Tag: lego

  • Crítica | LEGO Star Wars: Especial de Festas

    Crítica | LEGO Star Wars: Especial de Festas

    LEGO Star Wars: Especial de Festas é a nova e última empreitada da LEGO ligado a franquia criada por George Lucas. O especial de 48 minutos é dirigido por Ken Cunningham, e começa logo após os eventos de A Ascensão Skywaker, mostrando o cenário da destruição da Primeira Ordem, com os personagens da nova trilogia indo a Kashyyyk, planeta natal de Chewbacca, para comemorar o dia da vida.

    Apesar desse não ser um evento canônico, ele traz a tona elementos do terrível especial de 1978, Star Wars: Holiday Special, no feriado comemorativo dos wookies. Além disso, os personagens seguem suas vidas pós-vitória da resistência, Rey treina Finn e a nova geração brinca preparando a Milenium Falcon para receber a família de Chewie.

    O tom é infantil e a trilha é bem diferente do visto nos filmes embora haja uma clara inspiração no temas de John Williams. O design das naves ao estilo Lego é bem legal, mas fora elas e os personagens, mal parece que essa é uma aventura da franquia de brinquedos, já que os cenários não parecem feitos de blocos amarelos.

    O artifício para que Rey aprenda a se tornar uma mestre Jedi é inteligente, passa por momentos clássicos garante momentos muito engraçados, que fazem troça com momentos grotescos da ultima trilogia, com especial foco na historias de Kylo Ren/Ben Solo. Além disso, há referencias ao conto de natal de Charles Dickens, com fantasmas mostrando o óbvio aos heróis. A mensagem singela e sentimental do dia da vida faz todo sentido, além de brincar com os elementos caros do cânone de Star Wars, sem parecer presunçoso, nem mesmo quando brinca com os clichês e elementos de viagem no tempo.

  • Review | Brinquedos Que Marcam Época – 2ª Temporada

    Review | Brinquedos Que Marcam Época – 2ª Temporada

    A segunda temporada de Brinquedos Que Marcam Época começa assim como a primeira temporada, com a engraçada reconstituição de dois funcionários de uma loja de brinquedos, e falando dos bonecos de Jornada nas Estrelas: A Série Clássica , este primeiro episódio brinca com o tema do piloto, que era Star Wars, e faz uso de uma vinheta da antiga franquia de George Lucas para relembrar o que era sucesso em material de divertimento infantil.

    É fato que a Kenner faz muito dinheiro com a historia dos jedi, sith, império galáctico e antiga república, mas o que se discute nesses capítulos é um pouco da pré historia de merchandising de franquias de ficção científica / space opera, e o que se vê é diverso, pois em Jornada haviam tanto bonecos de Kirk com phaser (que são as pistolas dos federados) na altura da pélvis, até brinquedos genéricos da Renco, como armas, trens e outros veículos onde só se punham um adesivo com o prefixo astro, para simbolizar que eram espaciais, ou seja, pura galhofa e gaiatice.

    É importante lembrar que a venda desses brinquedos se deu principalmente após o cancelamento do programa, quando ele entrou em sistema de syndication (consiste no ato de vender artigos de jornais ou revistas, fotografias, programas de televisão para outras organizações, para que possam ser publicadas ou exibidas em vários lugares), ou seja, esses brinquedos podem ser considerados como parte de um universo expandido da saga, tal qual os bonecos da Kenner fizeram com Star Wars, inclusive dando nome as criaturas que eram os ewoks.

    Não faltam documentários sobre as séries e filmes de Star Trek, e esse episódio é mais um objeto que estuda e discute bem a formula de Jornada, seja como western  espacial, que discutia por sua vez o cenário sócio político. Também destaca que o magnetismo de William Shattner facilitava a popularidade, assim como aponta a dificuldade de convencer Lucille Ball e sua produtora Desilu a fazer o programa, tanto que as naves, como a de escape, chamada Galileo, eram pequenas, e não cabiam humanos ali, fazendo os atores machucarem a cabeça ao tentar entrar.

    A Mego só foi fazer brinquedos mais elaborados após Jornada nas Estrelas: A Serie Animada, e eram bonecas, com tecido revestindo seus corpos, e tinham semelhanças consideráveis com os atores do elenco original, ainda que com Gorn o caso tenha se tornado engraçado, com roupa dos klingons, cabeça do Lagarto (vilão do Aranha) e corpo de Urso (de Planeta dos Macacos), em outra variação do Boba Fett lançador de mísseis visto na primeira temporada do programa.

    O documentário tem bastante cuidado ao tocar em algumas feridas, como a empreitada que deu errado com a Galoob ao tentar fazer produtos para crianças de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração quando a série discutia temas mais adultos, e também destaca as iniciativas com as da Diamond Select, que fez figuras e replicar de enfeites para colecionistas mais maduros.

    O segundo episódio envolve Transformers e suas versões iniciais, assim como as de cinema. Se debruça pouco ou quase nada sobre os spin-offs (Beast Wars mal é citado), mas o episódio faz um bom dueto com o GI Joe  do primeiro ano, que era outro baluarte da Hasbro. Surpreendente mesmo é o estudo sobre Lego, que vai desde a época em que os blocos nem encaixavam direito, até o apogeu como brinquedo mais rentável e lembrado do mundo como é hoje.

    Os 40 e poucos minutos são bem empregados, desenvolve o uso de outras franquias como base e como isso atrapalhou a empresa – em especial entre 2003 e metade 2004, que não tiveram filmes de Star Wars ou Harry Potter, e que fizeram a empresa quase falir. Ao reinventar e investir em conteúdo próprio, Lego se tornou auto sustentável em matéria de temas de exploração, vide os filmes que foram produzidos com seus produtos, até 2019 tendo quatro longas metragens no cinema e dezenas de programas de televisão, vídeo games e material acessório.

    O programa tem uma edição muito legal e moderna, e é maravilhoso e informativo para o fã das franquias abordadas, além de esclarecer bem ao não “iniciado” alguns belos detalhes de produção e pano de fundo dessas franquias. Neste segundo ano isso se massifica ainda mais, e seu ultimo capitulo prova isso, explorando a temática da gatinha Hello Kitty.

    O conceito inicial era de “um pequeno presente com um grande sorriso”, e esse lema da Sanrio levava em conta a tradição do Japão de dar pequenos presentes em ocasiões sociais simples. A Sanrio pegou toda sua experiência em vender produtos do Snoopy e Peanuts e fez seu próprio produto original, para não precisar pagar royalties, e os derivados são tantos que a licença envolve tipos de papel higiênico para adultos, lancheiras, massageador de ombros, lancheiras e vibradores eróticos.

    Brinquedos Que Marcam Época expande a ideia do colecionador e consegue traduzir bem essa tradição a quem não tem esse hábito, além de localizar bem como funcionam as franquias que dão origem a esses produtos, dando a elas importância e detalhamento sobre como são suas produções e porque elas estão imortalizadas no panteão da cultura pop, por mais estranho que algumas delas possam soar.

    Facebook – Página e Grupo | Twitter Instagram | Spotify.

  • Crítica | Cegonhas: A História que Não Te Contaram

    Crítica | Cegonhas: A História que Não Te Contaram

    […] não que a Pixar, mais uma vez, seja sinônimo de excelência. Irrepreensível, afinal, nada é, vide Carros 2 e Universidade dos Monstros, oriundos do estúdio que, na tradição de Walt Disney e Hayao Miyazaki, reinventou a roda. Daí, e também por isso, toda animação americana que sai, a galera já especula: Mas é padrão Pixar? No decorrer de uma década, e isso é pouco tempo para o plano referido, a produtora de Steve Jobs e absorvida pela própria Disney conseguiu implantar sua marca no inconsciente popular não apenas pelo monopólio ideológico e devido o tratamento excepcional a essas boas ideias, mas, sobretudo, por conseguir desenvolver (palavra-chave no mundo das animações) filmes se bobear sobre pedras, no fundo escuro do mar, e acima de todos os desafios de percepção, torná-las…  humanas.

    No mundo ocidental, a Pixar em meia-dúzia de projetos montou ‘sua’ escada de qualidade quase irretocável para ela e a indústria que ocupa o trono, restando à concorrência construir seus degraus através de raros esporros criativos: Por exemplo, um filme sobre cegonhas e seu trabalho (corporativo e global) de entrega de bebês. Só que entre todos os estúdios que almejam do seu modo replicar as fórmulas de sucesso de um Wall-e e Toy Story, talvez seja as animações da Warner Bros que, desde o ótimo Gigante de Ferro de 1999 conseguem manter o frescor e o objetivo primordial de obras que subestimam, em momento nenhum, tanto o olhar do espectador diante das histórias, quanto o potencial das mesmas em tornar Diversão e Reflexão, ambas em letras maiúsculas, irresistíveis à quaisquer público ou faixa-etária.

    Isso é sucesso. E caso Cegonha: A História que Não te Contaram não alcance o mesmo nível de expressão, de uma forma dinâmica, atual à geração Z e perfeitamente audiovisual que o mega divertido Uma Aventura Lego conseguiu em 2014, as crianças com certeza pouco ligam pra isso. Importa mesmo, por uma ótica mais descompromissada que deve ser levada em conta nesse caso, como os arquétipos e sensações são distribuídos de forma simpática e palpável em uma hora e meia de um ritmo frenético, mas sem excessos, bobagens imaturas ou a apologia que uma paródia assumida e infantil, como essa, poderia carregar e que a maioria padece em ostentar.

    Em meio a uma crise na motivação das cegonhas em entregar seus bebês da fábrica para famílias humanas, os animais agora imitam o Sedex e entregam pacotes mundo afora, convivendo com uma órfã deixada entre as cegonhas desde um incidente antigo no sistema de entregas. Mediante as boas sacadas da trama (a sequência-inicial é hilária) e semi originais personagens (quase tão carismáticos quanto qualquer um de Lego), Cegonhas vai além da média das produções infantis e daquela sensação peculiar do “eu já vi isso em outro lugar”, sendo uma sessão para toda família, em especial quando aposta mais no carisma dos bichanos e nas cores de um mundo paralelo a outro onde ninguém mais acredita em Papai Noel, ou no lado progenitor de cegonhas e repolhos no quintal, o que felizmente não torna esse belo filme um palco para resgate de valores ou a celebração de novos – nada aqui tem a ver com segundas intenções ou cópia de padrões já celebrados, não que a Pixar, mais uma vez, seja sinônimo de excelência.

     

  • Crítica | Uma Aventura LEGO

    Crítica | Uma Aventura LEGO

    the-lego-movie

    Onde mais que não num universo Lego seria possível reunir Batman, Gandalf, Superman, Han Solo e As Tartarugas Ninjas e ainda achar plausível que eles estejam juntos na mesma história? Depois de tantos videogames usando os amados bonecos como protagonistas de aventuras mil, já estava mais que na hora de irem para a “telona”. Era justamente a mobilidade vista nos consoles que a maioria dos espectadores esperava ver no filme. E as expectativas não só se cumpriram, como se superaram. Mesmo sendo todo digital, a animação remete aos filmes de stop-motion, o que contribui para o saudosismo do público adulto.

    A história é banal, e não precisava ser complexa mesmo, afinal é um filme voltado mais aos pequenos. E em certos momentos, dá a impressão de estar se perdendo no meio de tantas possibilidades dadas pelos inúmeros “universos” Lego. Parece um tanto non-sense os personagens irem do Velho Oeste ao céu, e depois ao fundo mar. Porém, o que pode parecer apenas uma muleta do roteiro para exibir na tela o máximo de produtos Lego, acaba se revelando totalmente coerente com o desfecho.

    Se, para a criançada, é a aventura de um boneco “padrão” Lego que precisa derrotar um vilão, para os adultos a história traz embutidas, além das referências pop, críticas ao status quo sócio-político-econômico atual. Leva a reflexões sobre o consumismo desenfreado, o monopólio – tanto de bens quanto de informações – e, principalmente, sobre a alienação e a supressão da individualidade e do livre-arbítrio. O “mundo comum” do protagonista é assustadoramente semelhante aos mundos distópicos de 1984, de George Orwell, e de Admirável mundo novo, de Aldous Huxley. Parece muito um filme infantil, mas como já disse, para as crianças, é uma aventura multicolorida e muito, muito divertida.

    Interessante notar que mesmo os menores detalhes são feitos com peças Lego. Fogo, água, tiroteios, explosões, fumaça – tudo foi feito “juntando” pecinhas. É óbvio que o filme tem um atrativo a mais para aqueles que passaram a infância brincando com Lego, construindo coisas e reclamando da falta de peças da mesma cor para construir uma casa que não fosse toda listrada. Mas o filme se sustenta e consegue agradar mesmo àqueles que não tiveram essa oportunidade.

    Apenas algumas ressalvas. No último terço, a “bagunça” cresce exponencialmente e o roteiro parece não ter certeza de qual caminho seguir. E a dublagem… Além de se perderem as vozes originais – e muitas das piadas eram feitas sobre os atores donos das vozes – em alguns momentos os dubladores nacionais soam tão artificiais que conseguem fazer o espectador “sair” do filme. Os distribuidores parecem não se importar com a penca de marmanjos que se interessam por assistir o filme com o som original.

    Há, nesta animação, um quê das animações da Pixar. Tem aquela capacidade, difícil de atingir, de ao mesmo tempo agradar gregos e troianos, adultos e crianças. As piadas, as gags, os diálogos são compreensíveis em diferentes níveis a cada um dos espectadores. Se a criança vai se divertir por causa do jeito engraçado de um personagem falar algo, alguns dos adultos irão se divertir tanto pela piada quanto pela referência a algum filme, livro ou HQ. Consegue ser abrangente sem ser superficial. O que, convenhamos, atualmente é uma qualidade e tanto.

    Texto de autoria de Cristine Tellier.