Tag: William Fichtner

  • Crítica | 12 Heróis

    Crítica | 12 Heróis

    Fruto do exploitation antiterrorista que se agravou bastante no pós 11 de Setembro nos Estados Unidos, 12 Heróis mostra uma força tarefa que vai até o Afeganistão, para tentar desmontar as forças do Talibã, reunindo membros das Forças Especiais e da Cia. O filme é protagonizado por Chris Hemsworth, em mais uma tentativa sua de emplacar algo que não seja o Thor da Marvel, vivendo o Capitão Mitch Nelson, enviado ao estrangeiro para tentar convencer um outro general a unir forças com eles contra o terror.

    O filme tenta surfar no onda de outros produtos mais sérios e melhor pensados, como A Hora Mais Escura e Sniper Americano, mas esbarra em um roteiro cheio de clichês. Nem o elenco portentoso, formado por Michael Peña, Michael Shannon, William Fichtner e Taylor Sheridan (escritor de Sicário, A Qualquer Custo e Terra Selvagem) consegue salvar o longa da péssima construção textual, que prima por ser anti-climática, com pouca ação e muita morosidade.

    Não há sequer cenas de ação que causem impacto no espectador. Um filme de guerra normalmente precisa de algumas, como foi em Platoon ou Resgate do Soldado Ryan, mas 12 Heróis não se posiciona dessa forma, tampouco consegue ser meticuloso ou ardiloso como filmes espionagem, fazendo perguntar qual seria a real intenção de seu realizador, Nicolai Fuglsig. Para ser justo, há uma tomada aérea com bombardeio em tanques que é bem legal, mas ela não tem qualquer elemento humano envolvido, quando aparece alguém, a pessoa está mascarada, evitando uma possível empatia.

    Os tiroteios são filmados de maneira muito fria, é difícil se importar com os destino dos personagens. Mesmo em 13 Horas, de Michael Bay, há uma aproximação maior entre público e personagens. Isso pesa muito contra o longa, uma vez que ele é baseado numa história real, ainda que seus dramas e subtramas não se pareçam em nada com a realidade de uma rotina de soldados e pseudo-defensores da liberdade, sobrando apenas maniqueísmo e um senso de justiça bastante infantil.

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  • Crítica | As Tartarugas Ninja (2014)

    Crítica | As Tartarugas Ninja (2014)

    Desde que saíram as primeiras notícias sobre o reboot da franquia de As Tartarugas Ninja no cinema, muito se falou sobre as possíveis alterações que os personagens sofreriam de acordo com sua origem nos quadrinhos, em possibilidades que passaram até tratando os protagonistas como sendo alienígenas. Porém, o medo de muita gente foi simplesmente ver associado ao projeto, como produtor, o famoso e explosivo Michael Bay. Para o bem ou para o mal, características marcantes de sua criação estão nessa nova adaptação das Tartarugas para o cinema, dirigida pelo sul-africano Jonathan Liebesman (Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles e Fúria de Titãs 2).

    O filme começa contando a história da jovem repórter do canal 6, April O’Neil (Megan Fox) e seu companheiro de trabalho Vernon Fenwick (Will Arnett). Ela é responsável somente por reportagens fúteis sobre beleza e saúde, mas luta para ser levada a sério como jornalista, enquanto ele quer aprofundar sua relação com April, tentando fazer com que ela se sinta melhor sobre o que faz. Enquanto isso, a cidade de Nova Iorque é assolada por ataques de bandidos do chamado “Clã do Pé”, no que o megaempresário Eric Sacks (o eterno coadjuvante William Fichtner) se compromete a ajudar. April presencia um roubo do Clã que é interrompido por criaturas fortes e velozes, que se assemelham a tartarugas. Após mostrar sua teoria para a chefa do jornal (em uma interpretação de Whoopi Goldberg em piloto automático), é ridicularizada e por isso decide conseguir provas da existência dos heróis misteriosos. Para isso, vai até uma estação do metrô que está sendo atacada pelo Clã (e que estava convenientemente perto) e lá consegue registrar os heróis que se apresentam como Rafael (Alan Ritchson), Michelangelo (Noel Fisher), Leonardo (Pete Ploszek com voz de Johnny Knoxville) e Donatello (Jeremy Howard).

    Tecnicamente, a captura de movimentos aperfeiçoada pela IL&M é bastante competente em criar os movimentos das tartarugas e os fazerem parecer reais a todo o tempo, assim como suas expressões faciais. Nas cenas de ação a naturalidade dos movimentos também dá um salto em relação a outras produções semelhantes. Essa tecnologia de captura de movimento tem tudo para pautar a indústria no futuro.

    Porém, somente a competência da tecnologia não sustenta um filme. Se os movimentos das tartarugas são naturais, da trama não se pode dizer o mesmo. Um vício muito comum no cinema atualmente, em especial nas produções de Michael Bay, é, além da infinidade de cortes secos e rápidos, as várias sequências de ação, cada uma com um clímax próprio, o que tem o objetivo de mantê-lo ligado 100% no filme sem pausa para respirar, mas acaba na verdade anestesiando e tornando-o insensível a outras camadas possivelmente existentes na trama.

    Mas, se em outros filmes isso é um problema, em As Tartarugas Ninja não é, simplesmente porque não existe nenhuma outra camada além da principal, que é a mais simplificada e direta possível, na cara do espectador. Se tanto nas HQs originais quanto nos filmes antigos as mutações que deram origem aos protagonistas eram meros acidentes sem ligação entre os diferentes núcleos de personagens, na nova adaptação ela é fruto de pesquisas genéticas onde o pai de April O’Neil era um dos encarregados, e ela ganha uma importância maior, porém artificial e desnecessária, ao ser a responsável por salvar as cobaias e salvá-las… jogando-as no esgoto de Nova Iorque (!). E tudo isso é explicado em uma narração pelo Mestre Splinter (Danny Woodburn com voz de Tony Shalhoub).

    A protagonista, aliás, é um dos principais problemas do filme. Megan Fox não é uma boa atriz. Não é nem uma atriz mediana. Se em outras produções ela não comprometia por fazer o papel de “sexy”, sua atuação é deplorável e a câmera parece sempre estar mais preocupada em pegar seu melhor ângulo (em seu cabelo que nunca desarruma e maquiagem que nunca borra) do que com o filme. Dito isso, a mistura da motivação de April com a das Tartarugas, de todos terem uma origem em comum em suas infâncias ao invés de serem estranhos que se conhecem e evoluem em uma relação juntos, não garante absolutamente nada a mais na trama. Pelo contrário, exige uma crença muito grande do espectador para que todos eles se encontrassem no futuro daquela forma, quase sobrenatural.

    A ameaça principal, o Clã do Pé, possui em seu líder, Destruidor (Tohoru Masamune), seu principal agente. Em uma virada nada surpreendente, ficamos sabendo que Sacks na verdade é discípulo do Destruidor, que quer espalhar pela cidade um composto em forma de gás que irá causar doenças em toda a cidade, e eles precisam do sangue das tartarugas ninja para sintetizar o antídoto, e assim vender a cura para a doença e se tornarem líderes mundiais.

    Mas, para dois terroristas que agem nas sombras, a escolha da antena do próprio prédio dos laboratórios Sacks para dispersar o composto químico parece no mínimo estranha (além de lembrar muito a trama de O Espetacular Homem-Aranha). A caracterização da armadura do Destruidor (que também lembra demais o Samurai de Prata de Wolverine: Imortal) o torna uma ameaça robótica um tanto quanto artificial, que enfraquece o fato de o Destruidor ser o mestre de artes marciais estabelecido em uma cena anterior. Somente um ser humano usando uma vestimenta caracterizada talvez funcionasse melhor. Essa e outras falhas do roteiro (April só consegue tirar uma foto das Tartarugas enquanto fogem porque elas devolvem seu celular e apagam todas as fotos que tinham tirado antes, tendo assim “resolvido o problema”…) acabam sendo irritantes para qualquer pessoa que preste atenção e se importe com a história.

    Mas, por se direcionar a um público infanto-juvenil, As Tartarugas Ninja decide focar mais nas piadas e referências à cultura pop, o que garante risadas em diversas situações, o que sempre foi uma característica marcante dos personagens. Porém, dificilmente uma criança ou adolescente irá conhecer coisas citadas, como Lost. Outro fator que interfere na própria proposta humorística do filme é a inserção de uma temática “dark” e realista na hora de expor alguns elementos da história, tornando o ritmo do filme confuso.

    As Tartarugas Ninja funciona muito bem para um determinado tipo de público, pois oferece duas horas de diversão literalmente explosiva e simples (para não dizer simplista). Não ofende a memória dos personagens e cumpre o que se propõe, especialmente no quesito “ganhar dinheiro”, mas todas as suas qualidades acabam ficando por aí. Uma pena, pois Donatello, Leonardo, Rafael e Michelangelo mereciam coisa melhor.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.

  • Crítica | As Tartarugas Ninja (2014)

    Crítica | As Tartarugas Ninja (2014)

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    As Tartarugas Ninja fazem parte da cultura pop há, pelo menos, 20 anos. Criadas nos quadrinhos em 1984 por Kevin Eastman e Peter Laird, as quatro simpáticas tartarugas ganharam mais notoriedade no final dos anos 80 com um desenho animado que perdurou por nove anos, só perdendo em longevidade para Os Simpsons. O sucesso cartunesco rendeu três adaptações para o cinema, sendo que o primeiro filme de 1990 foi a película independente de maior sucesso na história, na época. Também foram responsáveis não só pelo sucesso na tela, mas também em outros segmentos, como o de brinquedos e o de jogos de videogame. Quem não se lembra do clássico jogo de fliperama?

    Após o sucesso na década de 90 e com o encerramento do desenho animado, a franquia nunca saiu dos holofotes e mesmo após o fracasso do seriado em live action, que buscava emular o ambiente apresentado nos filmes, ainda buscou fôlego num novo desenho animado que foi ao ar por mais seis anos. Mas as tartarugas só voltaram ao mainstream em 2012, quando a rede Nickelodeon investiu pesado na franquia com uma nova animação, buscando o sucesso do desenho da década de 90.

    Se aproveitando disso e explorando a fase de remakes e reboots no cinema, o diretor Michael Bay, por meio de sua produtora Platinum Dunes, em parceria com a própria Nickelodeon, decidiu trazer As Tartarugas Ninja mais uma vez ao cinema. De início, foi uma notícia que agradou a todos os fãs da franquia. “De início”, porque, durante a produção do filme, percebia-se que Bay tinha sua própria visão a respeito de como seriam as tartarugas, cometendo a heresia de anunciar que elas, na verdade, seriam alienígenas em vez de mutantes. Tal notícia causou tanta histeria na internet que houve ameaças de morte e petições.

    Bay é um dos poucos diretores que mantêm contato direto com seus fãs e também é um dos poucos que ouvem as reclamações. Mas sem deixar o orgulho de lado, optou por se afastar da direção e trazer um diretor de sua confiança, Jonathan Liebesman, que entregou um filme que os fãs queriam, ou quase isso. Pelo menos chegou perto disso, ou não. Talvez…

    O motivo de tanta confusão (proposital) ao final do parágrafo acima é que As Tartarugas Ninja consegue ser um ótimo filme em certos quesitos e um péssimo filme em outros. Os pontos negativos são sempre os mesmos: o péssimo hábito que Hollywood adquiriu em explicar suas tramas detalhe por detalhe, além de atribuir conexões ridículas aos personagens.

    Dito isso, o filme é sobre a história da jovem repórter do Canal 6, April O’Neil (Megan Fox, de jaqueta amarela), que tem a ambição de se tornar uma repórter investigativa  em vez de ficar fazendo insignificantes matérias de fitness , juntamente com seu câmera, Vernon Fenwick, vivido por Will Arnet, um dos destaques do filme. April é uma jovem xereta que busca a todo custo descobrir quem está por trás do combate ao Clã do Pé, uma organização criminosa que assola os nova-iorquinos e que é comandada pelo Destruidor (Tohoru Masamune). O objetivo da moça é provar à sua chefe, Bernadette Thompson (participação especialíssima de Whoopi Goldberg), que um vigilante está atuando na cidade e combatendo o Clã do Pé sozinho.

    Uma dessas investigações de April a coloca frente a frente com Leonardo (Pete Ploszek, dublado por Johnny Knoxville), Raphael (Alan Ritchson), Michelangelo (Noel Fischer) e Donatello (Jeremy Howard), numa cena muito divertida. Porém, ninguém acredita que o combatente do Clã do Pé é, na verdade, quatro tartarugas que são adolescentes, mutantes e ninjas. Tamanho absurdo resulta na demissão de April, que acredita que os mutantes são resultado do Projeto Renascença, algo que seu pai – que está morto – desenvolvia juntamente com Eric Sacks (William Fichtner). A demissão da jovem repórter faz com que a personagem vá atrás atrás de Sacks para revelar que o projeto, de alguma forma, deu certo.

    O problema é que, quando as tartarugas não estão em cena, o filme não rende nem um pouco. Não há nenhum atrativo, nada que prenda o espectador, e você chega até a rezar pra que elas apareçam.

    E quando elas aparecem, dão show. Muito show. Não há uma cena chata sequer. O bacana é que, como dito no início do texto, elas fizeram e ainda fazem parte da cultura pop e, no filme, elas vivem isso. Michelangelo ama os virais da internet, indo à loucura ao ver o vídeo daquele gato tocando piano. Raphael, ao abordar April pela primeira vez, busca imitar o Batman de Christian Bale e é zoado pelos outros.

    Pouco foi mexido no intelecto das tartarugas, mas muito foi mexido no visual, que é espetacular. Créditos pela captura de movimentos desenvolvida em Avatar. Leonardo continua sendo o líder sereno que sempre foi. Raphael é o esquentado da turma, não gosta da liderança de Leonardo e de longe é o maior e mais forte do bando. Donatello, possivelmente, é o que sofreu mais alterações. Sendo o nerd/geek da turma, ele usa óculos de grau e uma mochila, parecida com a dos Caça-Fantasmas, com alguns aparatos tecnológicos. Além de conhecimentos de informática, ele também entende bastante de Medicina. Contrastando com os outros, ele é o mais magro. Já Michelangelo é aquele brincalhão que todos nós conhecemos. Não se leva a sério, é apaixonado por April e se acha lindo. E o último, não menos importante, é lindamente asqueroso. O Mestre Splinter é feio, mas tão feio que provavelmente alguma criança terá pesadelos na hora de dormir. Com a captura de movimentos feita por Danny Woodburn, Splinter – dublado por Tony Shalhoub, o Monk , apesar de já possuir certa idade, é muito habilidoso e talvez lute até melhor que seus discípulos. Sim, no filme ele vai pra guerra quando necessário e não tem como não lembrarmos do Mestre Yoda.

    Uma pena o Destruidor ser mal trabalhado. Sua única ameaça é a armadura que usa, a qual pode colocá-lo facilmente como um vilão do Homem de Ferro. Contudo, faz sentido, porque as tartarugas são muito fortes, sendo necessário um vilão que demonstre certa imponência, e a armadura causa esse efeito.

    Enfim, é um filme que possui erros preguiçosos (o que é comum), mas não decepciona nas piadas e nas cenas de ação. De qualquer forma, prepara terreno para uma continuação que poderá ser mais completa e elaborada, já que não vimos nenhum personagem secundário e querido pelos fãs, como é o caso de Casey Jones.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Crítica | Wrong

    Crítica | Wrong

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    Começa sem som, sem nenhuma preocupação em explicar os fatos e com a câmera mostrando uma van em chamas. A obra realizada pelo francês Quentin Dupiex viaja por diversos estilos, é um drama que se utiliza de um ar de comédia bastante nonsense, parodiando filmes “sensíveis” como Eu, Você e Todos Nós, de Miranda July.

    A história mostra Dolph Springer (Jack Plotnick) um sujeito solitário e deslocado do mundo, que repentinamente perde o seu chão ao perceber o desaparecimento de seu melhor amigo, seu cachorro Paul. Dolph é um sujeito tão afastado de uma vida social saudável e de contatos minimamente satisfatórios com seus semelhantes – leia-se seres humanos – que os fatos que ocorrem com ele no decorrer da trama são até compreensíveis, mesmo com a natureza exagerada da obra. Sua insegurança latente o torna inofensivo, e por isso os outros personagens apresentam-se desarmados e até suscetíveis a suas palavras, mesmo os mais paranoicos e desconfiados, pois ele é um ouvinte convidativo.

    O roteiro de Dupiex passeia por um universo ilógico e absurdo, onde imperam a falta de razão e não muito motivo para as ações que se seguem. É uma metalinguagem do nonsense, uma vez que se usa de seus elementos comuns, mas também os satiriza. Tomando como exemplo Victor, o jardineiro (Eric Judor), em sua primeira ação com Dolph, o chama para verificar algo errado no jardim, e ao chegarem lá, observam que uma palmeira transformou-se num pinheiro – a discussão ocorre, eles acham soluções paliativas, mas  não há muitos questionamentos, não há nenhuma coerência ou fundamento. Absurdos como esses são bastante comuns, e o efeito delas é quase sempre muito engraçado.

    Dolph acaba sendo encontrado por um sujeito curioso, chamado Master Chang (William Fichtner) que possui poderes telepáticos – o que garante inúmeros momentos de hilaridade – e diz ter raptado o cachorro, para prevenir uma possível rejeição por parte do dono. Seu argumento passa pelo princípio de que a perda faz com que se valorize as coisas, inverte-se o “costume” e a “rotina” afim de que o sujeito perceba a necessidade pelo amor de seu animal. Fichtner é impagável, está excelente e é uma das melhores coisas do filme, assim como foi também em Fúria Sobre Rodas.

    O protagonista é tão ridiculamente isolado e incompatível com a realidade, que ele simplesmente não sabe dizer não aos absurdos propostos a ele. A possibilidade da quebra de sua rotina parece machucar seus sentimentos. Sua frágil estabilidade mental e emocional é posta em cheque a todo o momento.

    Wrong é um ótimo pastiche de comédias nonsense e filmes hipsters – subgênero bastante popular atualmente – tem um subtexto interessante, no entanto o mais importante parece ser a forma e não o conteúdo.

  • Crítica | O Homem Mais Procurado do Mundo

    Crítica | O Homem Mais Procurado do Mundo

    o homem mais procurado do mundo - poster brasileiro

    Desde os atentados de Onze de Setembro, a imagem de Osama Bin Laden adquiriu reconhecimento mundial. Seu rosto tornou-se figura central de noticiário e, de uma maneira torpe, foi rentável material de notícias, sendo uma espécie de celebridade. Nada mais evidente, portanto, que sua morte seja vista como um espetáculo.

    O Homem Mais Procurado do Mundo é uma produção realizada para a televisão com o intuito de dramatizar as horas que antecederam a operação militar que resultou na morte do líder da al-Qaeda, como também apresentar um resumo dos procedimentos que levaram a descoberta de seu esconderijo.

    A narrativa tem início com depoimentos dos soldados da marinha envolvidos na operação e de parte do grande escalão da inteligência americana. O didatismo dos testemunhos são tão evidentes que parecem muito semelhante ao estilo documental televisivo. Não há a intenção de expor verdadeiramente os fatos, mas apresentar uma versão da história oficial. História em que todos os soldados tem uma boa índole, acreditam na força americana e, acima de tudo, são regidos pela ética de batalha, sem subjugar o oponente.

    Aos poucos, o molde didático cede a uma dramaticidade cinematográfica, explorando dois pontos distantes da mesma guerra: o dia-a-dia dos Navy Seals e a inteligência da CIA que articulou a operação autorizada pelo presidente Obama. A precariedade das interpretações salvam-se por dois atores conhecidos do público televisivo americano: Robert Knepper e William Fichtner que voltam a dividir a cena após trabalharem em Prison Break. São essas personagens que se destacam por dar maior realidade dramática as cenas, além de trazerem ao público parte de seu carisma (os nomes podem parecer desconhecidos, mas os atores sempre estão presentes em séries ou em pequenos papéis cinematográficos).

    Mesmo que produtores tenham mencionado a dificuldade em desenvolver o roteiro da trama, devido aos documentos sigilosos da inteligencia americana, a necessidade em se produzir uma história chapa branca é maior do que uma narrativa bem realizada. A representação cênica não tira a ideia de que estamos assistindo a uma dramatização superficial que funciona somente se vista para compreender os acontecimentos que eclodiram na bem sucedida operação.

    O diretor John Stockwell (Turistas, A Onda Dos Sonhos) parece não se esforçar além do registro das cenas. Como tradicional documentário dramatizado – visto em demasia em canais de televisão a cabo – alcança seu objetivo de apresentar um acontecimento. Mas falha como produção cinematográfica que deseja ser.