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  • Crítica | Eu os Declaro Marido e… Larry

    Crítica | Eu os Declaro Marido e… Larry

    Adam Sandler e Denis Dugan ja fizeram muitos filmes juntos, e Eu Os Declaro Marido e… Larry é possivelmente o mais importante deles, seja pelo discurso pseudo progressista, ou por marcar um momento importante da parceria entre Kevin James e Sandler, que de acordo com falas do segundo, essa seria a dupla que mais faz ele se sentir a vontade, a despeito até dos tantos filmes que fez com Rob Schneider ou até Jack Nicholson.

    O filme começa em uma quadra de basquete, onde ocorre um rachão (termo popularmente utilizado para designar o equivalente a jogos de pela no futebol)  entre os funcionários do Corpo de Bombeiros do Brooklyn. Charlie Chuck Levine é um sortudo mulherengo, preso a clichês como dezenas de personagens do ator, ele é mostrado como disputado  por duas mulheres belíssimas, mesmo que ele não tenha qualquer característica física, de caráter ou algo que o valha para ser um sujeito diferenciado.

    Na primeira ação de Chuck com Larry Valentine (James) e seus outros companheiros, já se apela para uma situação limite, onde tem que salvar o filho de uma senhora, num prédio em chamas, onde o sujeito de tão obeso, não  anda há cinco anos. O apelo a estereótipos é ofensivo e esse tipo de humor permearia toda a rotina de  Charlie.

    Ha muitas sugestões fálicas no texto, o filho de Larry, Eric (Cole Morgen), tem gosto por danças e musicais, fato que já o vai enquadrando possivelmente como uma criança gay. Ao mesmo tempo, o roteiro tenta lidar com traumas sérios, de perdas parentais e de pressa por arrumar possibilidades de futuro para a outra geração. Essas duas questões não conversam de maneira harmoniosa, por mais que a dupla de protagonistas seja muito carismática.

    O número de gags cômicas ligadas a questões de obesidade beira a infantilidade, e a forma como se contrapõe a homossexualidade é bem tosca, ainda mais quando se referencia a questão de ninfomania de Chuck. Em alguns pontos ele lembra o Charlie Harper de Two and a Half Men, só que sem qualquer profundidade e sem camadas, sendo ainda mais raso que o personagem que Charlie Sheen fez.  Toda a trama de enganos e trapaças é fragil, quase sucumbe diante do acréscimo da advogada Alex McDonough de Jessica Biel, que desperta o instintos mais primitivos no personagem de Sandler

    Ao mesmo tempo que há toda esse problemática, Larry e Chuck agridem um taxista homofóbico, por fazer insinuações pejorativas, mas nesse ponto não fica tão claro, se eles fazem isso por evoluírem finalmente, defendendo a classe LGBT ou só estão tentando se desvencilhar da pecha de gays. No entanto as piadas com sabonetes caindo e a caracterização de Ving Rhames como um sujeito violento e mal encarado que tem receio de sair do armário é uma citação meio pesada.

    Os aspectos de intimidade dos dois amigos são legais, eles brigam feito um casal de verdade, enquanto Chuck é um completo desonesto com a bela advogada. O modo como se retrata a amizade e cumplicidade incondicionais é acertada, mostrando um homem enlutado em tentar superar suas questões afetivas.

    Exigir lugar de fala é um exercício fútil, mas não ter um ator gay no elenco fora figurantes é demais, todos os homossexuais são caricatos e feito por héteros, de assumindo homo afetivo há Richard Chamberlain, não ha conhecidos lgbts entre os mais famosos, e todas as mentiras contadas junto a mobilização da comunidade faz parecer algo ofensivo, que piora demais no final, quando se “justifica” a fraude contra o Estado. A perversão da quebra da lei através de mentiras sobre identidade denuncia claro a morosidade e burocracia das instituições estadunidenses, mas também faz uma associação complicada junto aos bombeiros e aos homossexuais. As intenções por trás de Eu Vos Declaro Marido… e Larry podem até serem boas, mas seu resultado final é generalista e pejorativo.

  • Review | Bojack Horseman – 4ª Temporada

    Review | Bojack Horseman – 4ª Temporada

    É estranho pensar que uma das séries mais adultas dos últimos tempos é uma animação protagonizada por um homem-cavalo. A ideia parecia esdrúxula, mas felizmente se mostrou algo de muita qualidade e que, na medida do possível, foge do óbvio.

    Se você está lendo este review, provavelmente assistiu às temporadas anteriores, então vamos pular a apresentação dos personagens centrais. Aproveite e leia os reviews da primeira, segunda e terceira temporadas.

    A Netflix vinha mantendo uma boa qualidade da série, apesar de alguns deslizes no ritmo. Esta quarta temporada não foi muito diferente. Temos o Sr. Peanutbutter (Paul F. Tompkins) concorrendo ao cargo de governador da California, mostrando uma campanha bem “atrapalhada”. É a parte menos interessante da temporada, porém teve seu valor em satirizar as campanhas políticas e, principalmente, os eleitores que valorizam coisas bizarras. Todo esse envolvimento na política serviu, de forma inteligente, para desenvolver a relação de Peanutbutter e Diane (Alison Brie).

    Curioso notar que Bojack (Will Arnett) simplesmente não aparece no primeiro episódio, deixando dúvidas se o cavalo perderia o foco nesta temporada. Pelo contrário, tivemos revelações importantes sobre o passado de Horseman.

    O ponto central é a chegada de uma garota chamada Hollyhock (Aparna Nancherla) dizendo ser, talvez, filha de Bojack. Se no início o ex-astro de Horsin’ Around tem a postura babaca e indiferente de sempre, aos poucos ele se vê mudando seus pensamentos e se importando com a garota. O melhor de tudo é o desfecho dessa questão, algo até inusitado, um dos pontos mais fortes dessa temporada.

    Outra questão é o passado familiar de Bojack, especialmente sua mãe (Wendie Malick), que tem uma história pesada. A relação de Bojack com sua mãe terá um espaço importante na história, e a série acertou em abordar certas coisas.

    Em paralelo, Princess Carolyn (Amy Sedaris) parece conseguir um relacionamento sólido depois de muito tempo, e podemos acompanhar as inseguranças e questionamentos de uma mulher mais velha que permanece(ia) solteira. Os personagens da série são muito humanos, mesmo sendo animais antropomorfizados, algo irônico e genial.

    Vale destacar a aparição de algumas vozes conhecidas, como Jessica Biel e Matthew Broderick.

    Bojack Horseman é uma série fácil de recomendar. Se você gostou das temporadas anteriores, não pense duas vezes, assista à quarta. É uma série consistente que já ganhou seu espaço dentre as produções de qualidade da Netflix.

    https://www.youtube.com/watch?v=v9yQv9YWFw4&t=9s

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  • Crítica | Esquadrão Classe A

    Crítica | Esquadrão Classe A

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    A introdução dos personagens é perfeita: o Coronel (Neeson), Bosco B. A. (Quinto Jackson), Cara de Pau (Cooper), Murdock (Sharlto Copley), além do furgão é claro – o panteão de personagens é muito bem reprisado e as consequências de ação iniciais são eletrizantes e já mostram a que vieram. A perseguição com helicópteros é muito bem filmada – até o anúncio dos créditos iniciais ambienta o espectador no mundo do A-Team, a aventura a ser mostrada é despretensiosa, escapista e descompromissada com qualquer mensagem mais profunda, o tom leve do seriado oitentista é muitíssimo bem atualizado por Joe Carnahan e seu elenco, muito bem encaixado, peça por peça. Esquadrão Classe A reitera todo o conteúdo humorístico da série original com uma competente aura moderna em torno de si.

    Neeson faz um Hannibbal Smith parecido com o original, mas com um acréscimo de carisma tipico seu, ainda que sua especialização em filmes de ação não o faça repetir o mesmo estereótipo em filmes diferentes. Ele consegue passar a sensação de liderança que um mentor precisa ter, ao mesmo tempo que concentra em si o protagonismo da história – sua liderança se destaca ainda mais em meio a crise que o grupo passa os valores de unidade, amizade e companheirismo são as sensações focadas na fita de Carnahan. O resgate dos membros da equipe é tão eletrizante quanto as outras cenas de ação. A metalinguagem presente na fuga do Capitão Murdock é emocionante para os fãs da série original. As piadas internas, os medos do quarteto a ambientação, tudo é muitíssimo respeitado.

    Até se ensaia uma reflexão mais profunda relativa a real necessidade de violência na resolução de conflitos e a natureza assassina dos homens fardados, mas o enfoque real é no clima de matinê, nos feitos incríveis e situações fantasiosas, com veículos que pesam toneladas transpassando o ar como se fossem feitos de papel ou repousando sobre o mar acompanhados de um para-quedas a tira-colo.

    É lastimável que o filme não tenha ido bem de bilheteria nos Estados Unidos, o que praticamente inviabiliza uma continuação – mesmo com o gancho presente nos últimos minutos de ecrã. As referências, a reverência, as homenagens, tudo que é registrado pela lente de Joe Carnahan é absolutamente respeitoso – especialmente a cena pós-créditos – e atualizado para o novo público amante de filmes de ação, acostumado às fitas com Vin Diesel, Jason Statham e Dwayne Johnsonn. O diretor soube revitalizar o tema sem feri-lo ao ponto de torná-lo indistinguível do original, e o perigo era grande, vide o que ocorreu com a franquia Missão Impossível – e talvez o “erro” cometido por ele para que o filme não fosse sucesso de público, seja o de não incluir em sua fórmula os clichês teen típicos de seus concorrentes blockbusters de 2010, mas Carnahan prosseguiria realizando bons filmes como A Perseguição, além de estar cotado para dirigir o filme baseado no quadrinho de Mark Millar, Nemesis.

  • Crítica | Um Bom Partido

    Crítica | Um Bom Partido

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    Em menos de dois meses, Gerard Buttler esteve presente em duas estreias nacionais: o longa de ação Invasão à Casa Branca e a comédia romântica Um Bom Partido, demonstrando a versatilidade do ator, que deseja ser reconhecido tanto como um herói como um personagem romântico – como é possível observar em sua filmografia.

    Um Bom Partido apresenta George, um jogador de futebol aposentado – elemento que é mais costumeiro a nós do que para estrangeiros – que, ao desejar um novo objetivo para sua vida, aproxima-se do filho e da esposa que o deixou.

    Em um primeiro momento, imaginamos que a trama será a típica história de rendenção de um homem que tenta anular os erros de seu passado. Há uma sensação de um leve drama familiar do pai que deseja aproximar-se do filho e conquistar seu amor. Mas, sem saber ao certo que rumo tomar, a história se quebra em diferentes vertentes.

    Há espaço para o humor exagerado que faz do pai um sedutor que consegue levar todas as mulheres que conhece para a cama, distanciando-se um pouco de uma provável intenção inicial do longa em ser um filme familiar, para, em seguida, deixar a personagem do filho de lado e concentrar-se no amor que George ainda sente pela ex-mulher, que está prestes a se casar.

    Mas a trama não sabe bem onde se encontrar. Sem ter um parâmetro definido em sua abordagem, não é possível estabelecer exatamente para quem está produção foi feita. O filme não pode ser assistido em família, por conta de algumas poucas piadas grosseiras. Não serve como um romance pelo cômico sexual da personagem. E, nas tentativas de se estabelecer em diversos elementos, o filme não consegue se manter em nenhum.

    Há coadjuvantes demais que desfilam seu talento sem necessidade, deixando sobras e pontas soltas em cena. Além de um Dennis Quaid como um marido infiel e paranoico que, de tão chato, chega a incomodar.

    A tentativa de Butler em não permanecer somente em um gênero é interessante, demonstrando seu interesse em ser versátil. Mas nada adianta se continuar realizando produções mal formatadas de que o público não se lembrará a longo prazo.

  • Crítica | O Vingador Do Futuro

    Crítica | O Vingador Do Futuro

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    Na onda interminável dos remakes hollywoodianos, chegou a vez de uma das maiores pérolas das traduções brasileiras, O Vingador do Futuro (tudo a ver com o nome original, Total Recall). Não vou entrar em comparações com o clássico de 1990 dirigido por Paul Verhoeven, pelo simples motivo de que não o vi, shame on me. Mas não precisa ser nenhum gênio pra deduzir que a nova versão já sai perdendo ao colocar Colin Farrell no papel que foi de Arnold Schwarzenegger.

    Num futuro não tão distante, uma guerra química tornou inabitável a maior parte do planeta. Os dois únicos locais povoados são a Federação Unida da Bretanha e a Colônia (Oceania). Superpopulação é apelido, e na segunda área há um movimento de resistência contra o Estado opressor da primeira, exigindo direitos iguais para os explorados trabalhadores. Nesse cenário, Quaid é um operário atormentado por uma rotina maçante e sonhos recorrentes nos quais é alguém importante. Buscando um escape, ele vai até um local chamado Total Recall, que implantará em sua mente memórias falsas a título de “férias”. Porém, antes que o procedimento comece, ele é atacado por agentes do governo e a correria começa.

    Correria, aliás, é a definição do filme. Apesar de bem executadas, as cenas de ação são inúmeras, permeadas por breves momentos de respiro. Meio na linha Michael Bay de ser, o que inevitavelmente acaba cansando lá pelo meio da história. O diretor aqui é Len Wiseman (da franquia Anjos da Noite e Duro de Matar 4.0), na melhor das hipóteses apenas competente na parte visual, mas sem qualquer brilho. E isso se reflete nesse novo O Vingador do Futuro, que sugere potencial para ter um algo a mais, algum conteúdo, mas de cara já opta por se dedicar inteiramente à ação desenfreada.

    A crítica social é de um capitalismo tão agressivo que evolui pra um novo imperialismo, mas isso fica apenas como um raso pano de fundo. Os aspectos de sci fi são mais dignos de nota, apesar de estarem presentes somente na ambientação. Os cenários urbanos são muito interessantes, uma extrapolação da nossa própria realidade em termos de moradia, trânsito e cidades cosmopolitas. Nada original, porém: é fácil encontrar elementos de Blade Runner Minority Report. Não por acaso, todos inspirados em contos de Philip K. Dick. Outra possibilidade do filme seria uma discussão sobre identidade, realidade e ilusão, subconsciente e o diabo a quatro nesse viés psicológico. Os próprios trailers e pôsteres sugerem isso – que é incrivelmente mal trabalhado! Em momento algum surgem dúvidas sobre a veracidade da situação do protagonista, e tudo se resume a algumas frases soltas dignas de filosofia de biscoitos da sorte.

    Dentre os atores, Farrell se esforça, mas a seriedade do papel o impediu de usar sua melhor faceta, a de canalha irônico canastrão. Jessica Biel está apagadíssima, Bill Nighy faz pouco mais que figuração, e o vilão vivido por Bryan Cranston ficou muito abaixo do potencial do ator. O destaque vai mesmo para a esposa do diretor, a linda e maravilhosa Kate Beckinsale. Como uma vilã incansável, cachorrona e determinada a ferrar o herói, ela rouba a cena ao definir o que é uma “ex-mulher”. Antes que me acusem de machista ou coisa parecida, é o filme que sugere isso, gerando um humor que não decidi se foi ou não involuntário.

    No fim das contas, O Vingador do Futuro versão 2012 serve apenas como uma boa distração entre Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge e Os Mercenários 2, e dificilmente será lembrado como um destaque dos gêneros ação ou ficção científica.

    Texto de autoria de Jackson Good.