Tag: Andy Samberg

  • Crítica | Gente Grande 2

    Crítica | Gente Grande 2

    Gente Grande 2 começa de maneira bizarra, com um cervo digital (e dos mais fajutos) invadindo o quarto de Lenny Feder (Adam Sandler) e sua esposa Roxane (Salma Hayek), desencadeando uma louca introdução, com o animal digital atravessando a casa, para além de reintroduzir o núcleo familiar como o principal entre os que serão mostrados, ainda ter tempo de já nos primeiros instantes, fazer piada com excrementos, com o bicho urinando nos membros do clã.

    Denis Dugan e Sandler retomam sua parceria cinco anos depois de Gente Grande, e se percebe que os Feder vão enfim morar na mesma cidade de seus amigos e antigos desafetos, então os encontros são bem mais freqüentes.

    Como não é movido por um evento ou reunião, os personagens podem confraternizar com os mesmos com quem tinham rivalidade no primeiro filme, sem maiores problemas ou justificativas, além disso, os filhos dos amigos acabam tendo um entrosamento maior, graças a presença mais presente deles..

    O fato do roteiro ser mais frenético faz aplacar a ausência de Rob Schneider, embora falte alguém que seja o saco de pancadas de piadas, que basicamente, são disseminadas entre  os personagens mais velhos, que sofrem claro algum nível  de bullying de estudantes universitários. Esse conflitos fazem esse ter algumas semelhanças com Vizinhos 2, que seria lançado alguns anos após esse.

    As participações especiais seguem com boa parte dos atores e humoristas que orbitam os filmes da Happy Madison, como Nick Swardson, Steve Buscemi, Georgina Engel, Jon Lovitz, e até o ex pivô da NBA Shaquille O’Neal que alias, tem um cabelo raspado dos mais falsos possível, com uma peruca igualmente fajuta.

    Diferente do primeiro filme, esse não se preocupa muito em ter um humor familiar e inocente. Havia sim algumas insinuações sexuais no primeiro episodio da franquia, mas nada tão explicito e torto quanto a apresentação de balé das crianças comandada por April Rose, ao mesmo tempo, o longa trata de sexualizar também os homens, numa cena de lava jato com atores semi famosos, como Andy Samberg, Patrick Schwarzenegger etc. A cena fica tão grotesco que inclui até Peter Dante dando banho em Shaq.

    O final  é apoteótico e quebra um pouco do marasmo que foi quase todo esse Gente Grande 2, a repetição da formula faz a historia sair muito desgastada, mas o carisma de Sandler, David Spade, Kevin James e Chris Rock ajuda a salvar um pouco o todo, especialmente pelo entrosamento entre eles e pela possibilidade de não ficar tão limitado em matéria de cenário e que pode enfim  ser mais generalista.

    https://www.youtube.com/watch?v=wGyjbrMC-Ok

  • Crítica | Cegonhas: A História que Não Te Contaram

    Crítica | Cegonhas: A História que Não Te Contaram

    […] não que a Pixar, mais uma vez, seja sinônimo de excelência. Irrepreensível, afinal, nada é, vide Carros 2 e Universidade dos Monstros, oriundos do estúdio que, na tradição de Walt Disney e Hayao Miyazaki, reinventou a roda. Daí, e também por isso, toda animação americana que sai, a galera já especula: Mas é padrão Pixar? No decorrer de uma década, e isso é pouco tempo para o plano referido, a produtora de Steve Jobs e absorvida pela própria Disney conseguiu implantar sua marca no inconsciente popular não apenas pelo monopólio ideológico e devido o tratamento excepcional a essas boas ideias, mas, sobretudo, por conseguir desenvolver (palavra-chave no mundo das animações) filmes se bobear sobre pedras, no fundo escuro do mar, e acima de todos os desafios de percepção, torná-las…  humanas.

    No mundo ocidental, a Pixar em meia-dúzia de projetos montou ‘sua’ escada de qualidade quase irretocável para ela e a indústria que ocupa o trono, restando à concorrência construir seus degraus através de raros esporros criativos: Por exemplo, um filme sobre cegonhas e seu trabalho (corporativo e global) de entrega de bebês. Só que entre todos os estúdios que almejam do seu modo replicar as fórmulas de sucesso de um Wall-e e Toy Story, talvez seja as animações da Warner Bros que, desde o ótimo Gigante de Ferro de 1999 conseguem manter o frescor e o objetivo primordial de obras que subestimam, em momento nenhum, tanto o olhar do espectador diante das histórias, quanto o potencial das mesmas em tornar Diversão e Reflexão, ambas em letras maiúsculas, irresistíveis à quaisquer público ou faixa-etária.

    Isso é sucesso. E caso Cegonha: A História que Não te Contaram não alcance o mesmo nível de expressão, de uma forma dinâmica, atual à geração Z e perfeitamente audiovisual que o mega divertido Uma Aventura Lego conseguiu em 2014, as crianças com certeza pouco ligam pra isso. Importa mesmo, por uma ótica mais descompromissada que deve ser levada em conta nesse caso, como os arquétipos e sensações são distribuídos de forma simpática e palpável em uma hora e meia de um ritmo frenético, mas sem excessos, bobagens imaturas ou a apologia que uma paródia assumida e infantil, como essa, poderia carregar e que a maioria padece em ostentar.

    Em meio a uma crise na motivação das cegonhas em entregar seus bebês da fábrica para famílias humanas, os animais agora imitam o Sedex e entregam pacotes mundo afora, convivendo com uma órfã deixada entre as cegonhas desde um incidente antigo no sistema de entregas. Mediante as boas sacadas da trama (a sequência-inicial é hilária) e semi originais personagens (quase tão carismáticos quanto qualquer um de Lego), Cegonhas vai além da média das produções infantis e daquela sensação peculiar do “eu já vi isso em outro lugar”, sendo uma sessão para toda família, em especial quando aposta mais no carisma dos bichanos e nas cores de um mundo paralelo a outro onde ninguém mais acredita em Papai Noel, ou no lado progenitor de cegonhas e repolhos no quintal, o que felizmente não torna esse belo filme um palco para resgate de valores ou a celebração de novos – nada aqui tem a ver com segundas intenções ou cópia de padrões já celebrados, não que a Pixar, mais uma vez, seja sinônimo de excelência.

     

  • Crítica | Hotel Transilvânia

    Crítica | Hotel Transilvânia

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    A carreira de Genddy Tartakovsky em animação é dedicada a discutir estereótipos. Foi assim em Samurai Jack e até em sua versão de Clone Wars, onde apresentava uma interseção entre os episódios II e III de Star Wars. A ideia por trás de Hotel Transilvânia mistura a moda recente de tornar antigos vilões em protagonistas bonzinhos, fugindo do maniqueísmo habitual, junto a premissa do clássico Deu A Louca nos Monstros, ao se focar na figura do Conde Drácula (Adam Sandler) como dono do estabelecimento que abriga criaturas monstruosas, ao estilo dos filmes antigos da Universal.

    A diferença báscia entre essas e outras paródias está na construção do repertório de Drack, como um pai super protetor, deixando sua filha Mavis (Selena Gomez) longe de qualquer possibilidade de interação com os temíveis humanos, que perseguiram a si e aos seus amigos no passado. A trama passa a amadurecer, quando o morto vivo permite a sua saída, ainda que breve em seu aniversário de 118 anos. A realidade mostra um ardil, preparado pelo patriarca ancião, que acaba por convencer sua herdeira de se recolher. O chamado à aventura ocorre quando Jonathan (Andy Samberg), um humano tenta se hospedar no negócio familiar de Drácula, sem poder ser recusado, graças a grande movimentação das festividades.

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    O roteiro, repleto de coincidências e viradas bobas de amor é somente um pretexto para Tartakovsky apresentar referências a literatura de terror e para figuras do cinema de David Lynch, David Cronenberg e Ken Russell. Em algum ponto, o argumento se permite ousar um pouco mais, antevendo questões de reversão de expectativa, vistas futuramente em produções como Malévola, ainda que neste, a prerrogativa seja bem menos pretensiosa.

    Hotel Transilvânia possui todas as gags visuais típicas das animações infantis, abusando da cor chamativa e da docilidade das falas, se apoiando também em um protagonista a príncipio visto como malvado, e claro, em um romance improvável da mocinha no forasteiro. Mas a perversão do status quo conservador é bem mais interessante neste do que nas comédias que beiram a imbecilidade vistas na trilogia Meu Malvado Favorito (incluindo ai Minions) e nos demais pares, surpreendendo pelo subtexto de aceitação não só da própria identidade, como da influência externa de um mundo hostil.

    Compre: Hotel Transilvânia