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  • Review | Brinquedos Que Marcam Época – 3ª Temporada

    Review | Brinquedos Que Marcam Época – 3ª Temporada

    A Primeira Temporada de Brinquedos Que Marcam Época foi muito bem recebida como a série que explorava a temática dos negócios de brinquedos de marcas como Star Wars e Gi Joe. Na segunda temporada seguiu sendo divertida e bem informativa, tratando de Transformers, Lego, etc. Para o terceiro ano, o produtor executivo Tom Stern e o criador Brian Volk-Weiss (e agora diretor dos 4 capítulos) falam de mais quatro análises de fenômenos populares e seus respectivos brinquedos: Power Rangers, My Little Pony, o mundo das lutas Wrestling e Tartarugas Ninja.

    O episódio focado no mundo da luta livre é claramente o menos memorável. Foca demasiado nas figuras famosas do WWE e das ligas concorrentes. Não que o estudo esportivo seja desprezível, certamente um analista mais afeito e aficionado por essa subcultura acharia bem mais interessante. O mesmo não se pode dizer daquele voltado ao universo My Little Pony. O episódio não demora muito a falar do desenho antigo de 1986, uma vez que seu tempo de estudo é mais focado em como a Hasbro quase faliu e de como precisava diversificar seus produtos para além de  G. I. Joe – Comandos em Ação. A intenção era fazer um brinquedo com que as meninas pudessem brincar, e não apenas emular serviços de casa ou maternidade. Da parte mais bizarra deste capítulo, destaca-se um fato que quase não esteve no produto final dos pequenos equinos: as crinas feitas com fios bem cuidados e que geraram uma grande obsessão nas compradoras e compradores.

    Certamente o episódio que mais causa furor no fã é sobre a versão de Haim Saban dos Tokusatsus Super Sentai, chamada primeiramente de Mighty Morphins Powers Rangers. O roteiro analisa desde a origem de Godzilla e filmes de monstros até a popularização dos seriados live action no Japão. Também se destaca algumas tentativas anteriores de produtores levarem esses elementos aos EUA, como Stan Lee com versaão japonesa do Homem Aranha – Supaidāman.

    No episódio voltado para As Tartarugas Ninja, serviu como reencontro para os dois quadrinistas, Kevin Eastman e Peter Laird, criadores da série e que estavam distante há muitos anos, motivando uma nova série em quadrinhos com a dupla. Para quem não conhece absolutamente nada dos personagens, este episódio é um prato cheio. Se fala bastante e detalhadamente da Turtlemania e da história de amor de Laird e Eastman por quadrinhos, além de demonstrar o quanto Chuck Lorre foi importante na composição da música tema.

    O estudo vai até o Maine e remonta os primórdios da parceria da dupla. É fato que os dois autores não sabiam do potencial que tinham em mãos e a entrada de um possível licenciador, Mark Freedman, é bem explorada. A importância do sujeito é enorme, ao lado do produtor de televisão David Wise, responsável pelo clássico desenho animado da série.

    Dos momentos engraçados, se destaca a ideia de cortar o rabo das tartarugas no desenho, pois na telinha e nos brinquedos, a cauda se tornava fálica, como um pequeno e deformado pênis pendurado (a ajuda visual aliás faz a situação ser ainda mais hilária que esta mera descrição). Volk-Weiss parece ser realmente um dos adeptos da Turtlemania, pois vai a fundo no estudo, focando na inteligência de Freedman em tentar fazer um filme solo – em um momento em que produtores de TV não queriam por conta de outros fracassos como Howard: O Super Herói. A história mostra que ele estava certo e os brinquedos bateram recorde de vendas.

    Brinquedos Que Marcam Época é uma série com muito fôlego. Embora as franquias famosas já tenham sido exploradas, há ainda uma gama enorme de produtos que certamente poderiam gerar bons estudos de casos, como os brinquedos da Marvel ou Super Powers da DC Comics, além de franquias asiáticas seriadas ou não. O que se percebe aqui é um programa certeiro, de edição ágil e muito preocupada em informar o espectador e louvar cada uma dessas franquias.

  • Crítica | Crítica Batman vs Tartarugas Ninjas

    Crítica | Crítica Batman vs Tartarugas Ninjas

    Parceria entre a Warner Animation e Nickelodeon, o filme de Jake Castorena começa misterioso, apresentando um traço bem infantilizado, ao estilo dos últimos seriados animados de ação que a Cartoon Network passam mais ou menos no limiar entre Batman e as Tartarugas Mutantes Ninjas Adolescentes. A primeira cena dá conta de Barbara Gordon, num laboratório, sendo atacada por vilões com shurikens, mas antes que ela reagisse, uma silhueta ao estilo ninja aparece e a salva.

    O longa é divertido já no início, antes mesmo da abertura estilizada, muito bem feita e acompanhada da música de Kevin Riepl, a Batgirl está em cima de um prédio, conversando com alguém que ela chama de Bruce, e em segundo plano, aparece uma gárgula, numa clara referencia a série  animada do Homem Aranha dos anos 90, onde o Teioso conversava com uma estátua inanimada também, que tinha o primeiro nome da identidade civil do Batman.

    Batman VS Tartarugas Ninjas é muito mais que um filme de referencia. A mistura de universos tão diferentes é inteligente e um esforço bem bonito. As cores são vívidas, mas não se abre mão nem do clima dark das revistas originais de Kevin Eastman e Peter Laird onde as tartarugas adolescentes foram introduzidas, assim como há todo um clima de gibi clássico de Neal Adams e Denny O’Neil na parte que toca o Morcego. A mistura dos vilões, com o Pinguim e seu bando e o clã do Pé também é uma inteiração engraçada.

    Talvez o único senão visual, seja a caraterização das tartarugas, que para se diferenciar uma das outras, acabando tendo traços meio minimalistas, principalmente Donatello e Michelangelo, mas uma vez que se acostuma, isso se torna passável, sem falar que nas lutas, as ninjas funcionam bem melhor do que quando estão estáticas.

    Há também um equilíbrio entre lutas mais sérias e outras pautadas na galhofa. Batman contra Destruidor é um dos momentos mais legais dentro das animações recentes da DC, bastante bem animada, violenta, agressiva e com boas referências a artes marciais. Por sua vez, quando o Cruzado Encapuzado enfrenta o quarteto de heróis, a entrada dele faz lembrar os momentos da abertura de Batman: A Série Animada. Além de Donatello, Michelangelo, Leonardo e Rafael como personagens engraçados, há também o insetoide Baxter Stockman como alivio cômico, personagem esse que faz o intermediário entre a Liga das Sombras e o Clã do Pé, alias, unir Destruidor e Ras AllGhul é das melhores idéias que poderia se ter ao mesclar universos tão diferentes, embora dificilmente o vilão imortal buscasse lançar mão do uso de mutações em seus asseclas.

    Quanto o filme passa da metade, há mais confrontos entre heróis e vilões, além de seguir a regra básica de crossover, com união dos personagens bons e dos maus também. Nesse contexto, suavizam a figura do Robin que Damian Wayne faz, e alguns vilões se tornam animais antropomorfizados, sendo a maioria bem bizarra. O filme funciona melhor quando pouco se leva a sério, as lutas finaiis são bem divertidas, tem um cunho mais escapista, que remete aos clássicos do Batman dos anos 60, inclusive no clima camp do seriado de Adam West, e depois de uma bela cooperação entre os personagens, há uma série de reimaginações de capas clássicas do Batman, Batman e Robin, Liga da Justiça e das Tartarugas envolvendo os heróis em confronto e unidos também, com direito a uma cena pós crédito que inclusive faz referência a uma possível amalgama entre os universos, abrindo possibilidades para mais continuações para o longa.

    https://www.youtube.com/watch?v=0sStJ_IpbG8

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  • Crítica | As Tartarugas Ninja (1990)

    AS Tartarugas 1990

    Os primeiros instantes do filme de Steve Baron exibem uma narração de uma jornalista preocupada com a violência e uma onda de assaltos em Nova York. Em seguida, uma sequência bem agressiva com a repórter April O’Neil (Judith Hoag) sendo atacada por um grupo de trombadinhas que tentam assaltá-la. Ela é salva de maneira misteriosa por benfeitores anônimos e sorrateiros, estes que seriam os heróis da história. As Tartarugas Ninjas é a primeira versão live action dos quadrinhos de Kevin Eastman e Peter Laid, ainda que o cunho infantil seja muito mais semelhante ao popular desenho do que com ao das hqs.

    O salvamento de April foi a primeira ação do quarteto. Michelangelo (Michelan Sisti), Leonardo (David Forman) e Donatello (Leif Tilden) comemoram muito a ação, ao contrário de Raphael (Josh Pais), que lamenta muito a perda de sua arma branca. É nesse personagem que se concentram os conflitos mais discutíveis, como a culpa e falta de resolução, e o único que consegue fazê-lo se acalmar ligeiramente é o Mestre Splinter (Kevin Clash), o rato que serve de mentor e criador dos heróis.

    A realidade dentro do filme é idealizada, mostrando uma caricatura da metrópole norte-americana e no uso de uma paródia de alguns elementos utilizados nas histórias do Demolidor, como a versão engraçada dos vilões orientais do diabo, manifestados através do Clã do Pé, grupo criminoso misterioso que passa ao largo da investigação de O’Neil, fato que faz o destino dos quatros e da repórter novamente se cruzar.

    Apesar dos sustos, não falta ao grupo capacidade de viver em harmonia, e logo eles tornam-se amigos, com uma empatia justificada pela carência de todos, tanto dos mutantes, que não formam elos com ninguém da superfície, quanto da mulher desamparada pela falta de segurança ou de garantias de cuidado pelo Estado. É nesse cenário caótico que o vilão Destruidor (James Salto) consegue estabelecer seu terror, a despeito de seu visual carnavalesco que mais parece um cosplay do que um figurino de um filme.

    Além de obviamente ter a arte ninja como semelhança, há também a condição de rejeição por parte dos adeptos, características semelhantes entre o clã do pé e as tartarugas. Diferenciam-se pela filosofia de cada um: a agressividade desmiolada do vilão e a face zen do rato, que não se permite olhar para o diferente como um inimigo a ser trucidado. O cunho infantil do roteiro faz alusões até interessantes do ponto de vista ético, como a preocupação fraterna de Leonardo, a busca por identidade de Rafael e a aceitação de Casey Jones (Elias Koteas) no grupo, personagem bem diferente física e ideologicamente dos mutantes, posto na trama para fazer par com April.

    Os momentos de humor são datados e as piadas são voltadas para o público juvenil mas funcionam bem, graças principalmente ao carisma dos heróis, que têm uma trajetória trôpega, mas ainda crescente. O resultado final é um filme divertido e inventivo nas curiosas cenas de flashback, atingindo uma harmonia que não se repetiria no restante da franquia, em especial por misturar o humor típico dos cartoons e tomando emprestada uma violência gráfica semelhante ao exploitation da década anterior, a exemplo dos filmes de Paul Verhoeven, ainda que sua versão seja suavizada. As Tartarugas Ninjas tem méritos interessantes para um filme de orçamento pequeno, se valendo de efeitos visuais práticos e que infelizmente não teria sua estética seguida em frente nos outros cine-episódios.

  • Crítica | As Tartarugas Ninja: Saindo das Sombras

    Crítica | As Tartarugas Ninja: Saindo das Sombras

    as tartarugas ninja 2

    As Tartarugas Ninja iniciou-se como uma HQ underground, em preto e branco e com muita violência, criada por Kevin Eastman e Peter Laird como paródia de trabalhos de Frank Miller com Demolidor, Ronin, e para brincar com os universos mutantes e seus temas de aceitação, tão populares na época. Não parecia ser inicialmente um conteúdo voltado para crianças. Porém, a série animada dos anos 1980 coloriu e trouxe um humor muito mais ingênuo aos irmãos renascentistas adolescentes. Rafael, Donatello, Leonardo e Michelangelo eram treinados e criados pelo Mestre Splinter, ninja afetado pelo Ooze, uma substância mutagênica que também deu origem aos irmãos. Após o sucesso nas telinhas, veio o sucesso nos cinemas com Tartarugas Ninjas – O Filme, filme independente mais lucrativo durante anos, mas seguido de duas sequências que, embora mais produzidas, lucraram menos que o original.

    Na releitura produzida por Michael Bay e dirigida pelo seu pupilo Jonathan Liebesman, Tartarugas Ninja, o tom de aventura se uniu de forma atraente ao visual sujo e steampunk. Os apenas 90 minutos de produção ajudaram a dar foco ao filme de trama quase inexistente.

    Para a continuação, As Tartarugas Ninja: Saindo das Sombras, foi providenciada a mudança de direção, entrando Dave Green. Houve uma precipitação na concepção, pois o filme se mostra quase um reboot de seu original em certos momentos — contando até com reintrodução do quarteto mutante e de suas habilidades — , por replicar os mesmos temas, os conflitos do líder Leonardo com seu impulsivo irmão Rafael e novamente a dificuldade de trabalhar em time e aliar suas qualidades e defeitos. Apesar de repetitivo, ainda é o atrito que melhor trabalha certa profundidade à trama, detalhando as dificuldades do crescimento das responsabilidades da saída da adolescência e a necessidade de alguém compreender seu lugar no mundo, eventualmente buscando ser especial ou apenas tão normal quanto qualquer outro.

    Reaparecem então as tristezas de viver nas sombras e a oportunidade de sair para a luz. Mas, durante a fuga do Destruidor da prisão (com mudança óbvia de ator, décadas mais jovem que no filme anterior), as Tartarugas entram em conflito novamente com o Clã do Pé, e com uma nova ameaça: Krung, o cérebro mutante com tentáculos criado para a série animada, e que tem a intenção de se aliar com o vilão para roubar relíquias espaciais e, assim, dominar a Terra.

    Para ajudá-lo, Destruidor e Krung criam os mutantes capangas Bebop e Rocksteady, personagens também vindos da série animada, e que são excelentes, sendo facilmente a melhor coisa do filme.

    As tartarugas continuam funcionando muito bem em cena: a captura de movimento torna suas expressões críveis e ajudam a compor a cena, tanto as de humor quanto as que buscam um apelo mais dramático. O grande problema está no elenco de apoio, na inserção atrapalhada de certos personagens como Casey Jones (Stephen Amell, canastrão e sem graça) e o Dr. Baxter (O péssimo Tyler Perry). Para fazer alguma conexão com o filme anterior, Destruidor e Vern Fenwick (Will Arnett) atuam como coadjuvantes de luxo.

    Com boas sequências de ação — e a mais interessante delas passando-se no Brasil — e humor físico envolvendo chutes entre as pernas e piadas com comida, Tartarugas Ninja: Fora das Sombras consegue deter a base da animação e introduzir bons elementos visuais e uma relação orgânica com Nova York e seus esgotos. Apesar de os diversos personagens estarem bem distribuídos na ação e em seus papéis, o elenco de apoio funciona mal, perdendo força quando as tartarugas estão ausentes. Sem definir-se bem sobre sua ameaça central, o filme não se sente acanhado em dizer que todo o entorno é uma desculpa para vermos em ação o que faz desses personagens tão relevantes: a força de tartaruga.

    Texto de autoria de Marcos Paulo Oliveira.

  • Crítica | As Tartarugas Ninja (2014)

    Crítica | As Tartarugas Ninja (2014)

    Desde que saíram as primeiras notícias sobre o reboot da franquia de As Tartarugas Ninja no cinema, muito se falou sobre as possíveis alterações que os personagens sofreriam de acordo com sua origem nos quadrinhos, em possibilidades que passaram até tratando os protagonistas como sendo alienígenas. Porém, o medo de muita gente foi simplesmente ver associado ao projeto, como produtor, o famoso e explosivo Michael Bay. Para o bem ou para o mal, características marcantes de sua criação estão nessa nova adaptação das Tartarugas para o cinema, dirigida pelo sul-africano Jonathan Liebesman (Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles e Fúria de Titãs 2).

    O filme começa contando a história da jovem repórter do canal 6, April O’Neil (Megan Fox) e seu companheiro de trabalho Vernon Fenwick (Will Arnett). Ela é responsável somente por reportagens fúteis sobre beleza e saúde, mas luta para ser levada a sério como jornalista, enquanto ele quer aprofundar sua relação com April, tentando fazer com que ela se sinta melhor sobre o que faz. Enquanto isso, a cidade de Nova Iorque é assolada por ataques de bandidos do chamado “Clã do Pé”, no que o megaempresário Eric Sacks (o eterno coadjuvante William Fichtner) se compromete a ajudar. April presencia um roubo do Clã que é interrompido por criaturas fortes e velozes, que se assemelham a tartarugas. Após mostrar sua teoria para a chefa do jornal (em uma interpretação de Whoopi Goldberg em piloto automático), é ridicularizada e por isso decide conseguir provas da existência dos heróis misteriosos. Para isso, vai até uma estação do metrô que está sendo atacada pelo Clã (e que estava convenientemente perto) e lá consegue registrar os heróis que se apresentam como Rafael (Alan Ritchson), Michelangelo (Noel Fisher), Leonardo (Pete Ploszek com voz de Johnny Knoxville) e Donatello (Jeremy Howard).

    Tecnicamente, a captura de movimentos aperfeiçoada pela IL&M é bastante competente em criar os movimentos das tartarugas e os fazerem parecer reais a todo o tempo, assim como suas expressões faciais. Nas cenas de ação a naturalidade dos movimentos também dá um salto em relação a outras produções semelhantes. Essa tecnologia de captura de movimento tem tudo para pautar a indústria no futuro.

    Porém, somente a competência da tecnologia não sustenta um filme. Se os movimentos das tartarugas são naturais, da trama não se pode dizer o mesmo. Um vício muito comum no cinema atualmente, em especial nas produções de Michael Bay, é, além da infinidade de cortes secos e rápidos, as várias sequências de ação, cada uma com um clímax próprio, o que tem o objetivo de mantê-lo ligado 100% no filme sem pausa para respirar, mas acaba na verdade anestesiando e tornando-o insensível a outras camadas possivelmente existentes na trama.

    Mas, se em outros filmes isso é um problema, em As Tartarugas Ninja não é, simplesmente porque não existe nenhuma outra camada além da principal, que é a mais simplificada e direta possível, na cara do espectador. Se tanto nas HQs originais quanto nos filmes antigos as mutações que deram origem aos protagonistas eram meros acidentes sem ligação entre os diferentes núcleos de personagens, na nova adaptação ela é fruto de pesquisas genéticas onde o pai de April O’Neil era um dos encarregados, e ela ganha uma importância maior, porém artificial e desnecessária, ao ser a responsável por salvar as cobaias e salvá-las… jogando-as no esgoto de Nova Iorque (!). E tudo isso é explicado em uma narração pelo Mestre Splinter (Danny Woodburn com voz de Tony Shalhoub).

    A protagonista, aliás, é um dos principais problemas do filme. Megan Fox não é uma boa atriz. Não é nem uma atriz mediana. Se em outras produções ela não comprometia por fazer o papel de “sexy”, sua atuação é deplorável e a câmera parece sempre estar mais preocupada em pegar seu melhor ângulo (em seu cabelo que nunca desarruma e maquiagem que nunca borra) do que com o filme. Dito isso, a mistura da motivação de April com a das Tartarugas, de todos terem uma origem em comum em suas infâncias ao invés de serem estranhos que se conhecem e evoluem em uma relação juntos, não garante absolutamente nada a mais na trama. Pelo contrário, exige uma crença muito grande do espectador para que todos eles se encontrassem no futuro daquela forma, quase sobrenatural.

    A ameaça principal, o Clã do Pé, possui em seu líder, Destruidor (Tohoru Masamune), seu principal agente. Em uma virada nada surpreendente, ficamos sabendo que Sacks na verdade é discípulo do Destruidor, que quer espalhar pela cidade um composto em forma de gás que irá causar doenças em toda a cidade, e eles precisam do sangue das tartarugas ninja para sintetizar o antídoto, e assim vender a cura para a doença e se tornarem líderes mundiais.

    Mas, para dois terroristas que agem nas sombras, a escolha da antena do próprio prédio dos laboratórios Sacks para dispersar o composto químico parece no mínimo estranha (além de lembrar muito a trama de O Espetacular Homem-Aranha). A caracterização da armadura do Destruidor (que também lembra demais o Samurai de Prata de Wolverine: Imortal) o torna uma ameaça robótica um tanto quanto artificial, que enfraquece o fato de o Destruidor ser o mestre de artes marciais estabelecido em uma cena anterior. Somente um ser humano usando uma vestimenta caracterizada talvez funcionasse melhor. Essa e outras falhas do roteiro (April só consegue tirar uma foto das Tartarugas enquanto fogem porque elas devolvem seu celular e apagam todas as fotos que tinham tirado antes, tendo assim “resolvido o problema”…) acabam sendo irritantes para qualquer pessoa que preste atenção e se importe com a história.

    Mas, por se direcionar a um público infanto-juvenil, As Tartarugas Ninja decide focar mais nas piadas e referências à cultura pop, o que garante risadas em diversas situações, o que sempre foi uma característica marcante dos personagens. Porém, dificilmente uma criança ou adolescente irá conhecer coisas citadas, como Lost. Outro fator que interfere na própria proposta humorística do filme é a inserção de uma temática “dark” e realista na hora de expor alguns elementos da história, tornando o ritmo do filme confuso.

    As Tartarugas Ninja funciona muito bem para um determinado tipo de público, pois oferece duas horas de diversão literalmente explosiva e simples (para não dizer simplista). Não ofende a memória dos personagens e cumpre o que se propõe, especialmente no quesito “ganhar dinheiro”, mas todas as suas qualidades acabam ficando por aí. Uma pena, pois Donatello, Leonardo, Rafael e Michelangelo mereciam coisa melhor.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.

  • Crítica | As Tartarugas Ninja (2014)

    Crítica | As Tartarugas Ninja (2014)

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    As Tartarugas Ninja fazem parte da cultura pop há, pelo menos, 20 anos. Criadas nos quadrinhos em 1984 por Kevin Eastman e Peter Laird, as quatro simpáticas tartarugas ganharam mais notoriedade no final dos anos 80 com um desenho animado que perdurou por nove anos, só perdendo em longevidade para Os Simpsons. O sucesso cartunesco rendeu três adaptações para o cinema, sendo que o primeiro filme de 1990 foi a película independente de maior sucesso na história, na época. Também foram responsáveis não só pelo sucesso na tela, mas também em outros segmentos, como o de brinquedos e o de jogos de videogame. Quem não se lembra do clássico jogo de fliperama?

    Após o sucesso na década de 90 e com o encerramento do desenho animado, a franquia nunca saiu dos holofotes e mesmo após o fracasso do seriado em live action, que buscava emular o ambiente apresentado nos filmes, ainda buscou fôlego num novo desenho animado que foi ao ar por mais seis anos. Mas as tartarugas só voltaram ao mainstream em 2012, quando a rede Nickelodeon investiu pesado na franquia com uma nova animação, buscando o sucesso do desenho da década de 90.

    Se aproveitando disso e explorando a fase de remakes e reboots no cinema, o diretor Michael Bay, por meio de sua produtora Platinum Dunes, em parceria com a própria Nickelodeon, decidiu trazer As Tartarugas Ninja mais uma vez ao cinema. De início, foi uma notícia que agradou a todos os fãs da franquia. “De início”, porque, durante a produção do filme, percebia-se que Bay tinha sua própria visão a respeito de como seriam as tartarugas, cometendo a heresia de anunciar que elas, na verdade, seriam alienígenas em vez de mutantes. Tal notícia causou tanta histeria na internet que houve ameaças de morte e petições.

    Bay é um dos poucos diretores que mantêm contato direto com seus fãs e também é um dos poucos que ouvem as reclamações. Mas sem deixar o orgulho de lado, optou por se afastar da direção e trazer um diretor de sua confiança, Jonathan Liebesman, que entregou um filme que os fãs queriam, ou quase isso. Pelo menos chegou perto disso, ou não. Talvez…

    O motivo de tanta confusão (proposital) ao final do parágrafo acima é que As Tartarugas Ninja consegue ser um ótimo filme em certos quesitos e um péssimo filme em outros. Os pontos negativos são sempre os mesmos: o péssimo hábito que Hollywood adquiriu em explicar suas tramas detalhe por detalhe, além de atribuir conexões ridículas aos personagens.

    Dito isso, o filme é sobre a história da jovem repórter do Canal 6, April O’Neil (Megan Fox, de jaqueta amarela), que tem a ambição de se tornar uma repórter investigativa  em vez de ficar fazendo insignificantes matérias de fitness , juntamente com seu câmera, Vernon Fenwick, vivido por Will Arnet, um dos destaques do filme. April é uma jovem xereta que busca a todo custo descobrir quem está por trás do combate ao Clã do Pé, uma organização criminosa que assola os nova-iorquinos e que é comandada pelo Destruidor (Tohoru Masamune). O objetivo da moça é provar à sua chefe, Bernadette Thompson (participação especialíssima de Whoopi Goldberg), que um vigilante está atuando na cidade e combatendo o Clã do Pé sozinho.

    Uma dessas investigações de April a coloca frente a frente com Leonardo (Pete Ploszek, dublado por Johnny Knoxville), Raphael (Alan Ritchson), Michelangelo (Noel Fischer) e Donatello (Jeremy Howard), numa cena muito divertida. Porém, ninguém acredita que o combatente do Clã do Pé é, na verdade, quatro tartarugas que são adolescentes, mutantes e ninjas. Tamanho absurdo resulta na demissão de April, que acredita que os mutantes são resultado do Projeto Renascença, algo que seu pai – que está morto – desenvolvia juntamente com Eric Sacks (William Fichtner). A demissão da jovem repórter faz com que a personagem vá atrás atrás de Sacks para revelar que o projeto, de alguma forma, deu certo.

    O problema é que, quando as tartarugas não estão em cena, o filme não rende nem um pouco. Não há nenhum atrativo, nada que prenda o espectador, e você chega até a rezar pra que elas apareçam.

    E quando elas aparecem, dão show. Muito show. Não há uma cena chata sequer. O bacana é que, como dito no início do texto, elas fizeram e ainda fazem parte da cultura pop e, no filme, elas vivem isso. Michelangelo ama os virais da internet, indo à loucura ao ver o vídeo daquele gato tocando piano. Raphael, ao abordar April pela primeira vez, busca imitar o Batman de Christian Bale e é zoado pelos outros.

    Pouco foi mexido no intelecto das tartarugas, mas muito foi mexido no visual, que é espetacular. Créditos pela captura de movimentos desenvolvida em Avatar. Leonardo continua sendo o líder sereno que sempre foi. Raphael é o esquentado da turma, não gosta da liderança de Leonardo e de longe é o maior e mais forte do bando. Donatello, possivelmente, é o que sofreu mais alterações. Sendo o nerd/geek da turma, ele usa óculos de grau e uma mochila, parecida com a dos Caça-Fantasmas, com alguns aparatos tecnológicos. Além de conhecimentos de informática, ele também entende bastante de Medicina. Contrastando com os outros, ele é o mais magro. Já Michelangelo é aquele brincalhão que todos nós conhecemos. Não se leva a sério, é apaixonado por April e se acha lindo. E o último, não menos importante, é lindamente asqueroso. O Mestre Splinter é feio, mas tão feio que provavelmente alguma criança terá pesadelos na hora de dormir. Com a captura de movimentos feita por Danny Woodburn, Splinter – dublado por Tony Shalhoub, o Monk , apesar de já possuir certa idade, é muito habilidoso e talvez lute até melhor que seus discípulos. Sim, no filme ele vai pra guerra quando necessário e não tem como não lembrarmos do Mestre Yoda.

    Uma pena o Destruidor ser mal trabalhado. Sua única ameaça é a armadura que usa, a qual pode colocá-lo facilmente como um vilão do Homem de Ferro. Contudo, faz sentido, porque as tartarugas são muito fortes, sendo necessário um vilão que demonstre certa imponência, e a armadura causa esse efeito.

    Enfim, é um filme que possui erros preguiçosos (o que é comum), mas não decepciona nas piadas e nas cenas de ação. De qualquer forma, prepara terreno para uma continuação que poderá ser mais completa e elaborada, já que não vimos nenhum personagem secundário e querido pelos fãs, como é o caso de Casey Jones.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.