Tag: eva green

  • VortCast 102 | James Bond – 007: A Era Daniel Craig

    VortCast 102 | James Bond – 007: A Era Daniel Craig

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira | @flaviopvieira) e Mario Abbade (@marioabbade)  se reúnem para comentar sobre o encerramento da era Daniel Craig como James Bond nos cinemas. Quais foram os pontos altos e baixos, as polêmicas e o futuro da franquia.

    Duração: 74 min.
    Edição:
     Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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  • Crítica | Dumbo (2019)

    Crítica | Dumbo (2019)

    Tim Burton há muito tempo não reprisa o bom cinema pelo qual ficou conhecido, e coube a Disney entregar-lhe um projeto que poderia faze-lo retomar a aura fantástica que começou a fazer em Edward Mãos de Tesoura, e o resultado final de Dumbo condiz demais com essa expectativa, conseguindo sabiamente fugir dos exageros que ele mesmo fez em Alice no País das Maravilhas, que foi uma das parcerias  mais recentes do diretor com o estúdio. O filme do elefantinho voador é emotivo, belo e transpira poesia.

    Evidentemente que liberdades  criativas precisaram ser tomadas, para tornar o clássico Dumbo de 1941 em um filme palatável não só para plateias mais novas, mas também para o novo formato, mas seja no roteiro de Ehren Kruger ou na direção de Burton há inúmeras referencias ao clássico, elementos como o trem que leva o circo dos Irmãos Medici ter um sorriso na frente, o uso das penas como combustível para o paquiderme (ainda que em uma espécie de Placebo), o uso de ratinhos amestrados para alegrar o filhote e os animais de espuma psicodélicos  estão lá, embora bem diferentes, e a repaginação deles é bem reverencial ao tom da versão antiga.

    No entanto a narrativa é mais feita pelos humanos e não pelos animais, e faz sentido, em especial por fortalecer um discurso de liberdade contra escravidão. Os dois plots principais funcionam muito bem juntos, tanto o dos animais que tem seus destinos decididos por humanos que são escrupulosos ou inescrupulosos de acordo com seu humor e necessidades básicas, há também os animais que apesar de lidar com o circo, tem personalidade própria, e é dada a atenção a ambos os núcleos, desenvolvendo mais obviamente a faceta que tem mais atores consagrados, ainda que eles tenham menos importância dramática que o animal “mágico” e as crianças que o cercam.

    Para muitos críticos da carreira de Burton é composta só de maneirismos, esse poderia soar como um filme seu sem parte de suas marcas, mas  isso não é verdade. O cineasta abre mão de um visual mais barroco, mas mantém parcerias com boa parte do seu elenco, como Danny DeVito (que repagina um personagem seu de Peixe Grande), Eva Green, Michael Keaton e Cia, além de ter consigo Danny Elfman fazendo uma das trilhas mais inspiradas de sua carreira, que dão o tom hiper fantástico necessária para todas as plateias embarcarem. É fato que o diretor está em uma coleira, e é bom que esteja, para não cometer os exageros que fez em Olhos Grandes ou O Lar das Crianças Peculiares, que não são seus piores filmes, mas ainda assim causam uma estranheza em quem gosta de sua obra anterior.

    Outra assunto que o realizador normalmente aborda e que é revisitado aqui são os problemas familiares, aqui representados pelo lado materno do parentesco, seja com a dupla de protagonistas infantis, Nico Parker e Finley Hobbins, que fazem respectivamente Milly e Joe Farrier, os órfãos filhos de Colin Farrell, que faz Holt, um veterano de guerra que adestrava equinos, além obviamente de Dumbo, que vê a Senhora Jumbo ser afastada de si por ser considerada louca. Em comum entre os dois plots, há a sensação de não pertencimento aquele lugar, ao circo dos Médici, não por falta de carinho dos que ali habitam, mas simplesmente porque eles não se encaixam ali apesar de serem formidáveis, mas tanto a jovem Milly não é circense, e sim uma cientista que quer dar vazão aos seus desejos, como os elefantes não se sentem bem no cativeiro.

    Ao menos em um ponto o filme não se diferencia muito da média, pois depende demais das coincidências para ter as reuniões de personagens que precisa. Elas soam irritantes de tão convenientes que são, mas nada que torne vã toda a jornada Dumbo, dos Holt e até do Circo Medici, que finalmente muda seu nome no final para algo mais justo. Cada um dos núcleos de desajustados, a sua maneira, alcançam o seu apogeu e seu modo mais justo de brilhar junto as luzes da ribalta, mesmo a menina que quer ser cientista atende seus próprios desejos de uma maneira que por hora, lhe serve. Ao final de Dumbo, não é só o pequeno elefante que consegue  alçar voo como uma borboleta, mas todos os  que foram agraciados pela sua convivência, e mesmo que não faça muito sentido o final adocicado da obra de Burton, ela condiz demais com a fantasia presente nos clássicos animados de Walt Disney nos anos quarenta e cinqüenta, e é uma versão ainda mais poetizada da obra de 1941.

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  • Agenda Cultural 66 | Cinema, Cobra Kai e Blacksad

    Agenda Cultural 66 | Cinema, Cobra Kai e Blacksad

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Filipe Pereira (@filipepereiral) recebem Davi Garcia (@dav1garcia), do Ligado em Série e Cine Alerta, comentam sobre o que rolou no circuito de cinema; o terceiro volume de Blacksad, publicado pela Sesi-SP; Cobra Kai e outras séries.

    Duração: 64 min.
    Edição: Julio Assano Junior
    Trilha Sonora: Flávio Vieira e Julio Assano Junior
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  • Crítica | Baseado em Fatos Reais

    Crítica | Baseado em Fatos Reais

    A parceria de Olivier Assayas (roteiro) e Roman Polanski (direção e roteiro) era muito esperada por admiradores de suas filmografias. Baseado em Fatos Reais, baseado no livro de Delphine de Vigan, é um thriller carregado de subtextos, se estabelecendo através da história de uma escritora que acaba de lançar um livro biográfico e que passa por um bloqueio criativo.

    Emanuelle Seigner que já havia brilhado com o cineasta em A Pele de Vênus, dá vida a Delphine. Sua rotina é penosa, basicamente em busca de novas histórias ou novos métodos. Enquanto há uma longa explanação sobre a sua forma de escrita e seus ritos para dar voz as suas histórias, encontra-se em meio à tardes de autógrafos e  cafés franceses a bela Elle (Eva Green), uma mulher inteligente, bonita e interessante que se aproxima dela como admiradora de seu trabalho. Logo, percebe-se que a mulher misteriosa também tem pretensões literárias, e costuma escrever como escritora fantasma de pessoas mais famosas.

    Delphine é atormentada não só pelo drama da página vazia, mas também por cartas anônimas a respeito de seu último trabalho ao público. Metódica, ela se apega a essa perseguição para se resguardar de retomar a escrita, variando normalmente entre as desculpas para não por no papel suas ideias e os incômodos de sentir sua vida invadida. Enquanto isso, há um aproximar de Elle que começa lentamente e se torna muito intenso rapidamente, causando no espectador e na protagonista uma sensação de incômodo e desconfiança.

    A problemática maior é que se dá pouca importância dramática para toda a situação vivida por Delphine/Elle. Mesma levando em consideração a teoria de que uma personagem é a manifestação de uma outra faceta da personalidade de sua escritora, não se desenvolve conflitos no filme. O que se vê é uma emulação de alguns elementos do romance Misery de Stephen King, que por sua vez deu origem ao filme Louca Obsessão com Kathy Bates, mas o que se vê aqui é um produto menos inspirado e mal engendrado até no suspense a que se propõe.

    A tentativa de quebrar a quarta parede também soa pobre. A história contando como se constrói uma narrativa não se fundamenta graças aos personagens que não tem qualquer carisma ou conteúdo que não seja o que já é presente nas personas de Green e Segner. Qualquer importância dada as situações que as duas mulheres sofrem só ocorrem graças a predileção já estabelecida do público com as carreiras das intérpretes, o que é obviamente lastimável, ainda mais em se tratando de uma obra de Polanski.

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  • Crítica | O Lar das Crianças Peculiares

    Crítica | O Lar das Crianças Peculiares

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    O Lar das Crianças Peculiares é o nome da adaptação cinematográfica do livro de Ransom Riggs, mas também serve em perfeição como adjetivação à filmografia recente de seu diretor Tim Burton, que coleciona fracassos de críticas em meio a poucos sucessos de qualidade indiscutível, como foi com a excelente animação em longa Frankenweenie. Não à toa, este último filme citado era um retorno às origens, como também o objeto analisado, que mistura elementos de A Fantástica Fábrica de Chocolate no visual colorido, e Edward Mãos de Tesoura ao exibir um ideário gótico e repleto de criaturas anormais e simpáticas.

    A história é contada a partir da visão de Jake, interpretado pelo mesmo Asa Buterfield que fez A Invenção de Hugo Cabret. Seu personagem é bastante parecido com o visto no filme de Martin Scorsese, mostrando um garoto excluído socialmente e com sérios problemas psicológicos. A única pessoa que tem por hábito conversar francamente com o menino, é seu avô Abe (Terence Stamp), que é um homem já muito idoso e portador de demência. O medo do rapaz logo vai de encontro ao infortúnio de seu avô, com o receio de cair no mesmo problema de saúde pelo qual passa seu antigo mentor.

    O grande truque da história, que é baseada no livro O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares, é o de estabelecer uma dubiedade entre o argumento de loucura propriamente dita e o mundo novo a qual Jake é convidado a entrar. Variando entre a crença nas ultimas palavras de seu avô e o receio de estar ficando louco, ele viaja com seu pai, Franklin Portman (Chris O’Dowd), para o País de Gales, onde é apresentado as mesmas criaturas fantásticas narradas nas historias infantis estranhas que seu parente contava. A persona do pai aliás é uma face polêmica, já que é um homem claramente ausente e ainda assim preocupado, muito crítico a figura de Abe por também ter sido um pai que mantinha distância da família, repetindo assim o ciclo de erros ainda que por uma via bem diferente da geração anterior.

    É a partir desse mote que Burton pode soltar sua imaginação estranha para construir personagens que variam entre um CGI muito bem feito e técnicas de stop motion maravilhosamente bem conduzidas, sendo este o fator mais elogiável do longa metragem. Os personagens periféricos são críveis, apesar de suas habilidades estranhas, e carismáticas cada um ao seu jeito. Há pouco tempo de tela para cada um deles, mas é fácil estabelecer qual é o drama de cada um e as motivações. O destaque maior vai para duas personagens femininas, a primeira é Miss Alma LeFay Perigrine (Eva Green), que varia entre emoções fortes e bem interpretadas e excentricidades bem exageradas, e claro, a mocinha, Emma (Ella Purnell), uma moça graciosa que arrebata a atenção tanto do protagonista quanto do público quase que instantaneamente.

    A mitologia em torno do cenário fantástico e das regras daquele universo particular soam um pouco confusas, mas logo se tornam naturais para o público, apesar de algumas baboseiras fantasiosas e erros crassos de congruência. O roteiro de Jane Goldman sofre de uma irregularidade atroz, aliás praxe nos filmes de Burton (mesmo os bons), já que tem um final como uma solução um pouco fácil na escolha entre nutrir a história de amor em detrimento da completa falta de preocupação do herói com seus familiares, exceção claro ao seu avô. No fim, as jornadas dos dois homens do clã se repetem, mostrando que o destino tem de a seguir o mesmo fluxo sempre.

    Dadas expectativas em relação ao filme, O Lar das Crianças Peculiares é o melhor filme live action de Tim Burton em anos, superando em muito inclusive Grandes Olhos, esbarrando somente em Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas. Talvez este seja um início (ainda que tímido) do realizador em tentar resgatar um cinema com menos maneirismos, iguais as suas primeiras produções, sendo menos ambicioso e preso a trucagens bobas e em exibir seus amigos e mais preocupado em mostrar um filme coeso e interessante, ao menos para o nicho buscado.

  • Crítica | Pássaro Branco na Nevasca

    Crítica | Pássaro Branco na Nevasca

    Passaro Branco na Nevasca - Poster

    O laço umbilical compartilhado entre uma mãe e seu filho possui efeito duradouro. A mãe se torna uma representação máxima de carinho e proteção, permanecendo nesta posição mesmo em fases da vida em que a criança não precisa de um grau ativo de resguardo.

    Pássaro Branco na Nevasca adapta o romance de Laura Kasischke, narrado pela adolescente Kat Connors (Shailene Woodley). O desaparecimento de sua mãe é utilizado como mola dramática. Uma circunstância que modifica a vida da personagem central. A história dá continuidade à vida após o desaparecimento da mãe e ilumina o passado.

    Como assistimos à trama pelos olhos e pela narrativa da garota, é perceptível uma carga emocional equilibrada entre ódio e remorso. Kat acredita que a mãe abandonou a família. De fato, há indícios que apontam para esta afirmação, ainda que a genitora tenha saído sem malas e deixado o carro na garagem. Ao falar a respeito da matriarca, notamos um desprezo sobre a relação da mulher com o pai, uma pessoa que sempre submeteu-se a ela. Eve Connors (Eva Green) é apresentada como uma mãe incrível somente quando se dedica ao cuidado da casa. É vista como uma mulher egoísta, que desejava ter uma filha como se quisesse um animal de estimação. As cenas que recordam a infância da garota corroboram esta afirmação.

    Após o registro de desaparecimento da polícia, a menina segue o cotidiano normal e se despede da cidade natal indo para uma faculdade. A cada verão, retorna para sua casa e, após anos do desaparecimento, recebe informações a respeito do suposto paradeiro de sua parente.

    Mesmo um tanto frívola, a representação da adolescente é coerente. Trata-se de uma garota que ainda busca sua identidade e um senso de justiça que somente a maturidade permite. Diante das modificações que um jovem sofre nesse período, é natural que, além do sentimento negativo pela perda da mãe, a garota sinta que foi agredida. Por este motivo, sente-se tão raivosa com o desaparecimento repentino. Os anos que separam o desaparecimento e a necessidade de saber o que aconteceu de fato são pequenos passos maduros que anulam parte da raiva para transparecer a saudade pela mãe. A verdade vem à tona, desejada ou não.

    (O parágrafo a seguir contém o desfecho da história. Não siga adiante se não quiser saber).

    Durante a trama, acompanhamos a visão da garota diante dos acontecimentos. A princípio, resignada por não saber ao certo o que sentir com o desaparecimento da mãe, em seguida mais emotiva com a passagem dos anos. Sendo assim, ainda que este elemento tenha sido alvo de certas críticas, parece natural a recepção de Kat ao descobrir que o pai foi, de fato, o assassino da mãe. O enfoque da história não é o caso do assassinato como um processo investigativo, mas sim como este desaparecimento, sendo por morte ou fuga, refletiu no interior da menina. Por isso, não há alteração da estrutura narrativa na solução do paradeiro materno.

    O drama termina mostrando como se sucedeu a morte da esposa. O pai era homossexual, ou ao menos estava tendo um caso homoafetivo, e poderia ser esta a explicação para a relação familiar ruim: a ausência de desejo que, por este motivo, gerava repúdio. Neste momento, ao descobrir o marido na cama com outro homem, Eve Connors ri como se soubesse que mais cedo ou mais tarde esta cena viria a acontecer. Envergonhado pelo desprezo e a falta de respeito da esposa, o companheiro a enforca em um impulso passional diante do riso frenético da mulher.

    A cena final, que revela os acontecimentos reais, tem intenção de chocar o público. Parece uma saída fácil para intensificar a obra, porém, mesmo sendo um apelo óbvio, produz a reflexão suficiente da delicadeza familiar, neste caso vista pelo olhos de uma filha que perdeu a mãe graças à violência paterna. Uma dissolução familiar completa.

  • Crítica | 300: A Ascensão do Império

    Crítica | 300: A Ascensão do Império

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    Dirigido por Noam Murro, com roteiro escrito por Zack Snyder e Kurt Johnstad, o filme, assim como o anterior, é “baseado” numa graphic novel de Frank Miller, Xerxes. “Baseado” é modo de dizer, já que a HQ sequer tem previsão de lançamento. Miller finalizou apenas as duas primeiras edições, entregues para a Dark Horse Comics no início de 2011. Deve retomar o trabalho assim que terminar sua colaboração com Robert Rodriguez nas filmagens de Sin City 2.

    O filme não é uma sequência de 300, nem uma prequel. A história se passa concomitantemente à Batalha das Termópilas, onde está Leônidas (Gerard Butler) e seus espartanos. A trama se inicia 10 anos antes de 300, na Batalha de Maratona, que foi perdida pelos persas liderados por Dario (Igal Naor), pai de Xerxes (Rodrigo Santoro). Após a morte de Dario, Xerxes quer retaliar os gregos pela humilhação sofrida em Maratona. Auxiliado por Artemísia (Eva Green), rainha de Halicarnasso, investe pelo mar contra os gregos liderados por Temístocles (Sullivan Stapleton), general reconhecido por suas estratégias de guerra. O clímax ocorre na Batalha de Salamina, que ocorreu no estreito que separa Salamina da Ática.

    Está explícito na tela que praticamente toda a ambientação do filme foi feita em computação gráfica. Contudo, diferentemente de 300, a fotografia não é tão estilizada, não é tão semelhante à estética dos quadrinhos. Fica de lado a intenção de reproduzir fielmente os quadros da graphic novel – objetivo plenamente atingido em 300 – e apesar de tantos efeitos em CGI, ganha-se em realismo. Ambas são soluções satisfatórias.

    Não é um documentário, é uma obra de ficção, portanto deve-se relevar as imprecisões históricas e a liberdade criativa do roteiro. Em linhas gerais, o filme não distorce demais os fatos em prol da trama. A mistura entre História e ficção, realidade e fantasia, está bem equilibrada. Mas isso nem tem tanta importância, pois percebe-se que interessa mais a ação do que a trama em si. E, enquanto 300 foca a ação numa luta em terra firme, neste o ponto alto são os embates marítimos. Não apenas os confrontos entre naus persas e gregas, mas as lutas homem a homem nos conveses.

    Para os fãs do gênero, há espadas, escudos, lanças, flechas, sangue e membros decepados de sobra. E muito, muito slow motion. Tanto que chega a enjoar. As lutas são muito bem estruturadas e executadas, disso não há dúvida. Mas o uso excessivo da câmera lenta deixa-as enfadonhas em muitos momentos. O ritmo das cenas seria bastante beneficiado com uma montagem mais “uniforme”. Pois se todos os momentos são destacados com slow motion, nenhum deles efetivamente mereceria destaque.

    Supostamente, Temístocles é o protagonista, mas o personagem é tão insosso que fica difícil de se sustentar. Aliás, mesmo pouco desenvolvida como os demais personagens, é Artemísia quem consegue prender a atenção do espectador. Eva Green a interpreta com “sangue nos olhos”. Qualquer sequência – exceto as de batalha – que não a tenha em cena é extremamente tediosa.

    Se a história é simples, os personagens pouco elaborados, o mesmo não se pode dizer das batalhas marítimas. São todas grandiosas, com manobras navais literalmente de encher os olhos. E quando o confronto parece que será apenas mais do mesmo, algum estratagema incomum surge como elemento surpresa, mantendo a atenção e deixando a ação ainda mais interessante. Alguns expedientes utilizados nos embates parecem inverossímeis, beirando o exagero. Mas quem se importa? O espetáculo é tão bem coreografado que esses pequenos detalhes se perdem no quadro geral e não atrapalham em nada. É divertido, com cenas de ação bem feitas, o 3D não trapalha. Como entretenimento cumpre sua função satisfatoriamente.

    Texto de autoria de Cristine Tellier.

  • Crítica | Sombras da Noite

    Crítica | Sombras da Noite

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    A cada nova produção, Tim Burton divide seu público cativo. Grande parcela reconhece que as refilmagens feitas pelo diretor mais mancharam sua imagem do que deram vazão a sua criatividade. O que antigamente era visto como um excepcional estilo com uma parceria consagrada com um ator famoso, hoje pode ser motivo de riso pelo uso constante de Johnny Depp e da esposa Helena Bonham Carter como uma fórmula desgastada.

    Torna-se difícil avaliar mais uma de suas produções sem questionar-se o que aconteceu com Burton, que teve fase excelente na década de noventa e, desde a regravação de Planetas dos Macacos, começou a tropeçar tanto nessas adaptações, tidas como obras contratuais, como naquelas de cunho mais autoral.

    Após o imperdoável Alice No País das Maravilhas, carregado por seu estilo, retorcendo a história original, Sombras da Noite parecia ser uma história de retorno a sua origem gótica e ainda parodiando a demanda atual de filmes vampirescos. Baseada em uma série da década de sessenta, a trama nos apresenta Barnabás Collins, um sedutor que se transforma em vampiro devido a maldição de uma bruxa. Preso em seu caixão por duzentos anos, a personagem desperta e vive as transformações do mundo moderno, reencontrando sua cidade e o legado da família perto da falência, tentando reascendê-la na sociedade.

    Se o ambiente parece uma retomada daquele primordial, o mesmo não pode se dizer da história. Mesmo com liberdade, o diretor teve que caminhar por uma trilha já fundamentada pela série televisiva, o que serve de impedimento para maior escopo criativo. A adaptação cinematográfica não justifica-se pela falta de uma trama interessante que se divide entre o amor e ódio do vampiro e da bruxa que o transformou.

    Estranhamente, Johnny Depp está bem em seu papel de vampiro deslocado, deixando de lado a afetação que, desde o Capitão Jack Sparrow, surgiu em suas interpretações, compondo um personagem excêntrico, mas realista. Quem permanece sem atrativo é a esposa Bonham Carter. É inexplicável compreender, além dos laços familiares, porque o diretor insiste em usá-la sempre para o mesmo tipo de papel, inserindo-a mais como um dever do que como espaço, para que a atriz demonstre seu talento.

    Torna-se impossível não pressupor que Depp, Burton e Bonham Carter reconheçam o declínio desta parceria. Porém, permanece a impressão de que, uma vez definidos, não há nenhuma vontade de inovação, já que este formato foi funcional diversas vezes. Talentosos todos são, mas parece que estão mais preguiçosos do que nunca.

  • Crítica | 007: Cassino Royale

    Crítica | 007: Cassino Royale

    Em 2002, no lançamento de 007 – Um Novo Dia Para Morrer a franquia do agente secreto tentava, sem muito sucesso, mudar de estilo. Havia uma tentativa de alinhar sua história aos dias de hoje, colocando em xeque a função do próprio James Bond em um mundo não mais polarizado. O último filme com Pierce Brosnan fez sucesso, mas trazia a tona um exagero nas cenas de ação, escondendo o roteiro fraco. Aos poucos, o futuro de James Bond nos cinemas foi sendo questionado. A composição de suas produções atingiram uma crise criativa que gerou o adiamento de um novo filme e, logo após, a liberação de Brosnan como o agente do MI6. Em parte, porque, finalmente, produtores haviam adquirido os direitos para filmar Cassino Royale, primeiro livro escrito por Ian Flemming, filmado para a televisão em 1954 e como sátira em 1977 no filme com Peter Sellers e Ursula Andress.

    Apresentar o começo da história de James Bond necessitaria de um novo ator e também rever a estética ao realizar uma produção que tanto fosse fiel ao original, quando refletisse uma maneira nova de apresentar a personagem. Aproveitando o sucesso de Identidade Bourne com sua ação realista, trouxeram as telas um agente mais cru e brutal em Cassino Royale.

    Dirigido pelo mesmo Martin Campbell que trouxe a franquia de volta em 1995, com Brosnan, em 007 Contra GoldenEye, a produção é uma estupenda construção cinematográfica, equilibrada entre a tradição e o novo. Concebendo com cuidado uma espécie de origem da personagem, sem perder o charme tão característico de vinte filmes anteriores.

    Mesmo situada no começo de sua carreira, a trama se desenvolve no presente atual, distorcendo a cronologia para um melhor resultado. O filme inicia-se em preto e branco, reverenciando produções antigas e marcando a idade da personagem, com um Bond prestes a matar um traidor, logo após adquirir sua licença para matar. Novo no cargo, é um agente mais violento, sem o esnobismo futuro e próximo aos tempos de hoje que procuram heróis imperfeitos.

    O filme costura bem as cenas de ação e a trama intricada de investigação. A ação bem executada por Campbell produz uma tensão real no público, principalmente por usar o mínimo de efeitos digitais. O roteiro bem realizado permite plena compreensão da investigação que culmina no jogo de cartas no local do título.

    Nunca houve tanta tensão em um jogo de Poker. A história de Le Chifre, que tem como único elemento bizarro chorar lágrimas de sangue por um problema lacrimal, é conduzida com excelência. Faz do jogo um espaço a mais para o suspense que cresce em confronto com Bond, que nunca se mantém incógnita, sendo uma constante ameaça.

    A personagem desenvolvida por Craig é o James Bond mais físico até então. Mesmo trajando o impecável terno, não há momento ruim para perseguir assassinos por telhados ou em uma corrida frenética com o famoso Aston Martin. Além da iconoclastia da personagem que não se importa com o tipo de bebida que toma, desde que fique levemente embriagado. Zombando de suas características desenvolvidas anteriormente.

    O mérito desta produção é recolocar a personagem de novo no radar em uma roupagem que respeita tanto a tradição como agrega novos fãs da franquia. Ao retomar a única obra de Flemming não adaptada, um novo Bond surgiu, ainda com classe e mais próximo aos dias de hoje. Reintroduzindo o famoso agente de uma maneira única ao cinema.