Tag: Gerard Butler

  • Crítica | O Fantasma da Ópera (2004)

    Crítica | O Fantasma da Ópera (2004)

    Em 2004, Joel Schumacher lançou sua versão para O Fantasma da Ópera, começando seu drama sem cores, remetendo ao clássico de 1925, de Lon Chaney. Somos apresentados ao Teatro de Ópera Popular de Paris, com os espetáculos sendo organizadas, até que o patrono do lugar, LeFevre (James Fleet), anuncia sua aposentadoria, liberando o papel para que Raoul de Ghagny (Patrick Wilson) seja o novo financiador do negócio, junto ao seu pai, Firmin (Ciarán Hinds).

    Esta versão se foca bastante na trama romântica, apresentando as bailarinas, Meg Giry (Jennifer Allison) e Christine Daee (Emmy Rossum), por meio de uma conversa sobre o novo responsável pelo lugar, além da busca pelo sucesso como artistas. Quando a diva Carlotta Guidicelli (Minnie Driver) se retira, abre uma oportunidade para Christine ir ao centro do palco.

    As músicas de Andrew Lloyd Webber são impecáveis, o desempenho vocal do elenco é igualmente acertado. Até Batman & Robin, lançado sete anos antes havia uma aura mais fantasiosa e colorida típica dos musicais, aqui o que se vê é uma segurança e austeridade tão desnecessárias que soam até covardes. Talvez tenha sido a crítica frequente ao diretor que não o permitiu um pouco de ousadia, optando por trabalhar numa linha mais conservadora.

    Sobre o Fantasma, a maioria dos personagens é bastante consciente sobre a lenda que ronda o teatro, ao ponto de se falar abertamente sobre deixarem um camarim vazio para ele – e até mesmo um salário. Talvez o maior pecado do filme resida exatamente no papel principal, Gerard Butler tem uma presença que varia entre uma face calma e tediosa, e um lado histérico-agressivo que até faz convencer. No entanto o ator é irregular, acertando em alguns pontos, mas seu tom dramático não convence nenhum pouco.

    Os acertos de Schumacher moram nas cenas de ação, a luta de espadas entre o Fantasma e Raoul é bem feita, mas o filme carece de identidade. Se comparar com versões musicais com outro diretor de filmes do Batman, Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet de Tim Burton por mais criticado que seja, tem a cara de seu cineasta, e Schumacher parece mais preocupado em trazer uma versão austera, segura e econômica. Seu filme carece de alma, nenhuma atuação sai do tom, é tudo muito higiênico, e os protagonistas masculinos são fracos.

    Emy Rossum tenta salvar o filme, mas não tem força suficiente para isso. Quanto a música de Webber funcionam à perfeição, assim como todo o design de produção de Anthony Pratt. O ato final carece de verve e emoção, Wilson e Butler não repetem os bons momentos do primeiro duelo, o que é de fato uma pena, pois um musical prescinde de um final apoteótico, e aqui é bastante anticlimático. Schumacher poderia ter ter feitos escolhas melhores.

  • Crítica | Invasão ao Serviço Secreto

    Crítica | Invasão ao Serviço Secreto

    Invasão Ao Serviço Secreto é a terceira parte da trilogia Has Fallen, conhecida no Brasil como “Invasão a algo ou alguma coisa“, e seu início é silencioso, mostrando o método e ação de Mike Banning, personagem de Gerard Butler que em outras oportunidades já havia salvado a pátria e também o mundo. Os ângulos fechados lembram estilos de filmagem bem diferenciados, unindo a realidade semi documental de Tropa de Elite e outros filmes de ação brasileiros com os cortes secos e enfoques mais fechados da trilogia Bourne, em especial os filmes de Paul Greengrass. As cenas impressionam pela habilidade de Ric Roman Waugh em registrar a urgência, apesar de não ocorrer ali  um fato tão agressivo quanto aparenta, quase numa reimaginação da peça shakesperiana Muito Barulho por Nada.

    Há uma clara tentativa de tornar grave a vivencia de Mike. Ele toma pílulas, para lidar com o dia a dia estressante, com a proximidade da morte e com a violência corriqueira. Claramente ele não imaginou que viveria  tanto, nem que passaria por tantas operações ileso como está, e entre uma ida e outra para casa, onde encontra sua família e amigos, ele vai sentindo a pressão aumentar.

    O filme não é sutil, vai direto ao ponto especialmente no que toca a promoção do heroi dentro do órgão em que trabalha, e isso é feito pelo presidente novamente vivido por Morgan Freman, tal qual em Invasão a Londres – e ele recém assumido como líder de operações do serviço de proteção nacional vê um ataque hiper tecnológico e bem orquestrado ocorrer sobre si e sobre suas unidades. As não sutilezas não ocorrem só nas cenas de ação que são repletas de slow motion datado, mas também no fato de os ataques por drone ocorrerem logo após ele quase passar mal ante o comandante em chefe da nação soberana no continente americano.

    As aproximadamente duas horas de filme resultam em uma obra de ação um bocado genérica, que se distanciam demais do bom potencial prometido por seu início avassalador. Butler está visivelmente velho demais para esse tipo de papel, Freeman também parece apenas se repetir em um tipo de arquétipo que já fazia quando Clint Eastwood era astro de ação.

    Toda a questão envolvendo sua possível traição também é mal conduzida. A agente Thompson de Jada Pinkett Smith é uma personagem genérica, não passa de arquétipo, assim como a obvia inversão de perseguição ao herói. Há espaço também para reencontros com pessoas importantes de seu passado, os mesmos que antes não eram sequer mencionados, tudo para fazer Nick Nolte agir mais uma vez como velho louco e Danny Huston, que desde  sua primeira aparição já parece um traidor.

    O roteiro de Waugh, Matt Cook e Robert Mark Kamen surpreende praticamente nada, todos os rumos parecem telegrafados, com rumos decididos e desenhados muitos momentos antes de ocorrerem. O desfecho é doce demais para os heróis, mostra os vilões corruptos sendo presos, em um maniqueísmo exacerbado, com direito a colocarem o presidente Morgan Freeman em uma cena com políticos reais – entre eles Michel Temer e Vladimir Putin, no lugar de Donald Trump – e um resgate familiar envolvendo os novos personagens, incluindo momentos adocicados, com um bebê de poucos meses pavimentando uma nova relação de pai e avô.

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  • Crítica | Como Treinar o Seu Dragão

    Crítica | Como Treinar o Seu Dragão

    Baseado livremente nos livros de Cressida Cowell, Como Treinar Seu Dragão é o primeiro filme de uma cine serie, dirigido por Dean DeBlois, Chris Sanders era a aposta da Dreamworks para competir na última década com os filmes da Disney e Pixar. A base da historia é mitologia e iconografia viking, onde o jovem Spantosicus Strondus III ou simplesmente Soluço (Jay Baruchel no original e no Brasil dublado por Gustavo Pereira) sonha em ganhar fama em sua aldeia, achando que o caminho mais fácil para isso seria matando um dragão, seres esses que atormentam o lugar onde moram, o problema é que ele não leva o menor jeito para isso, mesmo sendo filho de uma lenda, Stoico, o Imenso (Gerard Butler e na versão nacional Mauro Ramos) que e líder de Berk e um dos guerreiros mais ativos da aldeia.

    A tradição dos Berk é de caçar dragões, e Soluço quer se tornar um bom caçador, mas ele além de não conseguir, é julgado por seu pai como frágil demais para conseguir tal feito. Ele monta uma armadilha e encontra lá um dragão negro, belo, e machucado, mas não tem coragem de matá-lo e dali começa uma estranha parceria, tão boa que o menino passa a usar os ensinamentos do dragão para ludibriar os outros monstros no treinamento comum.

    Soluço passa a adestrar a besta, de maneira escondida obviamente, pois seria proibido. Astrid (America Ferrera e no Brasil por Luisa Palomanes), a menina por quem ele é apaixonado começa a suspeitar, mas o mundo dos adultos pouco se importa com isso. A questão é que as diferenças entre gerações são mostradas não só nos interesses mas no comportamento entre pais e filhos. Soluço é um menino que se sente desprezado por todos, sobretudo por seu pai, e ele encontra em uma figura controversa um alento, alguém com quem pode ser sentimental apesar do óbvio aspecto selvagem e o fato dele esconder essa relação pode ser encarado como um paralelo com diversos aspectos de discussões mais adultas, como segregação de diferentes.

    Os aspectos visuais do filme são muito bem explorados, o lar dos dragões tem um vermelho muito vivido e  uma quantidade enorme dos monstros voadores circulando em torno da rainha, que os explora. Sem panfletar ou sem necessidade de lacrar o roteiro de DeBlois, Sanders e Will Davies mostra como uma casta explora outra e o quanto seres de discursos e linguagens diferentes mal julgam uns aos outros, isso tudo fortificado pela amizade de Soluço e Banguela.

    O destaque de Soluço diante dos treinamentos não ocorre porque ele é ótimo em batalhas como seu pai, e sim porque ele, uma criança, tem uma compreensão mais madura e adulta que os velhos aldeões e caçadores, entendendo finalmente que a relação ideal entre os repteis alados e os homens, e mesmo após ele conseguir conter  os dragões, observado por seu pai e pelos outros anciões, a teimosia predatória dos guerreiros humanos segue, em mais um esforço tolo que visa provar a masculinidade tóxica dos personagens que se acham heroicos.

    Pai e filho tem um discurso alinhado no final, ainda que não aconteça isso sem sacrifícios e sem  a ressignificação revisionista da relação entre homens e dragões, tudo bem que os animais se tornam pets, mas ao menos deixaram de ser objetos de caça de ódio, para receberem carinho a gratidão dos meninos e meninas, que claramente são mais exímios com os animais. Como Treinar Seu Dragão é uma animação simples, de excelência gráfica e com uma historia que desmonta paradigmas como foi nos sucessos maiores da Dreamworks, FormiguinhaZ, Shrek e Megamente, e ainda deu vazão a uma franquia que se preocupa em trazer boas historias, para muito alem do dever de só vender bonecos.

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  • Crítica | Covil de Ladrões

    Crítica | Covil de Ladrões

    Em 1995, estreou nos cinemas Fogo Contra Fogo, um dos melhores trabalhos do diretor Michael Mann. Na trama, um policial brilhante e obstinado, interpretado por Al Pacino, caçava um também brilhante e obstinado ladrão de bancos, interpretado por Robert De Niro. Mais do que um filme policial, o longa tratava de homens embrutecidos e praticamente amaldiçoados por suas escolhas na vida, um enfoque bastante interessante na dinâmica familiar dos personagens, além da relação de dependência quase simbiótica que os protagonistas De Niro e Pacino desenvolvem ao longo do filme. Em suma, um grande filme. Sendo assim, o maior erro de Covil de Ladrões é se banhar excessivamente na fonte original, sendo extremamente reverente em alguns momentos e não assumindo uma personalidade própria. O que se assume, é que o filme é uma grande homenagem ao já clássico longa metragem de Mann, porém, pálida, ainda que sincera.

    Na trama escrita por Christian Gudegast (também diretor) e Paul Scheuring (criador do seriado Prison Break), um time de ladrões altamente treinados empreende um assalto que acaba com vítimas fatais, o que o coloca em rota de colisão com a unidade de elite do departamento da polícia de Los Angeles liderada pelo tresloucado policial Nick O’Brien. Ao mesmo tempo, os assaltantes planejam um espetacular roubo à unidade local do Banco Central do EUA.

    Covil de Ladrões tem boas idéias, mas que restam prejudicadas ao longo do desenvolvimento da trama. Há um rápido enfoque na vida pessoal de alguns personagens, no caso, o protagonista Gerard Butler (que vive o líder da unidade policial) e do assaltante vivido por 50 Cent. Porém, o desenrolar dessas subtramas é terrível. No caso do personagem de 50 Cent, que de certa maneira emula o personagem de Val Kilmer em Fogo Contra Fogo, o tempo de tela é pouco, o que impossibilita que o espectador estabeleça uma relação de empatia com ele. Já no caso do protagonista, o que ocorre é um erro de concepção grave. Ao invés de obstinado policial, o personagem é composto como um babaca chauvinista que trai a mulher, chegando ao cúmulo de culpar a esposa pela traição. Daí, mais adiante na trama, muda-se o tom para que ele seja visto como uma espécie de incompreendido, o que acaba por acentuar a antipatia despertada por ele.

    A ideia de mostrar a unidade de policiais como quase marginal soa interessante, não fosse os personagens extremamente genéricos (e alguns estereotipados) que só estão ali pra fazer número. Caso esse aspecto da trama fosse melhor desenvolvido, o filme ganharia em profundidade, uma vez que a pertinente questão “os fins justificam os meios?” seria trazida à tona. No caso, ela é só pincelada no início do filme para depois ser abortada. No que tange ao jogo de gato e rato que se inicia entre o protagonista e o antagonista, não há vestígio de engenhosidade. Há um amontoado de obviedades novamente prejudicada pela concepção dos personagens, com o policial interpretado por Butler parecendo mais um adolescente implicante e o líder da gangue vivido por Pablo Schreiber incapaz de justificar a pecha de ladrão espetacular que lhe é atribuída.

    Entretanto, o filme tem lá os seus acertos. As cenas de ação orquestradas por Gudegast são extremamente eficientes e com uma estética crua que chega a encher os olhos. O terço final, que mostra o roubo do banco e as suas consequências, é muito bem construído e o fato de não se utilizar de malabarismos, como em Onze Homens e Um Segredo o torna muito eficiente, com as doses corretas de suspense e ação. As reviravoltas também são interessantes, além de deixar o gancho pra uma continuação (já anunciada pelo estúdio), faz com que a simpatia pelo personagem de O’Shea Jackson Jr. (filho do rapper/ator Ice Cube que é incrivelmente parecido com o pai) cresça, deixando o desejo de que a continuação conserte os erros deste Covil de Ladrões, cometa os seus acertos próprios e redima essa película que embora dotada de boas intenções, acabou não sendo boa quanto poderia ser.

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  • Crítica | Um Homem de Família

    Crítica | Um Homem de Família

    Relações familiares conturbadas não são exatamente um tema novo e original para o cinema. O mesmo pode-se dizer de produções que abordam a rotina workaholic e seus desdobramentos na vida pessoal dos envolvidos. Um Homem de Família (A Family Man) consegue a proeza de unir ambos os temas de maneira previsível, porém com boas reflexões e alguma boa lição em seu desfecho.

    Os primeiros dez minutos de exibição assustam bastante e, provavelmente, farão alguns impacientes abandonarem a sessão. Acontece que, desde P.S. Eu Te Amo, Gerard Butler não protagonizou nada com muito crédito na indústria. Isso sem falar nas detestáveis e esquecíveis comédias românticas como Caçador de Recompensas, ao lado da eterna Rachel Green Jennifer Aniston. Um Homem de Família começa lembrando muito uma comédia pastelão ambientada num ambiente corporativo. Dane, interpretado por Butler, está em uma disputa particular com uma colega de trabalho, aspirando a uma promoção na empresa.

    Felizmente, poucos minutos depois, o núcleo familiar é inserido na trama. Surgem então a esposa de Dane, vivida por uma Gretchen Mol muito bem em cena, e seus dois filhos. A dificuldade do casal em manter uma relação saudável é evidenciada de maneira bastante convincente. É a boa e velha história do “você trabalha demais” versus o “estou ocupado”. A incompatibilidade do casal transborda a relação meramente afetiva e esbarra até mesmo na dinâmica dos dois na cama. A coisa ganha um tom mais sério quando o filho mais velho de Dane, vivido pelo incrível Max Jenkins (Sense8), é a diagnosticado com câncer. O protagonista entra então em uma montanha russa emocional que oscila entre o bom momento no trabalho e a crise familiar gerada pela enfermidade de uma das crianças.

    O roteiro de Bill Dubuque apresenta algumas inconsistências, sobretudo em seu arco inicial. Sobram clichês e faltam elementos que gerem empatia pelo protagonista logo no começo do filme. O espectador só alcança essa identificação com o personagem na metade do arco intermediário. Em contrapartida, a direção de Mark Williams é bem competente. Aliás, em diversos momentos, a sensação transmitida é a de que as soluções de direção salvaram algumas cenas mal concebidas no roteiro.

    Butler desenvolve bem seu personagem. Nos momentos em que o ator precisa entregar seus melhores sentimentos, a experiência funciona. Mas, de uma maneira geral, está longe de alcançar o mesmo timbre cênico do restante do elenco. A comparação com Gretchen Mol é inevitável, já que ambos dividem a maioria das cenas do longa e a atriz simplesmente engole o ator em todas as oportunidades de diálogo entre os dois.

    Um Homem de Família é uma boa escolha para assistir despretensiosamente e sem esperar algo como o cinema arte. Numa breve somatória de fatores, a balança pende mais para um lado positivo. A história em si não traz novidades, mas talvez seja uma daquelas temáticas que, de tempos em tempos, precisam ser revisitadas e expostas na tela grande.

    Texto de autoria Marlon Eduardo Faria.

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  • Crítica | Deuses Do Egito

    Crítica | Deuses Do Egito

    Depois de um começo de carreira promissor, seguindo os dois estilosos longas de estreia O Corvo e Cidade das Sombras, Alex Proyas colecionou altos e baixos em sua filmografia, desde malfadadas adaptações de Isaac AsimovEu, Robô – até filmes risíveis, estrelados por Nicolas CagePresságio. Quando surgiu a ideia de adaptar a mitologia egípcia para um estilo semelhante ao que fizeram com a refilmagem de Fúria de Titãs, seu nome foi aventado e prontamente recebido, ainda que isso não tenha garantido a Deuses do Egito qualquer sobriedade.

    A história se passa em tempos clássicos, ignorando a óbvia questão inerente à cor da pele dos homens e mulheres do Egito, que só permitem ter a pele mais morena em alguns camponeses e serviçais, salvo raras exceções. A jornada comum cabe a Bek (Brenton Thwaites), um rapaz jovem e apaixonado, que habita um lugar com faces vivas de todos os deus clássicos. Logo é mostrado Horus (Nikolaj Coster-Waldau), uma divindade de gostos populares incluindo aí a predileção por mulheres de decotes bastante generosos.

    Próxima da coroação de Horus como rei, a cerimônia é interrompida por seu tio Set (Gerard Butler), que se apresenta como um homem honrado, ainda que sua postura conciliadora dure pouco, já que há uma alta traição de sua parte que fere mortalmente Osíris (Bryan Brown), provocando neste protagonista uma fúria imensa. Os problemas do filme se manifestam com maior força neste ínterim, excluindo é claro as inconveniências estéticas, já que as soluções soam muito fáceis, com consequência fúteis para questões que deveriam ser complexas, como a tomada de poder por um tirano, a qual é assistida por uma multidão pronta a aceitar as ordens de qualquer um, dada a letargia de seu povo.

    A tentativa de aproximar os seres poderosos de meros mortais em essência é uma boa ideia, mas sua execução tropeça em erros básicos, como a composição da corte real e total ignorância em relação aos hábitos e costumes da civilização retratada, em especial pelas duas figuras femininas principais, Zaya (Courtney Eaton), a amada de Bek, e Hathor (Elodie Yung), antiga amante de Horus, que só fazem expor sua carne, seja em quaisquer de suas atividades corriqueiras, incorrendo em uma ofensa ao estilo e roupas da época, algo que não foi visto sequer nos filmes das múmias e em Cleópatra, ainda que estes sejam passados em época diferentes deste longa.

    Também há o agravante de que os ambientes em CGI e efeitos práticos funcionam em alguns pontos da trama e em outros não. A transformação em peças de combate é ruim, mas até pode ser relevada em alguns pontos. Porém, as lutas coreografadas com bonecos digitais do medievo, ou escorpiões sem a mínima textura, fazem toda a suspensão de descrença se tornar algo monumentalmente terrível, ao invés de ser apenas uma fuga da incredulidade.

    Os eventos contidos no argumento de Burk Sharpless e Matt Sazama são genéricos, tanto que serviriam em um ambiente moderno de caça a feiticeiras – como em O Último Caçador de Bruxas – ou em uma remontagem de Vlad, o Empalador – assim como Drácula: A História Nunca Contada.

    O reclame de Proyas em relação às críticas negativas que recebeu é injusto, mas não surpreendente, visto o deslocamento da realidade que o mesmo sofreu ao dar sequência a sua carreira. Seu filme causa exaustão pelos erros crassos de roteiro e por ter uma duração grande demais para uma aventura descompromissada, além de habitar um limbo entre ser um produto extremamente caro e ainda tencionar uma aventura escapista e sem amarras com realidade ou coesão textual.

    Os reviews negativos não ocorrem por moda, e sim pela clara falta de qualidade e identidade de Deuses do Egito. O público habitual de Transformers, Piratas do Caribe, Velozes e Furiosos e demais franquias semelhantes talvez não se choque com os problemas de concepção, e é esse tipo de cinema que a carreira recente de Proyas abraça. Por isso, é comum que a crítica especializada o espanque, acima de suas próprias reclamações.

    A fotografia de Peter Menzies Jr. ambiciona muito e entrega pouco, atrapalhada por uma arte trôpega e repleta de efeitos especiais que primam pelo preciosismo. Talvez o único motivo real para assistir ao filme seja no sentido de conferir a performance de Elodie Young em um blockbuster, antes dela encarar Elektra na segunda temporada de Demolidor, como havia ocorrido com Henry Cavill, em Imortais, filme o qual muito se assemelha a essa obra.

    A intenção de ser épico não é atingida em nenhum grau, nem nas lutas, que são bastante anticlimáticas e óbvias, tanto em relação ao resultado final, quanto no desenrolar da ação. Se a intenção do diretor e produção fosse produzir um filme de efeitos especiais, cuja qualidade é discutível, Deuses do Egito acerta em cheio, já que o sucesso de público não foi estrondoso, com arrecadação pífia em suas primeiras semanas. Ecos da falta de qualidade do filme, além de quase sepultar a intenção da Lionsgate em transformar isso em uma franquia.

  • Crítica | Caçador de Recompensas

    Crítica | Caçador de Recompensas

    Caçador de Recompensas - Poster

    Reunindo dois ícones das comédias românticas, Caçador de Recompensas põe frente a frente os personagens Millo Boyd (Gerard Butler), um caçador de recompensas que sempre está às voltas com os agentes da lei oficiais, e sua ex-esposa Nicole Hurly (Jennifer Aniston), uma atraente repórter que misteriosamente seria um dos alvos do primeiro personagem. Os dois surgem numa introdução que não possui nenhuma explicação prévia, já que, após a chamada inicial, a trama volta no tempo em vinte e quatro horas.

    Aos poucos, as diferenças básicas de estilos de vida de Millo e Nicole são notados, tendo em comum entre ambos a total dificuldade em lidar com autoridades, a ausência de pontualidade e a dificuldade de lidar com ordens superiores. Por algum motivo esdrúxulo, Nicole tem de comparecer ao julgamento que discutiria sua pena após a sua prisão, mas não consegue por ir atrás de uma matéria jornalística igualmente desimportante. Uma recompensa é avisada para que ela compareça em juízo, e um mandato é expedido, atendido convenientemente por seu antigo companheiro, que seria pago para encarcerar seu velho amor.

    Todos o entorno serve de pretexto para uma quantidade exorbitante de desencontros, além de uma caça mútua de Millo por sua “amada”, e de Nicole pelo seu desejo maior de se superar enquanto comunicóloga. As subtramas são na verdade um artifício bobo de roteiro para reunir os dois companheiros em volta do mesmo objetivo, que é a sobrevivência mútua, uma vez que o caso que a jornalista analisa tem forte ligação com o crime organizado, pondo em seu encalço o perigoso Earl Mahler, interpretado pelo sumido Peter Greene.

    Entre tantas incursões que visam reunir de volta os personagens que não se suportam, há um sem número de constrangedores momentos, que ao menos não irritam tanto quanto outros filmes adocicados que Butler tanto faz. O pouco uso da cafonice para contar a história do diretor Andy Tennant (de Hitch: O Conselheiro Amoroso) e da roteirista Sara Thorp (do suspense A Marca) consegue apresentar uma trama sem muita profundidade, mas que não é ofensiva para o espectador que não é o público-alvo.

    O final de Caçador de Recompensas guarda algumas cenas de ação bastante malfadadas, cuja orquestra patética faz perguntar o porquê de tanta falta de esmero com a direção. Como era esperado, os amores impossíveis ganham liga, claro, recheando o desfecho de humor, com uma entrega voluntária de ambas as partes. Eles preferem estar juntos, mesmo que todo o entorno e as circunstâncias lutem contra a obviedade do amor entre os protagonistas. É curioso como a cena final mostra Butler conseguindo pôr a cabeça entre o pequeno vão entre as barras prisionais, o que faz se perguntar se ele teria poderes sensoriais, ou se há qualquer preocupação da produção em tornar a cena algo que se enquadre no mundo real, mesmo em se tratando de uma comédia pasteurizada.

  • Crítica | Como Treinar o Seu Dragão 2

    Crítica | Como Treinar o Seu Dragão 2

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    Quando Como Treinar o Seu Dragão chegou aos cinemas em 2010, não se imaginava que a nova animação da DreamWorks fizesse tanto sucesso. O estúdio apostou alto adaptando uma série de livros escrita por Cressida Crowell. Com um orçamento gordo de 165 milhões de dólares, o longa – dirigido por Dean DeBlois (Lilo & Stitch) e pelo roteirista de clássicos como O Rei Leão, Chris Sanders – chegou aos 500 milhões de dólares no mundo inteiro, garantindo financiamento para que mais dois filmes fossem encomendados. Como Treinar o Seu Dragão 2 chegou às telas quatro anos após seu antecessor, quase respeitando o tempo da ordem cronológica da história, que é de cinco anos.

    Soluço (voz de Jay Baruchel), o simpático protagonista, agora tem 20 anos de idade, o suficiente para que seu pai, Stoico (Gerard Butler), o coloque no trono, substituindo-o como líder da cidade de Berk. Porém, Soluço não quer nem um pouco assumir as responsabilidade de governar, ainda mais depois dos adventos do primeiro filme, quando a paz entre vikings e dragões passou a reinar. Nesses cinco anos, podemos perceber que a aliança entre dragões e o povo viking trouxe muitos benefícios à cidade, principalmente numa cena completamente inspirada em Os Flintstones, quando animais ajudam os humanos nas tarefas diárias. Vale destacar que Soluço possui vários aparatos “tecnológicos” muito legais, dispondo, inclusive, de uma wing suit, a popular asa de morcego, aparato bastante conhecido entre os paraquedistas.

    O filme começa numa festa em Berk, onde acontece uma corrida de dragões disputada pelos velhos amigos de Soluço: a namorada Astrid (voz de America Ferrera), Melequento (Jonah Hill), Perna de Peixe (Christopher Mintz-Plasse), Cabeça Dura (T.J. Miller), Bocão (Craig Ferguson) e a feia e revoltada, porém irresistível, Cabeça Quente (na voz de Kristen Wiig). Percebe-se que o protagonista deveria estar disputando a prova, porém ele está explorando o mundo com o seu dragão, Banguela, que ainda não consegue voar sozinho. Enquanto Soluço e Banguela voam, nota-se que, na verdade, eles estão mapeando o local, o que faz com que o jovem tenha consigo um enorme mapa da região, descoberta por Soluço e seu amigo.

    Mas a trama, de fato, começa quando, numa dessas explorações junto a Astrid e seu dragão Tempestade, Soluço e Banguela são atacados pelo simpático e divertido viking Eret (voz de Kit Harrington, o Jon Snow, de Game Of Thrones), que deixa escapar que está capturando dragões a mando do temido Drago Sangue Bravo (voz de Djimon Hounsou). E esse contato com Eret muda para sempre a vida de Soluço, interferindo, inclusive, em seu passado, onde algumas coisas são reveladas, como, por exemplo, a verdade sobre sua mãe, desaparecida desde um ataque de dragões a Berk, quando Soluço ainda era um bebê.

    O filme é bastante leve, passa rápido e não erra em nenhum aspecto. É engraçado e triste quando precisa ser e é tenso e suave quando também precisa ser. A história e o visual são mais ricos e abrangentes, dada a facilidade de se viajar por aí com um dragão. Simples assim. Pode-se dizer que os acontecimentos do primeiro filme, além de contribuírem com a trama, colaboram com os aspectos técnicos do segundo. Desta forma, a facilidade que Soluço tem de explorar a região o coloca em contato com a misteriosa guardiã de dragões, Valka (voz de Cate Blanchett), que sabe muito mais sobre os dragões do que qualquer outra pessoa no mundo, além de esconder um grande segredo. Para se ter uma ideia, Soluço é apresentado ao Dragão Alfa, um dragão colossal, talvez maior que o Godzilla, que controla todos os outros dragões.

    Um dos destaques fica por conta da diversidade de dragões que este filme possui. Cada raça possui características bem distintas, o que, infelizmente, deixa Banguela totalmente em segundo plano, ganhando mais importância somente no início do terceiro ato, quando Drago Sangue Bravo se torna, de fato, uma ameaça. Cabe destacar que ele também possui um Dragão Alfa, que resulta no maior combate de dragões já visto no cinema, mesmo que em uma animação. Um elemento grandioso não só pelos dragões alfa, mas porque Drago, assim como Valka, possui uma horda de dragões controlados por seus líderes, resultando numa épica batalha.

    Felizmente, o saldo é bem positivo, e o filme é com certeza uma ótima diversão para as crianças nas férias. Mas, por outro lado, talvez Chris Sanders tenha errado um pouco o tom ao escrever uma cena daquelas em que o herói pega a dama pela cintura e tasca-lhe um beijo, como acontece entre Soluço e Astrid, cena que resulta em um monte de “eca”, “credo” e “blergh” entre as crianças no cinema, causando risos nos adultos pela situação constrangedora e divertida.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Crítica | 300: A Ascensão do Império

    Crítica | 300: A Ascensão do Império

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    Dirigido por Noam Murro, com roteiro escrito por Zack Snyder e Kurt Johnstad, o filme, assim como o anterior, é “baseado” numa graphic novel de Frank Miller, Xerxes. “Baseado” é modo de dizer, já que a HQ sequer tem previsão de lançamento. Miller finalizou apenas as duas primeiras edições, entregues para a Dark Horse Comics no início de 2011. Deve retomar o trabalho assim que terminar sua colaboração com Robert Rodriguez nas filmagens de Sin City 2.

    O filme não é uma sequência de 300, nem uma prequel. A história se passa concomitantemente à Batalha das Termópilas, onde está Leônidas (Gerard Butler) e seus espartanos. A trama se inicia 10 anos antes de 300, na Batalha de Maratona, que foi perdida pelos persas liderados por Dario (Igal Naor), pai de Xerxes (Rodrigo Santoro). Após a morte de Dario, Xerxes quer retaliar os gregos pela humilhação sofrida em Maratona. Auxiliado por Artemísia (Eva Green), rainha de Halicarnasso, investe pelo mar contra os gregos liderados por Temístocles (Sullivan Stapleton), general reconhecido por suas estratégias de guerra. O clímax ocorre na Batalha de Salamina, que ocorreu no estreito que separa Salamina da Ática.

    Está explícito na tela que praticamente toda a ambientação do filme foi feita em computação gráfica. Contudo, diferentemente de 300, a fotografia não é tão estilizada, não é tão semelhante à estética dos quadrinhos. Fica de lado a intenção de reproduzir fielmente os quadros da graphic novel – objetivo plenamente atingido em 300 – e apesar de tantos efeitos em CGI, ganha-se em realismo. Ambas são soluções satisfatórias.

    Não é um documentário, é uma obra de ficção, portanto deve-se relevar as imprecisões históricas e a liberdade criativa do roteiro. Em linhas gerais, o filme não distorce demais os fatos em prol da trama. A mistura entre História e ficção, realidade e fantasia, está bem equilibrada. Mas isso nem tem tanta importância, pois percebe-se que interessa mais a ação do que a trama em si. E, enquanto 300 foca a ação numa luta em terra firme, neste o ponto alto são os embates marítimos. Não apenas os confrontos entre naus persas e gregas, mas as lutas homem a homem nos conveses.

    Para os fãs do gênero, há espadas, escudos, lanças, flechas, sangue e membros decepados de sobra. E muito, muito slow motion. Tanto que chega a enjoar. As lutas são muito bem estruturadas e executadas, disso não há dúvida. Mas o uso excessivo da câmera lenta deixa-as enfadonhas em muitos momentos. O ritmo das cenas seria bastante beneficiado com uma montagem mais “uniforme”. Pois se todos os momentos são destacados com slow motion, nenhum deles efetivamente mereceria destaque.

    Supostamente, Temístocles é o protagonista, mas o personagem é tão insosso que fica difícil de se sustentar. Aliás, mesmo pouco desenvolvida como os demais personagens, é Artemísia quem consegue prender a atenção do espectador. Eva Green a interpreta com “sangue nos olhos”. Qualquer sequência – exceto as de batalha – que não a tenha em cena é extremamente tediosa.

    Se a história é simples, os personagens pouco elaborados, o mesmo não se pode dizer das batalhas marítimas. São todas grandiosas, com manobras navais literalmente de encher os olhos. E quando o confronto parece que será apenas mais do mesmo, algum estratagema incomum surge como elemento surpresa, mantendo a atenção e deixando a ação ainda mais interessante. Alguns expedientes utilizados nos embates parecem inverossímeis, beirando o exagero. Mas quem se importa? O espetáculo é tão bem coreografado que esses pequenos detalhes se perdem no quadro geral e não atrapalham em nada. É divertido, com cenas de ação bem feitas, o 3D não trapalha. Como entretenimento cumpre sua função satisfatoriamente.

    Texto de autoria de Cristine Tellier.

  • Crítica | 300

    Crítica | 300

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    Zack Snyder é um diretor tão criticado por suas últimas realizações, que torna-se fácil esquecer-se de suas qualidades. Uma delas é o talento que ele tem em retratar cenas introdutórias. A abordagem da criação do guerreiro espartano e o consequente endeusamento do seu protagonista aliado a trilha sonora retumbante, que eleva os ânimos e torna o clima de 300 em algo naturalmente épico.

    Tudo na película é estilizado: Fotografia, cores em tons sujos que fazem com que o sangue coagulado sobressaia, o excesso da câmera lenta – claramente inspirada por Sam Peckinpah – que já era presente em Madruga dos Mortos, aqui é ainda mais abundante.

    Aspectos comuns a história e um pouco deixados de lado na HQ são abordados por Snyder, como a maior autonomia que a mulher espartana teria em relação às outras helenas. Uma boa demonstração disso é a interrupção que a Rainha Gorgo (Lena Headey), faz a primeira conversa entre os espartanos e o mensageiro persa.

    A principal discussão do filme é a forma como o Rei Leônidas (Gerard Butler, no papel de sua vida) encara a questão religiosa. Para ele, o misticismo deveria dar lugar à razão. Os éforos são retratados como corruptos, que aceitam suborno persa – diferente da Graphic Novel de Frank Miller. Os vilões de Snyder têm um sério problema por serem retratados quase sempre com um estereótipo de homossexual afetado, Xerxes foi o primeiro deles, o tom imponente se torna motivo de piada. Na verdade, quase toda a parte do roteiro que foge da história baseada passa por erros crassos e é lotada de incongruências. O corcunda Ephialtes por exemplo teve grande parte da sua motivação reduzida, graças ao fato dele só trair seu povo por ter sido rejeitado por Leônidas, quando na trama de Miller ele tenta se suicidar sem sucesso – fato que o faria culpar seus pais, os deuses e é claro, o Rei. A sub-trama envolvendo a Rainha e Theron também é muito equivocada. A entrega e pouca resistência de Gorgo, e a cena em que ela desmascara o político na frente do plenário em meio a uma audiência, fazendo cair uma bolsa com um punhado de moedas persas é ridícula, fraca e trata o espectador como um imbecil.

    Mas o foco de 300 é a Ação, sem dúvida nenhuma. As cenas de batalha são magistralmente filmadas, começando pelas “formações em tartaruga”, as execuções e o combate corpo a corpo, até o despencar do despenhadeiro. O céu coberto pelas flechas fazia o dia parecer noite, e os brados de Leônidas eram inspiradores e encorajavam seu exército. O Slow Motion bem utilizado funciona muito bem, ainda mais nas cenas de decapitação, e a vantagem espartana das Termopilas é mostrada visualmente em uma execução muito competente.

    O sacrifício dos guerreiros gregos, aliado ao estilo videoclíptico e ao clima massa veio, garante a 300 ser um sucesso de público, retrata os espartanos como um grupo de sádicos sedentos por sangue e como assassinos profissionais que não temem a própria morte. É uma história de bravura e resistência, além de ser um ótimo trabalho de Zack Snyder.

    Ouça nosso podcast sobre Zack Snyder.

  • Crítica | Um Bom Partido

    Crítica | Um Bom Partido

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    Em menos de dois meses, Gerard Buttler esteve presente em duas estreias nacionais: o longa de ação Invasão à Casa Branca e a comédia romântica Um Bom Partido, demonstrando a versatilidade do ator, que deseja ser reconhecido tanto como um herói como um personagem romântico – como é possível observar em sua filmografia.

    Um Bom Partido apresenta George, um jogador de futebol aposentado – elemento que é mais costumeiro a nós do que para estrangeiros – que, ao desejar um novo objetivo para sua vida, aproxima-se do filho e da esposa que o deixou.

    Em um primeiro momento, imaginamos que a trama será a típica história de rendenção de um homem que tenta anular os erros de seu passado. Há uma sensação de um leve drama familiar do pai que deseja aproximar-se do filho e conquistar seu amor. Mas, sem saber ao certo que rumo tomar, a história se quebra em diferentes vertentes.

    Há espaço para o humor exagerado que faz do pai um sedutor que consegue levar todas as mulheres que conhece para a cama, distanciando-se um pouco de uma provável intenção inicial do longa em ser um filme familiar, para, em seguida, deixar a personagem do filho de lado e concentrar-se no amor que George ainda sente pela ex-mulher, que está prestes a se casar.

    Mas a trama não sabe bem onde se encontrar. Sem ter um parâmetro definido em sua abordagem, não é possível estabelecer exatamente para quem está produção foi feita. O filme não pode ser assistido em família, por conta de algumas poucas piadas grosseiras. Não serve como um romance pelo cômico sexual da personagem. E, nas tentativas de se estabelecer em diversos elementos, o filme não consegue se manter em nenhum.

    Há coadjuvantes demais que desfilam seu talento sem necessidade, deixando sobras e pontas soltas em cena. Além de um Dennis Quaid como um marido infiel e paranoico que, de tão chato, chega a incomodar.

    A tentativa de Butler em não permanecer somente em um gênero é interessante, demonstrando seu interesse em ser versátil. Mas nada adianta se continuar realizando produções mal formatadas de que o público não se lembrará a longo prazo.

  • Crítica | Invasão à Casa Branca

    Crítica | Invasão à Casa Branca

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    Filmes com temas quase idênticos sendo lançados na mesma época. Uma tendência que Hollywood sempre repete, e o mais recente exemplo é a dobradinha que mostra a Casa Branca sendo invadida. Olympus Has Fallen, batizado por aqui como, hã, Invasão à Casa Branca, foi esperto e se antecipou a White House Down (O Ataque), que tem estreia prevista pra setembro. Neste longa dirigido por Antoine Fuqua, acompanhamos Mike Banning, agente do serviço secreto que chefia a equipe de proteção do presidente. Afastado do cargo quando falha em salvar a vida da primeira-dama, ele tem a chance de redenção meses depois: terroristas norte-coreanos (sempre eles, hoje em dia) conseguem dominar a residência oficial do líder norte-americano, tomando ele e boa parte de seu gabinete como reféns. Mike, o cara certo no lugar errado, é o único capaz de, literalmente, salvar a pátria.

    Com essa premissa, não precisa ser nenhum gênio pra perceber que teremos altas doses do velho patriotismo exacerbado, tipicamente estadunidense. Com direito inclusive a simbolismos nada discretos, por exemplo, câmera lenta e música dramática quando os vilões retiram do mastro a bandeira dos EUA e a jogam fora. Ainda mais sendo um filme de ação, Invasão à Casa Branca entrega esse e outros clichês (central de comando que serve só pra explicar a trama pro espectador, garotinho espertoetc.), perfeitamente esperados. Então não cabem reclamações comunistinhas de faculdade style quanto a isso. O que na verdade prejudica o filme é seu roteiro indeciso entre se levar a sério, como um thriller político, ou se assumir como diversão descerebrada.

    A tensão entre as Coreias do Sul e do Norte é usada como pano de fundo e estopim para a ação dos terroristas, mas nada além disso. Não são feitas críticas políticas a ninguém, muito menos ao papel dos Estados Unidos. Até aí, passável. Mas a indefinição de tom afeta também o protagonista. Inicialmente inseguro, duvidando de si mesmo, basta entrar em ação para ele imediatamente virar o herói clássico, infalível. Problema que vem se repetindo em várias produções do gênero: tenta-se humanizar o personagem, mas falta o senso de dificuldade naquilo por que ele está passando. Um direcionamento diferente, mais descompromissado, ajudaria inclusive o ator. Gerard Butler se mostra bem mais à vontade proferindo frases de efeito e posando de fodão.

    Apesar desses problemas, com boa vontade dá pra embarcar na história e curtir as boas cenas de ação (o ataque inicial, em plena luz do dia, é sensacional) e a tensão bem construída ao longo do filme. O plano dos invasores é razoavelmente aceitável, e as interações entre eles e os reféns mostram uma crueza muito bem vinda nestes tempos em que o PG-13 suaviza quase tudo. Há que se lamentar, porém, que o presidente vivido por Aaron Eckhart não tenha um grande momento, limitando-se a fazer cara de mau enquanto espera o resgate. E também que o embate entre o herói e o ameaçador vilão-chefe fique aquém do que poderia ter sido. De resto, diversos atores conhecidos (Morgan Freeman, Dylan McDermott, Angela Bassett, Melissa Leo, Radha Mitchell, Robert Foster e até Ashley Judd, direto do túnel do tempo) servindo apenas como acessórios pra movimentar a trama.

    Em essência um meio-termo entre Duro de Matar e 24 Horas, Invasão à Casa Branca poderia ter sido melhor caso escolhesse um desses lados. Mas, em tempos sem Jack Bauer e com John McClane decepcionando, Mike Banning é o que tem pra hoje.

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Agenda Cultural 01 | Caçadores de Recompensa, Rita Cadillac e Uma Surra de Bunda

    Agenda Cultural 01 | Caçadores de Recompensa, Rita Cadillac e Uma Surra de Bunda

    Bem vindos a bordoFlávio Vieira (@flaviopvieira), Amilton Brandão (@amiltonsena) e Mario Abbade (@fanaticc) se reúnem para comentar tudo o que está rolando no circuito cultural dessa semana, com as principais dicas da semana em cinema, teatro, quadrinhos e cenário musical. Em uma linha alternativa de dicas atemporais, selecionamos alguns petardos interessantes dentro do ramo literário, além de explicarmos como será o formato que iremos adotar. Não perca tempo e ouça agora o seu guia da semana.

    Duração: 44 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner: Gustavo Kitagawa

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    Comentados na Edição

    Quadrinhos

    Sandman: Edição Definitiva – Vol. I
    Resenha Homem-Aranha: Com Grandes Poderes

    Literatura

    Ilha do Medo – Dennis Lehane
    Resenha Os Senhores do Arco – Conn Iggulden
    O Hagakure: A Ética dos Samurais e o Japão Moderno – Yukio Mishima

    Música

    Marduk
    Placebo
    Bad Company – Hard Rock Live

    Teatro

    O Meu Sangue Ferve por Você

    Cinema

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    Crítica As Melhores Coisas do Mundo
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    Crítica Mary & Max
    Crítica Rita Cadillac: A Lady do Povo

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