estrela da Morte que o Império está construindo em Endor. Este ponto vai atrair as duas maiores falhas do filme. O primeiro é reciclar a história de A Nova Esperança, onde o clímax também envolvia destruir a mesma arma do Império em um ataque espacial. O outro ponto é a inserção dos tão mal falados “ewoks” (nome nunca citado no filme) como coadjuvantes no ataque.

    Originalmente a ideia era realizar esta sequência em Kashyyk com os wookies, mas a opção pelos ewoks já mostra alguns sinais de onde George Lucas estava indo. Os ewoks são uma tentativa clara de infantilizar a trama e torná-la mais leve e palatável às crianças, grande nicho consumidor de produtos da franquia. A captura dos membros da Aliança pelos ewoks e seu ataque contra as tropas do Império que guardavam o gerador do escudo da nova Estrela da Morte é definitivamente o ponto mais baixo da trilogia. Os ataques de paus e pedras contra soldados de armaduras parece um esquete de programa de comédia da TV, tornando a ameaça representada pelo Império mais diluída e enfraquecida frente a sua magnanimidade apresentada no filme anterior.

    Porém, o que salva é toda a sequência entre Luke Skywalker, Darth Vader e o Imperador, que, ciente de tudo o que estava acontecendo, arma um engenhoso plano para tentar trazer Luke ao lado sombrio da Força. Se na luta de Império Luke era um brinquedo na mão de Vader, aqui é o contrário, e assim consegue vencê-lo de forma brutal, flertando com o lado negro. Mas ao perceber o quanto se parece com seu pai, o poupa da destruição total, frustrando os planos do Imperador, que decide então eliminar sua maior ameaça, com “force lightning”, até ser salvo por Vader, que se redime (cena estragada na edição especial, que adiciona dois “No” ditos por Vader, como se essa cena precisasse de algo além). Apesar de na cena final estarmos lidando com três sequências diferentes ao mesmo tempo (Endor, batalha espacial e Luke x Vader), não se torna confuso como no Episódio I, que possui quatro.

    Em perspectiva, a luta final entre Vader e Luke, apesar de curta, se mostra intensa, ao contrário dos balés estéreis dos novos filmes. O sabre é apenas uma ferramenta de um jedi (fato afirmado pelo Imperador, que não o utiliza); a Força é algo subjetivo; as batalhas espaciais são bem filmadas, bem colocadas e possuem propósito claro. Apesar de seus defeitos, é uma produção de qualidade, ainda mais se vista a versão lançada no cinema (com Sebastian Shaw na cena final dos “force ghosts”, e não a cabeça digitalmente inserida de Hayden Christensen, a alteração mais polêmica e preguiçosa da saga, já que Luke nunca conheceu ou viu seu pai mais novo, não podendo assim reconhecê-lo). A inserção de outros planetas comemorando uma suposta queda do Império é também questionável, afinal como todos esses planetas ficariam sabendo disso tudo em questão de horas? E, mesmo se soubessem, como iriam desmobilizar as forças remanescentes do Império em tão pouco tempo?

    Retorno de Jedi foi considerado por muito tempo o ponto mais fraco da saga. Porém, a nova trilogia, de tão absurdamente ruim, fez com que ele fosse redimido. Causa um certo desconforto ver os desajeitados ewoks lutando contra o Império, mas a batalha espacial e o confronto dos Skywalkers dentro da estrela da morte acabam pesando a balança a favor da produção, que, se não encerra com chave de ouro a maior saga da história do cinema, ao menos dá a seus protagonistas um desfecho digno, já que ela ainda possui vários elementos dos filmes anteriores, com seus pequenos toques e características que transformaram a franquia em algo tão grande. Além, é claro, de ainda contar com a sorte de um George Lucas não tão egomaníaco.

    (Para ver todas as mudanças feitas em Star Wars desde seu lançamento, acesse aqui – Em Inglês)

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.

  • Crítica | Star Wars – Episódio V: O Império Contra-Ataca

    Crítica | Star Wars – Episódio V: O Império Contra-Ataca

    Star Wars - Episódio V - O Imperio Contra-Ataca

    Há muito tempo, em uma galáxia
    muito, muito distante…

    Episódio 5
    O Império Contra-Ataca

    É um período crítico para as
    Forças Rebeldes. Embora a
    Estrela da Morte tenha sido
    destruída, as Tropas Imperiais
    conseguem expulsar os
    Rebeldes de sua base
    secreta e os perseguem por
    toda a galáxia.

    Fugindo da terrível Frota
    Imperial, um grupo de
    rebeldes chefiados por Luke
    Skywalker, estabelece uma
    nova base secreta no remoto
    mundo gelado de Hoth.

    O senhor do mal, Lorde Darth
    Vader, obcecado pela idéia de
    encontrar o jovem Skywalker,
    enviou milhares de sondas
    remotas para os pontos mais
    longínquos do espaço…

    Assim são as letras amarelas que fazem a introdução da sequência de Star Wars – Uma Nova Esperança. Tive uma certa dificuldade para criar uma introdução decente para essa crítica, então resolvi apelar um pouco. A primeira parte da saga, com toda a sua aventura e sensacionais batalhas especiais estabeleceu um patamar alto de qualidade, o que gerou uma expectativa do tamanho de uma galáxia para esta segunda parte. Geralmente, sequências no máximo conseguem se equiparar ao seu predecessor. Em casos raríssimos, conseguem superar o original. Este O Império Contra – Ataca é um desses casos raríssimos.

    George Lucas contratou a escritora de ficção científica e roteirista Leigh Brackett, tida na época como a “a rainha da space opera”. Durante algum tempo, os dois discutiram ideias sobre como deveria ser o roteiro. Entretanto, Lucas não gostou do rumo que a história estava tomando e pegou para si a responsabilidade de criar o argumento para o filme. O diretor não teve tempo de discutir com Brackett sobre as novas idéias, pois a diretora morreu de câncer pouco depois. Desenvolvendo sua nova história, Lucas teve a ideia de estabelecer Darth Vader como o pai de Luke Skywalker, num dos plot twists mais chocantes da história do cinema. Alguns outros esboços depois, George Lucas pediu que Lawrence Kasdan desse um trato final no argumento. Juntamente com Gary Kurtz e Irwin Kershner (diretor contratado porque o criador da saga não queria acumular funções) o roteiro adquiriu um tom mais sério, adulto e mais escuro, em oposição ao tom solar do Episódio IV.

    É interessante observar o desenvolvimento do filme. Tudo é muito redondo desde o início, com eventos sucessivos que não deixam espaços para pontas soltas. A partir da espetacular batalha de Hoth, duas vertentes são estabelecidas. Um tom aventuresco e eletrizante com a fuga de Han Solo, Leia e Chewbacca da frota do Império e um tom intimista e quase psicológico com Luke indo treinar com o Mestre Yoda no Sistema Degobah. Aqui, vemos um prosseguimento da saga do herói, ao passo que Luke deixa de ser um garoto mimado e hesitante em sua liderança para assumir o seu papel de símbolo da Aliança Rebelde e principal arma contra Darth Vader e o Imperador Palpatine. Além de Luke estar mais maduro, maturidade é algo evidente em Han Solo e Leia, pelo menos no que diz respeito às suas responsabilidades dentro da Aliança, ainda que Han seja relutante e queira abandonar tudo para limpar a sua barra com Jabba The Hutt e voltar a sua vida de aventuras. Porém, no que tange a sentimentos mútuos, os dois são imaturos, indo das rusgas até um momento romântico impagável antes de Solo ser congelado.

    Kershner se mostra um grande maestro de cenas de ação e aventura na sequência de batalha inicial e na já referida fuga desesperada da Millennium Falcon. Só que mais importante que isso, é o fato do diretor conseguir captar a essência do roteiro e conferir profundidade dramática a todos os personagens, coisa que George Lucas nunca conseguiu. O canastrão Mark Hamill tem aqui o seu melhor momento como Luke Skywalker, possivelmente por influência de Kershner. Outro ponto positivo do diretor Irwin é a ótica dele sobre cada ambiente. Ele consegue transmitir toda a imensidão e a frieza de Hoth, a opressão que Dagobah exerce sobre Luke e a arquitetura labiríntica dos corredores de Bespin.

    Com relação ao trabalho técnico, mais uma vez foi sensacional. Há de se destacar os efeitos criados pela Industrial Light & Magic. Se no primeiro filme a empresa criou eletrizantes batalhas de larga escala, aqui ela compreendeu todo o conceito de dogfight (batalhas aéreas de curta distância – Top Gun explica bem do que se trata) e criou momentos fantásticos como a batalha de Hoth e a fuga da Millennium Falcon através do campo de asteroides. O som e os efeitos sonoros ajudam a envolver o espectador no clima do filme.

    Nas atuações, há uma clara evolução do trio principal. Mark Hamill está bem mais à vontade no papel de Luke Skywalker, transmitindo a maturidade que o personagem adquiriu com o passar do tempo. Isso inclusive ajuda a torná-lo mais carismático. Carrie Fisher continua competente como a Princesa Leia e a faz ainda mais decidida e impetuosa. Porém, o destaque novamente é Harrison Ford. Sua interpretação para Han Solo é brilhante, uma vez que o ator consegue compreender todas as nuances do personagem, sejam suas qualidades ou falhas de caráter. Ele é responsável por um dos grandes momentos do filme, quando Solo está para ser posto em animação suspensa num esquife de carbonita. O ator resolveu improvisar após repetir várias vezes um momento romântico entre Han e a Princesa Leia e terminou por criar algo memorável. Com relação aos novos e importantes personagens introduzidos no filme, Billy Dee Williams conseguiu o tom certo para seu Lando Calrissian, um antigo conhecido de Han Solo e o Yoda mecânico de Frank Oz é excepcionalmente bem manipulado, com expressões faciais muito críveis.

    Tentando resumir em poucas palavras após essa quase monografia: O Império Contra-Ataca é sensacional, supera e muito o original e merece ser reconhecido como um dos grandes filmes da história do cinema, tal como já é feito por inúmeras publicações e críticos.

  • Crítica | Batman (1989)

    Crítica | Batman (1989)

    Em 1989, Tim Burton era um proeminente diretor. No currículo tinha alguns curtas e duas produções cinematográficas elogiadas: As Aventuras de Pee-Wee e Os Fantasmas Se Divertem. Bases que permitiram assumir a cadeira de diretor em Batman, filme de um dos grandes heróis dos quadrinhos que ansiava por uma versão nas telas.

    Na época, heróis ainda eram um nicho restrito nos Estados Unidos. Tinham um mercado sólido, formavam personagens presentes no coletivo popular, mas estavam na periferia da arte. Não eram considerados um material bruto, rico e criativo para um filme-pipoca. E o sucesso de Superman – O Filme foi considerado um acerto que poderia não ser repetido em um futuro próximo.

    Anterior ao mercado de filmes-pipoca quadrinescos, a aventura não contém a tradicional jornada de origem presente em um primeiro filme. A morte dos pais de Bruce Wayne é desenvolvida em um pequeno flashback durante a narrativa, dando maior dinamismo ao embate entre herói e vilão.

    A abertura de Batman, de 1989, adentra de maneira eficiente o universo do Morcego e apresenta os recursos cênicos que tornariam Burton um grande diretor. Gotham City é um cenário escuro e esfumaçado, composto com leves referências góticas. Ambiente ideal para o surgimento do lendário morcego.

    Na década de oitenta, a composição de uma produção cinematográfica voltada para o entretenimento era conduzida de maneira diferente da contemporânea. Visto em comparativo, o hiper-realismo dos filmes atuais, no qual a trilogia de Christopher Nolan está inserida, faz desta produção um reflexo menos realista da personagem.

    Além da mudança natural da linguagem cinematográfica, os quadrinhos também estavam em um momento diferente. Na DC Comics, a Crise Das Infinitas Terras havia zerado a cronologia do estúdio cinco anos atrás, e Batman passava por uma transição lenta que o transformava cada vez mais em um herói soturno e indestrutível, um recurso que se potencializou após a Queda do Morcego na década seguinte.

    Nos papéis centrais, Michael Keaton e Jack Nicholson foram escolhidos para representar Batman/Bruce Wayne e Coringa. Keaton havia participado do filme anterior de Burton e, mesmo com baixa estatura, parecia uma escolha certa pela parceria com o diretor. A interpretação seria razão para reclamação de fãs durante muito tempo mesmo que, devido à ausência de carga dramática da personagem – e, por consequência, sem um aprofundamento interpretativo – o comentário seja injustificado.

    A grande estrela é Jack Nicholson, tanto pela responsabilidade de interpretar o vilão mais conhecido do personagem como pelo gordo salário que recebeu pelo papel. Uma visão do Coringa bem diferente da defendida por Heath Ledger anos depois, mas que é fiel com a personagem da época: um palhaço insano mas também apoiado na ironia cômica.

    O ator produz veracidade na insanidade da personagem e, inevitavelmente, se destaca mais do que o raso herói. Em relação aos quadrinhos, a origem é a mesma, exceto que o vilão também é responsável pela morte dos pais de Bruce Wayne. Um dos poucos elementos que enfocam o drama nesta história aventureira.

    Mesmo sem aprofundar-se na psicologia de Batman – outro conceito que se tornaria primordial a partir da década de noventa e na nova trilogia – a produção apresenta com eficiência a personagem e a luta contra a violência e o mal. No quesito das cenas de ação, as batalhas estão longe das bem elaboradas e sincrônicas coreografias atuais, mas resultam em bons momentos pelo clima cênico do Morcego. Como na cena do museu em que o Coringa, destruindo peças de arte de maneira iconoclasta, é interrompido por um herói que quebra a claraboia e adentra o local.

    Mesmo com o embate primordial de Batman x Coringa, demais elementos da mitologia são utilizados brevemente. O promotor Harvey Dent e o Comissário Gordon mal aparecem em cena; a batcaverna, embora não seja exibida em nenhuma cena extensa, apresenta-se bem ambientada, como um local lúgubre e tecnológico, bem registrado pelos quadrinhos da época; assim como o arsenal do Cavaleiro das Trevas com tecnologia de ponta para a época; e um uniforme que, embora aparente imobilidade na luta corporal, assemelha-se a uma armadura rígida (sem nenhuma possibilidade de mamilos desenhados sobre o peito). Contornos definitivos que representam com adequação a figura tradicional do herói.

    Vinte e cinco anos após sua realização, o filme continua vivaz e fiel à personagem. A produção, que foi supervisionada pelo criador Bob Kane, é uma das grandes referências culturais, com diversas representações visuais em mídias diferentes. Não se poderia prever que, anos depois, os heróis se tornariam presença obrigatória no verão americano e que Tim Burton pareceria tão esgotado em sua temática de árvores retorcidas, utilizando a participação da esposa, Helena Bonham Carter, e de Johnny Depp em quase todas as suas obras.