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  • Crítica | A Comédia Divina

    Crítica | A Comédia Divina

    Os letreiros do começo de A Comédia Divina avisam que a história a ser contada é levemente baseada no texto A Igreja do Diabo, de Machado de Assis. Tal associação se complica graças ao filme que Toni Venturi concebeu, não por motivos ideológicos, e sim pela concepção bem equivocada com que o novo filme do diretor de Cabra Cega traz à luz.

    O espectador é apresentado ao tal diabo, vivido por um Murilo Rosa canastrão, mas que não incomoda em nada a plateia. O que de fato causa desconforto é a atmosfera criada em torno de si. O anjo decaído é mostrado com seus caricatos capangas em cenários estilizados de maneira quase mambembe. Na trama, o inimigo de Deus (interpretado por Zezé Motta) decide fundar sua própria igreja, utilizando a vida da jornalista Raquel Brackman (Mônica Iozzi) para propagar via imprensa as suas ideias e conceitos.

    Iozzi tenta garantir um pouco de personalidade a sua protagonista, mas o que se vê é um sem número de situações forçadas e envolta com personagens caricatos e eventos clichês. A televisão em que Raquel trabalha é uma amálgama de características usuais de canais como SBT, Rede Globo e Record. Nem as tentativas de soar metalinguístico funcionam, causando uma comoção às avessas em quem assiste, uma vez que é bastante constrangedor acompanhar a ascensão pessoal e profissional da jornalista. Há uma tentativa fracassada de se realizar um comentário social a respeito da abordagem midiática geral, mas os argumentos, infelizmente, não passam da superfície.

    Os cenários divinos contém os efeitos de animação mais sofríveis entre todos os aspectos negativos do filme, céu e inferno parecem ter sido feito por crianças que acabaram de aprender a usar as ferramentas do software flash. Ao final, há uma referência a O Sétimo Selo, trocando-se o jogo de xadrez ao jogo da velha. O resultado final de A Comédia Divina se mostra como uma versão menor e menos sofisticada de outros produtos de temática religiosa, sem qualquer traço de crítica e ausente de carisma em seus personagens.

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  • Crítica | Cabra-Cega

    Crítica | Cabra-Cega

    cabra-cega

    Toni Venturi retorna ao cinema político, após o documentário Velho – A História de Luís Carlos Prestes. O longa ficcional Cabra Cega analisa o período conturbado da Ditadura Militar no Brasil, através da vivência de dois jovens militantes da luta armada, Tiago (Leonardo Medeiros), um homem ferido que está alocado no apartamento de um simpatizante da causa, e Rosa (Débora Duboc), que era sua amiga de militância e passa a cuidar dele enquanto está foragido.

    A questão agravante é que Tiago é um homem arredio e desconfiado, se tornando um completo grosseiro quando é minimamente contrariado, fator que faz perguntar se valeria a pena as gentilezas a ele empregadas por seus companheiros e camaradas. O roteiro se pauta basicamente na sensação de paranoia extrema e dos males do isolamento de Tiago, que não consegue se sentir minimamente bem ao ter de ficar encarcerado, vendo importantes quadros políticos da luta armada caírem um a um, como Lamarca, Marighella e Toledo.

    A locação quase unificada do apartamento causa um sentimento de claustrofobia e sensação de aprisionamento no espectador, visando claro equipar o público ao personagem de Medeiros. Aos poucos, o espectador se enche desse lugar e busca uma fuga, como foi com o personagem principal. A compleição física digna de pena de Tiago é um marco visual do desespero dele, a representação física da entrega a não esperança.

    A trilha sonora é inteligente e bem colocada, maximiza as sensações de perseguição e de extrema solidão. As músicas são muito boas, mas não são empregadas de modo gratuito, ao contrário, servem a trama ao invés de funcionar como muleta ou despiste para um texto fraco.O roteiro aliás é minimalista, sem gorduras, mostra todo o ideal dos pretensos revolucionário sem cair no didatismo. Cada personagem é impreterível para a trama, desde os citados, até o veterano Mateus (Jonas Bloch), que serve de mentor para o grupo, além de Pedro (Michel Bercovitch), dono do apartamento e alvo de muitas desconfianças.

    A tensão presente nos instantes finais mistura sentimentos como paixão, volúpia e desconfiança em uma sequência que põe em cheque até os juramentos dos militantes em torno do viés revolucionário. A sensação de estar cercado é presente em toda a trama de Cabra Cega, mas é maximizada quando o longa está próximo de se encerrar, em um conjunto de cenas de evocam a necessidade de sair da estática da não política que era pregada aos jovens da época, mostrando que a resistência era o único caminho possível para quem tinha qualquer ligação com o progressismo ou simpatia pelo livre pensar, mesmo que essa atitude significasse a morte.

  • Crítica | Rita Cadillac: A Lady do Povo

    Crítica | Rita Cadillac: A Lady do Povo

    Rita Cadillac - A Lady Do Povo - capa - blu ray

    Famosa na década de 80 ao se tornar uma das dançarinas do programa Chacrinha, Rita Cadillac se tornou um ícone por suas curvas que a transformaram em símbolo nacional. Destacou-se como cantora de um único hit, É Bom Para o Moral e, na década seguinte, seguiu sua trajetória como Rainha dos Detentos, realizando show em presídios. Mesmo quem desconhece sua carreira, reconhece Rita pelos seus atributos e seu pomposo nome artístico.

    Dirigido por Toni Venturi, Rita Cadillac – A Lady do Povo revisita uma das grandes figuras populares da década de 80. A história de Rita de Cássia é narrada sem nenhuma ficção, apoiando-se na sinceridade e no carisma da dançarina para desmitificar a figura popular e engradecer a mulher que a sustentou.

    Recontando sua trajetória enquanto retorna ao bairro da infância, Rita relembra momentos bons e difíceis da juventude e a guinada de sua vida devido a sua beleza. A honestidade em identificar seu sucesso é impressionante. Não nega a beleza e a força de seu derrière, responsável pela projeção nacional. Se hoje o apelo erótico é comum, a exposição da sensualidade na época era uma válvula de escape devido a uma sociedade opressora, um misto de apelo sexual a uma inocência potencializada pelas jovens dançarinas.

    Os depoimentos apresentados são de fãs, personagens e amigos que passaram por sua carreira, como o doutor Drauzio Varella, um dos médicos da prisão carcerária do Carandiru a qual assistiu in loco a força de Cadillac ao se apresentar sem medo para os prisioneiros que a viam como uma musa inspiradora. A fama e o carisma são traduzidos como um hipnotismo característico, aponta Varella, de uma grande figura.

    Como sua autora, não há pudor nesta história nem mesmo assuntos deixados de lado. Reinventando-se a cada década para se sustentar, a figura trabalhadora emerge e discute a velhice, os percalços da fama e a motivação para a breve carreira de filmes adultos.

    Formal em sua composição seguindo uma linha cronológica com depoimentos, imagens e registros da época, o documentário se destaca pela força desta trajetória representando bem a força de renovação de uma personalidade simples mas, acima de tudo, carismática e batalhadora.

  • Agenda Cultural 01 | Caçadores de Recompensa, Rita Cadillac e Uma Surra de Bunda

    Agenda Cultural 01 | Caçadores de Recompensa, Rita Cadillac e Uma Surra de Bunda

    Bem vindos a bordoFlávio Vieira (@flaviopvieira), Amilton Brandão (@amiltonsena) e Mario Abbade (@fanaticc) se reúnem para comentar tudo o que está rolando no circuito cultural dessa semana, com as principais dicas da semana em cinema, teatro, quadrinhos e cenário musical. Em uma linha alternativa de dicas atemporais, selecionamos alguns petardos interessantes dentro do ramo literário, além de explicarmos como será o formato que iremos adotar. Não perca tempo e ouça agora o seu guia da semana.

    Duração: 44 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner: Gustavo Kitagawa

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    Comentados na Edição

    Quadrinhos

    Sandman: Edição Definitiva – Vol. I
    Resenha Homem-Aranha: Com Grandes Poderes

    Literatura

    Ilha do Medo – Dennis Lehane
    Resenha Os Senhores do Arco – Conn Iggulden
    O Hagakure: A Ética dos Samurais e o Japão Moderno – Yukio Mishima

    Música

    Marduk
    Placebo
    Bad Company – Hard Rock Live

    Teatro

    O Meu Sangue Ferve por Você

    Cinema

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    Crítica As Melhores Coisas do Mundo
    Crítica Zona Verde
    Crítica Mary & Max
    Crítica Rita Cadillac: A Lady do Povo

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