Tag: Rosamund Pike

  • Crítica | Johnny English 3.0

    Crítica | Johnny English 3.0

    Johnny English 3.0 mostra um novo retorno do personagem satírico de Rowan Atkinson, em um exercício engraçado e despretensioso nesse terceiro capítulo. Mais uma vez a nação britânica está em perigo e novamente o espião é chamado à ativa, por conta da ação de um hacker que revela a identidade de todos os agentes secretos da ativa. Por conta disso, o serviço secreto fictício do MI 7 chama seus homens de confiança aposentados, e English curiosamente é o mais novo e mais estabanado dentre os veteranos.

    Há claramente uma evolução no quadro do personagem, Johnny se torna professor primário e ensina às crianças técnicas de super espiões ao invés de aulas comuns. Elas desarmam bombas, brincam com disfarces, fogem da sala por meio de cordas, ou seja, o roteiro de William Davies deixa claro que a ideia é deixar um legado para as novas gerações, estabelecendo como preferencial o comportamento Old School, fortalecido por todo o aparato que ronda English, já que por se tratar de um vilão que rouba dados via internet, toda a ação do filme precisa ser analógica e não tecnológica, dando assim uma bela desculpa para as piadas físicas.

    David Kerr está mais acostumado a fazer televisão e por incrível que pareça isso é um ponto a favor do longa, pois a maior parte dos elementos cômicos se equilibram como nos shows de comédia sitcom, sem deixar de lado uma trama um pouco mais séria. O comportamento meio tonto de Atkinson é só um dos elementos engraçados, não é o único e essa é outra força da obra. Isso facilita simpatizar pelo filme, é fato que as cenas sem o protagonista não são tão legais quanto as que ele está, mas a exploração humorística não é tão forçada.

    A volta à ação varia em tons de glória e discrição, e aqui os personagens periféricos parecem mais realistas, levando em conta obviamente toda a parte fantástica que envolve a mitologia do personagem de paródia. Olga Kurylenko e Emma Thompson embarcam no humor rasgado e funcionam como escada para alguns momentos memoráveis de Atkinson. A dinâmica que ele estabelece com o elenco é ainda melhor construída que o visto em O Retorno de Johnny English, quando tinha Rosamund Pike e Gillian Anderson, ou seja, o que já era legal cresce aqui.

    Johnny English 3.0 é mais elaborado que o primeiro e se leva menos a sério q o segundo, sendo o mais equilibrado da trilogia, quase maduro apesar de conter os números de comédia típicos da carreira e filmografia de Atkinson. Tudo isso resulta numa comédia bem feita e que brinca com os clichês de Missão: Impossível – Efeito Fallout, Agente da U.n.c.l.e. e com o Bond de Craig, sobretudo Skyfall e Spectre, embora seu tom fuja de qualquer crítica social mais sisuda.

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  • Agenda Cultural 66 | Cinema, Cobra Kai e Blacksad

    Agenda Cultural 66 | Cinema, Cobra Kai e Blacksad

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Filipe Pereira (@filipepereiral) recebem Davi Garcia (@dav1garcia), do Ligado em Série e Cine Alerta, comentam sobre o que rolou no circuito de cinema; o terceiro volume de Blacksad, publicado pela Sesi-SP; Cobra Kai e outras séries.

    Duração: 64 min.
    Edição: Julio Assano Junior
    Trilha Sonora: Flávio Vieira e Julio Assano Junior
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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  • Crítica | 7 Dias em Entebbe

    Crítica | 7 Dias em Entebbe

    Após trazer a luz a refilmagem de Robocop, José Padilha se aventurou pela dramaturgia televisiva, nos recentes Narcos e O Mecanismo. 7 Dias em Entebbe é seu retorno ao cinema americano e conta a história de um caso famoso em 1976, quando ocorreu o sequestro de um avião francês que continha alguns israelenses. O sequestro foi organizado por um grupo revolucionário pró Palestina, formado por alemães inexperientes com o dever revolucionário, mas claramente bem intencionados. Os personagens principais são Wilfried Böse (Daniel Brühl) e Brigitte Kuhlmann (Rosamund Pike), da parte dos sequestradores, além é claro de alguns soldados israelenses, normalmente representados por Zeev Hirsch (Ben Schnetzar).

    Padilha mostra já no inicio a diferença de seu modo de contar história no Brasil e no exterior. Ao contrário do que havia feito em Tropa de Elite e Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro, não há narração em off. Em comum com produtos mais recentes de sua filmografia, a abordagem erra na representação do pensamento revolucionário. Os personagens de Brühl e Pike são mostrados como idealistas distantes demais do bom senso e de qualquer realidade tangível, são mostrados como ignorantes que não conseguem realizar qualquer mínima ação mais violenta, tampouco planejar uma forma pacífica de agir com os reféns levando em conta que são no final das contas, idealistas humanitários. O ideal dos personagens é mostrado de uma forma confusa, de maneira tão caricata que faz perguntar se a ideia do roteiro de Gregory Burke não é fazer piadas com esse núcleo.

    O longa possui tantos núcleos de personagens que faz ele parecer um filme coral. a questão é fora os ativistas da Alemanha todos os outros são bidimensionais, incluindo aí os soldados israelenses e outros guerrilheiros palestinos. As pessoas que deveriam ser os heróis além de soarem como personagens de plano de fundo raso,  agem de forma pueril. O máximo de aprofundamento que acontece com eles são nas cenas de ação onde os mesmos correm com os cabelos ao vento, em sequências tão fracas que fazem perguntar se referenciam os filmes de Michael Bay, em especial 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi.

    As discussões sob viés ideológico também soam pueris. Em um determinado momento o personagem de Brühl é confrontado por um companheiro de revolução, e ele de maneira clichê , joga na cara deste que sua vida na Europa é abastada e que por isso ele automaticamente não teria a mesma força de vontade dos outros revolucionários. Essa mensagem nem precisa ser invalidada, mas a sua colocação desta forma soa óbvia e muito ingênua o que é péssimo visto que o filme se pretende levar a sério como um thriller.

    Padilha trouxe alguns amigos pra trabalhem com ele: a fotografia é de Lula Carvalho, música de Rodrigo Amarante e montagem de Daniel Rezende. O problema é que nenhum desses elementos é bem encaixado na trama. A montagem em alguns momentos é pontuada por erros grosseiros de continuidade, e o ritmo de filme causa enfado. A fotografia deixa elementos escuros demais sobressaírem, e a música não é ruim, mas tem destaque num momento complicado do filme que é no núcleo de dançarino, exatamente no momento onde o roteiro se torna mais desnecessário dramaticamente falando, uma vez que praticamente nada aqui interfere realmente nas tramas principais.

    7 dias em Entebbe é um filme que não causa quase impacto nenhum no público, a tensão que deveria ser seu mote principal é cortada por momentos de longas  discussões políticas rasas e que pesam principalmente por não conter qualquer viés de julgamento, resultando em uma falta de reflexão onde sobra a isenção que os críticos de José Padilha gostam de amputar a si. Quando o filme tem escolher um lado, não o faz, isso ocorre entre outros fatores pela covardia de seus realizadores, que contam uma história densa e complicada sem conseguir refletir sequer sobre o caráter dúbia de toda essa situação.

    https://www.youtube.com/watch?v=raJNjSSqHxc

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  • Crítica | Garota Exemplar

    Crítica | Garota Exemplar

    A narração da intérprete Rosamund Pike contempla uma ode a automartirização de mulher, afirmando merecer castigos físicos e mentais. Amy Elliot é a alcunha da relatora, uma escritora best-seller que comemora cinco anos de casado com Nick Dunne (Ben Affleck), um sujeito inexpressivo e passivo, apesar de ter alguns fatos no passado que supostamente desmentem esse arquétipo tacanho e tímido.

    O encontro cósmico, que reuniria o casal focado na trama é mostrado de modo leve, moderno e deveras atrativo. Ele livraria Ela do deslumbramento, fazendo-a se apaixonar, pervertendo a ideia do ludibriação entre um e outro. Nick era belo, inteligente, sedutor, como todo o mal da Terra.

     Após o preâmbulo, Dunne se mostra surpreso com o sumiço de sua amada. O roteiro em forma de recordatório esconde de modo muito competente a falta de dramaticidade de Affleck, usando isto a seu favor, além de apresentar o afeto dele por sua amada de uma maneira singular, tão única quanto sua percepção do mundo em volta. As feições de Dunne são difíceis de ler, especialmente porque a trama favorece o seu mistério, grafando sua ironia e mantendo longe as informações que preencheriam o quebra-cabeças.

    A chegada do pai de Nick senil representa não só o inconveniente de parar a investigação, mas também o temor de a insanidade acometê-lo como na geração anterior. O relato via diário de Amy prossegue, torpe, sujo, sacana e real. Os estratagemas se encaixam tão bem que parecem até armados, montados para formar o puzzle perfeito. Garota Exemplar consegue ser simultaneamente um thriller e um objeto vago e de difícil decifragem.

    O modo como as pistas são despostas apresenta elementos pseudo-metalinguísticos, quase quebrando a quarta parede, ainda que tal exercício seja bastante comedido no início, regado a um humor nonsense, condizente com a literatura de Amy, como uma caça ao tesouro, de intenções não expostas por completo.

    Da exemplar personagem Amazing Amy até a pervertida e – segundo ela mesma – garota má, a senhora Dunne se mostra confusa, irresoluta e preocupada com o que ocorrerá sob seu lar. Ela luta para não ser a megera controladora. A gentileza com que Nick trata a todos é confundida com falta de preocupação, fruto da sua dificuldade em ser ou se mostrar empático. Ele se sente grato pela ajuda do povo, mas vive um inferno encerrado em si mesmo.

    Aos poucos é revelado o descontentamento de Amy em mudar-se para a terra de seu cônjuge – Missouri – longe da urbanidade de sua Nova York. O fracasso em salva sua sogra faz custar muito de sua moral, uma vez que ela era a válvula de escape para ele, somente usada no sexo. Um objeto. Notar o desprezo não é nada perto da percepção dele em estar amedrontada.

    A insensibilidade acaba sendo mais um indício de culpa e de associação a sociopatia para o marido da “vítima”. Nick sente-se estafado por sempre ser julgado como um crápula por praticamente todas as mulheres em tela. O fato dele não ser um exemplo de conduta não garante a si a culpa automática. As mentiras que pratica pregam contra a sua inocência e ele não para. Fato é que ambos se sentiam como intrusos.

    O roteiro apresenta alguns twists, exibindo a desaparecida arquitetando um plano, cujo senso de punição e vingança, supostamente feita pela mulher. Tudo urdido como deveria ser, pelas mãos de uma perfeita e experiente contadora de história, que busca justiçar aquele a quem machucou-a, pondo a testosterona como objeto de ódio. O ego amargurado a faz ser verborrágica em seu processo de revide, absolutamente fria e minuciosa. O paradigma da vilania muda, desde a suspeita do impingidor do mal até a feitoria do plano maligno. Até o trabalho detetivesco muda de mãos, numa assaz estratégia narrativa em reverter clichês do gênero policial.

    As falhas de concepção dos planos de Amy/Nancy ajudam a aumentar o escopo de realidade, assim como o transtorno de limpeza dela. Mesmo dando errado o primeiro plano, ambos os lados da contenda prosseguem avançando, movidos por instinto na maioria das vezes. Até os papéis de manipulador e manipulado mudam, assim como há reviravoltas com relação a quem dá as cartas a mesa.

    O cinismo carregado nos atos de cada uma das pessoas mostradas pela câmera de Fincher proíbe o espectador de torcer por qualquer um dos personagens. O jogo de lobos prossegue, repleto de erros e de surpresas da parte dos que pareciam ingênuos ou incautos. A situação consegue se sustentar tão louca – e sanguinário – que o planejamento secundário beira a perfeição, assim como a direção da obra. A lente de Fincher é tão fria quanto o caráter de Amy, igualmente psicopata e calculista. A falsidade manipuladora e carismática de Garota Exemplar faz deste um dos melhores suspenses de sua filmografia, destes, o que mais valoriza a ambiguidade de alma e de ethos, sendo deveras amoral, cuja culpa ou arrependimento passam longe, onde o sangue dos inocentes é facilmente retirável, com um ato tão corriqueiro quanto um banho antes de dormir.

    A vida idílica e dissimulada ganha o posto de fantasia suprema, numa alegoria ao eterno teatro chamado casamento, cujo uma das partes tem de viver sob o fio da navalha, como uma presa fácil a espera do seu abatimento inexorável. O roteiro Gillian Flyn é baseado na dualidade típica de um casal, se valendo de um personagem feminino forte, que conta uma história forte, valendo-se da manipulação, a mãe de todos os pecados de vaidade, que faz da tirania da felicidade a base do sentido hipócrita de viver.

  • Crítica | Heróis de Ressaca

    Crítica | Heróis de Ressaca

    herois de ressaca

    Em 2004, o diretor Edgar Wright e os atores Simon Pegg e Nick Frost iniciaram a chamada Trilogia dos Três Sabores de Cornetto (Three Flavours Cornetto Trilogy) com o já clássico Todo Mundo Quase Morto (Shaun of The Dead). A comédia, que subvertia os clichês e homenageava os filmes de zumbi, foi um grande sucesso devido aos seus diálogos ágeis e engraçados, roteiro bem amarrado e ótimas atuações da dupla de protagonistas e do elenco de apoio composto por comediantes britânicos. No ano de 2007, foi a vez de Chumbo Grosso (Hot Fuzz), filme igualmente engraçadíssimo e que prestou uma sensacional homenagem aos filmes de ação. A “Trilogia” agora chega ao fim com Heróis de Ressaca, uma pérola que homenageia os filmes de ficção-científica, mais precisamente os de invasão alienígena.

    Cada filme é relacionado a um sabor diferente do sorvete Cornetto – os protagonistas se referem, compram ou visualizam o sabor adequado a cada situação. Em Todo Mundo Quase Morto, o sabor é de morango (vermelho); em Chumbo Grosso, o sabor clássico (azul); e em Heróis de Ressaca, menta (verde). A brincadeira com as cores do Cornetto é ainda uma paródia com a série de filmes Trilogia das Cores do diretor Krzysztof Kieślowski.

    Estrelado pela impagável dupla Simon Pegg e Nick Frost, além de Martin Freeman, Paddy Considine, Eddie Marsan, Rosamund Pike, Pierce Brosnan e Bill Nighy em participação especial, Wright novamente conseguiu fazer um filme engraçadíssimo, com roteiro muitíssimo bem amarrado (escrito em conjunto com Pegg), diálogos sensacionais e momentos impagáveis, principalmente em seu terço final. Na trama, 20 anos após tentarem um pub crawl – uma maratona de bebedeira em vários bares diferentes numa única noite -, um grupo de cinco amigos de infância se reúne novamente na cidade do interior da Inglaterra, onde moravam, para arriscar o feito, quando um deles convence os demais. Porém, ao chegarem no local, percebem que coisas estranhas têm acontecido na cidade.

    Simon Pegg e Nick Frost, a dupla de protagonistas, estão impagáveis como sempre. Pegg entrega uma interpretação inspirada e alucinada, ainda que com alguns toques de melancolia, para o seu Gary King. A simpatia com o personagem é imediata. Frost faz Andy, melhor amigo de Gary e o melhor sucedido da turma. Seu processo de desconstrução ao longo do filme é divertidíssimo. Martin Freeman, Eddie Marsan e Paddy Considine também entregam interpretações inspiradas. Apesar de serem mais contidos, talvez pelos próprios personagens que interpretam, os três têm momentos engraçadíssimos e não servem somente como escada para as piadas da dupla principal. Vale também destacar a presença da linda Rosamund Pike, que faz uma mocinha pouco convencional, objeto de desejo e de (divertida) disputa entre as personagens centrais. As participações de Pierce Brosnan e Bill Nighy como figuras importantes do passado do grupo são impagáveis e essenciais para a trama.

    A fotografia do filme é excelente e há ótimo uso das locações e cenários. Aos poucos, a bonita e simpática cidade de Newton Haven vai se transformando em um cenário opressor. O ritmo vai de uma escalada constante até chegar a um ponto vertiginoso, e as cenas de ação e luta são orquestradas magistralmente. Nota-se também uma certa influência de Scott Pilgrim Contra o Mundo, trabalho anterior do diretor, na edição da película. Algumas transições são muito parecidas, ainda que mais discretas.

    Em resumo, a Trilogia dos Três Sabores de Cornetto encontra aqui o seu desfecho de ouro com esse sensacional filme que agrada em cheio a qualquer público, mesmo àqueles que não são familiarizados com o cinema de Edgar Wright.

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