Tag: Adam Sandler

  • VortCast 71 | Diários de Quarentena I

    VortCast 71 | Diários de Quarentena I

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe PereiraJackson Good (@jacksgood) e Rafael Moreira (@_rmc) se reúnem para comentar sobre os seus dias na quarentena em um bate-papo descompromissado sobre reality shows, lives e muito mais.

    Duração: 110 min.
    Edição: Julio Assano Júnior
    Trilha Sonora: Julio Assano Júnior
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • Crítica | Joias Brutas

    Crítica | Joias Brutas

    Joias Brutas é o novo filme de Benny e Josh Safdie, e tem uma abertura bem ao estilo do longa de David Fincher, Clube da Luta  “poetiza” sobre uma colonoscopia, passeando com a câmera pela parte interna do aparelho digestivo de Adam Sandler, que faz o Howard Ratner, um vendedor de joias cuja moral é duvidosa, que gasta as horas de seus dias entre apostas e outros pecados.

    A musica instrumental vai do prólogo até os primeiros momentos de normalidade e fúria dele. Antes até de mostrar o exame, é visto um cenário árido, em um trabalho de mineração na Etiópia em 2010, variando bem entre um lugar pobre e com condições insalubres de vida, capaz de gerar riquezas como a tal joia que cairia nas mãos de Howard e do ex-astro da NBA (na época, jogando pelo Boston Celtics) Kevin Garnett. Sem qualquer panfletarismo, os irmãos mostram a exploração do povo negro e a mentalidade colonizadora dos estadunidenses, na historia suja que os realizadores pensaram, onde o pior do ser humano é vazado.

    Ratner é deplorável, o papel foi pensado para Sandler, que mais de dez anos antes recusou o mesmo. O roteiro passou por muitas versões e cortes. Howard sofre o diabo, é enquadrado pelos que tem dívida consigo, penhora bens de clientes, quase morre, sua vida é agitadíssima. Há alguns momentos que lembram Bom Comportamento, filme anterior da dupla, especialmente nos momentos de desespero. O mergulho na parte escura da alma dos homens é mostrado de uma maneira visceral e pesada

    A maior parte do tempo o que impera é gritaria e desespero, e isso passa obviamente pela personalidade repelente de qualquer aspecto positivo que Howard tem, o sujeito consegue ter pessoas que o querem bem, ao passo de que não há ninguém ali que não tenha sido destratado ao menos uma vez por ele, ou que tenha sido tapeado (ou ao menos tentado) por suas mentiras e dissimulações. Sandler ultrapassa a barreira do aceitável para um anti heroi, compõe um papel execrável até dentro desse arquétipo e mesmo seus parentes sofrem com a sua desumanidade.

    Garnett desempenha bem seu papel, ainda que ali seja apenas uma versão de si um bocado mais vaidosa e crédula. A forma como o roteiro amarra seu esforço e desempenho contra o Philadelphia 76ers com o potencial da pedra que veio da Etiopia é incrível, porque além de contar com os préstimos do ex jogador, ainda há um sem numero de situações limites que se encavalam e que contam com a entrega não só dos astros (Garnett e Sandler) mas de todo o elenco de atores iniciantes e figurantes.

    O fato de Howard ser tão asqueroso quanto boa parte de seus papéis nos filmes da Happy Madison faz toda a odisseia de fracassos fazer mais sentido, ainda que este sujeito não contenha o carisma dos heróis comuns ao humorista e ator. Não há magnetismo pessoal como nos protagonistas de O Paizão, Click ou Como Se Fosse a Primeira Vez, e sim algo repelente, nem há fantasia de redenção ou reflexão sobre seus atos.  Howard esgotou todas as chances, queimou todas suas fontes e seus possíveis credores, não há ninguém que possa dar a chance dele ser o idiota útil, que no fundo é uma boa pessoa apesar do baixo caráter  pois, até porque nem se mergulhar fundo em sua alma, se acha algo bom em suas intenções.

    Mesmo com uma montanha russa de emoções, dissabores e desespero, o destino ainda sorri para o anti herói da jornada, há alguma fortuna, como se o acaso tivesse afeição pelos idiotas e dignos de pena. O que se vê no final é algo inacreditável, como um mini thriller dentro de um longa bem diferente disso, Joias Brutas captura bem como a vida funciona, entre tristezas e alegrias, é voraz e prima por uma verdade visceral, não só por conta de ter um conjunto de atores iniciantes  mas também pela entrega dos veteranos, tudo com uma intensidade enorme e sem condições de parar em qualquer momento.

  • Crítica | Eu os Declaro Marido e… Larry

    Crítica | Eu os Declaro Marido e… Larry

    Adam Sandler e Denis Dugan ja fizeram muitos filmes juntos, e Eu Os Declaro Marido e… Larry é possivelmente o mais importante deles, seja pelo discurso pseudo progressista, ou por marcar um momento importante da parceria entre Kevin James e Sandler, que de acordo com falas do segundo, essa seria a dupla que mais faz ele se sentir a vontade, a despeito até dos tantos filmes que fez com Rob Schneider ou até Jack Nicholson.

    O filme começa em uma quadra de basquete, onde ocorre um rachão (termo popularmente utilizado para designar o equivalente a jogos de pela no futebol)  entre os funcionários do Corpo de Bombeiros do Brooklyn. Charlie Chuck Levine é um sortudo mulherengo, preso a clichês como dezenas de personagens do ator, ele é mostrado como disputado  por duas mulheres belíssimas, mesmo que ele não tenha qualquer característica física, de caráter ou algo que o valha para ser um sujeito diferenciado.

    Na primeira ação de Chuck com Larry Valentine (James) e seus outros companheiros, já se apela para uma situação limite, onde tem que salvar o filho de uma senhora, num prédio em chamas, onde o sujeito de tão obeso, não  anda há cinco anos. O apelo a estereótipos é ofensivo e esse tipo de humor permearia toda a rotina de  Charlie.

    Ha muitas sugestões fálicas no texto, o filho de Larry, Eric (Cole Morgen), tem gosto por danças e musicais, fato que já o vai enquadrando possivelmente como uma criança gay. Ao mesmo tempo, o roteiro tenta lidar com traumas sérios, de perdas parentais e de pressa por arrumar possibilidades de futuro para a outra geração. Essas duas questões não conversam de maneira harmoniosa, por mais que a dupla de protagonistas seja muito carismática.

    O número de gags cômicas ligadas a questões de obesidade beira a infantilidade, e a forma como se contrapõe a homossexualidade é bem tosca, ainda mais quando se referencia a questão de ninfomania de Chuck. Em alguns pontos ele lembra o Charlie Harper de Two and a Half Men, só que sem qualquer profundidade e sem camadas, sendo ainda mais raso que o personagem que Charlie Sheen fez.  Toda a trama de enganos e trapaças é fragil, quase sucumbe diante do acréscimo da advogada Alex McDonough de Jessica Biel, que desperta o instintos mais primitivos no personagem de Sandler

    Ao mesmo tempo que há toda esse problemática, Larry e Chuck agridem um taxista homofóbico, por fazer insinuações pejorativas, mas nesse ponto não fica tão claro, se eles fazem isso por evoluírem finalmente, defendendo a classe LGBT ou só estão tentando se desvencilhar da pecha de gays. No entanto as piadas com sabonetes caindo e a caracterização de Ving Rhames como um sujeito violento e mal encarado que tem receio de sair do armário é uma citação meio pesada.

    Os aspectos de intimidade dos dois amigos são legais, eles brigam feito um casal de verdade, enquanto Chuck é um completo desonesto com a bela advogada. O modo como se retrata a amizade e cumplicidade incondicionais é acertada, mostrando um homem enlutado em tentar superar suas questões afetivas.

    Exigir lugar de fala é um exercício fútil, mas não ter um ator gay no elenco fora figurantes é demais, todos os homossexuais são caricatos e feito por héteros, de assumindo homo afetivo há Richard Chamberlain, não ha conhecidos lgbts entre os mais famosos, e todas as mentiras contadas junto a mobilização da comunidade faz parecer algo ofensivo, que piora demais no final, quando se “justifica” a fraude contra o Estado. A perversão da quebra da lei através de mentiras sobre identidade denuncia claro a morosidade e burocracia das instituições estadunidenses, mas também faz uma associação complicada junto aos bombeiros e aos homossexuais. As intenções por trás de Eu Vos Declaro Marido… e Larry podem até serem boas, mas seu resultado final é generalista e pejorativo.

  • Crítica | Gente Grande 2

    Crítica | Gente Grande 2

    Gente Grande 2 começa de maneira bizarra, com um cervo digital (e dos mais fajutos) invadindo o quarto de Lenny Feder (Adam Sandler) e sua esposa Roxane (Salma Hayek), desencadeando uma louca introdução, com o animal digital atravessando a casa, para além de reintroduzir o núcleo familiar como o principal entre os que serão mostrados, ainda ter tempo de já nos primeiros instantes, fazer piada com excrementos, com o bicho urinando nos membros do clã.

    Denis Dugan e Sandler retomam sua parceria cinco anos depois de Gente Grande, e se percebe que os Feder vão enfim morar na mesma cidade de seus amigos e antigos desafetos, então os encontros são bem mais freqüentes.

    Como não é movido por um evento ou reunião, os personagens podem confraternizar com os mesmos com quem tinham rivalidade no primeiro filme, sem maiores problemas ou justificativas, além disso, os filhos dos amigos acabam tendo um entrosamento maior, graças a presença mais presente deles..

    O fato do roteiro ser mais frenético faz aplacar a ausência de Rob Schneider, embora falte alguém que seja o saco de pancadas de piadas, que basicamente, são disseminadas entre  os personagens mais velhos, que sofrem claro algum nível  de bullying de estudantes universitários. Esse conflitos fazem esse ter algumas semelhanças com Vizinhos 2, que seria lançado alguns anos após esse.

    As participações especiais seguem com boa parte dos atores e humoristas que orbitam os filmes da Happy Madison, como Nick Swardson, Steve Buscemi, Georgina Engel, Jon Lovitz, e até o ex pivô da NBA Shaquille O’Neal que alias, tem um cabelo raspado dos mais falsos possível, com uma peruca igualmente fajuta.

    Diferente do primeiro filme, esse não se preocupa muito em ter um humor familiar e inocente. Havia sim algumas insinuações sexuais no primeiro episodio da franquia, mas nada tão explicito e torto quanto a apresentação de balé das crianças comandada por April Rose, ao mesmo tempo, o longa trata de sexualizar também os homens, numa cena de lava jato com atores semi famosos, como Andy Samberg, Patrick Schwarzenegger etc. A cena fica tão grotesco que inclui até Peter Dante dando banho em Shaq.

    O final  é apoteótico e quebra um pouco do marasmo que foi quase todo esse Gente Grande 2, a repetição da formula faz a historia sair muito desgastada, mas o carisma de Sandler, David Spade, Kevin James e Chris Rock ajuda a salvar um pouco o todo, especialmente pelo entrosamento entre eles e pela possibilidade de não ficar tão limitado em matéria de cenário e que pode enfim  ser mais generalista.

    https://www.youtube.com/watch?v=wGyjbrMC-Ok

  • Crítica | Um Faz de Conta Que Acontece

    Crítica | Um Faz de Conta Que Acontece

    Longa em live action da Disney, Um Faz de Conta que Acontece é uma historia lúdica, sobre o jovem Skeeter Brosnon, o filho de uma familia cujo pai Marty é bem amoroso e atencioso, um belo contador de histórias feito por Marty Prince. Com o tempo, o garoto cresce, sua realidade muda, uma vez que adulto ele não consegue repetir os bins feitos de seu, trabalhando como faz tudo do hotel que seu pai ja foi dono. Nesta fase, ele é interpretado por Adam Sandler, e ele tem esse trabalho basicamente por pena, além disso, ele tem uma irmã, da qual é um pouco distante.

    Sandler ganhou uma fama de ator de filmes péssimos, muito gracas ao que sua produtora a Happy Madison costuma produzir, os populares “filmes de Adam Sandler” normalmente mostram o personagem do ator agindo como um idiota, que de repente se vê aprendendo uma lição ou recebendo uma mensagem transcental, que o faz encontrar sua real essência e o faz se tornar sedutor para belas mulheres. O curioso, é que o filme de Adam Shankman se utiliza desse signos, mas tem uma qualidade que o diferencia desses outros.

    Shankman tem tradição em trabalhar com musicais, em Hairspray – Em Busca da Fama ele já havia mostrado isso, mesmo depois de Um Faz de Conta Que Acontece ele conseguiu outros filmes legais, cuja carga emocional se faz muito presente, seja em Rock of Ages – O Filme ou no seriado  Glee, e essa experiência serve muito bem a história de Skeeter, sobretudo pela química que o sujeito tem com os seus sobrinhos. Mesmo que o elenco adulto seja irritante (principalmente pela participação de Richard Griffiths e Russell Brand), as crianças Jonathan Morgan Heit e Laura Ann Kesling fazem o encanto do filme sobressair, enquanto ouvem as historias fantasiosas do seu tio, cuja criatividade é tão nula que ele basicamente repete os fatos de seu dia ali. A mágica começa a partir do acréscimo deles, e faz com que o sujeito ascenda a novas posições na disputa por uma promoção em seu trabalho.

    Mesmo com a face de bobo alegre, muito repetida, a forma como o roteiro de Matt Lopez e Tim Herlihy faz toda a fantasia fazer sentido, mesmo quando os amigos do astro aparecem. Rob Schneider tem talvez a participação mais acertada dos últimos anos em filmes de Sandler, seu momento é bem comedido, assim como os dos outros “empregados” da Happy Madison.

    A trajetória de Skeeter tem uma evolução, que ocorre principalmente pelo medo de repetir os erros de seu pai, e gradualmente a historia lida com questões pesadas, como divorcio, ainda que não deixe de lado a abordagem ao estilo dos estúdios Disney. Mesmo com personagens bidimensionais, principalmente no quesito opositores, é natural que em uma história tão repleta de arquétipos eles sejam assim, pois este é um filme que toma emprestado elementos dos contos de fadas e filmes de princesa. Apesar de cafona a vingança de Skeeter é bem feita, e em mio a tantos filmes com a mesma formula, Um Faz de Conta Que Acontece se destaca por sua docilidade e por não apelar tanto para os clichês das comedias de seu ator principal.

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  • Crítica | Hotel Transilvânia 2

    Crítica | Hotel Transilvânia 2

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    Genddy Tartakovsky prova seu extremo cuidado com seu antigo produto, ao realizar novamente a direção de Hotel Transilvânia 2, que por sua vez começa com a festa de casamento de Jonathan (Andy Semberg) e Mavis (Selena Gomez), claro, sob os olhos atentos do controlador Drácula (Adam Sandler), que se encarrega dos preparativos, como tradicionalmente ocorre com o pai da noiva.

    Os gracejos começam a partir da introdução, quando a noiva e o pai não conseguem sair nas fotos, aludindo a questões canônicas desde Bram Stoker. Após o matrimônio, nasce o pequeno Dennis – ou Denisovich, como nome vampiresco – o que novamente afeta Drack na proteção excessiva e na tentativa de repetir a própria identidade em um descendente, tentando replicar no rapaz aparentemente humano.

    Ao conviver em casal, Mavis percebe a necessidade de conhecer mais profundamente a cultura humana e experimenta uma vida dos seres sem capacidades  e poderes monstruosos. O desespero faz Drack apelar, levando seu neto para uma aventura com seus parentes, finalmente fazendo uso das figuras coadjuvantes, subaproveitadas no primeiro filme, a exemplo de Frankenstein (Kevin James), Wayne (Steve Buscemi), Griffin (David Spade) e Murray (Keegan-Michael Key). O momento de interação serve basicamente para mostrar os bons tempos de cada um dos monstros, exibindo sua forma já idosa como pretexto para a diminuição dos sustos ao longo dos anos.

    O desenrolar dos fatos traz à tona o personagem Vlad, um vampiro ancião que foi responsável por uma pausa na reclusão de Mel Brooks, dublando novamente, como em Robôs e As Aventuras de Peabody e Sherman. O papel escolhido para o veterano humorista beira a perfeição, visto que reúne o sarcasmo em forma de desprezo típico de seus antigos papéis, bem como apresenta uma extrema reverência dos personagens – e intérpretes – a sua figura.

    O desfecho é tão adocicado quanto foi o do filme original, apresentando mais uma pequena história de redenção e aceitação por parte de figuras normalmente encaradas como vilanescas. O trabalho de Tartakovski em apresentar histórias infantis que não subestimam seu público prossegue pontual e mais competente em cada capítulo, não recorrendo sequer aos defeitos comuns de continuações.

  • Crítica | Hotel Transilvânia

    Crítica | Hotel Transilvânia

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    A carreira de Genddy Tartakovsky em animação é dedicada a discutir estereótipos. Foi assim em Samurai Jack e até em sua versão de Clone Wars, onde apresentava uma interseção entre os episódios II e III de Star Wars. A ideia por trás de Hotel Transilvânia mistura a moda recente de tornar antigos vilões em protagonistas bonzinhos, fugindo do maniqueísmo habitual, junto a premissa do clássico Deu A Louca nos Monstros, ao se focar na figura do Conde Drácula (Adam Sandler) como dono do estabelecimento que abriga criaturas monstruosas, ao estilo dos filmes antigos da Universal.

    A diferença báscia entre essas e outras paródias está na construção do repertório de Drack, como um pai super protetor, deixando sua filha Mavis (Selena Gomez) longe de qualquer possibilidade de interação com os temíveis humanos, que perseguiram a si e aos seus amigos no passado. A trama passa a amadurecer, quando o morto vivo permite a sua saída, ainda que breve em seu aniversário de 118 anos. A realidade mostra um ardil, preparado pelo patriarca ancião, que acaba por convencer sua herdeira de se recolher. O chamado à aventura ocorre quando Jonathan (Andy Samberg), um humano tenta se hospedar no negócio familiar de Drácula, sem poder ser recusado, graças a grande movimentação das festividades.

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    O roteiro, repleto de coincidências e viradas bobas de amor é somente um pretexto para Tartakovsky apresentar referências a literatura de terror e para figuras do cinema de David Lynch, David Cronenberg e Ken Russell. Em algum ponto, o argumento se permite ousar um pouco mais, antevendo questões de reversão de expectativa, vistas futuramente em produções como Malévola, ainda que neste, a prerrogativa seja bem menos pretensiosa.

    Hotel Transilvânia possui todas as gags visuais típicas das animações infantis, abusando da cor chamativa e da docilidade das falas, se apoiando também em um protagonista a príncipio visto como malvado, e claro, em um romance improvável da mocinha no forasteiro. Mas a perversão do status quo conservador é bem mais interessante neste do que nas comédias que beiram a imbecilidade vistas na trilogia Meu Malvado Favorito (incluindo ai Minions) e nos demais pares, surpreendendo pelo subtexto de aceitação não só da própria identidade, como da influência externa de um mundo hostil.

    Compre: Hotel Transilvânia

  • Crítica | No Auge da Fama

    Crítica | No Auge da Fama

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    No Auge da Fama traz o famoso Chris Rock em uma jornada de descobrimento de sua própria arte. No papel de Andre Allen, um famoso comediante que iniciou sua carreira no stand-up comedy dos bares nova-iorquinos, migrou para o cinema com filmes de besteirol e hoje resolve que é hora de ser levado a sério em um filme histórico sobre a revolução haitiana. Ex-alcoólatra, tem como maior sucesso o filme no qual interpreta um urso policial. Preocupado em divulgar o filme que não fará mais dele uma piada, aceita ser acompanhado pela jornalista Chelsea Brown (Rosario Dawson) e assim mostrar seu “verdadeiro eu”.

    E é com essa mistura de humor nonsense com encucações artísticas sérias que Cris Rock volta a dirigir e escrever para o cinema. Em um filme profundamente biográfico, apesar de não usar seu nome, questões sobre relevância artística são levantadas com base na sua personalidade e trajetória artística já conhecida. O cenário é aquele onde o ator cresceu, a família histriônica de Todo Mundo Odeia o Chris. Tudo lá parece corroborar que Andre e Chris em alguma instância são Chris Rock.

    Na trama que acompanha o período pré-nupcial de Andre com a celebridade instantânea de reality show Erica Long (Gabrielle Union) numa clara alusão às irmãs Kardashian e afins, Andre vive uma crise não só na carreira, mas também uma crise pessoal que o impede de fazer aquilo que gosta e que o deixou famoso pelas desconfianças de sua própria capacidade como artista, enquanto sua noiva ganha sua vida expondo a própria privacidade e vendendo sua vida mesmo que não possua nenhum talento aparente. Sóbrio, já não se sente confiante em se expor ao público e então planeja se rever. O medo é de ser apenas aquilo que parecia no começo, como se fosse pouco.

    Já a personagem de Rosario Dawson representa o papel e impacto da crítica na vida do artista, que muitas vezes recorre a sensacionalismos ou simples raiva passiva, ou uma espécie estranha de incentivo nostálgico que faz com que aquele que ontem era o melhor de todos, hoje seja massacrado. Em certas nuances e temas, No Auge da Fama tem muitas das discussões apresentadas no filme Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) ao testar essa dinâmica estranha entre crítica e artista e os olhos do público sobre isso tudo. Da apelação capaz de provocar o público e abrir suas carteiras à necessidade de encontrar sua verdadeira arte.

    Feito para divertir, porém, Chris Rock apresenta um final muito mais otimista do que seu equivalente dirigido por Alejandro Iñárritu e se dispõe desde o começo a se reconciliar com este vendaval que atinge sua vida, e do qual inicialmente não pretendia sair por simplesmente aceitar ser aquilo que as pessoas esperam dele, ou o que ele acha que esperam. Como resultado de público e crítica favoráveis, este filme traz Chris Rock para uma luz nova, amadurecida e igualmente irreverente e contestadora, com um número incrível de participações super especiais, demonstrando todo o poder do carisma e inteligência deste artista.

    Compre: No Auge da Fama (Dvd | Blu Ray)

    Texto de autoria de Marcos Paulo Oliveira.

  • Crítica | The Ridiculous 6

    Crítica | The Ridiculous 6

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    O cinema de Adam Sandler, salvo raras interpretações dramáticas, se divide em duas vertentes de comédia. Uma delas, a primeira na qual o astro se tornou conhecido, dedica-se a um humor explícito entre ironia, paródia e piadas físicas de apelo fácil. Outra se ancora em certa tradição da comédia romântica, transformando o ator em uma espécie de galã em histórias em que o conhecido humor exagerado fica mais leve, integrando melhor com a trama.

    Em ambos os caminhos, porém, o ator é criticado e ainda mantém o status de um dos atores menos rentáveis da indústria. O forte apelo de algumas produções se somam a outras obras pouco frutíferas, promovendo um caminho difícil em que o público nunca parece receptivo com suas histórias. Um fato que ainda não o impediu de ser personagem principal de diversos filmes e de manter sua popularidade fora dos Estados Unidos. Em nosso país, por exemplo, seus filmes sempre estreiam em primeiro lugar e se mantêm na lista dos mais assistidos.

    Assinando com a Netflix para produzir quatro longas-metragens, The Ridiculous 6 é o primeiro fruto dessa parceria que equipara o cinema tradição e o serviço de streaming em um mesmo patamar, com grandes produções e estrelas de destaque. Na trama, Tommy “Faca Branca” Stockburn parte em uma jornada para resgatar seu pai fora da lei, e no caminho descobre que tem cinco irmãos.

    Logo após o lançamento, as críticas negativas atribuíram o humor de Sandler como preconceituoso com os personagens abordados. Como em outras obras anteriores com o comediante, o roteiro utiliza clichês comum, no caso, o Velho Oeste, para produzir personagens caricatos. Como humorista, o ator nunca renovou seu repertório cômico e seu estilo de sempre é o visto em cena com piadas sobre escatologia, personificando figuras deslocadas e usando o riso como paródia. Nada de novo dentro de seu estilo de humor. A comédia sempre visa um alvo, afastando a realidade para rir de si mesma e, neste cenário, a produção ainda é capaz de rir do conceito que o cinema americano criou do cinema Western.

    Em cena se destacam as parcerias costumeiras do ator, como Rob Schneider e John Turturro, compondo certa química para uma história que não apresenta nada de novo. Dado que o humor de Sandler está preso à própria formula criada, aos poucos parte do público começa a rejeitá-lo pelo cansaço.

  • Crítica | Pixels

    Crítica | Pixels

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    A nostalgia é uma grande ferramenta para o entretenimento, pois faz com que o espectador já entre na sala do cinema com um sentimento prévio em relação aos personagens que ainda nem viu, e quando usada da forma correta consegue satisfazer mesmo apresentando um material simples. Em Pixels, uma sonda é enviada ao espaço com informações sobre a Terra, como um vídeo da Madonna e informações sobre o Campeonato Mundial de Fliperama de 1982, porém uma raça alienígena interpreta o ato como um desafio e envia videogames para provocar os terráqueos em um Campeonato Intergalático.

    Apoiando-se no amor universal de todos aqueles que passaram pelos anos 1980 e vivenciaram o advento dos jogos eletrônicos, possuindo o Atari como babá eletrônica e o fliperama e casas Arcades como parque de diversões, a obra conta a história de três meninos que tiveram o ponto alto de suas vidas no campeonato mundial de fliperama. Já quando adultos e frustrados com seus destinos, encontram-se no centro deste ataque.

    Assim como os chamados Arcades, a estrutura de Pixels, novo filme da universal que já vinha tentando sair do papel há muito tempo, baseia-se na repetição de padrões. Não por acaso a dupla Kevin James (Segurança de Shopping) e Adam Sandler (Trocando os Pés) integram o cast de modo a repetir o sucesso conquistado em outros projetos.

    Para dar sustância à premissa, um elenco de peso é usado para garantir qualidade das piadas e a empatia e simpatia do público que Sandler há um bom tempo parece não assegurar mais em seus filmes. As principais aquisições são o prodígio Josh Gad (Jobs, Frozen) e o sempre competente Peter Dinklage (Game of Thrones, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido). Ambos os atores roubam a cena em cada uma de suas aparições, o que favorece o filme como um todo, já que na ausência de uma roteiro mais interessante a película precisa sustentar-se sobre o talento individual.

    Se a simplicidade é algo que pode contar a favor de Pixels, ele também se mostra refém das fórmulas criadas nas comédias tipicamente masculinas, como o romance improvável entre o fracassado e a linda garota, algo sempre montado de forma apressada, inverossímil e nunca em favor da trama. Aqui não é diferente, em todos os momentos românticos entre o personagem de Sandler e Michelle Monaghan. É difícil de saber o quão consciente são os clichês apresentados, já que o diretor Chris Columbus tem em seu currículo desde clássicos como Uma Babá Quase Perfeita até filmes totalmente esquecíveis ou ruins como Percy Jackson e o Ladrão de Raios. Essa irregularidade dificulta na hora de decidir se, por exemplo, a piada com relação ao personagem Smurf é apenas uma bobagem sem intuito narrativo algum, ou se é uma alfinetada ao tradicional papel de “Smurfete” que as meninas ganham nesse tipo de comédia (Assim como nos Smurfs, a personagem feminina se mostra um adorno da relação masculina, aquela que “realmente importa”).

    Se o filme se mostra arrastado a todo momento, que se descola da simplicidade proposta, quando os esperados personagens dos videogames se mostram e a comédia se torna a prioridade tudo parece dar certo e Pixels se mostra uma diversão despretensiosa onde a relação entre gráficos e ação tem destaque. E tão melhor seria Pixels quão maior fosse sua busca em trazer diversão através da dinâmica entre personagens, que apesar de se perder em alguma fórmulas que não funcionam, garante uma diversão saudável com momentos pontuais, principalmente vindos de Josh Gad e Dinkale e Q*bert, excelentes.

    Texto de autoria de Marcos Paulo Oliveira.

  • Crítica | Trocando os Pés

    Crítica | Trocando os Pés

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    Um dos atores menos rentáveis de acordo com a lista da Forbes, Adam Sandler é reconhecido pelas comédias divididas entre uma categoria mais escrachada, sem pudor para piadas, e um caminho suave que envolve histórias de amor em comédias românticas.

    Um dos cartazes de Trocando os Pés (imagem escolhida para o pôster brasileiro) comete um equívoco interpretativo que fará o público imaginar que esta produção é mais uma estrelada e produzida pelo ator com o humor peculiar. Porém, o filme dirigido e roteirizado por Tom McCarthy (UP: Altas Aventuras) apresenta outra dinâmica que recoloca Sandler em uma história levemente dramática – único gênero em que o ator se destacou interpretativamente – e com elementos fantasiosos. Talvez o título original, O Sapateiro, fosse simples demais para o mercado brasileiro. Mas evitaria o tom cômico que, aliado ao cartaz, nos faz imaginar mais um dos produtos típicos do comediante.

    Na trama, o ator é Max Simkin, um sapateiro judeu que se sente desanimado em relação a vida. Não sabe se seguir a profissão do pai é sua verdadeira escolha e, dia a dia, vive a rotina sem muita animação. Em um dia consertando costumeiramente um sapato, seu maquinário quebra e o profissional recorre a uma velha máquina herdada do pai. Ao experimentar o calçado recém arrumado, descobre que qualquer peça consertada pelo aparelho lhe permite ter a aparência de seu dono original.

    Se há alguma semelhança desta história com suas comédias anteriores está o uso de um argumento fantástico como gatilho para a trama. Como em Click e Um Faz de Conta Que Acontece, a realidade é modificada diante de um objeto ou situação mágica. O fantástico produz uma dimensão mais infantil para a trama pela maneira lúdica – e improvável – com que se apresenta, transformando esta trama em um filme familiar. A própria personagem central sente um encantamento puro ao descobrir a magia trazida pelos sapatos, inferindo ao público uma sensação de história fabular com um personagem bondoso, portador de um artefato mágico que, à procura de se encontrar, realiza peripécias contra inimigos qualificados como ruins e a favor de uma possível mocinha.

    O diretor, McCarthy, que ainda está em início de carreira como diretor, é conhecido por suas obras alternativas com destaque para O Agente da Estação, com o pequeno notável Peter Dinklage. Trocando os Pés é seu filme de maior apelo até então, e a figura de Sandler – mesmo não rentável – um atrativo ao público. O roteiro escrito pelo diretor em parceria com Paul Sado destoa na composição entre fantástico e realidade. Um recurso que acrescente uma nova camada à realidade pode ser eficaz para produzir estranheza se o roteiro como um todo for coerente. Filmes como Mais Estranho Que A Ficção e Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças demonstraram eficácia nesta afirmação com uma história voltada para adultos.

    A maneira como inicialmente a transmutação pelos sapatos é apresentada não retira a impressão de um filme mais familiar, ainda que seu roteiro pareça voltar-se para um público mais velho do que para jovens e crianças. Pela falsa impressão de ser mais um produto bobo de Sandler, o filme pode afastar público específicos. Porém, mesmo com partes dissonantes, a sensibilidade da história vem à tona e sustenta o filme com leveza e ainda apresenta um Dustin Hoffman, como sempre, com excelência e credibilidade em seu papel.

  • Crítica | Homens, Mulheres e Filhos

    Crítica | Homens, Mulheres e Filhos

    Homens-Mulheres-Filhos

    O acesso à internet utilizando computadores pessoais, tablets e celulares demonstra o alcance da informação nos dias de hoje. Boa parte das interações humanas é atualmente mediada pela rede – provavelmente por uma conexão sem fio – e por algum sistema eletrônico. Uma rede mundial conhecida pela população, e utilizada em demasia para busca de necessárias informações sobre como viver melhor, e pelo vício inerente a qualquer atividade humana.

    Homens, Mulheres e Filhos, sexto longa-metragem de Ivan Reitman, é adaptado do romance de Chad Kultgen, conhecido pelos romances retratando as relações – principalmente, sexuais – dos Estados Unidos. A obra traça um panorama de personagens inseridos neste moderno mundo contemporâneo onde a comunicação virtual é uma realidade paralela ao nosso cotidiano.

    A primeira cena do longa-metragem apresenta o espaço e a sonda Voyager, parte de um projeto da NASA criado em 1977 para estudar outros planetas. Em 2013, a sonda foi o primeiro objeto a sair do sistema solar. O famoso cientista Carl Sagan foi responsável pela seleção de diversas informações terrestres com o intuito de comunicar com outros seres. Estas informações são apresentadas em uma narrativa em off como base comparativa entre a vastidão do Universo e a importância da Terra, uma casca insignificante perante o infinito.

    Uma teia de personagens é apresentada diante desta era virtual. São homens, mulheres e adolescentes que mal se comunicam e utilizam o meio virtual como projeção de suas frustrações, sejam elas sexuais, como ocorre com o primeiro personagem a surgir em cena, Don Truby, um pai que acessa sites de pornografia online no computador do filho; familiares, quando Patricia Beltmeyer monitora ativamente os passos da filha, Brandy; ou utilizando-se de um meio para conquistar lucro e fama, como faz a mãe de Hannah Clint ao criar um site para a publicação de ensaios semi nus de sua filha; entre outros personagens que, em maior ou menor escala, utilizam a internet para dar vazão a seus vícios ou desvios emocionais e sexuais.

    O roteiro transforma tais elementos de maneira redutiva, fazendo cada personagem uma representação de um vício, com situações que beiram a fatalidade iminente. Relações que são alteradas pelo curso de outras vidas, demonstrando que nem pais, nem filhos têm a orientação adequada para adaptar-se a estes novos tempos. Trata-se de uma maneira extremamente dramática que enfatiza o lado negativo da relação virtual. Seria ela a base ou parte da justificativa para os duros tempos atuais.

    Sendo uma ferramenta utilizada diariamente pela grande parcela da população mundial, torna-se evidente, através de observação direta, que o mundo virtual apresenta elementos positivos e negativos. O roteiro parece calculado para ser excessivamente dramático e, dada a ênfase no lado negativo das relações e destes mundos paralelos, um tanto panfletário.

    Para fundamentar as histórias apresentadas, o bonito texto de Carl Sagan, Pálido Ponto Azul, é citado em cena e está presente no começo e no fim da trama. Um recurso para demonstrar de maneira explícita um enredo que o público já compreendeu, a saber: devemos ter consciência de como estamos lidando com as relações humanas tanto no interior familiar como no cotidiano externo.

    Em obras anteriores de Reitman, mesmo apresentando histórias contemporâneas ásperas, como a do vendedor de cigarros sem moral; da escritora de young adult que ainda vive como adolescente; do amor como uma fuga da realidade; e da gravidez na adolescência, o diretor e seus parceiros roteiristas sempre trabalharam enredos que variam tensões positivas e negativas, compondo um estilo agridoce e bem equilibrado.

    É inegável que as tramas apresentadas possuem uma base real, mas a concentração de tantos personagens exibindo seus vícios, parecendo desconhecer informações, análises, estudos e diversos elementos sobre a mudança de estruturas que a rede virtual trouxe, transforma o roteiro em um exagero calculado para provocar uma espécie de choque e de ruptura.

  • Crítica | Juntos e Misturados

    Crítica | Juntos e Misturados

    juntos e misturados

    Uma dupla de pessoas de background completamente diferentes – que em comum tem apenas o fato de já terem sido casados antes – resolve se encontrar. Após o “gracejo” desastroso, cada um dos pares segue seu rumo, sem esperanças de que aquilo dê certo. A sinopse serve para milhares de comédias românticas contemporâneas e seu tom genérico aumenta ainda mais quando o casal é vivido por Adam Sandler e Drew Barrymore. Toda a atmosfera familiar exagerada dos últimos cinco filmes do astro estão presentes em Juntos e Misturados, ainda que o toque de sentimentalismo seja mais forte neste do que nos espécimes recentes.

    Enquanto Jim Friedman (Sandler) é um trabalhador americano ordinário e entusiasta de esportes, o típico homem comum, que tenta a duras penas levar uma casa sozinho após a traumática morte de sua esposa, por câncer, Lauren Reynolds (Barrymore) também trabalha com comércio, vendendo artigos femininos, e como seu malfadado parceiro, tem uma mania de organização compulsiva e capitaneia uma casa sem um pai.

    O dicotômico roteiro põe a dupla de adultos desajustados tendo que lidar com filhos de sexos e realidades diferentes dos seus. Como era de se esperar, os rebentos da dupla sofrem com uma série de complicados problemas, com cada um lidando com a “perda” a seu modo, sendo alguns destes bastante curiosos. Muito conflito espera a quem assistirá esta obra, feita para ser curtida por toda a família – mesmo que o grosso das piadas tenha sido repetida ao menos catorze vezes em filmes recentes – pois as duas parentelas acabam indo para uma viagem compartilhada na África, cujo foco das desventuras é o romance, que obviamente não existe.

    Os gracejos que funcionam são os que apelam ao carisma dos infantes em sua jornada de autoconhecimento e superação. Outra fonte de risos são as situações que envolvem outros astros, como Terry Crews. O trabalho humorístico de Sandler é quase como o de um curador, que angaria pessoas que podem exercer no público uma miscelânea de risos que o próprio não é mais tão capaz de fazer – ao menos não neste tipo de comédia, uma vez que em Tá Rindo do Que?, de Judd Apatow, seu tino para o grotesco decadente funciona.

    O texto de Clare Sera e Ivan Menchell é levíssimo, repleto de situações de riso fácil. Dado o repertório de Frank Coraci como diretor, achar que tal guião causará uma reflexão profunda ou conterá alguma inteligência é um exercício de um desavisado. Há bons momentos, alguns até edificantes, mas nada perto da emoção e singeleza de Click – talvez o melhor fruto da parceria entre ator e diretor.

    Apesar de toda a pieguice presente na máxima de aproximação e reaproximação do casal que não deu certo na primeira, mas que acredita dar certo em tentativas posteriores, o reencontro de Lauren e Jim ocorre de modo pouco mecânico, respeitando até a falta de química que ambos mostraram ter durante toda a fita. A reconstrução da moral de ambos passa por percalços sérios, e não vem a ter êxito logo na primeira tentativa, emulando as situações da vida real, a aproximação acontece de modo gradativo, algumas vezes até dolorosa. A restauração do “amor” não envolve somente o par de “pombinhos“, mas toda a(s) sua(s) família(s), em uma conspiração conveniente, onde tudo se encaixa de modo perfeito para ambos os clãs. Ao final a celebração constrangedora e hiper feliz de todos os personagens ocorre – como aconteceu antes, em cada quinze entre vinte filmes de Sandler. No entanto, a produção é menos desrespeitoso que os últimos filmes do ator, não agredindo demasiado o seu expectador.