Tag: Whoopi Goldberg

  • Crítica | A Cor Púrpura

    Crítica | A Cor Púrpura

    A Cor Púrpura, de Steven Spielberg, se inicia com uma corrida pelos bosques, no início do século XX, na Georgia (EUA), onde as jovens Nettie e Celie Harris se movimentam pelos lugares verdejantes e repletos de violetas. Elas moram com o pai, um homem turrão e violento, que já engravidou a filha mais velha e vendeu as crianças. O longa, baseado no livro de Alice Walker mostra uma jornada de descobertas, dissabores e melancolias, sempre levando em conta a trajetória dos negros nos Estados Unidos, mostrando que a abolição da escravidão não colocou as injustiças raciais de lado.

    O quadro do filme ensaia uma mudança, quando Mister (Danny Glover) surge querendo desposar Nettie (Akosua Busia), mas é obrigado pelo pai a levar a filha mais velha. O seu comportamento é sempre muito resiliente, observando quando mulheres e outros negros agem de maneira rebelde, juntando forças e refletindo sobre o que fará com a sua vida no futuro.

    O filme conta com a música de Quincy Jones, e ela ajuda a embalar os momentos mais alegres da trama, que mora nas interações entre as irmãs, que mesmo contra todas circunstancias, voltam a se encontrar. Seu formato envolve uma narração em primeira pessoa, como a leitura de um diário, e nessas palavras moram o peso das descrições de abusos e da coisificação que as mulheres, em especial, negras, sofriam no início  do século XX.

    As cores utilizadas no filme garantem um belo registro, e as planícies sulistas que Allen Daviau captura demonstra o clima e atmosfera da época e da localidade, variando entre o bucólico e a tragédia. O filme poetiza a existência e pensamentos da protagonista, e o roteiro de Menno Meyjes é poderosíssimo neste ponto, mostrando uma personagem que evolui com a vida e se percebe dona de seu próprio destino.

    Um dos aspectos técnicos mais bem encaixados consiste na maquiagem, que faz o espectador acreditar no envelhecimento de seus personagens, unido é claro a atuação do elenco, em especial, Whoopi Goldberg, que consegue expressar toda a confusão mental de quem foi violada durante tantos anos, preservando ainda muita docilidade e pureza. A Cor Púrpura é uma obra imortal e reflexiva, sobre a história dos negros, dos Estados Unidos e da humanidade em geral.

  • Crítica | The Beatles: Eight Days a Week – The Touring Years

    Crítica | The Beatles: Eight Days a Week – The Touring Years

    Músicos, artistas, críticos, fãs, bem como grande parte dos amantes da música colocam os Beatles como uma das bandas mais significativas de todos os tempos. Ainda que, atualmente, qualquer um pareça digno do status passageiro de gênio, é inegável que os britânicos se tornaram influências ímpares na música e figuras representativas do imaginário pop.

    De 1960 a 1970, tempo em que a banda permaneceu na ativa, cada novo lançamento apresentava alta qualidade e novidade, experimentações e canções que ao mesmo tempo eram populares e continham um requinte musical. Conforme a banda foi crescendo disco após disco, o incomodo pelo cansaço inicial, repleto de incansáveis tours pelo mundo afora começou a incomodá-los. O que foi conhecido como Beatlemania foi um dos primeiros cultos a personalidade musical do século passado, bem como as apresentações dos Beatles se tornaram um marco dos grandes espetáculos musicais. Demonstrando como o ouvinte da época se identificava com as canções e com os jovens da banda.

    Dirigido por Ron Howard, The Beatles: Eight Days a Week – The Touring Years registra com profundidade os anos de 1963 a 1666, quando o Quarteto de Liverpool estavam no auge da fama e realizaram mais de 250 shows pelo mundo. Com depoimentos pontuais de estrelas e da própria banda (com imagens de George Harrison e John Lennon resgatadas de entrevistas anteriores) o documentário analisa o período efervescente da banda e o crescimento da carreira a partir de cada álbum lançado.

    A chegada do grupo ao sucesso ocorreu de maneira explosiva. E lá permaneceram eternamente, sem dúvida, com altos custos pelo caminho. Se o quarteto não sucumbiu as pressões da época, como outras bandas fizeram no auge do sucesso, muito se devia a unidade do grupo em que um apoiava o outro para afrouxar a pressão, comportando-se na mídia como uma unidade de quatro cabeças pensantes.

    É impossível assistir ao documentário de maneira impassível diante do resgate de diversas imagens raras da banda bem como na apresentação de contagiantes canções, principalmente porque a fase destacada na abordagem enfoca as canções do início da carreia, dançantes, com letras apaixonadas e refrões grudentos.

    O público que conhece a trajetória da banda, reconhecerá muitas imagens, bem como apresentações icônicas da banda. Como a apresentação no The Ed Sullivan Show e os últimos shows da banda realizados na Alemanha, Japão, Filipinas e  Estados Unidos. Registros que, graças à rede, estão disponíveis para qualquer fã. Apresentações que, de tão procuradas, inauguraram o conceito de shows em estádios, um marco para a época. Ainda mais porque, diante da parca qualidade técnica dos shows, a banda mal se ouvia diante do grito eufórico da multidão.

    Se há qualquer dúvida da importância do quarteto, Eight Days a Week se apoia na cronologia para mostrar a evolução da banda, bem como o cansaço com os excessos de shows. Aos poucos, o público compreende uma banda ímpar que soube lidar com a fama e reverter as regras da indústrias ao ponto de desistirem das apresentações para se dedicar exclusivamente a criatividade das composições em estúdio.

    Sem nenhum elemento técnico como novidade, além das imagens fotográficas com breves animações, um recurso recente utilizado para dar maior dinamismo na apresentação das imagens antigas, o documentário se desenvolve de maneira tradicional, afinal, seria desnecessário qualquer inovação narrativa quando se fala de Beatles. A banda em cena, brilhando a história da música do início ao fim é tudo o que interessa ao assistirmos a obra.

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  • Crítica | No Auge da Fama

    Crítica | No Auge da Fama

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    No Auge da Fama traz o famoso Chris Rock em uma jornada de descobrimento de sua própria arte. No papel de Andre Allen, um famoso comediante que iniciou sua carreira no stand-up comedy dos bares nova-iorquinos, migrou para o cinema com filmes de besteirol e hoje resolve que é hora de ser levado a sério em um filme histórico sobre a revolução haitiana. Ex-alcoólatra, tem como maior sucesso o filme no qual interpreta um urso policial. Preocupado em divulgar o filme que não fará mais dele uma piada, aceita ser acompanhado pela jornalista Chelsea Brown (Rosario Dawson) e assim mostrar seu “verdadeiro eu”.

    E é com essa mistura de humor nonsense com encucações artísticas sérias que Cris Rock volta a dirigir e escrever para o cinema. Em um filme profundamente biográfico, apesar de não usar seu nome, questões sobre relevância artística são levantadas com base na sua personalidade e trajetória artística já conhecida. O cenário é aquele onde o ator cresceu, a família histriônica de Todo Mundo Odeia o Chris. Tudo lá parece corroborar que Andre e Chris em alguma instância são Chris Rock.

    Na trama que acompanha o período pré-nupcial de Andre com a celebridade instantânea de reality show Erica Long (Gabrielle Union) numa clara alusão às irmãs Kardashian e afins, Andre vive uma crise não só na carreira, mas também uma crise pessoal que o impede de fazer aquilo que gosta e que o deixou famoso pelas desconfianças de sua própria capacidade como artista, enquanto sua noiva ganha sua vida expondo a própria privacidade e vendendo sua vida mesmo que não possua nenhum talento aparente. Sóbrio, já não se sente confiante em se expor ao público e então planeja se rever. O medo é de ser apenas aquilo que parecia no começo, como se fosse pouco.

    Já a personagem de Rosario Dawson representa o papel e impacto da crítica na vida do artista, que muitas vezes recorre a sensacionalismos ou simples raiva passiva, ou uma espécie estranha de incentivo nostálgico que faz com que aquele que ontem era o melhor de todos, hoje seja massacrado. Em certas nuances e temas, No Auge da Fama tem muitas das discussões apresentadas no filme Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) ao testar essa dinâmica estranha entre crítica e artista e os olhos do público sobre isso tudo. Da apelação capaz de provocar o público e abrir suas carteiras à necessidade de encontrar sua verdadeira arte.

    Feito para divertir, porém, Chris Rock apresenta um final muito mais otimista do que seu equivalente dirigido por Alejandro Iñárritu e se dispõe desde o começo a se reconciliar com este vendaval que atinge sua vida, e do qual inicialmente não pretendia sair por simplesmente aceitar ser aquilo que as pessoas esperam dele, ou o que ele acha que esperam. Como resultado de público e crítica favoráveis, este filme traz Chris Rock para uma luz nova, amadurecida e igualmente irreverente e contestadora, com um número incrível de participações super especiais, demonstrando todo o poder do carisma e inteligência deste artista.

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    Texto de autoria de Marcos Paulo Oliveira.

  • Crítica | As Tartarugas Ninja (2014)

    Crítica | As Tartarugas Ninja (2014)

    Desde que saíram as primeiras notícias sobre o reboot da franquia de As Tartarugas Ninja no cinema, muito se falou sobre as possíveis alterações que os personagens sofreriam de acordo com sua origem nos quadrinhos, em possibilidades que passaram até tratando os protagonistas como sendo alienígenas. Porém, o medo de muita gente foi simplesmente ver associado ao projeto, como produtor, o famoso e explosivo Michael Bay. Para o bem ou para o mal, características marcantes de sua criação estão nessa nova adaptação das Tartarugas para o cinema, dirigida pelo sul-africano Jonathan Liebesman (Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles e Fúria de Titãs 2).

    O filme começa contando a história da jovem repórter do canal 6, April O’Neil (Megan Fox) e seu companheiro de trabalho Vernon Fenwick (Will Arnett). Ela é responsável somente por reportagens fúteis sobre beleza e saúde, mas luta para ser levada a sério como jornalista, enquanto ele quer aprofundar sua relação com April, tentando fazer com que ela se sinta melhor sobre o que faz. Enquanto isso, a cidade de Nova Iorque é assolada por ataques de bandidos do chamado “Clã do Pé”, no que o megaempresário Eric Sacks (o eterno coadjuvante William Fichtner) se compromete a ajudar. April presencia um roubo do Clã que é interrompido por criaturas fortes e velozes, que se assemelham a tartarugas. Após mostrar sua teoria para a chefa do jornal (em uma interpretação de Whoopi Goldberg em piloto automático), é ridicularizada e por isso decide conseguir provas da existência dos heróis misteriosos. Para isso, vai até uma estação do metrô que está sendo atacada pelo Clã (e que estava convenientemente perto) e lá consegue registrar os heróis que se apresentam como Rafael (Alan Ritchson), Michelangelo (Noel Fisher), Leonardo (Pete Ploszek com voz de Johnny Knoxville) e Donatello (Jeremy Howard).

    Tecnicamente, a captura de movimentos aperfeiçoada pela IL&M é bastante competente em criar os movimentos das tartarugas e os fazerem parecer reais a todo o tempo, assim como suas expressões faciais. Nas cenas de ação a naturalidade dos movimentos também dá um salto em relação a outras produções semelhantes. Essa tecnologia de captura de movimento tem tudo para pautar a indústria no futuro.

    Porém, somente a competência da tecnologia não sustenta um filme. Se os movimentos das tartarugas são naturais, da trama não se pode dizer o mesmo. Um vício muito comum no cinema atualmente, em especial nas produções de Michael Bay, é, além da infinidade de cortes secos e rápidos, as várias sequências de ação, cada uma com um clímax próprio, o que tem o objetivo de mantê-lo ligado 100% no filme sem pausa para respirar, mas acaba na verdade anestesiando e tornando-o insensível a outras camadas possivelmente existentes na trama.

    Mas, se em outros filmes isso é um problema, em As Tartarugas Ninja não é, simplesmente porque não existe nenhuma outra camada além da principal, que é a mais simplificada e direta possível, na cara do espectador. Se tanto nas HQs originais quanto nos filmes antigos as mutações que deram origem aos protagonistas eram meros acidentes sem ligação entre os diferentes núcleos de personagens, na nova adaptação ela é fruto de pesquisas genéticas onde o pai de April O’Neil era um dos encarregados, e ela ganha uma importância maior, porém artificial e desnecessária, ao ser a responsável por salvar as cobaias e salvá-las… jogando-as no esgoto de Nova Iorque (!). E tudo isso é explicado em uma narração pelo Mestre Splinter (Danny Woodburn com voz de Tony Shalhoub).

    A protagonista, aliás, é um dos principais problemas do filme. Megan Fox não é uma boa atriz. Não é nem uma atriz mediana. Se em outras produções ela não comprometia por fazer o papel de “sexy”, sua atuação é deplorável e a câmera parece sempre estar mais preocupada em pegar seu melhor ângulo (em seu cabelo que nunca desarruma e maquiagem que nunca borra) do que com o filme. Dito isso, a mistura da motivação de April com a das Tartarugas, de todos terem uma origem em comum em suas infâncias ao invés de serem estranhos que se conhecem e evoluem em uma relação juntos, não garante absolutamente nada a mais na trama. Pelo contrário, exige uma crença muito grande do espectador para que todos eles se encontrassem no futuro daquela forma, quase sobrenatural.

    A ameaça principal, o Clã do Pé, possui em seu líder, Destruidor (Tohoru Masamune), seu principal agente. Em uma virada nada surpreendente, ficamos sabendo que Sacks na verdade é discípulo do Destruidor, que quer espalhar pela cidade um composto em forma de gás que irá causar doenças em toda a cidade, e eles precisam do sangue das tartarugas ninja para sintetizar o antídoto, e assim vender a cura para a doença e se tornarem líderes mundiais.

    Mas, para dois terroristas que agem nas sombras, a escolha da antena do próprio prédio dos laboratórios Sacks para dispersar o composto químico parece no mínimo estranha (além de lembrar muito a trama de O Espetacular Homem-Aranha). A caracterização da armadura do Destruidor (que também lembra demais o Samurai de Prata de Wolverine: Imortal) o torna uma ameaça robótica um tanto quanto artificial, que enfraquece o fato de o Destruidor ser o mestre de artes marciais estabelecido em uma cena anterior. Somente um ser humano usando uma vestimenta caracterizada talvez funcionasse melhor. Essa e outras falhas do roteiro (April só consegue tirar uma foto das Tartarugas enquanto fogem porque elas devolvem seu celular e apagam todas as fotos que tinham tirado antes, tendo assim “resolvido o problema”…) acabam sendo irritantes para qualquer pessoa que preste atenção e se importe com a história.

    Mas, por se direcionar a um público infanto-juvenil, As Tartarugas Ninja decide focar mais nas piadas e referências à cultura pop, o que garante risadas em diversas situações, o que sempre foi uma característica marcante dos personagens. Porém, dificilmente uma criança ou adolescente irá conhecer coisas citadas, como Lost. Outro fator que interfere na própria proposta humorística do filme é a inserção de uma temática “dark” e realista na hora de expor alguns elementos da história, tornando o ritmo do filme confuso.

    As Tartarugas Ninja funciona muito bem para um determinado tipo de público, pois oferece duas horas de diversão literalmente explosiva e simples (para não dizer simplista). Não ofende a memória dos personagens e cumpre o que se propõe, especialmente no quesito “ganhar dinheiro”, mas todas as suas qualidades acabam ficando por aí. Uma pena, pois Donatello, Leonardo, Rafael e Michelangelo mereciam coisa melhor.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.

  • Crítica | As Tartarugas Ninja (2014)

    Crítica | As Tartarugas Ninja (2014)

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    As Tartarugas Ninja fazem parte da cultura pop há, pelo menos, 20 anos. Criadas nos quadrinhos em 1984 por Kevin Eastman e Peter Laird, as quatro simpáticas tartarugas ganharam mais notoriedade no final dos anos 80 com um desenho animado que perdurou por nove anos, só perdendo em longevidade para Os Simpsons. O sucesso cartunesco rendeu três adaptações para o cinema, sendo que o primeiro filme de 1990 foi a película independente de maior sucesso na história, na época. Também foram responsáveis não só pelo sucesso na tela, mas também em outros segmentos, como o de brinquedos e o de jogos de videogame. Quem não se lembra do clássico jogo de fliperama?

    Após o sucesso na década de 90 e com o encerramento do desenho animado, a franquia nunca saiu dos holofotes e mesmo após o fracasso do seriado em live action, que buscava emular o ambiente apresentado nos filmes, ainda buscou fôlego num novo desenho animado que foi ao ar por mais seis anos. Mas as tartarugas só voltaram ao mainstream em 2012, quando a rede Nickelodeon investiu pesado na franquia com uma nova animação, buscando o sucesso do desenho da década de 90.

    Se aproveitando disso e explorando a fase de remakes e reboots no cinema, o diretor Michael Bay, por meio de sua produtora Platinum Dunes, em parceria com a própria Nickelodeon, decidiu trazer As Tartarugas Ninja mais uma vez ao cinema. De início, foi uma notícia que agradou a todos os fãs da franquia. “De início”, porque, durante a produção do filme, percebia-se que Bay tinha sua própria visão a respeito de como seriam as tartarugas, cometendo a heresia de anunciar que elas, na verdade, seriam alienígenas em vez de mutantes. Tal notícia causou tanta histeria na internet que houve ameaças de morte e petições.

    Bay é um dos poucos diretores que mantêm contato direto com seus fãs e também é um dos poucos que ouvem as reclamações. Mas sem deixar o orgulho de lado, optou por se afastar da direção e trazer um diretor de sua confiança, Jonathan Liebesman, que entregou um filme que os fãs queriam, ou quase isso. Pelo menos chegou perto disso, ou não. Talvez…

    O motivo de tanta confusão (proposital) ao final do parágrafo acima é que As Tartarugas Ninja consegue ser um ótimo filme em certos quesitos e um péssimo filme em outros. Os pontos negativos são sempre os mesmos: o péssimo hábito que Hollywood adquiriu em explicar suas tramas detalhe por detalhe, além de atribuir conexões ridículas aos personagens.

    Dito isso, o filme é sobre a história da jovem repórter do Canal 6, April O’Neil (Megan Fox, de jaqueta amarela), que tem a ambição de se tornar uma repórter investigativa  em vez de ficar fazendo insignificantes matérias de fitness , juntamente com seu câmera, Vernon Fenwick, vivido por Will Arnet, um dos destaques do filme. April é uma jovem xereta que busca a todo custo descobrir quem está por trás do combate ao Clã do Pé, uma organização criminosa que assola os nova-iorquinos e que é comandada pelo Destruidor (Tohoru Masamune). O objetivo da moça é provar à sua chefe, Bernadette Thompson (participação especialíssima de Whoopi Goldberg), que um vigilante está atuando na cidade e combatendo o Clã do Pé sozinho.

    Uma dessas investigações de April a coloca frente a frente com Leonardo (Pete Ploszek, dublado por Johnny Knoxville), Raphael (Alan Ritchson), Michelangelo (Noel Fischer) e Donatello (Jeremy Howard), numa cena muito divertida. Porém, ninguém acredita que o combatente do Clã do Pé é, na verdade, quatro tartarugas que são adolescentes, mutantes e ninjas. Tamanho absurdo resulta na demissão de April, que acredita que os mutantes são resultado do Projeto Renascença, algo que seu pai – que está morto – desenvolvia juntamente com Eric Sacks (William Fichtner). A demissão da jovem repórter faz com que a personagem vá atrás atrás de Sacks para revelar que o projeto, de alguma forma, deu certo.

    O problema é que, quando as tartarugas não estão em cena, o filme não rende nem um pouco. Não há nenhum atrativo, nada que prenda o espectador, e você chega até a rezar pra que elas apareçam.

    E quando elas aparecem, dão show. Muito show. Não há uma cena chata sequer. O bacana é que, como dito no início do texto, elas fizeram e ainda fazem parte da cultura pop e, no filme, elas vivem isso. Michelangelo ama os virais da internet, indo à loucura ao ver o vídeo daquele gato tocando piano. Raphael, ao abordar April pela primeira vez, busca imitar o Batman de Christian Bale e é zoado pelos outros.

    Pouco foi mexido no intelecto das tartarugas, mas muito foi mexido no visual, que é espetacular. Créditos pela captura de movimentos desenvolvida em Avatar. Leonardo continua sendo o líder sereno que sempre foi. Raphael é o esquentado da turma, não gosta da liderança de Leonardo e de longe é o maior e mais forte do bando. Donatello, possivelmente, é o que sofreu mais alterações. Sendo o nerd/geek da turma, ele usa óculos de grau e uma mochila, parecida com a dos Caça-Fantasmas, com alguns aparatos tecnológicos. Além de conhecimentos de informática, ele também entende bastante de Medicina. Contrastando com os outros, ele é o mais magro. Já Michelangelo é aquele brincalhão que todos nós conhecemos. Não se leva a sério, é apaixonado por April e se acha lindo. E o último, não menos importante, é lindamente asqueroso. O Mestre Splinter é feio, mas tão feio que provavelmente alguma criança terá pesadelos na hora de dormir. Com a captura de movimentos feita por Danny Woodburn, Splinter – dublado por Tony Shalhoub, o Monk , apesar de já possuir certa idade, é muito habilidoso e talvez lute até melhor que seus discípulos. Sim, no filme ele vai pra guerra quando necessário e não tem como não lembrarmos do Mestre Yoda.

    Uma pena o Destruidor ser mal trabalhado. Sua única ameaça é a armadura que usa, a qual pode colocá-lo facilmente como um vilão do Homem de Ferro. Contudo, faz sentido, porque as tartarugas são muito fortes, sendo necessário um vilão que demonstre certa imponência, e a armadura causa esse efeito.

    Enfim, é um filme que possui erros preguiçosos (o que é comum), mas não decepciona nas piadas e nas cenas de ação. De qualquer forma, prepara terreno para uma continuação que poderá ser mais completa e elaborada, já que não vimos nenhum personagem secundário e querido pelos fãs, como é o caso de Casey Jones.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.