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  • Especial | Star Wars

    Especial | Star Wars

    Há tempos, pelos idos dos anos setenta, se iniciava no cinema, por meio de um realizador motivado, audacioso e desbravador uma das melhores fantasias em formato Space Opera da história. A saga de Luke Skywalker, Han Solo e Princesa Léia foi expandida para muito além dos três primeiros filmes de Star Wars, e hoje figura no ideário do homem comum ocidental através dos produtos originais, novos lançamentos e materiais que expandem o pensamento idealizado por George Lucas.

    Star Wars é uma franquia lucrativa. Após sua compra pela Disney mais produtos foram garantidos, incluindo novos filmes e derivados. O antigo Universo Expandido que continha produtos antigos, como a trilogia Thrawn de Timothy Zhan e o recente Kenobi, de autoria de John Jackson Miller, além dos quadrinhos da Dark Horse e múltiplos jogos de RPG e videogames foi descontinuado, atribuído ao selo chamado Legends, não sendo mais parte oficial do cânone da saga. Algumas destas ideias foram recicladas e usadas nos roteiros de Lawrence Kasdan em Episódio VIII: Despertar da Força, enquanto o novo material suplementar faz parte necessariamente da história oficial indiscutivelmente, fator que antes Lucas jamais assumiu para sua franquia, mesmo dando aval para a criação da maioria das ramificações da legenda da força.

    Com promessas de novos filmes, incluindo spin offs cinematográficos, mais e mais material serão produzidos, além de reedições de produtos não lançados no Brasil, que finalmente farão parte do catálogo das editoras nacionais. A fim de mapear toda essa gama de material, organizamos este novo universo em textos analíticos e opinativos, desbravando uma galáxia distante, em busca do sentido da religião da Força. Como a própria Disney dividiu o universo de Star Wars na composição do novo cânone, consideramos necessário manter essa divisão pelo didatismo e para aqueles leitores que desejam acompanhar somente um ou outro.

    Podcasts

    VortCast 50 | Star Wars: Os Últimos Jedi
    VortCast 51 | Star Wars e as Polêmicas do Novo Filme (Ou Procurando Pelo em Ovo)

    Artigos

    Os Bastidores, Detalhes e as Mudanças de George Lucas em Star Wars
    Star Wars: Episódio VIII | Comentamos o novo trailer de Os Últimos Jedi
    Star Wars Celebration | O painel de Os Últimos Jedi, o primeiro pôster e o primeiro teaser  
    Sobre Ascensão Skywalker
    : Comentários do teaser, Comentários sobre o trailer final ,O que esperar
    Dia dos Investidores

    Novo Cânone

    Filmes
    (1977) Star Wars: Uma Nova Esperança
    (1980) Star Wars: Império Contra Ataca
    (1983) Star Wars: O Retorno de Jedi
    (1999) Star Wars: Ameaça Fantasma
    (2002) Star Wars: Ataque dos Clones
    (2005) Star Wars: A Vingança dos Siths
    (2015) Star Wars: O Despertar da ForçaCrítica 2 e Crítica 3
    (2016) Rogue One: Uma História Star Wars
    (2017) Star Wars – Episódio VIII: Os Últimos Jedi
    (2018) Han Solo: Uma História Star Wars
    (2019) Star Wars – Ascensão Skywalker 
    (2020) LEGO Star Wars: Especial de Festas

    Seriados
    (2008) Star Wars – Clone Wars
    (2014) Star Wars: Rebels – 1ª Temporada 
    (2019) The Mandalorian 1ª Temporada

    – Chapter One :The Mandalorian
    Chapter Two: The Child
    Chapter Three: The Sin
    Chapter Four: The Sanctuary
    Chapter Five: The Gunsliger
    Chapter Six: The Prisioner
    Chapter Seven: The Reckoning
    Chapter Eight: The Redemption  
    (2020) The Mandalorian 2ª Temporada

    Literatura
    (2014)
    Tarkin – James Luceno
    (2015) Star Wars: Lordes dos Sith – Paul S. Kemp  
    (2015) Star Wars: Estrelas Perdidas – Claudia Gray

    Quadrinhos
    (2014) Darth Maul – Filho de Dathomir
    (2015)
    Darth Vader #01-12
    (2015) Star Wars #01-12
    (2015) Princesa Leia
    (2015) Império Despedaçado
    (2015) Vader Down
    (2015) Lando
    (2015) Star Wars: O Diário do Velho Ben Kenobi

    (2016) Han Solo
    (2016) C-3PO – O Membro Fantasma
    (2016) Star Wars: Prisão Rebelde

    (2016) Star Wars: O Último Voo do Harbinger

    Linha Infantil

    Livros

    (2012) Star Wars: Darth Vader e Filho
    (2013) Star Wars: Academia Jedi
    (2013) Star Wars: Academia Jedi – O Retorno de Padawan
    (2015) Star Wars: A Princesinha de Vader

    Selo Legends

    Filmes:
    (1978) Star Wars – Holiday Special
    (1984) Caravana da Coragem: Uma Aventura Ewok
    (1985) Caravana da Coragem: A Batalha de Endor

    Seriados
    (2003) Star Wars – Guerras Clônicas

    Literatura
    (1991) Herdeiro do Império – Timothy Zhan
    (1992) Ascensão da Força Sombria – Timothy Zhan
    (1993) O Último Comando – Timothy Zhan
    (2014) Star Wars : A Trilogia – Special Edition

    Quadrinhos
    (1992) Império do Mal (trilogia)
    (2005) Jango Fett: Temporada de Caça
    (2010) Star Wars: Boba Fett – Laços de Sangue

  • Star Wars: A Ascensão Skywalker | Comentários Sobre o Trailer Final

    Star Wars: A Ascensão Skywalker | Comentários Sobre o Trailer Final

    E o trailer final de Star Wars: A Ascensão Skywalker, o nono capítulo da maior franquia da história do cinema, finalmente foi ao ar.

    O trailer vinha sendo aguardado com ansiedade pelos fãs após o bombástico teaser especial lançado durante a D-23 deste ano, que trazia uma imagem de Rey usando roupas pretas e portando um sabre de luz duplo de cores vermelhas.

    A expectativa era que esse trailer final mostrasse mais dessa Rey do Lado Negro, ou que de fato, Palpatine desse finalmente as caras.

    Mas, não foi isso o que aconteceu. De qualquer forma, o último trailer da saga que conta a história da família Skywalker foi lindo.

    Logo no início das imagens vemos Rey (Daisy Ridley), deixando no chão um capacete enquanto corre por uma floresta e um droid tenta alvejar suas costas, sem sucesso. O capacete e o droid são muito semelhantes aos usados por Luke no início de seu treinamento. Pelas imagens, podemos perceber que a jovem aprendiz já domina a Força consideravelmente. Chama a atenção uma faixa vermelha que ela usa numa das mãos. Essa faixa já havia sido mostrada no trailer anterior.

    Enquanto ouvimos a voz de Finn, dizendo que “é um instinto, uma sensação” e que a Força os reuniu, vemos Rey dentro de uns escombros, muito semelhantes ao destroyer imperial de Jakku em O Despertar da Força. Muito provável que este seja o interior da segunda Estrela da Morte. Vemos também o próprio Finn (John Boyega) num planeta desértico.

    A imagem corta para uma reunião que provavelmente acontece numa base dos rebeldes que deve ser durante uma pré-batalha, talvez a batalha mais importante do filme. Nesta cena, vemos Lando Calrissian (vivido novamente por Billy Dee Williams), Poe Dameron (Oscar Isaac) e C-3PO (Anthony Daniels) e muitos outros personagens, distribuídos entre pilotos e aparentemente civis. As imagens são rápidas e enquanto ouvimos a voz de Poe, dizendo que eles não estão sozinhos e que as pessoas lutarão se eles as liderarem, podemos ver a primeira aparição de Rose (Kelly Marie Tran), que aparece junto do personagem vivido por Dominic Monaghan, e vemos também, no planeta floresta a nave Tantive IV, além de Chewie (Joonas Suotamo), Poe e Finn, junto de uma X-Wing.

    Vemos novamente um novo trecho de Rey do lado de fora dos escombros da Estrela da Morte, com seu sabre de luz em punho aguardando ansiosamente para batalha, quando vemos pela primeira vez Kylo Ren (Adam Driver) saindo de dentro de uma onda que acabou de quebrar. As belas imagens são embaladas pela voz de Rey dizendo que as pessoas dizem que a conhecem, mas que na verdade, ninguém a conhece, para em seguida a voz de Ren proferir que ele a conhece. Essas falas mexeram com o público, não porque existe a possibilidade dos dois ficarem juntos, mas porque talvez seja do momento de uma possível redenção de Ben Solo em tentar salvar Rey, algo que será abordado em outro texto.

    Aí começam a surgir as novidades, como vários caças Tie se dirigindo a uma monstruosa base que parece que fica em um enorme iceberg. A imagem do gelo refletindo na água é maravilhosa, um grande trono de pedra com vários tentáculos, muito semelhante à tiara usada pelo Máscara da Morte, Cavaleiro de Câncer, de Os Cavaleiros do Zodíaco, e um antigo destroyer imperial saindo de dentro da água. A julgar pelo excesso de raios em tela, tanto pelas claridades na sala do trono, quanto pelas imagens do destroyer, é muito possível que seja o mesmo local onde a base iceberg se encontra. Ouvimos também pela primeira vez a maléfica voz de Palpatine (Ian McDiarmid), que diz que esperou muito tempo e que agora essa união será a destruição. Enquanto ouvimos Palpatine, vemos outras imagens como a Millennium Falcon se juntando e liderando uma gigantesca armada, onde podemos ver naves dos mais diferentes modelos, como naves da antiga Aliança Rebelde, naves separatistas, dentre muitas outras, inclusive a Fantasma, de Star Wars: Rebels, que aparece claramente ao lado da Falcon, pronta para a batalha. A nave que anteriormente havia aparecido como um easter egg de Rogue One, finalmente deu as caras e aumentou consideravelmente a possibilidade de vermos na tela grande, mesmo que por alguns segundos, seus integrantes.

    Depois um momento de partir o coração e que levou a maior dos fãs às lágrimas. C-3PO está sofrendo uma manutenção na região de sua cabeça. Ao ser perguntando por Poe o que ele está fazendo, o robô diz que está olhando para seus amigos pela última vez. Rey, e Finn também estão em cena e todos com cara de tristeza. É muito provável que, por algum motivo “Threepio” precisa alterar seu protocolo diplomático, o que justificaria seus olhos vermelhos mostrados no teaser anterior. Na cena, também vemos pela primeira vez a personagem de Keri Russel, a mascarada Zorri Bliss.

    A trilha sonora maravilhosa explode em tela e vemos mais e mais cenas épicas, como Chewie, Finn e Poe dizimando Stormtroopers, um caloroso abraço de Leia (Carrie Fisher) em Rey, enquanto ouvimos Luke Skywalker dizendo que enfrentar o medo é o destino de um Jedi. Vemos Lando comandando a Falcon ao lado de Chewie, além de trechos da enorme batalha que deve ser tão épica quanto à batalha de Coruscant, em A Vingança dos Sith. Sobre a batalha, como dito anteriormente, poderemos matar a saudade de diversas naves da trilogia clássica, já que veremos Y-Wings, B-Wings, entre outras em tela.

    A imagem corta para Rey e Kylo Ren na sala do trono do Imperador mostrada em O Retorno de Jedi, onde Luke enfrenta Darth Vader, vemos também, numa espécie de contraste os mesmos personagens destruindo um artefato, que provavelmente é o totem onde Kylo Ren mantém o capacete de Vader. Na verdade, não se sabe se eles destruíram o artefato juntos ou se foi Rey, enquanto Ren tentava proteger o totem. Curiosamente, é possível ver Rey empunhando uma adaga em sua outra mão. E vemos também um relance de Palpatine que parece se movimentar em alguma cadeira flutuante em direção à Rey, enquanto novamente ouvimos Luke dizer “a Força estará com você”, enquanto Leia completa com um “sempre”.

    O trailer cumpriu o seu papel: é lindo. O curioso é que mostra tudo, mas, em contrapartida, não mostra nada. As imagens que vemos ali, acabam por colocar uma pá de cal em algumas teorias, mas atiçam a curiosidade dos fãs sobre como será esse desfecho, algo que discutiremos em breve aqui no Vortex Cultural.

    Só sabemos que será grandioso. A impressão que o trailer deixou é que Star Wars: A Ascensão Skywalker será visualmente muito bonito e épico, no sentido de escala. Tudo parece ser enorme, com bastante informação em tela.

    O filme estreia no Brasil em 19/12/2019 e os ingressos já estão à venda.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Star Wars: A Ascensão Skywalker | Comentários do Novo Teaser Trailer

    Star Wars: A Ascensão Skywalker | Comentários do Novo Teaser Trailer

    A semana dos dias 20 a 25 de agosto foi cheio de surpresas para os fãs da cultura pop. Mais precisamente para os fãs da Disney, a realização da D23 deste ano de 2019, em Anaheim, deixará um marco na história da convenção. Englobando todas as empresas da gigante casa das ideias, a convenção praticamente marcou a estreia do ambicioso serviço de streaming da Disney, o Disney+, trazendo muitas novidades (muitas mesmo) do que estará por vir, principalmente quando se trata de produções da própria Disney, além da Marvel a, obviamente, da Lucasfilm.

    Sem dúvida, o momento mais aguardado era o painel de Star Wars: A Ascensão Skywalker, o nono e último capítulo da franquia. Se durante a Star Wars Celebration, realizada em maio, nos foi mostrado o primeiro teaser do filme, a esperança aqui era que o primeiro trailer completo fosse apresentado. Após a produtora e atual presidente da Lucasfilm, Kathleen Kennedy, e o diretor J. J. Abrams darem às boas vindas ao elenco do filme, o que os fãs viram foi um trailer que não tinha nome de trailer propriamente dito, mas sim um “material especial” para os fãs ali presentes. O material foi lançado oficialmente dois dias depois e deixou a internet atônita, como vem sendo feito em todos os trailers lançados desde O Despertar da Força.

    Embora tenhamos aproximadamente dois minutos e treze segundos de imagens, praticamente metade delas são de material inédito. No começo da fita vemos imagens marcantes de toda a história da saga da família Skywalker, desde A Ameaça Fantasma até Os Últimos Jedi. Importante destacar que o trailer respeita a ordem de lançamento dos filmes e não a ordem cronológica da história e novamente ouvimos a fala de Luke Skywalker (Mark Hamill) que diz “passamos adiante tudo que sabemos. Mil gerações vivem em você agora. Mas esta é a sua luta.”

    As imagens inéditas começam com Rey (Daisy Ridley), Finn (John Boyega), Poe Dameron (Oscar Isaac), Chewbacca (Joonas Suotamo) e C-3PO (Anthony Daniels), num planeta desértico observando uma cidade que parece estar comemorando algum tipo de carnaval. Os figurinos de Rey pouco mudaram desde o usado em O Despertar da Força, mas de Finn e Poe Dameron parecem muito bem trajados para uma aventura estilo Indiana Jones, principalmente Poe que parece que saiu direto do jogo Uncharted. Rapidamente temos a General Leia (Carrie Fischer), lembrando que esta é a última vez que a veremos a atriz em tela, sendo que sua participação foi feita por imagens descartadas dos outros filmes, já que infelizmente, Carrie Fisher nos deixou após terminar sua participação nas filmagens de Os Últimos Jedi.

    O trailer continua com uma bela imagem de diversas naves rebeldes pairando no ar pós velocidade da luz e vemos, também uma infinidade de cruzadores imperiais preparados para batalha. A quantidade é tão grande que chega a lembrar a armada de Agamenom, em Tróia. Observando os cruzadores, está Finn juntamente com Jannah, a nova personagem vivida por Naomi Ackie. Após vemos C-3PO com olhos vermelhos e um tipo de raio destruindo o que pode ser parte do planeta desértico do começo do trailer, para então vermos Rey praticando com o sabre de luz de Luke restaurado e Kylo Ren (Adam Driver) saindo furioso de sua nave, empunhando também sua arma. Vale destacar que as imagens não possuem nenhuma relação, porém vemos uma linda imagem dos dois duelando violentamente em cima de uma peça que provavelmente faz parte dos destroços da Estrela da Morte mostrada no primeiro teaser. Enquanto essas últimas cenas enchem os olhos dos espectadores, ouvimos a voz do Imperador Palpatine (Ian McDiamird) que diz “a sua jornada está próxima do fim”. A tela fica totalmente preta para logo então revelar uma maligna Rey, toda trajada de preto, empunhando um sabre de luz de lâmina dupla na cor vermelha, semelhante ao usado por Darth Maul.

    Obviamente, o destaque do trailer ficou por conta de Rey possivelmente flertando com o Lado Negro da Força e isso sugere o que pode ser parte da trama do novo filme, que poderá retratar a queda de Rey e a ascensão de Ben Skywalker, algo que será discutido no texto sobre as expectativas sobre o filme, dias antes do lançamento. Mas também, outras coisas chamaram bastante a atenção. A festa mencionada no início deste texto sugere que possa estar sendo realizada por Maz Kanata, já que o retorno de Lupita Nyong’o está confirmado. A quantidade de naves da Aliança Rebelde é significativa se levarmos em conta que a rebelião foi praticamente extinta no filme anterior. A imagem dos milhares de cruzadores imperiais no meio a uma tempestade de raios é incrível e pode se tratar somente de um desfile militar sob a liderança do General Hux (Domhnall Gleeson), que até agora não apareceu em uma imagem sequer. Os olhos vermelhos de C-3PO pode não ter siginificado algum, uma vez que o robô vem sofrendo trocas de peças constantemente e ele pode estar acordando justamente do procedimento em que seus olhos foram trocados após ser ferido em batalha.

    Aliás, vários personagens confirmados ainda não deram as suas caras. Luke Skywalker e Palpatine, provavelmente são aqueles que causam as maiores expectativas, além deles e de Maz Kanata, não vimos ainda Rose (Kelly Marie Tran) e a nova personagem vivida por Kerri Russel.

    Star Wars: A Ascensão Skywalker chega ao Brasil em 19 de dezembro de 2019.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Star Wars: Episódio VIII | Comentamos o novo trailer de Os Últimos Jedi

    Star Wars: Episódio VIII | Comentamos o novo trailer de Os Últimos Jedi

    Rian Johnson bem que tentou avisar, mas aposto que ninguém deu ouvidos e muita gente se arrependeu. Quando perguntado no Twitter sobre o novo trailer, o diretor de Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi foi categórico: “estou legitimamente dividido. Se você quiser vir limpo, absolutamente o evite. Mas está booooooooom…”. Ou seja, o fã deveria evitar assistir ao trailer se quisesse ter uma experiência emocional completa. Não adiantou e o trailer, em pouco mais de dois minutos e meio rachou o planeta nas mais variadas sensações. Só nos resta saber se a prévia entregou demais a trama ou, se no fundo, a Lucasfilm estava apenas jogando com as palavras e com as imagens. Nossa aposta é a segunda opção, mas ainda assim, a sensação de cansaço pós trailer existe e perdura.

    Logo de início vemos um plano mostrando Kylo Ren (Adam Driver), de costas, observando as instalações da Primeira Ordem. Nota-se uma estranha semelhança com Anakin Skywalker. Além deste plano, demais imagens, como a primeira aparição dos andadores, que são uma evolução dos AT-AT de O Império Contra-Ataca se preparando pra batalha. Enquanto isso, a voz em off do Supremo Líder Snoke (Andy Serkis) dizendo para alguém que quando encontrou aquela pessoa, viu nela um poder bruto e incontrolável e que além disso, algo verdadeiramente especial. A imagem corta para Rey (Daisy Ridley) acionando o sabre de luz e as imagens a partir daí mostram ela entregado o sabre a Luke Skywalker (Mark Hamill), onde também uma voz em off da personagem ecoa entre as imagens, dizendo que algo esteve sempre dentro dela e que agora essa coisa despertou e ela precisa de ajuda. Enquanto essas palavras são proferidas, vemos imagens de Rey praticando com o sabre e visitando uma árvore, que, aparentemente é uma árvore da Força, algo que já foi discutido em Rebels. Mas o que mais assusta é quando a jovem aprendiz, durante uma meditação, consegue rachar o local de pedra em que Luke e se encontram, deixando o mestre Jedi apavorado.

    Não dá pra saber ao certo em que momento do filme isso acontece e é muito provável que essas cenas não se comunicam entre si, mas Luke, com um olhar preocupante, aparece dizendo que já viu esse poder bruto uma vez, enquanto imagens de flashback do ataque de Kylo Ren ao templo Jedi de Luke aparecem na tela. Skywalker completa dizendo que aquele poder não o assustou na época, mas que agora o assusta. As imagens se voltam para Kylo Ren, onde o jovem, num momento shakesperiano, olha para sua máscara para, imediatamente, destruí-la na parede com todo ódio possível. Enquanto isso, sua voz, também em off, fala sobre deixar o passado morrer, matá-lo se for preciso, sendo o único jeito de cumprir o seu destino. Outro momento assustador é que enquanto Ren profere as palavras, ele aparece pilotando de forma habilidosa seu caça Tie numa incursão contra a Resistência, outro momento que deve ser um dos 3 grandes do filme.

    Kylo percebe que Leia (Carrie Fisher) está na nave e ela o confronta com a Força. Podemos perceber claramente que o filho da general fica abatido, mas ainda assim, não o suficiente para travar a arma na nave e colocar o dedo sobre o botão de disparo, o que deixa Kylo e Leia agoniados. Vemos em seguida Chewbacca à bordo da Millennium Falcon, fugindo de caças Tie dentro de uma caverna bem apertada (algo já bem estabelecido na franquia) para em seguida vermos imagens de Poe Dameron (Oscar Isaac) provavelmente estando junto da mesma frota em que Leia se encontra, onde o ótimo piloto diz em off que eles são a faísca que acenderá a chama que destruirá a Primeira Ordem e o que vemos a seguir é uma linda imagem onde Finn (John Boyega) e Capitã Phasma (Gwendoline Christie) partem para cima um do outro. A fotografia desse trecho é algo fora do comum.

    O trailer continua com imagens bem mais rápidas da batalha que se dá no espaço, de Rey numa caverna, dentro do refúgio de Luke, além de trechos da batalha no deserto do planeta Crait, onde os AT-AT se preparavam. Podemos ouvir Luke dizendo (provavelmente para Rey) que as coisas não vão acontecer do jeito que ela imagina, para em seguida Snoke aparecer pela primeira vez em carne e osso, enquanto tortura Rey com o uso da Força, dizendo para ela completar seu destino. E aí acontece o que pode ser a maior pegadinha do trailer. Rey diz que precisa de alguém que mostre o lugar dela nisso tudo para Kylo Ren estender a mão para ela.

    De fato, o primeiro trailer completo de Os Últimos Jedi é bastante obscuro e enche a cabeça do fã de dúvidas, anseios e interrogações. Mas, analisando friamente as imagens, a única conclusão é que Rey e Kylo são os dois de suas gerações e ponto. A Força é extremamente poderosa neles e Snoke, por algum motivo, sentiu isso ao descobrir Kylo Ren, remetendo à Rey como algo especial, ou vice-versa, uma vez que Snoke pode ter chegado em Kylo com o único objetivo de chegar, na verdade, em Rey.

    Outro ponto que se deve ter bastante atenção é que Luke parece sim estar assustado com o tamanho do poder de Rey, remetendo, portanto, ao sentimento que teve quando seu templo Jedi foi destruído. É bastante provável que ele estivesse falando de Kylo (naquela altura, Ben, seu sobrinho) e que dali para frente, ao conhecer o poder de Rey, se negar a dar continuidade ao treinamento da aprendiz por ter falhado uma vez. A julgar pelo que Snoke fala sobre o poder bruto e incontrolável que veio com uma agradável surpresa e pelo fato de Luke ter visto tamanho poder duas vezes, se tem a conclusão que Rey e Kylo possuem uma forte conexão um com o outro, o que pode indicar algum possível parentesco.

    No que diz respeito ao emotivo momento entre Leia e Kylo, acredita-se que o jovem cavaleiro, ao hesitar em atirar na nave de sua mãe (sendo que já matou o próprio pai), não tomará ação alguma e isso, de certa forma, poderá permitir que Kylo tenha uma possível salvação para o lado da luz em contrapartida à Rey, que poderá ceder ao lado negro da Força após ser capturada. Mas, ainda assim, com relação ao final do trailer, é muito provável que a jovem estivesse falando com Luke sobre precisar de alguém que mostre o lugar dela nisso tudo, pois podemos perceber que tanto a luz, quanto o cenário em que Kylo Ren aparece estendendo sua mão são levemente diferentes em relação a onde Rey se encontra.

    Como a Lucasfilm tem seguido um padrão com a franquia, acredita-se que um segundo trailer poderá ir ao ar um tempo antes da estreia do filme.

    Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi chega no Brasil dia 14 de dezembro de 2017.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Star Wars Celebration | O painel de Os Últimos Jedi, o primeiro pôster e o primeiro teaser

    Star Wars Celebration | O painel de Os Últimos Jedi, o primeiro pôster e o primeiro teaser

    Por volta do meio dia, horário de Brasília, desta sexta-feira, teve início o painel de Star Wars: Os Últimos Jedi, na Star Wars Celebration, em Orlando. Como o próprio nome diz, o evento anual busca celebrar Star Wars em todas as plataformas, seja cinema, televisão, games e etc. Durante todo o final de semana teremos novidades a respeito de muita coisa bacana, como foi o caso do painel de Os Últimos Jedi, que assim como em 2015, por causa de O Despertar da Força, trouxe ao palco parte do elenco principal, que nos apresentou curiosidades acerca da produção, encerrando a festa com um belo teaser.

    O apresentador da vez foi o ator Josh Gad, que há meses, vem atormentando Daisy Ridley pelas redes sociais implorando por qualquer informação sobre o mais novo filme da franquia, cujas informações, até então, eram mantidas em absoluto sigilo. O painel teve pouco a relevar, mas, de qualquer forma, para quem não tinha nenhuma notícia, foi bem elucidativo.

    De início, Gad chama ao palco a presidente da Lucasfilm, Kathleen Kennedy, e o diretor Rian Johnson que teve uma recepção calorosa por parte do público. Johnson estava visivelmente desacreditado naquilo que estava vendo (e se manteve assim por todo o painel). O diretor, que esteve presente no painel sobre os 40 anos da saga, somente para assisti-la, ficou até as 3 horas da manhã atendendo todos os fãs lá presentes, o que é incrível.

    Ao ser perguntado sobre o atual status do filme, o diretor respondeu que Os Últimos Jedi se encontra em fase de pós produção, editando e juntando as peças para a edição final. Kennedy adicionou que Johnson está no caminho certo e já figura na lista dos principais diretores com quem ela já trabalhou. Johnson é um diretor muito único e escreve tão bem quanto dirige, principalmente quando se trata de escrever sobre mulheres independentes e destemidas.

    No mesmo tempo em que davam informações sobre o processo de filmagem, fomos apresentados a algumas fotos de bastidores tiradas pelo próprio diretor com sua câmera analógica particular. Ele explicou que era o único que tirava fotos das coisas sem levar um chute na cara.

    Com relação à Carrie Fisher, Johnson conta algo interessante: passava horas sentado na cama da atriz discutindo sobre o roteiro e a General Leia e que após 6 horas de conversa, riscava tudo que havia escrito e mudava o roteiro.

    Era o momento oportuno para Josh Gad chamar Daisy Ridley ao palco. A atriz usando o coque samurai de Rey estava visivelmente sem graça com tamanha recepção. Gad pede perdão por te-la pentelhado por diversas vezes e avisa que ela deverá tomar cuidado, já que a plateia é muito agressiva. O apresentador continua brincando com Daisy, fazendo as perguntas mais ridículas, querendo saber se Rey e Luke são conectados pelo sangue, se o sobrenome dela é Skywalker ou Kenobi, ou se ela somente se chama Rey e mais nada, como se ela fosse a Madonna de Jakku. Passadas as brincadeiras, Ridley foi perguntada se ela se divertiu trabalhando em Os Últimos Jedi e a atriz comenta que o que ela pode dizer é que a trama se aprofunda mais ainda na história de Rey e que ela tem uma certa expectativa em relação a Luke e que muitas pessoas podem passar por isso quando conhecem algum herói e que a experiência pode não ser exatamente como você espera.

    Após uma graça com BB-8 no palco, John Boyega é chamado e o ator teve, o que seja, talvez, a recepção mais calorosa da noite. Boyega explicou que Finn está passando por um processo de recuperação de suas costas gravemente feridas em O Despertar da Força, mas que o personagem voltará com força total e que, desta vez, não está para brincadeiras. Contudo, Boyega afirma que Finn pode estar passando por incertezas sobre o tipo de pessoa que ele quer ser. O personagem, pelo visto, não sabe se quer se juntar à Resistência, ou se continua fugindo da Primeira Ordem.

    Já no que diz respeito à Primeira Ordem, Rian Johnson explica que a destruição da base Starkiller foi uma grande perda, porém, com a República destruída, a galáxia está um caos e as coisas podem ficar feias por conta disso.

    Falando sobre novos personagens, Johnson explica que Os Últimos Jedi traz alguns novos rostos e ele chama ao palco Kelly Marie Tran, um desses rostos que tem grande participação no filme. O diretor adverte que o público vai amá-la. A sorridente atriz disse que escondeu da família por 4 meses que estava no filme. Tran interpreta Rose, uma mulher que faz parte da Resistência e que é da área de manutenção. Johnson traça um paralelo com Luke Skywalker e Rey, que são puxados pra fora da vida que levam e são colocados numa aventura inesperada. Nem Luke, Rey ou Rose eram heróis, ou soldados antes de se tornarem as pessoas que são.

    É chegada a hora de Mark Hamill subir ao palco e uma nova foto de Luke Skywalker é mostrada. Vale destacar que todos os personagens tiveram fotos oficiais apresentadas durante o painel. O ator, que parecia estar muito cansado, mas muito atencioso e brincalhão, disse que Rian Johnson foi até sua casa para conversar sobre o roteiro e coisas do filme e que Hamill disse a Johnson que uma das coisas que ele mais gosta de Rogue One e da trilogia prequel, é que Luke Skywalker não está lá e que ele podia relaxar e aproveitar, sem sofrer a ansiedade em saber se estava fazendo a coisa certa ou não e que ele, naquele momento, estava apavorado. A resposta de Johnson foi que ele também estava apavorado por ter um filme de Star Wars na mão e que por tais motivos, confiou tudo em Johnson e que se o diretor estivesse satisfeito, Hamill também estaria. O ator foi perguntado como foi achar a voz de Luke Skywalker novamente após tantos anos, tanto vocalmente, quanto metaforicamente e Hamill disse que em O Despertar da Força, tudo que se sabia era que Luke era um eremita vivendo num local isolado e que não se tinha nem ao menos informações sobre seu passado e sobre o que aconteceu desde os acontecimentos de O Retorno de Jedi e ele, como ator, gostaria de saber sobre o background de seus personagens, mesmo não sendo importante para a trama, somente com o intuito de desenvolver o personagem. Esse tipo de pensamento foi muito importante para Luke em O Despertar da Força, então, Hamill escreveu sobre o próprio passado de Luke e deu a entender que o filme não é mais sobre Luke Skywalker, mesmo ele sendo uma peça importante para o desenvolvimento da história e que ainda vai existir muito mistério sobre sua participação, mesmo ele estando realmente no filme. Neste momento, Hamill foi interrompido por Kathleen Kennedy e a presidente assegura aos fãs que Luke Skywalker é significativamente importante para o filme.

    Perguntado por Gad se trouxe algum material para mostrar, Rian Johnson joga um banho de água fria na plateia, dizendo que trouxe o primeiro teaser pôster do filme e o que se vê é a fantástica imagem abaixo que traz Rey, Luke e Kylo Ren:

    Após a epifania causada pelo pôster, Johnson avisa que vai ter trailer, sim e o exibe duas vezes para o público. Confira abaixo:

    Johnson, visivelmente emocionado, agradece o público pelo apoio e encerra o painel.

    Star Wars: Os Últimos Jedi estreia no Brasil em 14 de dezembro de 2017.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Crítica | Caravana da Coragem 2: A Batalha de Endor

    Crítica | Caravana da Coragem 2: A Batalha de Endor

    Caravana da Coragem 2 A Batalha de Endor

    Com roteiro de Jim Wheat e Ken Wheat – também diretores – baseado no argumento de George Lucas, Caravana da Coragem – A Batalha de Endor começa um bocado diferente de seu antecessor, com a família Towani habitando ainda a lua, mas com substancial acréscimo de inteligência às criaturinhas peludas, inclusive partindo de Wicket (Warwick Davis) algumas palavras humanas – o que o faz entrar em evidente contradição com grande parte do enredo de O Retorno de Jedi – ao conversar com Cindel (Aubree Miller). Logo a paz do clã é cortada pela invasão dos Marauders, criaturas humanoides com máscaras horrendas que tentam em vão assustar as criancinhas da plateia.

    O ataque engendrado visa roubar equipamentos da nave de “fuga” da família, em conserto desde o primeiro filme. O primitivismo dos opositores é tão grande que mesmo eles tendo acesso a armas laser, não sabem como utilizar os motores de uma máquina voadora. Ainda assim, os comandados do Rei Terak (Carel Struyken) e a “licantropa” – que na verdade transmuta-se em ave – Bruxa Xaral (Siân Phillips) conseguem capturar todos os membros da família, exceto Cindel, que parte com Wicket em fuga.

    Após se deparar com Noa e Teek, um senhor de idade e um bichinho super veloz, executados por Wilford Brimley e Niki Botelho respectivamente, os dois acabam abrigados por um tempo, mesmo com toda ranzinzice do primeiro, que repentinamente deixa de ser um ancião crítico para se tornar super protetor com uma menina que sequer havia visto anteriormente.

    Apesar de terem suas aparições odiadas por grande parte dos fãs, os ewoks são criaturas que pretensamente fazem parte do escopo sério de situações ligadas a Star Wars, e tanto Caravana da Coragem quanto esta continuação, sofrem com erros grosseiros de cronologia, contendo contato entre humanos e ewoks pré-batalha da 2ª Estrela da Morte, com situações tão grotescas e risíveis que se tornam mais parecidas com possibilidades de realidade alternativa.

    A Batalha de Endor consegue ser pior em relação ao seu antecessor, exatamente pelos méritos que tenta sem sucesso alcançar. A seriedade não alcançada, através da organização maior do roteiro, faz rir de tão mal feita que ela se torna. Os Marauder, que deveriam ser opositores minimamente formidáveis, parecem versões diminutas de Zorak, o gigante que maltratou os meninos anteriormente, e mesmo seu rei é fraco para um ancião.

    Até referências visuais a O Poderoso Chefão o filme se presta a fazer, claro, banalizando a cena final entre Michael e sua esposa. O texto, que deveria ser mais explícito, é confuso e não sabe onde se posicionar em relação à sobrevivência da família Towani, deixando o decorrer dos fatos em suspenso e ocasionando uma cruel orfandade de Cindel que não se justifica em momento nenhum da trama, já que não há peso ou receio por parte da pequena, tampouco há necessidade da situação ocorrer em uma história tipicamente infantil. O argumento é repleto de coincidências que não conseguem fazer o tom ficar nem sombrio, nem grave. Surpreende que os irmãos Wheat conseguissem anos mais tarde dar vazão a Eclipse Mortal e toda a saga de Riddick, tão diferentes em qualidade deste produto que mal servem como despiste da atenção do público infantil, tal a qualidade mambembe de seu produto final.

    Caravana da Coragem 2: A Batalha de Endor consegue mostrar personagens ainda mais irreais e oportunistas que seu antecessor, fazendo se perguntar qual seria o alvo ideal do público-alvo, já que não consegue ser nem uma diversão descompromissada e nem algo mais emocionalmente devastador, sendo pífio em ambos os aspectos.

  • Crítica | Star Wars – Episódio VI: O Retorno de Jedi

    Crítica | Star Wars – Episódio VI: O Retorno de Jedi

    Retorno de Jedi - Star Wars

    (Este texto usará como fonte a versão do filme lançada no Blu-ray em 2011, que somou as alterações feitas em 1997 e 2004 na obra original. Essas mudanças no episódio VI podem ser vistas com detalhes neste video)

    O Retorno de Jedi foi lançado em 1983 com grandes expectativas após O Império Contra-Ataca, de 1980, que é considerado pela maioria dos fãs da saga como seu melhor filme. Tamanha qualidade atingida por seu antecessor colocou em cima de “Jedi” uma enorme pressão, já que tal acerto dificilmente se repetiria.

    Dirigido por Richard Marquand, com roteiro de Lawrence Kasdan e George Lucas, e contando com todo o elenco original (Mark Hamill como Luke Skywalker, Harrison Ford como Han Solo, Carrie Fisher como Leia Organa, Anthony Daniels como C-3PO, Billy Dee Williams como Lando Calrissian, Peter Mayhew como Chewbacca, etc), Jedi muda significativamente o legado de Império ao mexer em pontos chave da saga, como motivações e personalidades de personagens, além de inserir outros elementos na história. Não à toa é o filme mais criticado da saga original.

    A obra começa com a busca por Han Solo, ainda congelado em Carbonite e mantido no palácio de Jabba. Toda essa sequência inicial que nos mostra um Luke Skywalker amadurecido também causa um certo estranhamento, pois não é de fato necessária a trama da saga, ou mesmo deste capítulo dela. Com duração de aproximadamente 37 minutos, parece alongada demais se comparada à sequência inicial de Império, criada com o propósito de explicar as marcas no rosto de Luke Skywalker, já que Mark Hamill havia se acidentado gravemente algum tempo antes. Neste filme aliás, Hamill entrega uma atuação não excelente por causa de suas limitações enquanto artista, mas muito melhorada em relação aos primeiros filmes, enquanto Harrison Ford parece estar a todo tempo brincando de atuar, não parecendo querer estar ali.

    Logo após, o filme se divide entre a jornada de Luke voltando para Dagobah a fim de terminar seu treinamento com Yoda, e lá interage novamente com Obi-Wan Kenobi (Alec Guiness) a respeito da revelação do filme anterior de que Vader é seu pai. Ao mesmo tempo, a Aliança Rebelde prepara um novo plano de ataque à nova Estrela da Morte que o Império está construindo em Endor. Este ponto vai atrair as duas maiores falhas do filme. O primeiro é reciclar a história de A Nova Esperança, onde o clímax também envolvia destruir a mesma arma do Império em um ataque espacial. O outro ponto é a inserção dos tão mal falados “ewoks” (nome nunca citado no filme) como coadjuvantes no ataque.

    Originalmente a ideia era realizar esta sequência em Kashyyk com os wookies, mas a opção pelos ewoks já mostra alguns sinais de onde George Lucas estava indo. Os ewoks são uma tentativa clara de infantilizar a trama e torná-la mais leve e palatável às crianças, grande nicho consumidor de produtos da franquia. A captura dos membros da Aliança pelos ewoks e seu ataque contra as tropas do Império que guardavam o gerador do escudo da nova Estrela da Morte é definitivamente o ponto mais baixo da trilogia. Os ataques de paus e pedras contra soldados de armaduras parece um esquete de programa de comédia da TV, tornando a ameaça representada pelo Império mais diluída e enfraquecida frente a sua magnanimidade apresentada no filme anterior.

    Porém, o que salva é toda a sequência entre Luke Skywalker, Darth Vader e o Imperador, que, ciente de tudo o que estava acontecendo, arma um engenhoso plano para tentar trazer Luke ao lado sombrio da Força. Se na luta de Império Luke era um brinquedo na mão de Vader, aqui é o contrário, e assim consegue vencê-lo de forma brutal, flertando com o lado negro. Mas ao perceber o quanto se parece com seu pai, o poupa da destruição total, frustrando os planos do Imperador, que decide então eliminar sua maior ameaça, com “force lightning”, até ser salvo por Vader, que se redime (cena estragada na edição especial, que adiciona dois “No” ditos por Vader, como se essa cena precisasse de algo além). Apesar de na cena final estarmos lidando com três sequências diferentes ao mesmo tempo (Endor, batalha espacial e Luke x Vader), não se torna confuso como no Episódio I, que possui quatro.

    Em perspectiva, a luta final entre Vader e Luke, apesar de curta, se mostra intensa, ao contrário dos balés estéreis dos novos filmes. O sabre é apenas uma ferramenta de um jedi (fato afirmado pelo Imperador, que não o utiliza); a Força é algo subjetivo; as batalhas espaciais são bem filmadas, bem colocadas e possuem propósito claro. Apesar de seus defeitos, é uma produção de qualidade, ainda mais se vista a versão lançada no cinema (com Sebastian Shaw na cena final dos “force ghosts”, e não a cabeça digitalmente inserida de Hayden Christensen, a alteração mais polêmica e preguiçosa da saga, já que Luke nunca conheceu ou viu seu pai mais novo, não podendo assim reconhecê-lo). A inserção de outros planetas comemorando uma suposta queda do Império é também questionável, afinal como todos esses planetas ficariam sabendo disso tudo em questão de horas? E, mesmo se soubessem, como iriam desmobilizar as forças remanescentes do Império em tão pouco tempo?

    Retorno de Jedi foi considerado por muito tempo o ponto mais fraco da saga. Porém, a nova trilogia, de tão absurdamente ruim, fez com que ele fosse redimido. Causa um certo desconforto ver os desajeitados ewoks lutando contra o Império, mas a batalha espacial e o confronto dos Skywalkers dentro da estrela da morte acabam pesando a balança a favor da produção, que, se não encerra com chave de ouro a maior saga da história do cinema, ao menos dá a seus protagonistas um desfecho digno, já que ela ainda possui vários elementos dos filmes anteriores, com seus pequenos toques e características que transformaram a franquia em algo tão grande. Além, é claro, de ainda contar com a sorte de um George Lucas não tão egomaníaco.

    (Para ver todas as mudanças feitas em Star Wars desde seu lançamento, acesse aqui – Em Inglês)

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.

  • Crítica | Caravana da Coragem: Uma Aventura Ewok

    Crítica | Caravana da Coragem: Uma Aventura Ewok

    Cavana da Coragem 1

    Lançado um ano após o ultimo filme da franquia lucrativa de George Lucas, O Retorno de Jedi, John Corty, mesmo realizador de Unidos no Silêncio e outros tantos romances, se vale de suas experiência no departamento de animação de Vila Sésamo, para orquestrar o spin off localizado na lua de Endor, e protagonizado pelas doces criaturas que eram os ewoks.

    Os elementos humanos em Caravana da Coragem – Uma Aventura Ewok é representado através dos irmãos Mace (Eric Walker) e Cindel (Aubree Miller), os filhos da família Towani, clã que se perdeu ao aterrissar no planetóide, cujo destino se bifurcou terrivelmente, com os pais sendo caçados por Gorax, um temível monstro gigante. O contraponto alienígena é exibido através de Deej (Daniel Freeshman), Shodu (Pam Grizz) e outros ewoks, que junto aos meninos, superam as desconfianças, apoiando-se mutuamente.

    Caravana possui revelações “bombásticas”, começando por uma narração desnecessária de Burl Ives, o que já denota o caráter infantilóide do roteiro de Bob Carrau, baseado no argumento de (pasmem) George Lucas. Outro fator curioso, é a presença de animais do campo, semelhantes aos da Terra, como cavalos, galinhas e outros bichos da fazenda, habitando a Endor nos mesmos moldes  dos sítios terráqueos.

    A nave em que os Towani chegaram lembra muito o aspecto das Y e X-Wings utilizadas pelos rebeldes, bem como a roupa de Mace faz lembrar os uniformes dos revoltosos, aspectos que seriam boas curiosidades, não fossem as criaduras que fazem os opositores serem tão toscas, feitas com uma qualidade inferior a do Rancor que vivia no subterrâneo do Palácio de Jabba, cuja movimentação em Stop Motion passa longe de ser tão bem orquestrada quanto os efeitos da Industrial Light and Magic.

    Falta liga, motivação e urgência na trama mostrada neste primeiro Caravana da Coragem, filme que permeou as tardes da infãncia de muita gente nos anos noventa e oitenta, sendo este o principal argumento pró filme, vazio de significado além da nostalgia infundada. Nem humanos e nem alienígenas causam empatia no público, ao contrário do visto nos três filme anteriores. Mesmo o opositor pouco assusta, assemelhando Gorax a uma versão do Predador com cabelos lisos ao invés de rastafari.

    A história que se passa entre Império Contra Ataca e o episódio 6, contém uma figura ilustre: Wicket, o ewok que ajudou Leia quando esta caiu em Endor, vivido também por Warwick Davis, o mesmo que protagonizaria Willow, na Terra da Magia. Curiosamente, alguns elementos fantasiosos são mostrados nesta fita, como um misterioso lago que consome e prende as criaturas que nele caem, assim como criaturas cintilantes, semelhantes as fadas de Peter Pan. Guerra nas Estrelas possuía toda uma aura de fábula, travestida de space opera, mas o tom funcionava, ao contrário desta desventura.

    O telefilme ganhou prêmios por seus efeitos especiais, apesar de seu nível fraco em comparação com os outros produtos da Lucasfilms, gerando inclusive sequências e motivando um desenho animado em série com os ditos ursinhos, mas seu resultado final é uma aventura que tenta usar o mesmo escapismo que funcionou anteriormente, mas sob uma ótica imatura, que não consegue se igualar em qualidade nem as fitas mais pobres de sua época.

  • Crítica | Star Wars – Episódio V: O Império Contra-Ataca

    Crítica | Star Wars – Episódio V: O Império Contra-Ataca

    Star Wars - Episódio V - O Imperio Contra-Ataca

    Há muito tempo, em uma galáxia
    muito, muito distante…

    Episódio 5
    O Império Contra-Ataca

    É um período crítico para as
    Forças Rebeldes. Embora a
    Estrela da Morte tenha sido
    destruída, as Tropas Imperiais
    conseguem expulsar os
    Rebeldes de sua base
    secreta e os perseguem por
    toda a galáxia.

    Fugindo da terrível Frota
    Imperial, um grupo de
    rebeldes chefiados por Luke
    Skywalker, estabelece uma
    nova base secreta no remoto
    mundo gelado de Hoth.

    O senhor do mal, Lorde Darth
    Vader, obcecado pela idéia de
    encontrar o jovem Skywalker,
    enviou milhares de sondas
    remotas para os pontos mais
    longínquos do espaço…

    Assim são as letras amarelas que fazem a introdução da sequência de Star Wars – Uma Nova Esperança. Tive uma certa dificuldade para criar uma introdução decente para essa crítica, então resolvi apelar um pouco. A primeira parte da saga, com toda a sua aventura e sensacionais batalhas especiais estabeleceu um patamar alto de qualidade, o que gerou uma expectativa do tamanho de uma galáxia para esta segunda parte. Geralmente, sequências no máximo conseguem se equiparar ao seu predecessor. Em casos raríssimos, conseguem superar o original. Este O Império Contra – Ataca é um desses casos raríssimos.

    George Lucas contratou a escritora de ficção científica e roteirista Leigh Brackett, tida na época como a “a rainha da space opera”. Durante algum tempo, os dois discutiram ideias sobre como deveria ser o roteiro. Entretanto, Lucas não gostou do rumo que a história estava tomando e pegou para si a responsabilidade de criar o argumento para o filme. O diretor não teve tempo de discutir com Brackett sobre as novas idéias, pois a diretora morreu de câncer pouco depois. Desenvolvendo sua nova história, Lucas teve a ideia de estabelecer Darth Vader como o pai de Luke Skywalker, num dos plot twists mais chocantes da história do cinema. Alguns outros esboços depois, George Lucas pediu que Lawrence Kasdan desse um trato final no argumento. Juntamente com Gary Kurtz e Irwin Kershner (diretor contratado porque o criador da saga não queria acumular funções) o roteiro adquiriu um tom mais sério, adulto e mais escuro, em oposição ao tom solar do Episódio IV.

    É interessante observar o desenvolvimento do filme. Tudo é muito redondo desde o início, com eventos sucessivos que não deixam espaços para pontas soltas. A partir da espetacular batalha de Hoth, duas vertentes são estabelecidas. Um tom aventuresco e eletrizante com a fuga de Han Solo, Leia e Chewbacca da frota do Império e um tom intimista e quase psicológico com Luke indo treinar com o Mestre Yoda no Sistema Degobah. Aqui, vemos um prosseguimento da saga do herói, ao passo que Luke deixa de ser um garoto mimado e hesitante em sua liderança para assumir o seu papel de símbolo da Aliança Rebelde e principal arma contra Darth Vader e o Imperador Palpatine. Além de Luke estar mais maduro, maturidade é algo evidente em Han Solo e Leia, pelo menos no que diz respeito às suas responsabilidades dentro da Aliança, ainda que Han seja relutante e queira abandonar tudo para limpar a sua barra com Jabba The Hutt e voltar a sua vida de aventuras. Porém, no que tange a sentimentos mútuos, os dois são imaturos, indo das rusgas até um momento romântico impagável antes de Solo ser congelado.

    Kershner se mostra um grande maestro de cenas de ação e aventura na sequência de batalha inicial e na já referida fuga desesperada da Millennium Falcon. Só que mais importante que isso, é o fato do diretor conseguir captar a essência do roteiro e conferir profundidade dramática a todos os personagens, coisa que George Lucas nunca conseguiu. O canastrão Mark Hamill tem aqui o seu melhor momento como Luke Skywalker, possivelmente por influência de Kershner. Outro ponto positivo do diretor Irwin é a ótica dele sobre cada ambiente. Ele consegue transmitir toda a imensidão e a frieza de Hoth, a opressão que Dagobah exerce sobre Luke e a arquitetura labiríntica dos corredores de Bespin.

    Com relação ao trabalho técnico, mais uma vez foi sensacional. Há de se destacar os efeitos criados pela Industrial Light & Magic. Se no primeiro filme a empresa criou eletrizantes batalhas de larga escala, aqui ela compreendeu todo o conceito de dogfight (batalhas aéreas de curta distância – Top Gun explica bem do que se trata) e criou momentos fantásticos como a batalha de Hoth e a fuga da Millennium Falcon através do campo de asteroides. O som e os efeitos sonoros ajudam a envolver o espectador no clima do filme.

    Nas atuações, há uma clara evolução do trio principal. Mark Hamill está bem mais à vontade no papel de Luke Skywalker, transmitindo a maturidade que o personagem adquiriu com o passar do tempo. Isso inclusive ajuda a torná-lo mais carismático. Carrie Fisher continua competente como a Princesa Leia e a faz ainda mais decidida e impetuosa. Porém, o destaque novamente é Harrison Ford. Sua interpretação para Han Solo é brilhante, uma vez que o ator consegue compreender todas as nuances do personagem, sejam suas qualidades ou falhas de caráter. Ele é responsável por um dos grandes momentos do filme, quando Solo está para ser posto em animação suspensa num esquife de carbonita. O ator resolveu improvisar após repetir várias vezes um momento romântico entre Han e a Princesa Leia e terminou por criar algo memorável. Com relação aos novos e importantes personagens introduzidos no filme, Billy Dee Williams conseguiu o tom certo para seu Lando Calrissian, um antigo conhecido de Han Solo e o Yoda mecânico de Frank Oz é excepcionalmente bem manipulado, com expressões faciais muito críveis.

    Tentando resumir em poucas palavras após essa quase monografia: O Império Contra-Ataca é sensacional, supera e muito o original e merece ser reconhecido como um dos grandes filmes da história do cinema, tal como já é feito por inúmeras publicações e críticos.

  • Crítica | Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança

    Crítica | Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança

    Star Wars - Episodio IV - Uma Nova Esperança

    A Teoria do Caos é uma das leis mais importantes do nosso universo. Presente em tudo que nos cerca, faz com que uma mudança na trajetória de um evento altere completamente seu final, podendo trazer as mais variadas e imprevisíveis consequências. E foi da Teoria do Caos que nasceu o Efeito Borboleta, estudo promovido e comprovado pelo meteorologista Edward Lorenz, na década de 60 e posteriormente corroborada por outros estudiosos. Lorenz dizia que o simples bater de asas de uma borboleta poderia causar tufões no outro lado do mundo.

    O diretor e roteirista George Lucas, que veio da mesma “escola” de monstros como Coppola e Spielberg, não tinha nenhuma noção do que estava por vir quando a primeira parte daquele calhamaço de papel que carregava havia sido aprovada para virar um filme. A única coisa que ele sabia é que tinha um prazo apertado e um orçamento limitado para deixar o filme pronto, sendo que tudo parecia conspirar contra a produção que foi muito conturbada e que, após a escolha do elenco, passou por diversas dificuldades no deserto da Tunísia, onde, pelo menos 1/3 do filme foi feito. Passadas todas essas dificuldades, o pior ainda estava por vir, uma vez que o conceito sci fi estabelecido por Lucas, apesar de não ser pioneiro, exigia certa habilidade técnica que os profissionais da época não tinham. E esse, talvez, foi o maior trunfo do visionário diretor, que acabou por criar sua própria empresa de efeitos especiais, Industrial Light & Magic (a maior do mundo), uma empresa de mixagem de som (Skywalker Sound), uma empresa de sistema de som (THX) e a Pixar, com o intuito de desenvolver animações.

    Assim nasceu o efeito borboleta chamado Star Wars, filme que mudou para sempre, não só a história do cinema, mas também a maneira como se faz cinema, algo que teve um impacto impressionante na indústria e na população mundial, o que perdura até os dias de hoje.

    Logo no início, sabemos que a história se passa há muito tempo, em uma galáxia, muito, muito distante e após das clássicas letras amarelas que explicam o que está acontecendo naquele momento, somos abatidos por uma nave colossal que chega a preencher toda a tela, perseguindo uma nave menor. Assim somos apresentados a Darth Vader (David Prowse sendo dublado pela voz imponente de James Earl Jones), o maior personagem da história do cinema, com seu visual ameaçador, além da voz e respiração mecânicas.

    Temendo ser presa por Vader, a Princesa Leia (Carrie Fischer) esconde informações importantes dentro do simpático robô R2-D2 (Kenny Baker) e o despacha junto com outro robô, C-3PO (Anthony Daniel), para o planeta Tatooine, com o intuito de encontrar o misterioso Obi-Wan Kenobi (Alec Guiness), tido por Leia como sua única esperança. Porém, a incursão dos droides em Tatooine não dá muito certo e eles acabam sendo vendidos ao jovem Luke Skywalker (Mark Hamill) que, sem querer, acaba conseguindo ler a mensagem de Leia. Assim, Luke desconfia que a bela moça esteja falando do “velho” Ben, tido por muitos como um bruxo que vive na região.

    Percebe-se nessa parte do primeiro ato que Luke é bastante curioso e reticente quanto ao seu desconhecido passado. Seus tios escondem ao máximo quem de fato foram seus pais. Assim, ele vê Ben como a última peça do quebra-cabeça ao descobrir que o nobre e sábio Obi-Wan Kenobi  é, na verdade, um cavaleiro Jedi, muito mais próximo de Luke do que ele podia imaginar, uma vez que Obi-Wan lutou ao lado do pai de Luke e encontro poderá mudar o destino da galáxia para sempre.

    Lucas desenvolveu uma história simples, mas funcional, do bem contra o mal, onde o mocinho precisa salvar a princesa, onde a minoria da Aliança Rebelde, com seus poucos recursos, tenta tirar do poder o Império Galático, que, no decorrer dos anos, devido à sua tirania, acabou por juntar muitos dissidentes, dentre os quais o mercenário canastrão Han Solo (Harrison Ford), que, por odiar o Império e, principalmente, por estar precisando de dinheiro, aceita a empreitada suicida de ir resgatar a Princesa Leia, juntamente de seu co-piloto, o wookie, Chewbacca (Peter Mayhew), além de Obi-Wan e Luke, que, detentor da Força, começa seu treinamento Jedi.

    A aventura em questão possui ótimos momentos e o segundo ato é repleto de tensão dentro da base do Império conhecida como Estrela Morte, uma estação espacial gigantesca com poder bélico suficiente para destruir um planeta inteiro e os melhores momentos, com certeza, ficam por conta do resgate de Leia, junto com o embate de Luke, Han e Chewbacca contra os soldados do Império, conhecidos como Stormtroopers. E não podemos esquecer de um dos momentos mais emocionantes da saga, onde Obi-Wan Kenobi enfrenta Darth Vader, numa luta com sabres de luz, mais intelectual do que física.

    Assim, pela primeira vez que está a um passo à frente do Império, os Rebeldes preparam uma investida contra a Estrela da Morte que resulta no melhor título que esse filme pôde ter. A “guerra nas estrelas” na qual Aliança e Império se propuseram é, de fato, muito boa e emocionante, com efeitos especiais nunca antes vistos. Os belos Tie Fighters do Império contra os X-Wings da Aliança Rebelde formam um balé no espaço digno de nota e que ajudou o filme a ser um dos maiores sucessos de bilheteria da história do cinema.

    O mérito de George Lucas não é apenas pelo fato da história ser boa, tão menos pela sua direção (longe de ser um primor e repleta de “homenagens” a Flash Gordon). Acontece que Star Wars beira a perfeição por diversos motivos. A começar pela trilha sonora certeira do mestre John Williams que, responsável por diversos clássicos do cinema, emplacou pelos menos outros 3 grandes sucessos só nesse filme. O jovem Harrison Ford definiu para sempre seu personagem. A elegância de Alec Guiness traz serenidade ao velho Obi-Wan. O ameaçador Darth Vader, o maior vilão da história do cinema. Além disso, a biodiversidade chega a ser absurda. Diversas raças de alienígenas convivendo entre si. Temos também os designs da produção, desde o figurino dos protagonistas, passando por toda a arte proposta ao Império, onde quase tudo é de cor escura, porém muito belo. E o que falar das naves? O Star Destroyer cruzando a tela logo na primeira cena, os Tie Fighters, caças imperiais rápidos, mortais e dotados de nenhuma aerodinâmica e ainda temos a Millennium Falcon, a nave de Han Solo. E também há espaço para destacar a sonoplastia, uma vez que o impacto poderia ter sido bem menor se os sabres de luz, as naves e o restante das armas não tivesses aqueles sons tão característicos.

    Enfim, todo esse conjunto definiu o que seria o cinema do ano de 1977 para frente. Todo esse conjunto definiu que o ser humano pode sim se apaixonar por um filme.

    Texto de autoria de David Matheus.

  • Crítica | Star Wars – Episódio II: Ataque Dos Clones

    Crítica | Star Wars – Episódio II: Ataque Dos Clones

    ep2

    Após a fria recepção de A Ameaça Fantasma pela crítica e pelo público, tudo indicava que a legião de fãs da saga havia perdido o brilho nos olhos, e que a ansiedade em torno de sua volta ao cinema cairia por terra. Porém, em Ataque dos Clones, George Lucas consegue (ou conseguiu) provar que o universo criado em 1977 ainda é capaz de causar algum impacto no coração dos fãs.

    Dez anos após os acontecimentos do antecessor, a trama gira em torno de um movimento separatista liderado por Conde Dooku (Christopher Lee), que tem como um de seus objetivos assassinar a agora senadora Padme Amidala (Natalie Portman). Com o intuito de protegê-la, o Conselho Jedi convoca Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) e seu aprendiz padawan, Anakin Skywalker (Hayden Christensen). Enquanto Obi-Wan parte para investigações, Anakin é designado para proteger a senadora.

    Se em A Ameaça Fantasma a decepção reside na trama fraca e no clima irritantemente infantil, Ataque dos Clones consegue corrigir grande parte dos defeitos do antecessor, nos oferecendo uma história melhor desenvolvida (ainda que imperfeita) e um visual que, em partes, recria a maturidade dos primeiros filmes, além das ótimas cenas de ação, e que correspondem aos acontecimentos, não sendo só um show visual com inimigos vindo de lugar nenhum como no episódio anterior.

    Após um início eletrizante, o filme passa a sofrer com sérios problemas de ritmo ao se dividir em dois, quando Anakin parte com a senadora em sua missão. Tem início um dos períodos mais cruciais da história a franquia: o romance que levaria ao nascimento dos protagonistas dos acontecimentos futuros. E é pelo peso que carrega que merecia melhor desenvolvimento. Parece não haver química ou simpatia entre Christensen e Portman mesmo quando a relação é desnecessariamente invadida. Fica a sensação de que o romance é mera exigência da história, e não algo que foi construído naturalmente pelos personagens.

    O filme carrega como um de seus maiores defeitos a falta de empatia de Hayden Christensen, que parece ter seguido o exemplo da versão mirim de seu personagem, e não transmite emoção alguma, elemento essencial ao desenvolvimento de seu personagem, e mesmo dando lampejos do que se tornaria, seja em suas inúmeras discussões com seu mestre e nos debates com a senadora, o ator é incapaz de mostrar capacidade de se tornar quem se tornaria.

    Por outro lado, a investigação de Obi-Wan nos entrega alguns dos momentos mais envolventes do filme, protagonizados por um excelente Ewan McGregor que troca o semblante impetuoso do episódio anterior pelos traços do poderoso guerreiro que é, referenciando a imortalizada figura sábia criada por Alec Guiness na trilogia original.

    Os três anos que separam Ataque dos Clones de seu antecessor foram marcados por uma evolução tecnológica enorme, permitindo que o episódio se tornasse um verdadeiro show de efeitos em vários momentos, mas o exagero de George Lucas tira partes do charme mais “rústico” que marca a trilogia original ao tentar mostrar sinais de evolução na franquia, de forma que possamos ver o mundo que sempre teve em mente. Porém, um dos maiores destaques da direção “exagerada” de Lucas são suas cenas de ação, conduzidas com fluidez e naturalidade, explorando ao máximo os cenários virtuosísticos e a tecnologia digital da qual dispunha. Algumas das batalhas aqui travadas são até hoje lembradas como alguns dos melhores momentos da franquia.

    Se A Ameaça Fantasma fez toda a ansiedade em torno do retorno de Star Wars cair, sua sequência foi capaz de recuperar boa parte da magia da saga. É inegável que, quando os créditos começam a subir e começamos a refletir sobre o que vimos nas últimas duas horas, percebemos que a trama não é maravilhosa, que o roteiro é recheado de momentos desnecessários e forçados, e que alguns dos momentos mais importantes foram banalizados sem hesitação. Entretanto, como todos os filmes da saga, Ataque dos Clones não foi feito para ser “pensado”, mas apenas “sentido”.

    Texto de autoria de Matheus Mota.

  • Crítica | Star Wars – Episódio I: A Ameaça Fantasma

    Crítica | Star Wars – Episódio I: A Ameaça Fantasma

    Episodio I - Ameaça Fantasma

    Em 1999, George Lucas traria finalmente à luz uma nova saga no universo que o tornou famoso. O começo de sua história era promissor, traduzido na personificação interessante da dupla de negociadores, entre os habitantes da pacífica Naboo com a temível Federação do Comércio. Os responsáveis pelas tratativas eram Qui-Gon Jinn (Liam Neeson) e Obi Wan Kenobi (Ewan McGregor), díscipulo e pupilo na religião jedi.

    O maior acerto do filme já era mostrado neste início, com a personificação do ideal do cavaleiro paladino, ainda que sua personalidade seja repleta de nuances e rebeldia, já que Qui-Gon reunia em si todos os méritos que um jedi deveria ter, o auge do que Luke jamais conseguiu, e que Ben Kenobi e Yoda não conseguiam reproduzir graças a alta idade. No entanto, a seriedade ruiria a partir dos dez minutos, graças ao advento de uma figura em especial, já odiada em suas primeiras manifestações. Jar Jar Binks( Ahmed Best) emula os piores maneirismo de personagens descerebrados, arrotando uma patetice que visava agradar as crianças, tratando-as como idiotas.

    A gravidade do roteiro de George Lucas – que abriu mão de deixar outros tratarem seu script, centralizando o trabalho que o mesmo diz não gostar de fazer – está em focar na sobrevivência de um povo pouco interessante, que não gera qualquer sentimento de empatia, ao contrário, irritando o espectador com uma quantidade exacerbada de falas bobas e dramas desinteressantes, além de não revelar de modo satisfatório os motivos que faziam os opositores imporem um bloqueio ao planeta.

    Os erros crassos de planejamento que a equipe executa – e que curiosamente, fazem eco metalinguistico com os tropeços de seu criador – faz com que a tripulação tenha de parar em Tatooine, onde os jedi e uma das serviçais da rainha Padmé (Natalie Portman) conhecem o pequeno Anakin Skywalker (Jake Loyd), sua família e a criatura sorrateira que os escraviza, Watoo (Andy Secombe), o mesmo que tomou o clã como mercadoria de seu antigo dono,  Gardulla the Hutt, que no universo expandido, seria rival de Jabba. É através do dentino do infante que a sorte do grupo muda, com negociações bastante suspeitas, mostrando que não há qualquer receio moral em adentrar um hábito nefasto de jogos e trapaças.

    A personificação do malfadado gungan ajuda a mascarar um dos maiores méritos de A Ameaça Fantasma, que são seus efeitos visuais, aspecto comumente subestimado pelos fãs. A movimentação de figuras como R2-D2 – cada vez com menos momentos executados por Kenny Baker – é bastante competente, apesar de recorrer a eventos desnecessários. No entanto, o mais surpreendente está por conta da movimentação Watto, tão fluída quanto a de um personagem interpretada por um homem comum.

    O preciosismo visual se manifesta ao começo da corrida de pods, um evento só incluso no argumento para justificar os video games que seriam lançados à época, que não fazem qualquer falta a trama, acrescentando uma gama de criaturas extra-terrestres que não enriquecem em nada a fauna de Star Wars, sendo motivo de piadas na maioria dessas personificações. É ainda neste período que acontecem dois eventos importantes, a primeira ação do antagonista Darth Maul (Ray Park, em excelentes cenas) e a apresentação de Anakin e Obi Wan.

    Há uma quantidade enorme de incongruências a explorar no filme, desde a burrice dos mandantes da Federação do Comércio, até a teimosia em lançar mão de robôs de inteligência e usabilidade limitada, que não acrescentam em absolutamente nada dentro das batalhas ocorridas na extensão da Naboo. Surpreende como mesmo os pobres voluntário do planeta pacifista não sejam páreos aos robôs patéticos.

    Outro aspecto tosco e exploração do núcleo político em Coruscant, mostrando uma subvalorização do Senado Galáctico, comando pelo chanceler Valorum (Terence Stamp, também sub aproveitado) acompanhado do representante de Naboo, Palpatine (Ian McDiarmad), que exige uma ação mais enérgica da realeza, no sentido de pedir uma sanção nos deveres do supremo chanceler. A questão que deveria ser séria, é tratada de modo raso, tendo em paralelo outro grave acontecimento, envolvendo o incurso de Anakin como possível aluno da academia jedi.

    Ameaça Fantasma 9

    As acusações e discussões a respeito da corrupção, que deveriam ser dúbias, são tratados de modo desleixado, sem a seriedade exigida, quase tão vulgarizado e mediocrizado quanto a argumentação dos midh-chlorians que fariam do jovem “protagonista” algo além do ordinário. Mesmo diante de todo o caos que se instalaria na velha república e nos novos filmes, somente o arredio Qui-Gon conseguiria ter sobriedade para fazer o correto, virando as costas para o código ético dos jedi. Sua postura é diametralmente oposta a postura de Palpatine, que tem na dissolução da deturpação moral seu maior argumento, semelhante a tantos outros ditadores da história, fato que torna bastante óbvia a sua intenção, mesmo no ano de 1999.

    Toda a negociação entre os terrestres de Naboo e os gungans beira o ridículo, tanto em lógica  quanto em bom censo. O combate se aproxima de acontecer, tão imperito quanto a linguagem usada pelas criaturas marinhas, servindo como despiste para um plano de ataque aos comerciantes que é ainda mais mirabolante e estúpido. Não bastasse o fato de o público não se importar com as criaturas que morreriam – como era com os ewoks – Lucas ainda tem a audácia de refilmar o clímax de O Retorno de Jedi da maneira mais morosa possível.

    Qualquer plano tático é simplesmente ignorado, uma vez que até a rainha regente Amidala se embrenha em um tiroteio desnecessário, atrás do núcleo palacial, correndo o risco de ser assassinada, fato que causaria um terrível evento diplomático na já conturbada situação política do planeta embargado. Após a entrada  de Darth Maul – que praticamente ignora o fato da princesa passar diante de seus olhos – o grupo avança, só conseguindo passagem depois que o acaso usou uma criança para liberar o caminho para eles, que prosseguem andando com a nobre como ponta de lança, sepultando de vez qualquer possibilidade de apego a teoria de um bom combate militar.

    A grande luta final, entre Darth Maul e dos dois jedi tinha um potencial tremendo, e até certo ponto ela funciona. O embate entre o vilão e Qui-Gon Jinn funciona até o momento da derrota do herói, que é displicente, fator incongruente, mas até passável, já que ele era bastante impulsivo em todas as suas atitudes. A vingança impetrada por seus discípulo o mostra cedendo a raiva e a imprudência, aspectos que o velho Ben Kenobi criticaria veementemente, mostrando que esta versão é mais próxima de uma contraparte de uma realidade alternativa do que o pretérito do grande mentor jedi da trilogia anterior.

    A sucessão de escolhas erradas é comum tanto a Lucas, quanto ao Conselho Jedi liderado por Yoda (voz de Frank Oz, além de ter neste um boneco mais tosco que o anterior) e Mace Windu (de um ainda tímido Samuel L. Jackson), ao aceitar o piloto mirim, capaz de desmantelar todo exército dos vilões sem muito esforço ou qualquer preparo anterior.

    Falta carisma, alma, boas atuações e um texto minimamente plausível para Lucas, que ainda insiste em concentrar em si as funções mais importantes em relação a trama e direção, com medo que fizessem trapalhadas sem o seu consentimento, deixando assim passar uma quantidade enorme de terríveis situações, que não só denigrem seus filmes clássicos, como faz discutir a necessidade de tantos profissionais em montar efeitos visuais, personagens e cenários tão suntuosos, que não servem sequer de muleta para a história, tampouco ajudando no adorno do mesmo.

    Episódio I possui uma trilha sonora que funciona em alguns momentos, especialmente nas cenas de luta, mas que fracassa em tentar emular os bons momentos de John Williams, claramente não reprisando todo o sucesso que fez antes. O uso de animatics seria pioneiro, mas ajudaria a indústria usar o artifício como desculpas para propagar histórias tão fúteis e ofensivas quanto esta versão sem substância, que imita até o final do episódio original, com uma sequência caricatural e vazia de significado. A Ameaça Fantasma seria somente o primeiro dos muitos equívocos de George Lucas com seus queridos personagens sagrados, com uma abordagem que nas partes sérias peca demais em exagerar nas obviedades e faltas de sutileza dramática.