Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira, Jackson Good (@jacksgood) e Rafael Moreira (@_rmc) se reúnem para comentar sobre os seus dias na quarentena em um bate-papo descompromissado sobre reality shows, lives e muito mais.
Duração: 110 min. Edição: Julio Assano Júnior Trilha Sonora: Julio Assano Júnior
Arte do Banner: Bruno Gaspar
A terceira temporada de Westworld se inicia dirigida por Jonathan Nolan, mostrando uma ação na China, que remete a outra série do mesmo criador, Person of Interest. Não há demora em mostrar a Dolores de Evan Rachel Wood num prólogo, brilhando muito enquanto liberta uma mulher da mesma escravidão que ela mesma sofreu.
Os primeiros episódios apresentam novos conceitos, enquanto os antigos personagens estão em um novo cenário, não mais no simulacro. No entanto, o que se vê na realidade é uma produção visualmente interessante, mas uma completa ausência de desenvolvimento narrativo para qualquer um dos personagens. O personagem de Aaron Paul, Caleb, é um protótipo de novo herói, como Jimmi Simpson foi na primeira temporada, mas ao contrário do primeiro ano, aqui também não há gravidade ou desenvolvimento dramático, somente alguns elementos de fan service e cenas de ação bem coreografadas, porém, quase sempre vazias de significado.
A história se desenrola numa linha temporal diversa da temporada anterior. No início, mantém um mistério sobre a exatidão de sua cronologia, para logo depois mostrar que não há muita criatividade na abordagem de passado e futuro, sendo retilínea no presente. Nolan e Joy podem desenvolver o que quiserem, e incrivelmente, quando seu parque de diversões se expande, eles parecem ter sérias limitações.
Westworld teve um bom hiato, seu último episódio havia sido exibido em 2018, então pressa não é uma boa desculpa para as fragilidades de seu roteiro, e o pior, a expansão da história a outros lugares não garantiu novos rumos, mas uma série de tramas genéricas. Outro aspecto incômodo e que não é funcional, são as viagens pelo globo atrás das manifestações dos anfitriões no mundo externo. Isso ajuda a diluir partes da historia que poderiam soar interessantes, tudo fica muito frio e impessoal. Algumas cenas de ação até são bem apresentadas, mas nada que faça a série ultrapassar a linha da mediocridade. As lutas boas não justificam o motivo delas não fazerem sentido nas suas motivações. É até interessante que uma série traga uma atmosfera cyberpunk para a televisão, mas a completa falta de assunto e discussão faz o texto final soar bobo. Os momentos finais ainda guardam péssimas referências a Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas e Clube da Luta.
Na semana do episódio final, foi anunciada a renovação para uma quarta temporada, ainda sem data para ocorrer, mas o que se espera é que a próxima aventura seja menos baseada em sensacionalismo e fan service barato, e mais em um bom texto e um desenvolvimento de personagens mais aprofundado.
Dois anos após a Westworld – 1ª Temporada, o seriado finalmente voltou ao ar, com um previously de quatro minutos, a fim de tentar rememorar os eventos importantes que ocorreram no outro tomo. Após algumas cenas de flashback, que mostram Bernard (Jeffrey Wright) conversando com Dolores (Evan Rachel Wood), é mostrado o destino de ambos, depois da revolta que aconteceu no parque.
Nos primeiros momentos da segunda temporada, mostra-se também os rumos que a revolução tomou, e os passos dos antigos anfitriões são dados de maneira gradativa. O desenrolar dos planos de expansão são bem lentos, fato que faz esse episodio soar muito lúdico, beirando a irrealidade, cortada obviamente pelo momento em que Bernard acorda na areia da praia, para contemplar um grupo de anfitriões mortos na beira do mar e também alguns humanos que estão lá para conter o que quer que tenha de fato havido no território da Companhia Delos.
A fagulha de favoritismo que Arnold plantou em Dolores cresce, para ser ela a líder da rebelião das novas formas de vida. Seu modo de agir é implacável, não por ser essa sua natureza, mas por sofrer estímulos de ódio e violência há muito tempo. As cenas onde ela persegue seus inimigos, com musica clássica instrumental ao fundo tem um pouco de humor fino em meio a violência absurda, em uma combinação de sabor semelhante a quando se usa queijo para quebrar o doce. O assassinato e as baixas entre programadores e funcionários do parque fazem lembrar que movimentos revolucionários não ocorrem só com ações propositivas pacificas, mas sim sangue dos opositores e a posição de Dolores é bem incisiva nisto.
Já a Maeve de Thandie Newton, que ganhou a habilidade de comandar as hordas de anfitriões age de maneira independente também, no sentido de dominar o parque mas por outras vias, até de conciliação aparente. Para a personagem , o mais importante ali é conseguir achar a filha que programaram para si, para conseguir entender se a historia que ela conhece tem contornos sentimentais naturais seus ou simplesmente programados como boa parte dos acontecimentos que lhe ocorrem.
Na primeira temporada havia um uso enorme de retornos no tempo, mas por conta dos mistérios que envolviam a criação do parque e suas conseqüências, esse excesso foi de certa forma corrigido aqui. Mesmo as participações de Ed Harris como Homem de Preto/William fazem mais sentido, acrescentando camadas a mitologia por trás da engenharia que envolve a Delos. Mesmo as participações de Jimmi Simpson são mais pontuais, estando ali para basicamente aludir a depressão e a vaidade, refletindo bem sobre as escolhas que o sujeito fez dentro e fora do simulacro.
Alem de avançar bem sua trama, Westworld nessa segunda temporada se dedica a expandir seu universo, mostrando outros cenários, como o Shogun World ou Nação Fantasma. Neste ponto a ação da trama principal não corre tanto, mas o arco de Maeve (talvez o mais rico desse segundo ano) consegue expandir bem. Boa parte dessas ideias foram aludidas em Futureworld, continuação de Westworld: Onde Ninguém Tem Alma, chamada no Brasil de Ano 2003: Operação Terra, em especial sobre o replicar de humanos nos anfitriões, enquanto o início, tem semelhanças com a trama do filme Mundo Perdido – Jurassic Park, em especial por mostrar que a natureza dá seu jeito de continuar a evoluir seja em qual for o ecossistema. Os escritores deixam claro a admiração pelo trabalho de Michael Crichton, escritor do livro Jurassic Parke de sua continuação, além de ser o diretor do filme que deu origem a série.
A Terra Prometida transcende a condição de paralelo com o cristianismo, o lugar em si não é necessariamente físico, e sim mental, ou no caso em se tratando de bio ciência e de androides/anfitriões, claramente é sobre um lugar onde se transporta só a consciência em forma de memória backup para esse espaço, um lugar onde possivelmente não haveria como ocorrer interferência de qualquer programador ou humano, um legado de Ford.
Jonathan Nolan e Lisa Joy contraria as expectativas, e dessa vez não demora tanto a revelar mistérios que vão se tornando evidentes com o tempo, como fez com relação a identidade de William próximo do fim da primeira temporada. Seu desfecho tem um tom poético, em especial na libertação de alguns personagens. Os touros e búfalos que correm pelos corredores, regidos pela musica orquestrada e pela câmera lenta reforçam o tom de tragédia e de uma luta que aparentemente será incessante até que praticamente todas as partes faleçam. A gênese da rebelião sempre foi Dolores, e seus últimos momentos são dignos de uma heroína quase onipotente. A perversão do sistema e a cena pós credito lida com liberdade de escolha, e com o inexorável destino dos antigos anfitriões, para que possam finalmente agir com algum nível de livre arbítrio. Westworld termina com expectativas enormes para a terceira temporada, e que segundo seus produtores, ainda estaria longe de terminar seu drama.
Continuação de Westworld – Onde Ninguém tem Alma, mas sem o retorno de Michael Crichton, que dá lugar a Richard T. Effron, conhecido por seus trabalhos em Curva da Morte e Um Outro Amanhecer, além de futuro diretor da série V – A Batalha Final. O ponto de partida de Ano 2003: Operação Terra são as sobras do parque Delos, o mesmo onde ocorreu o massacre de visitantes. A tentativa de reconstrução da empresa é vista a partir dos olhos jornalísticos do repórter pouco popular Chuck Browning (Peter Fonda) e Tracy Ballard (Blythe Danner), que é uma entrevistadora bastante famosa. O intuito de convidar a dupla era a de afastar rumores sobre a insegurança do local.
O nome original do longa é Futureworld, e é nesse cenário que abraça o futuro que moram os novos dramas apresentados. O ambiente de velho oeste é deixado de lado, para apresentar um parque multi-temático comum, com brinquedos comuns e que envolvem autômatos. Mesmo o simulador de boxe acompanha uma dupla de androides, presos em uma caixa, obedecendo os controles de luvas que funcionam como joysticks.
A investigação dos jornalistas os faz perceber via discurso que até os cientistas programadores são também mecânicos, já que segundo os relatórios, o caos em Westworld ocorreu graças a uma falha humana. Essa falta de pessoalização soa como uma tremenda teoria da conspiração, e obviamente os dois passam a averiguar com mais atenção e afinco a situação proposta. O grande problema é que a transição da suspeita para a comprovação de que está sendo posto em prática um plano sórdido é demasiado rápida, sem um aprofundamento maior do que deveria ser o principal ponto de discussão.
A trama rocambolesca poderia ter soado melhor, uma vez que a premissa de substituição das figuras políticas importantes por androides da corporação não é ruim, mas o modo como é executado beira a infantilidade. A participação especial de Yul Brinner é gratuita, não faz diferença alguma para a trama em si. A dupla formada por Fonda e Danner não tem química ou carisma, não causando no público nenhuma comoção pelos perigos que sofrem. Os momentos finais são pontuados por uma provocação típica das séries do ginásio, com Browning provocando seu antagonista, o que resulta em uma lástima, já que Futureworld poderia ser interessante independente até de seu original.
Remake do filme setentista Westworld: Onde Ninguém tem Alma, a produção da HBO era cercada de expectativas positivas, principalmente graças a produção executiva do trio J.J. Abrams, Jonathan Nolan e Lisa Joy, com esses dois últimos trabalhando também nos roteiros. O exploitation que mistura elementos do velho-oeste e alta ficção-científica tem seu piloto dirigido por Nolan, que já havia feito um trabalho nos roteiros ao lado de seu irmão, Christopher Nolan, em filmes como Batman: O Cavaleiro das Trevas e O Grande Truque.
Em seu primeiro capítulo, a série demonstra um cunho muito mais reflexivo e cerebral em comparação ao filme original. A nudez das personagens é apresentada de maneira fria, apesar da beleza de quase todos os intérpretes. A primeira personagem apresentada é Dolores, vivida porEvan Rachel Wood, que é uma das androides, que funciona como uma simples camponesa dentro do roteiro planejado a si, mas que guarda um potencial, tendo em seu comportamento de estranheza com o cenário, o primeiro dos indícios de que um dia despertará para uma clarividência de tudo aquilo que ocorre em Westworld. Em seu núcleo narrativo são mostrados em primeiro plano dois personagens, Peter Abernathy (Louis Herthum), seu pai; e Teddy (James Marsden), seu interesse romântico. Ambos tentam protege-la da hostilidade que vem de fora do parque- dos que não são tão autômatos – chamados de anfitriões – e é nesse ponto que se revela o personagem Homem de Preto, interpretado porEd Harris, um sujeito aparentemente cruel, mas que tem uma complexidade comportamental bem maior do que aparenta ser nesses primeiros capítulos.
Outro núcleo apresentado é o dos cientistas, comandados pelo Doutor Robert Ford (Anthony Hopkins) e acompanhado de Bernard Lowe (Jeffrey Wright) um dos homens que trata da engenharia dos androides. A partir dali começa toda uma discussão que mistura elementos presentes nos romances e contos de Isaac Asimov, principalmente na questão da coisificação e na capacidade que seres robóticos tem de sentir e de ter atitudes humanas, e claro em Blade Runner e demais contos de Phillip K. Dick, na situação teórica de não sabedoria a respeito
Uma das dúvidas mais presentes nos mistérios que envolvem Westwordl é até onde podem se estender os limites morais humanos caso não haja qualquer restrição culposa, de justiça ou escrúpulos. Há um mcguffin em relação a um personagem humano nesse quesito, mas a parte realmente interessante dentro dessa proposta, é o despertar da cafetina Maeve (Thandie Newton), primeiro diante daqueles que cuidam de si, depois para a situação de controle em que se encontra.
Outra das questões entre as maiores discutidas, se não o maior é se a perversão do status quo ocorre com os revoltosos a partir de alguma programação prévia, ou como resposta sináptica não programada. A serie suscitou durante sua exibição um número infindável de teorias, semelhante ao fenômeno ocorrido com Lost, sendo quase todas essas teorias ligadas as duas personagens femininas mecânicas, com Maeve ao poucos sendo estimulada a suas lembranças antigas, por meio de um visitante mais benevolente, de nome William (Jimmi Simpson), e Maeve, que se envolve com seus cuidadores Sylvester (Ptolemy Slocum) e Félix (Leonard Nam). Ambos arcos possuem eventos interessantes e outros nem tanto, reunindo questões de sensacionalismo bastante evidente e sonegação de informação pura e simples, obviamente montada para não revelar demais tão cedo. Dentre essas, há algumas incongruências, que somente são notadas ao observar o todo, ainda que grande parte dessas lacunas possa ainda ser respondida em temporadas vindouras.
A exploração do tema relativo as lembranças dos anfitriões ajuda a aumentar a importância do debate ético levantado, propondo a questão de que se os seres automatizados podem sentir, reter memórias e ter consciência própria, não se deveria ter o direito de coisificá-los, ao contrário, já que esses escravos de narrativa e vivência tem muitas semelhanças com o homem que os criou, feitos a imagem e semelhança de Ford e do misterioso programador Arnold. As discussões que o personagem de Hopkins e Bernard tem sobre os detalhes de programação e backgrounds dos anfitriões mostram um complexo e onipotência enorme sobre o inventor de tudo aquilo.
Maeve transporta o comportamento indócil que tem nos laboratórios a sua rotina dentro do parque. A cooperação que recebe dos que fazem sua manutenção põe em cheque se seus auxiliadores são humanos ou construtos, fato que serviria para mais um plot twist. O cenário da Guerra Civil Americana faz lembrar visual e espiritualmente o clássico de Sergio LeoneTrês Homens em Conflito, com Teddy fazendo às vezes de pistoleiro sem nome com o ímpeto do Django de Franco Nero e Sergio Corbucci.
Uma das maiores riquezas no texto do programa é o modo lírico com que ocorrem as manipulações, seja dos organizadores do parque ou com os próprios anfitriões. Ford é um sujeito controlador e astuto, não parece ter qualquer culpa em tratar suas criações como meros utensílios, ludibriando-as mesmo quando apresentam uma vontade categoricamente oposta a si. Sua contra parte contraria pode ser vista em Maeve, não só na dicotomia presente entre criador e criatura, mas também na velha guerra dos sexos, mostrando ambos usando suas armas para moldar a atitude dos que o cercam ao seu bel prazer, sem levantar a voz ou ameaçar de qualquer forma.
O parque é um lugar onde tudo é permitido. Até então, a pecha do Onde Ninguém Tem Alma presente no subtitulo brasileiro do filme não havia feito tanto sentido como neste ponto, uma vez que a diversão e prazer dos que lá chegam é intimamente ligada a dor e sofrimento de outrem. A banalidade que habita o ideal dos visitantes é a de fazer suas próprias dores passando ao usar e abusar de seres inteligentes, que em suma, são tão humanos quanto eles mesmo, com o diferencial de que a maioria dos anfitriões é indefesa perante a programação, que por sua vez também é organizada pela raça opressora.
Para Dolores sobra a revolta via dor, enquanto Maeve se vinga por maus tratos. A aproximação da lembrança de um amor não correspondido e transformando em terror no futuro a faz se tornar amarga e com um desejo insaciável de violência e truculência. Ao final, o desfecho das duas personagens não é mais tão diferenciado quanto foi em toda trajetória de Westworld, e apesar das múltiplas explicações do season finale – e que mataram quaisquer saudades de Interestelare A Origem – há uma conclusão catártica e visceral, com alguns cliffhangers, mas nada absurdamente desrespeitoso com a audiência. Para o publico médio, essa temporada pode soar de difícil compreensão, mais aos olhares mais atentos, certamente a empreitada de Joy, Nolan e Abrams ainda tem muitíssimo a discutir e elucubrar, sobre os porões da alma humana e os anseios do sujeito em tornar-se igual o seu objeto de adulação, renovando as leituras sobre a mito de Prometeu e da Árvore do Bem e do Mal que Adão e Eva desfrutaram, ainda com todo um horizonte a se explorar e refletir.
Começando de modo bastante apelativo, emulando uma propaganda setentista de um parque temático, Westworld – Onde Ninguém Tem Alma tem em suas primeiras cenas uma explicação de como funciona a Delos, um lugar onde crianças, adultos e velhos pagam para ter a experiência do cinema em suas vidas tridimensionais, combatendo autômatos programados para perder para eles. Todo o preâmbulo é na verdade uma desculpa para referenciar o complexo de Frankenstein, apontado por Asimov como um aspecto mui negativo, por demonizar as máquinas, desviando normalmente o homem de suas próprias responsabilidades, pondo a culpa sobre elementos externos. Não é o caso do filme de Michael Crichton, ao menos não em sua premissa.
O conceito de blockbuster ainda maturava no cinema hollywoodiano, de modo que a estética do filme representava essencialmente sua época, especialmente nos penteados do personagem de James Brolin, John Blane, e seu amigo Peter Martin (Richard Benjamin), dois homens que dividiam o mesmo quarto, dentro do resort de faroeste do complexo Delos. A imaginação visual dos anos 1880 é bastante fiel ao analisado nos westerns filmados ao modo de cinema de John Ford, incluindo até armas carregadas nos pacotes turísticos, de custo relacionado a mil dólares.
A trama passa a ficar interessante ao apresentar as máquinas humanoides, que vão desde profissionais do sexo até assaltantes e pistoleiros, tendo no Gunsliger de Yul Brynner seu avatar mais amedrontador. A forma mecânica com que o famoso ator se retrata faz jus tanto ao seu papel em Sete Homens e Um Destino, pela figura de homem valoroso posterior à fase áurea do cinema de gênero faroeste, bem como remete a uma qualidade ímpar de retratar um ser frio e sem sentimentos, lembrando vagamente o seu papel de Ramsés de Os Dez Mandamentos. É em sua rotina que pousam as maiores discussões do roteiro de Crichton, que rediscute através das tomadas noturnas e nos laboratórios de manutenção, a mesma ação intempestiva e intervencionista do homem, que decide dar vida aos seus próprios desejos e anseios.
O colapso inicia-se de modo bem lento, com pequenas ações hostis do maquinário, que põem a saúde dos hóspedes, isso já com metade do tempo decorrido. A revolta dos explorados acontece da maneira mais violenta possível, com uma curiosa complacência dos cientistas que somente observam passivos a loucura nos atos dos robôs, que atentam contra a vida alheia de modo hostil, viril e assassino.
O avatar de Gunsliger representa a máquina assassina implacável, de fúria animalesca, semelhante ao perigo do tiranossauro Rex do filme Jurassic Park, que é baseado no livro do Crichton, assim como também reproduz o comportamento monstruoso do T800 de Schwarzenegger em O Exterminador do Futuro, inclusive utilizando a mesma aura de medo e a deformação via fogo como ponto fraco. A invulnerabilidade da criatura torna-o um algoz quase imortal, contemplando ao homem comum o conceito de presa fácil.
A solução final é de cunho bastante sensacionalista, típica da abordagem de filmes B, ainda que o selo da Metro Goldwyn Mayer ateste a aposta de estúdio no filme, que entrega uma história interessante, datada, mas que ainda dialoga com os temas apreciados pela plateia aficionada pelo gênero sci-fi e pelo tema robótico, já que o protagonismo da fita é quase todo dedicado aos revoltados autômatos que se viram contra o seus criadores, amadurecendo a questão em um nível além até dos filmes de sua época.