Tag: Shaquille O’Neal

  • Crítica | Gente Grande 2

    Crítica | Gente Grande 2

    Gente Grande 2 começa de maneira bizarra, com um cervo digital (e dos mais fajutos) invadindo o quarto de Lenny Feder (Adam Sandler) e sua esposa Roxane (Salma Hayek), desencadeando uma louca introdução, com o animal digital atravessando a casa, para além de reintroduzir o núcleo familiar como o principal entre os que serão mostrados, ainda ter tempo de já nos primeiros instantes, fazer piada com excrementos, com o bicho urinando nos membros do clã.

    Denis Dugan e Sandler retomam sua parceria cinco anos depois de Gente Grande, e se percebe que os Feder vão enfim morar na mesma cidade de seus amigos e antigos desafetos, então os encontros são bem mais freqüentes.

    Como não é movido por um evento ou reunião, os personagens podem confraternizar com os mesmos com quem tinham rivalidade no primeiro filme, sem maiores problemas ou justificativas, além disso, os filhos dos amigos acabam tendo um entrosamento maior, graças a presença mais presente deles..

    O fato do roteiro ser mais frenético faz aplacar a ausência de Rob Schneider, embora falte alguém que seja o saco de pancadas de piadas, que basicamente, são disseminadas entre  os personagens mais velhos, que sofrem claro algum nível  de bullying de estudantes universitários. Esse conflitos fazem esse ter algumas semelhanças com Vizinhos 2, que seria lançado alguns anos após esse.

    As participações especiais seguem com boa parte dos atores e humoristas que orbitam os filmes da Happy Madison, como Nick Swardson, Steve Buscemi, Georgina Engel, Jon Lovitz, e até o ex pivô da NBA Shaquille O’Neal que alias, tem um cabelo raspado dos mais falsos possível, com uma peruca igualmente fajuta.

    Diferente do primeiro filme, esse não se preocupa muito em ter um humor familiar e inocente. Havia sim algumas insinuações sexuais no primeiro episodio da franquia, mas nada tão explicito e torto quanto a apresentação de balé das crianças comandada por April Rose, ao mesmo tempo, o longa trata de sexualizar também os homens, numa cena de lava jato com atores semi famosos, como Andy Samberg, Patrick Schwarzenegger etc. A cena fica tão grotesco que inclui até Peter Dante dando banho em Shaq.

    O final  é apoteótico e quebra um pouco do marasmo que foi quase todo esse Gente Grande 2, a repetição da formula faz a historia sair muito desgastada, mas o carisma de Sandler, David Spade, Kevin James e Chris Rock ajuda a salvar um pouco o todo, especialmente pelo entrosamento entre eles e pela possibilidade de não ficar tão limitado em matéria de cenário e que pode enfim  ser mais generalista.

    https://www.youtube.com/watch?v=wGyjbrMC-Ok

  • Crítica | Troca de Talentos

    Crítica | Troca de Talentos

    Filme de 2012 dentro da estética conhecida no Brasil como filme de Sessão da Tarde, Troca de Talentos é dirigido por John Whitesell, o mesmo que fez Spot- Um Cão da Pesada e Vovó Zona…2, e começa em uma partida de basquetebol no colegial, onde o treinador Amross (Jim Belushi) fica extremamente irritado com o desempenho do seu time, o Eagles.

    Ao mesmo tempo, se percebe Brian Newall (Taylor Gray), um garoto aficionado pelo esporte, mas sem muito talento para o jogo, que admira muito Kevin Durant, ala-pivô campeão da NBA e MVP que na época estava no OKC (sigla para Oklahoma City Thunder), e ate esse momento, o destino dos dois não se cruza, além da simples relação de ídolo distante e fã.

    A abordagem e estética do longa é bem infantil, as piadas são terríveis, envolvem trapalhadas e humor físico, e os personagens não tem qualquer profundidade, substancia ou complexidade, ao contrário, são estereótipos colegiais puros e simples, mesmo Durant que é uma pessoa de verdade não consegue ultrapassar a pecha de atleta superstar, além do que a etapa da jornada do herói conhecida como o Chamado a Aventura é muito parecida com a trama dos vilões de Space Jam.

    Não há muitos motivos para Brian ser tão odiado por seus colegas. Por ele ser um perdedor não justifica muito o fato de ser perseguido pelos populares, tirando é claro a condição dele ser o protagonista “humano” do filme. O filme ganha quando vai as quadras, e mostra Kevin em ação pelo OKC, mas isso é muito curto, e é exatamente nesse momento, ao consolar Brian que o jogador acaba por dar seu talento ao menino, sem maiores explicações, como que por mágica.

    O filme melhora ligeiramente após a tal troca de talentos, Brian começa a se dar bem, melhora e muito seus arremessos, e até chama a atenção de Isabel (Tristin Mays), a menina por quem sempre nutriu um amor platônico. Ao menos, quando a trama se torna positiva para o “herói” da jornada, o filme melhora em termos de diversão e carisma. Brian quando começa a jogar bem é muito mais divertido que o vilãozinho estúpido Connor, vivido por Spencer Daniels.

    De curioso, há o fato de que um dos comentaristas é Steve Kerr, que futuramente, seria técnico do Golden State Warriors, o mesmo time que eliminou o OKC nas finais de 2015/16 e que teria parte com Durant nesse mesmo time, com os títulos de 16/17, 17/18 e o vice campeonato em 2018/2019. No filme, ele é bem duro nos comentários a Durant em quadra, mas a realidade é que quando joga, ele ainda tem algumas boas características, mas quando tenta atuar é algo sofrível, não tendo qualquer momento positivo.

    Há participações especiais de Reggie Miller, Shaquille O’Neal e Charles Barkley, e uma tentativa desesperada de emular características de Space Jam, além de “prever” boa parte do elenco de Tio Drew. Há também participação também de Kenny Smith, e é esse aspecto, das participações especiais o ponto mais alto que o filme atinge. Não há sequer uma maior reflexão sobre bullying ou super exposição  de crianças e  adolescentes nas mídias sociais, tampouco há qualquer explicação para Brian não se afetar nem um pouco pela má fase de seu ídolo, ao passo que também não faz muito sentido toda a mitologia em torna da troca de habilidades dos jogadores de basquete. Nem a relação entre pai e filho, que tinha potencial no início do longa é desenvolvida direito, também não há muito desenvolvimento nem do romance com Isabel e nem com o fato dele começar a ser arrogante do nada. Nem a mensagem de Durant, de que um aspirante a jogador deve treinar muito, nem isso gera reflexão em qualquer personagem, e Troca de Talentos é frívolo até entre os piores filmes sobre o esporte basquetebol, e praticamente só acerta quando referencia outras obras ligadas ao esporte.

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  • Crítica | I Hate Christian Laettner

    Crítica | I Hate Christian Laettner

    De Rory Karpf, I Hate Christian Laettner é um documentário que fala sobre o ex-jogador de basquete que está no titulo desse que é um especial da Espn americana. Parte da iniciativa 30 for 30, o filme de 77 minutos se dedica a resgatar a memoria do jogador branco, de família rica que acabou sendo o centro de algumas polemicas quando ainda era um novato no maior campeonato de basquete do mundo, uma figura de ódio que só pecou em estar no momento errado, na hora errada.

    A trilha rock n roll embala o começo do filme, antes mesmo de falar a respeito do sucesso de sua carreira universitária do ícone da universidade de Duke. Narrado por Rob Lowe, o filme destaca que é preciso, em qualquer segmento – incluindo ai o esporte – algumas figuras puramente vilanescas , não só aqueles que são odiados por uns e amados por outros, mas também os que são só vistos como maus, e como Laettner se tornou isso é um mistério que o filme busca responder.

    Laettner não era uma pessoa fácil, mas pelo que se diz, ele só reagia agressivamente a quem o atacava constantemente. Se ele não fosse tão perseguido certamente não seria agressivo com seus adversários ou desafetos fora das quadras. Durante o estudo sobre essa controversa figura, aponta-se 5 pontos, para essa rejeição: o privilegio, de ter nascido numa família abastada, e por ser  aluno de Duke (embora sua família não fosse exatamente rica, pois  ele era filho de professora e de um funcionário de uma gráfica); era branco, e jogava com a jinga de um negro; O fato de ser bully, ou de meramente responder as gracinhas a que deveria se submeter, sendo desleal em muitas oportunidades;  a grandeza, pois media 2,11m, além de parecer arrogante por não ter medo de se sentir melhor, e por não deixar de falar isso; e aparência, que associada a sua arrogância (de novo), o fazia parecer um figura rejeitável.

    Se o longa peca em não ter uma resolução bem definida, ele acerta demais em dar voz aqueles que são íntimos do biografado,  além de permitir a Christian se defender do que quer que fossem as acusações na sua direção, ainda que o próprio não enxergue necessidade de qualquer defesa, pois jamais esteve errado. É curioso analisar a carreira dele, o mote do filme  termina logo na  final da NCAA (que é o campeonato masculino universitário de basquete nos EUA) de 1992, suas premiações e glorias envolvem a carreira universitária, tendo sua camisa na faculdade aposentada (também foi All Star da NBA uma única vez) e o fato de ter participado do Dream Team de 1992, como parcela da cota para universitários no time mesmo ao ser o terceiro escolhido no Draft, pelo Minesotta Timberwolves ele não conseguiu muita gloria, ou lastro na Liga.

    Nem no Dream Team ele era bem quisto, segundo as próprias palavras, metade dos 12 jogadores o aceitaram minimamente e a outra não o enxergava como jogador 100% pronto. A fama de mimado o assombrou, e mesmo quando Shaquille O’Neal foi perguntado se deveria estar no time no lugar dele (foi o primeiro do Draft de 92), mesmo sendo político, o pivô do Orlando Magics foi vaiado.

    Christian teve problemas com drogas, assumindo que utilizava maconha, mas claramente sua rejeição passava por cima até  do uso de drogas por um tempo determinado ou não. A universidade de Duke também passou a ser rejeitada, tendo até uma musica contra si –This is Why Duke sucks – e para boa parte dos entrevistados, Laettner tem uma percepção equivocada dos sentimentos dos populares a seu respeito, ele parece se isolar mentalmente, se alienando dessas condições de concentrador de maus sentimentos, e apela pra família como válvula de escape, e durante os créditos finais ele joga basquete e tênis de mesa com seus lindos filhos, basicamente para afastar qualquer ideia de astral baixo. É um pouco constrangedor esse desfecho, tanto para os realizadores quanto para a figura analisada, mas há que se notar que tudo isso parece sincero, e que o cunho emocional desse 30 for 30 é bem diferente de outros tantos episódios da série.

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  • Crítica | This Magic Moment

    Crítica | This Magic Moment

    Parte da iniciativa da ESPN em documentário 30 for 30, This Magic Moment é um documentário que relembra quatro temporadas dos anos 90 do time do Orlando Magics. O longa de 101 minutos dirigido por Gentry Kirby e Erin Leyden começa engraçado, com uma conversa entre os ex-astros do time, Shaquille O’Neal e Anfenee ‘Penny’ Hardaway, numa casa luxuosa, com piscina, onde o segundo arrisca uma bola dentro da piscina, em uma bóia com uma cesta. O objetivo do filme é um só, contar sua historia de modo engraçado, e na maioria dos momentos, consegue.

    Não demora e o documentário começa a explicar como a NBA chegou a Orlando, citando Pat Williams, que havia trabalhado no Philadelphia 76yers, e que desejava tornar Orlando um pólo de outro esporte que não o golfe. Seus esforços foram recompensados, e o lugar passou aos poucos a  ser encarado como pólo não só turístico, mas também de esportes, utilizando claro o segundo nome Magic em homenagem ao Magic Kingdon, um dos parques da Disney.

    Para quem não conhece o basquete competitivo nos Estados Unidos, o Magics é um time novo, foi fundado em 1989 e jamais foi campeão, embora seja um time de chegado, tendo 6 titulos de divisão e 2 de conferência. Tem um bom aproveitamento de chegadas aos playoffs, mas obviamente em suas primeiras temporadas era encarado como azarão.

    Houve um grande problema para quem fosse tentar Shaq, e quando o Orlando ficou com a primeira escolha do Draft em 1992, não houve garantias de que ele iria para a franquia. Armato fazia jogo duro, e rolava um boato de que ele iria para os Lakers, de Los Angeles, e isso de fato aconteceu alguns anos depois (O’Neal onde seria muito vitorioso, sendo tricampeão da NBA), mas o gigante de 2,16m jogou com a 32 do time praiano. Em determinado ponto o filme vira uma cine biografia de Shaq de certa forma, e nessa época ele era muito competitivo, voltava para a defesa, era especialista em tocos e rebotes ofensivos e defensivos, além obviamente de ser um mestre embaixo do garrafão. Para muitos, ele ofuscou até a figura de Michael Jordan como ídolo nacional, ao menos nos primeiros momentos, e aindatinha carisma, com uma jinga semelhantes a de Charles Barkley e enterradas que destruíram algumas tabelas.

    O Draft de 93 também caiu como a primeira para o Orlando Chris Webber, Shawn Bradley e Hardaway, eram as possíveis primeiras  escolhas, com o ultimo  fazendo muito sucesso em Memphis. Somente após a produção de Blue Chips, filme de William Friedkin, que Shaq observou de perto seu futuro amigo, e decidiria interceder a favor dele, pedindo ao dirigente John Gabriel, para contratar o sujeito. Toda a negociação e o suspense durante a escolha dos novatos, a expectativa da torcida para ter Webber, tudo é muito bem detalhado (o Magics escolheu Webber primeiro, o Golden State Warrios pegou Hardaway e trocaram, com direito a três primeiras escolhas em futuros drafts), e a partir dali começou uma bela parceria, que teria a expectativa aumentada por não ter Webber e por Michael Jordan anunciar que iria jogar baseball. Ali era dito que mesmo com as vaias a Hardaway, ele seria ovacionado no futuro, e de fato foi, ele ganhou um boneco anos depois, Lil’ Penny, que durante um tempo foi mais famoso até que ele. Com o tempo eles se tornaram astros, com a carreira de rapper de Shaq, e comerciais graúdos com os jogadores, como símbolos dos Magics.

    Os resultados melhoraram, em 1994 o time entrou para a primeira vez nos playoffs. Se nota uma alegria genuína nas entrevistadas documentadas, todos parecem muito expontaneas, e isso pesa demais a favor dos diretores Kirby e Leyden, que fazem, no entanto, para o time ser encarado como grande, comprando Horace Grant, trazendo Brian Shaw da Free Agency, e o esquadrão ganhava forma.

    O filme mesmo não sendo audacioso consegue produzir um bom retrato do que foi aquele time, um evento lendário, que conseguiu causar em todos a sensação de que algo inédito vinha, além disso, ele detalha bem as rivalidades que surgiram contra o Orlando, em especial o Indiana Pacers, que protagonizou disputas épicas pelos títulos de conferência e na temporada regular, mas é na final de 1995, entre Houston Rockets o time que o documentário defende que mora a maior emoção, incluindo aí a “malhação  de Judas” que ocorreu com Nick Andersen, por ter errado quatro lances livres no final do Jogo Um. Aquela vitoria que escapou jamais foi bem digerida, e mesmo para o hoje ex-atleta, ficou a sensação de que foi ali que o campeonato foi perdido.

     A carga de humor se fortifica próximo do final, ao mostrar o quão bizarra foi a transferência de Shaq para LA – inclusive satirizando sua transformação em ator, nos péssimo Kazaam e Steel, antes mesmo do advento de Space Jam, onde Michael Jordan apareceria. O gigante, já aposentado, fala que não queria ter que sair de Orlando, mas que precisava disto, precisava alçar novos ares. A vida após a saída do principal jogador – e até hoje, maior ídolo da franquia – jamais foi bem digerida, e demorou até ele ter relações amistosas com a franquia de novo.

    A ressaca fez Penny jogar como dono do time, e sobrou para treinador, Bryan Hill, e é uma pena como o legado deixou de existir. É engraçado como This Magic Moment equilibra bem a comedia, o ocaso dos sorteios das bolinhas que praticamente formaram o time nos drafts e o cunho emocional, de Shaq e Penny principalmente, onde ambos assumem que aqueles foram os melhores momentos de suas vidas, mesmo com o período mais vitorioso de Shaq sendo em Los Angeles. A forma como a comunidade abraçou o time foi diferente, e isso não é nada desprezível, ao contrario, e o mérito em traduzir isso para o espectador é todo de Kirby e Leyden, que tocam na alma dos entrevistados.

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  • Crítica | Shaq & Dale

    Crítica | Shaq & Dale

    O produto da ESPN Films / Sec Diaries (uma divisão que se foca em historias dos esportes universitários dos EUA), Shaq & Dale começa com a leitura de uma carta, por Tim McGraw, com as palavras do técnico Dale Brown, para logo depois mostrar Shaquille O’Neal assumir o quanto o treinador foi especial e importante para si. O documentário de 50 minutos de Hannah Storm explora essa amizade e bromance, a partir de conversas recentes, de 2014 para cá, ou seja,  com Shaq já aposentado há três ou quatro anos.

    Shaquille afirma que quando era novo, ainda na Universidade da Lousiana (LSU), Dale dizia que ele seria capaz de aposentar a camisa dos seus futuros times, e ele foi. O gigante, à época com “apenas” 2,11m de altura era somente o terceiro melhor jogador do time. A LSU nem era o mais potente dos times, universitários, eles não tinham uma tradição tão grandiosa, e contra si haviam promessas do basquete como Larry Johnson, Greg Anthony, e fato é que O’Neal era bom em muitos fundamentos, e um trator em quadra, mas jamais foi um primor técnico.

    Pode ser somente atuação – Shaq virou estrela de Hollywood, nos anos noventa – mas o veterano já aposentado parece realmente entusiasmado em revisitar os lugares de seu passado. Ele pula na cama que utilizava como se fosse uma criança, genuinamente feliz por na academia, manter a mesma arquitetura antiga, e por mais bobo que pareça, há um sentimentalismo bem valido nisso.

    O filme se dedica a desvelar também como eram os campeonatos universitários, como era a cobrança em cima dos jogadores que tencionavam ingressar no campeonato profissional. A pressão não era pequena, e de certa forma, Shaquille serve como símbolo para todos os estudantes da sua época em 1992 e em outras tantas, pois as expectativas em cima de muitos era grande, e a maioria esmagadora desses jogadores não chega a ser jogador profissional, nem nos EUA, nem na Europa e nem em mercados alternativos.

    Após muitas declarações de amor, os dois personagens desse especial lêem a carta do técnico Brown, onde o mentor declara o amor que tem por seu pupilo. Essa parte, da série Sec Storied termina leve, fugindo de uma possível melancolia ou de um saudosismo barato, e dentro dessa proposta bem simples, Shaq e Dale acerta demais, por registrar um tipo de relação bem comum ao basquete profissional.

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  • Crítica | Tio Drew

    Crítica | Tio Drew

    Charles Stone III, diretor da comédia O Rei do Jogo e do genérico de ação protagonizado por mulheres Lila & Eve surpreendeu o mundo ao realizar um filme sobre esporte e superação com não atores – entre jogadores, como Kyrie Irving e Aaron Gordon e ex-jogadores da NBA, incluindo aí Shaquille O’Neal, Chris Webber, Reggie Miller, Nate Robinson e até a campeão mundial de basquete feminino Lisa Leslie – que foi muito elogiado, trata-se de Tio Drew, produção em parceria com a Amazon que chegou a ser cogitado para a temporada de premiações nas categorias de maquiagem.

    A historia é engraçada, começa como um falso documentário da ESPN, no formato 30/30, explicando a importância de uma lenda do basquete de rua, fruto da lendária quadra Rucker Park, no Harlem – local que foi alvo do documentário #Rucker50, que inclusive, seria o torneio que o filme retrata – um sujeito tão mágico que seria ele a figura da silhueta símbolo da NBA, claro, com o cabelo mais comportado, isso dito pelo próprio Jerry West, que seria o real modelo. Nessa parte, se vê figuras como Dikembe Motumbo, Steve Nash e outras figuras do Harlem e do resto dos Estados Unidos, louvando a memória desse ótimo jogador, que desapareceu.

    Paralelo a essa historia, corre do medíocre Dax (Lil Rel Howery), um aficionado pelo esporte. Quando criança se inspirava demais em Michael Jordan, e ia bem, até ser bloqueado por Mookie Bass, que na fase adulta é feito por Nick Kroll. O insucesso da infância persegue ele, mesmo na fase da meia idade, quando treina um time amador. Após Dax fracassar, seu caminho cruza o de Drew, como dois astros cadentes, que vêem em ambas misérias a possibilidade de melhorar, embora o homem geriátrico já não tenha nem vontade nem disposição para competir, precisando ser convencido – o que aliás, nem demanda tanto esforço do treinador.

    Kyrie Irving já vinha fazendo o personagem em comerciais da Pepsi desde 2012, tanto que Uncle Drew virou seu apelido. É engraçado como a maquiagem tosca funciona bem, e torna o filme em algo despretensioso e ao mesmo tempo mágico. A sensação de que o basquete é o evento e coisa mais magnífica e mágica do mundo é muito bem

    Há pequenas menções e reverências do filme, como o personagem Lights, de Reggie Miller, que tem toda a compleição física de Kareem Abdul Jabbar, a lenda do basquete que se tornou ator e discípulo de Bruce Lee – há de se lembrar também que Reggie tinha momentos homéricos de discussão com Spike Lee, nos jogos contra o New York Knicks. Se da parte dramática, na relação entre os personagens principais que vem a formar o quinteto titular do Harlem Money há um show de momentos bem piegas e clichês do roteiro de Jay Longino, sobra espontaneidade e naturalidade por parte do elenco, em especial Irving e Shaq, que finalmente se redime pelos péssimos Kazaam e Steel, retomando uma boa participação como havia feito em Blue Chips.

    É um bocado estranho como, mesmo tendo maquiagens e efeitos muito pesados e risíveis, mesmo com uma história de fundo bem fraca para cada um dos personagens, há também muita alma e muita graça na comédia. Tio Drew está longe de ser um filme hilário, suas piadas são muito básicas, mas há claramente um esforço por parte de quem fez o filme acontecer para que este seja uma reverência ao basquete de rua, a tradição do Harlem em formar jogadores profissionais e amadores, e claro, a prática dos showmans do garrafão.

    A magia e atmosfera da localidade, da comunidade e do Rucker Park é muito bem registrada, além é claro desse ser uma ode ao basquete clássico, pondo frente a frente um crossover que reside no imaginário dos fãs mais ardorosos da NBA, que adoram colocar frente a frente times do presente e do passado, e a batalha moral entre Chris Webber e Aaron Gordon. Tio Drew mistura elementos típicos dos filmes mais melosos de Adam Sandler com uma genuína necessidade de louvar as origens do basquetebol americano, pondo tanta alma e verve neste último que todo o resto é compensado, não se imaginava quando Irving protagonizava os comerciais de refrigerante que algo tão sentimental e singelo sairia como esse saiu – e nem que o filme teria uma representação de movimentos de basquete tão boa quanto em Brancos Não Sabem Enterrar e Blue Chips – e de certa forma a vida imita a arte, uma vez que não tanto tempo após o filme ser lançado, Irving voltaria a bater bola em Nova York, passando a jogar pela franquia do Brooklyn Nets, resta saber se terá tanto sucesso quanto seu personagem teve no Jubileu do Rucker Park, só o tempo dirá.

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  • Crítica | Blue Chips

    Crítica | Blue Chips

    William Friedkin é um diretor diferenciado, capaz de trazer a luz obras como O Exorcista, Parceiros da Noite e Operação França, e em 1994, ele deu a luz a Blue Chips, uma historia sobre o esporte, que começa com um rompante de raiva e loucura do técnico Pete Bell (Nick Nolte), discutindo com os atletas universitários do time da Western University Dolphins. Ele entra no vestiário, começa a gritar, praguejar, agir como um louco, depois sai, deixa todos desesperados, ai volta mais calmo, logo, perde a razão de novo e sai, para fazer esse processo novamente.

    O filme registra magistralmente o clima dos campeonatos universitários de basquete, mostrando não só a adrenalina e loucura do jogo, como também o entorno, a atmosfera e todas as pessoas que são envolvidas pela paixão nacional que o basquete ocasiona. Outro aspecto curioso são os motivos em azul e amarelo, as cores do time de Bell, que estão nas  fontes dos créditos e demais letreiros dentro do filme e até no material de divulgação. Durante as cenas mais bonitas, Friedkin faz as duas cores predominarem, obviamente, seja pelos jogos em casa ou pela manifestação das torcidas.

    O roteiro de Ron Shelton (o mesmo que conduziu pouco tempo antes Brancos Não Sabem Enterrar) mostra um homem obcecado  desesperado, que não tem qualquer estabilidade financeira e mental, que não consegue sequer manter-se calma a beira de quadra, e não consegue manter seu casamento vivo. Quando ele retorna do jogo, tenta dormir na casa de sua ex-esposa, Jenny (Mary McDonnell), que prontamente o coloca para fora e relembra o quanto ele é insuportável na convivência comum.

    Ao perceber que seu time era muito ruim, Pete resolve apelar e fazer uma prática contra as regras, contratando jogadores que seriam pagos por fora para atuar em seu time como se estudassem em sua escola, ele então passeia pelo país, em paisagens diferentes e interioranas e traz três, Neon Boudeaux (Shaquille O’Neal), Butch McRae (Anfernee ‘Penny’ Hardaway) e Ricky Roe (Matt Nover), os três seriam o diferencial no time perdedor, a promessa de algo mais dentro da mediocridade dos campeonatos.

    O curioso realmente é onde eles encontra os moços, com um ele simula o jogo na sala de estar com as irmãs deles (duas crianças), a mãe e a avó, no caso do terceiro ele vai até a fazendo, e com o personagem de Shaq, ele vai a uma quadra clandestina, ver ele jogando, e percebe no gigante de 2,16 metros a possibilidade de um pivô infalível, mesmo que ele seja burro e praticamente analfabeto. Friedkin quis colocar atletas de verdade pois ao ver atores fazendo jogadores novatos, não se convencia de seus movimentos, e é curioso, pois Shaq estava em começo de carreira, foi draftado em 1993 (o filme é de 94) junto a Hardaway, que foi para o Orlando Magics – Shaq foi para o Magics e Hardaway para o Golden State Warriors, depois o time foi convencido pelo gigante a trocar com o GS. Essa escolha ocorreu enquanto eles filmavam Blue Chips, e a dupla teve o feito de eliminar o Chicago Bulls de Michael Jordan, na temporada 94-95, pouco após o filme ser lançado. Já Nover se tornou jogador e jogou um bom tempo na Europa, entre Itália, Espanha, Portugal etc, e também na Austrália.

    Não há o que reclamar da atuação ou da entrega de Nolte, ele faz um treinador dedicado, parece realmente ter noções táticas e dos fundamentos básicos do basquete. Ele se preparou para o papel acompanhando o técnico Bobby Knight durante a temporada de 92 em Indiana e absorveu bem o espírito, tudo isso para traduzir bem como teria sido parte da personalidade de Tates Locke, o treinador da Clemson Univerty de 70 a 75 – Locke também foi para NBA, no Buffalo Braves num período curto entre 76-77. A virada que ele tem que fazer, ao aceitar finalmente pagar os jogadores por fora mostra um homem com espírito quebrado, mas que já havia ido longe demais para voltar atrás.

    A trilha sonora, repleta de sucessos de Rock internacional embala boa parte das curvas dramáticas pelas quais passam Bell, e apesar de Blue Chips conter um caráter bem moralista, e isso não é à toa, pois para  muitos estadunidenses, o basquete é o mais manipulável dos esportes populares, seja no caso de apostas (jogadores são proibidos de praticar apostas, por exemplo) e também no caso de manipulação de resultados ou de uso de drogas.

    Friedkin acerta demais na composição de personagem do treinador que Nick Nolte vive, um homem nervoso, irascível, que briga muito pelo que acredita  e que é sobretudo apaixonado demais pelo esporte, não conseguindo fugir disto sequer quando se auto denuncia, e essa essência e beleza de caráter é muito bem exemplificada no filme, que além de toda essa discussão ética, ainda mostra um jogo de basquete muito bem feito e verossímil, com méritos totais ao seu realizador.

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  • Critica | Aço

    Critica | Aço

    O personagem dos quadrinhos criado por Louise SimonsonJon Bogdanove é levado às telas de cinema, interpretado pelo jogador de basquete Shaquille O’Neal, Aço começa mostrando o fogo forjando um objeto, provavelmente a belíssima armadura que o personagem John Henry Irons usaria quando decidiria se tornar um vigilante. No longa, o personagem é mostrado como um militar que se revolta com seus superiores após o uso de uma arma poderosa, que em seu teste, acerta sua amiga, Sparks (Annabeth Gish). Aqui se nota a séria intenção do longa em se demonstrar antibélico. Uma série de acontecimentos estranhos ocorrem em torno de John e ele sempre se safa desses problemas com total facilidade, ele sequer precisa ter poderes, pois seu tamanho o faz ser mais forte que os homens normais.

    O grande e grave problema é que o filme apesar de se levar a sério, não consegue dentro do roteiro do diretor Kenneth Johnson ter organização o suficiente para de maneira séria, explicar as reviravoltas que lá ocorrem. As invasões na base militar são feitas de maneira exagerada, caricata e não fica claro a intenção dos vilões e como eles chegaram até ali. As perseguições causam todos,assim como o desempenho de Shaq como herói de ação, o elenco é engraçado, mas de modo involuntário e as piadas de humor físico são vergonhosas.

    Assistir hoje o filme é engraçado, há um vilão negro e careca , que lembra muito o Nick Fury de Samuel L. Jackson, além do que esse filme também lembra a versão de Nick Fury feita um ano depois. A trilha sonora é repleta de música soul, em um efeito parecido com o que Pantera Negra fez com o rap, mas até isso é mal encaixado.

    Como não usava a figura do Superman, a motivação heroica do personagem fica um pouco confusa, aliás praticamente não há menção ao kriptoniano, exceto por uma tatuagem no braço do personagem, semelhante a que Bon Jovi tem. O vigilante usa sua armadura quase na metade do filme, passados 45 minutos de duração, e os momentos que ele luta com os bandidos latinos e outros marginais são péssimos visualmente, cheio de piadas ruins, além de gratuito no uso de estereótipos. A parte em que usa um imã é completamente patética, é faz sentir saudades do filme da Supergirl de Helen Slater.

    É tudo muito tosco, a tentativa de emular a música de John Williams famosa por Superman: O Filme é ridícula, assim como a movimentação de Shaq com roupa, tem um momento que ele está em cima de um prédio e levanta os pés para não tropeçar em canos e a torcida geral certamente é para que ele tropeçasse. Além disso, há uma cena em específico que ele pega um gancho e sobe bem alto onde se nota um dublê com pele visivelmente mais clara, arrisco dizer que o sujeito era até branco pois não tive coragem de voltar a cena para ver.

    A roupa de herói lembra um pouco os trajes usados nos filmes das Tartarugas Ninjas dos anos 90 e na série Robocop: Prime Directivas, e Shaq não convence em nenhuma cena como herói de ação. A SWAT invade a casa de Irons, e ocorre uma péssima piada com um bolo solado, aparentemente John sempre atrapalha sua avó solando seus bolos. Ao ser preso o povo se recusa a reconhecê-lo, o que incorre em duas situações , a primeira, o povo o reconhece como defensor da justiça mesmo sem motivos e o segundo se refere ao fato de que não seria difícil identificar Irons, pois ele é um gigante.

    Os personagens periféricos também são péssimos, o tio Joe (Richard Roundtree, que foi o John Shaf original), o irmão de Irons, Até Sparks faz vergonha ao lançar mísseis de sua cadeira de rodas, como uma versão motherfucker da Oráculo. Antes de terminar há uma piada infame, onde John Henry tem que lançar uma granada por um buraco e ele diz que é ruim de arremessos, em uma tentativa tola de fazer uma crítica a quem criticava a dificuldade do jogador em acertar arremessos livres e cestas de três pontos. Esse é só um dos equívocos terríveis do filme, que entre todos os problemas, tem o menor deles na ausência do Superman, conseguindo ser pífio independente até disso.

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  • Crítica | Juntos e Misturados

    Crítica | Juntos e Misturados

    juntos e misturados

    Uma dupla de pessoas de background completamente diferentes – que em comum tem apenas o fato de já terem sido casados antes – resolve se encontrar. Após o “gracejo” desastroso, cada um dos pares segue seu rumo, sem esperanças de que aquilo dê certo. A sinopse serve para milhares de comédias românticas contemporâneas e seu tom genérico aumenta ainda mais quando o casal é vivido por Adam Sandler e Drew Barrymore. Toda a atmosfera familiar exagerada dos últimos cinco filmes do astro estão presentes em Juntos e Misturados, ainda que o toque de sentimentalismo seja mais forte neste do que nos espécimes recentes.

    Enquanto Jim Friedman (Sandler) é um trabalhador americano ordinário e entusiasta de esportes, o típico homem comum, que tenta a duras penas levar uma casa sozinho após a traumática morte de sua esposa, por câncer, Lauren Reynolds (Barrymore) também trabalha com comércio, vendendo artigos femininos, e como seu malfadado parceiro, tem uma mania de organização compulsiva e capitaneia uma casa sem um pai.

    O dicotômico roteiro põe a dupla de adultos desajustados tendo que lidar com filhos de sexos e realidades diferentes dos seus. Como era de se esperar, os rebentos da dupla sofrem com uma série de complicados problemas, com cada um lidando com a “perda” a seu modo, sendo alguns destes bastante curiosos. Muito conflito espera a quem assistirá esta obra, feita para ser curtida por toda a família – mesmo que o grosso das piadas tenha sido repetida ao menos catorze vezes em filmes recentes – pois as duas parentelas acabam indo para uma viagem compartilhada na África, cujo foco das desventuras é o romance, que obviamente não existe.

    Os gracejos que funcionam são os que apelam ao carisma dos infantes em sua jornada de autoconhecimento e superação. Outra fonte de risos são as situações que envolvem outros astros, como Terry Crews. O trabalho humorístico de Sandler é quase como o de um curador, que angaria pessoas que podem exercer no público uma miscelânea de risos que o próprio não é mais tão capaz de fazer – ao menos não neste tipo de comédia, uma vez que em Tá Rindo do Que?, de Judd Apatow, seu tino para o grotesco decadente funciona.

    O texto de Clare Sera e Ivan Menchell é levíssimo, repleto de situações de riso fácil. Dado o repertório de Frank Coraci como diretor, achar que tal guião causará uma reflexão profunda ou conterá alguma inteligência é um exercício de um desavisado. Há bons momentos, alguns até edificantes, mas nada perto da emoção e singeleza de Click – talvez o melhor fruto da parceria entre ator e diretor.

    Apesar de toda a pieguice presente na máxima de aproximação e reaproximação do casal que não deu certo na primeira, mas que acredita dar certo em tentativas posteriores, o reencontro de Lauren e Jim ocorre de modo pouco mecânico, respeitando até a falta de química que ambos mostraram ter durante toda a fita. A reconstrução da moral de ambos passa por percalços sérios, e não vem a ter êxito logo na primeira tentativa, emulando as situações da vida real, a aproximação acontece de modo gradativo, algumas vezes até dolorosa. A restauração do “amor” não envolve somente o par de “pombinhos“, mas toda a(s) sua(s) família(s), em uma conspiração conveniente, onde tudo se encaixa de modo perfeito para ambos os clãs. Ao final a celebração constrangedora e hiper feliz de todos os personagens ocorre – como aconteceu antes, em cada quinze entre vinte filmes de Sandler. No entanto, a produção é menos desrespeitoso que os últimos filmes do ator, não agredindo demasiado o seu expectador.