Tag: black metal

  • Crítica | Sem Evidências

    Crítica | Sem Evidências

    O crime como ação, subtração de uma vida e causador de desordem na sociedade é sempre um ato chocante. Um vandalismo que ultrapassa a lei invisível – ou divina, dependendo de sua crença – de que não se deve matar um semelhante. Ação suficiente brutal para modificar estruturas à sua volta.

    Sem Evidências analisa um famoso caso de assassinato, reconhecido, principalmente, pela investigação e condução confusas e errôneas. Trata-se da investigação e do julgamento que culparam três adolescentes – conhecidos como os Três de West Memphis – pela morte de três crianças em 1993. Um crime brutal ocorrido no interior de uma floresta e apontado, na época, como um ritual satânico.

    A morte de infantes atribuída a um ritual satânico são contornos que aprofundam o choque destes assassinatos violentos. Comum em séculos passados, o infanticídio é visto com maior atenção e espanto pela sociedade, em parte, devido à percepção psicológica de que a criança é um ser em formação, ainda puro e inocente, que nunca deveria ser submetido a qualquer ato grotesco. Em um país com parte da população cristã, referir-se a estas mortes como um ato satânico foi o suficiente para que surgissem hordas revoltosas desejando vingança, além de colocar nos holofotes a investigação da polícia, que deveria ser minuciosa, à procura dos culpados.

    A intenção da obra é trazer à tona a parcialidade da verdade em um caso que foi construído sem a clareza necessária e, em julgamento, descartou evidências importantes para o desfecho e a sentença dos adolescentes envolvidos. O enredo acompanha tanto as famílias em luto, centralizadas no drama de Pam Hobbes (Reese Witherspoon), mãe de uma das crianças, quanto a investigação paralela de um detetive (Colin Firth) contrário à condenação e que, em meio aos erros da polícia, tenta descobrir a verdade para salvar os adolescentes.

    Baseado no livro investigativo de Mara Leveritt, a história aproxima-se mais de uma exibição assistida e reconstituída do que um suspense dramático sobre assassinatos brutais. Como um estudo de caso, é fiel em apresentar datas e acontecimentos factuais, mas não se trata de uma filmagem-documentário, e não há nenhum ponto de tensão desenvolvido para uma narrativa ficcional.

    Se parte de um crime consiste na recepção da sociedade e da mídia e na punição dos culpados, é necessário um viés dramático que conduza a experiência. Ao apresentar cenas distantes e imparciais, a história dá a dimensão completa de como o assassinato foi repercutido e os erros perpetuados durante sua execução judicial. No entanto, faz do público uma mera testemunha de uma história criminal que, anos depois, apresentou novas provas, demonstrando o mal andamento da investigação local.

  • Crítica | Até Que a Luz Nos Leve

    Crítica | Até Que a Luz Nos Leve

    Até Que a Luz Nos Leve

    Incêndio de igrejas. Violência. Satanismo. Essas são apenas algumas das figuras negativas que são associadas a um gênero peculiar de música: o Black Metal. Trata-se de uma vertente do rock extremo que começou a mostrar suas caras a partir dos anos 80 e desde então gerou várias polêmicas ao longo dos anos. Até Que a Luz Nos Leve (Until The Light Takes Us– 2008) nos é trazido pelos diretores Aaron Aites e Audrey Ewell para, em tom de documentário, apresentar um pouco da realidade da cena deste gênero a partir da visão de músicos que fizeram parte da gênese do mesmo.

    Ao longo do filme, duas são as principais figuras que nos acompanham para apresentar as motivações, a história, as razões do que viria a ser a ideologia propagada pelo black metal norueguês: Gylve “Fenriz” Nagell (Darkthrone) e Varg “Count Grishnackh” Vikernes (Burzum).

    O cenário gélido da Noruega, país em que os precursores desse movimento foram criados, ilustra bem a forma de expressão fria e crua do estilo. Marcantes e envolventes são os momentos em que Fenriz caminha pela floresta silenciosamente, expressando subjetivamente a sua forma de fazer arte. Varg, por outro lado, é entrevistado na cadeia em que está preso. As versões dos fatos que fizeram surgir o movimento vão sendo apresentadas de maneira sincera e esclarecedora, justificando lucidamente os propósitos do estilo que foi criado.

    O black metal surge como forma de protesto. Uma força obscura que busca a autonomia cultural, a liberdade de expressão e de pensamento. Seus adeptos buscam reivindicar laços históricos e culturais negando o conformismo ideológico trazido pela globalização.

    Para atingir essa reivindicação, muitos deles praticaram assassinatos e queimaram igrejas. Varg foi o exemplo mais claro e famoso dos que foram acusados por tais crimes. Seu caso repercutiu na mídia quando, em 1993, assassinou Euronymous, seu colega e integrante da banda Mayhem. Ele alegou autodefesa, mas foi também condenado pelo incêndio de igrejas. A partir desse ponto, a imagem do black metal começou a ser rechaçada pela mídia.

    “Estava em todos os jornais e é aí que nós teríamos algo com o que nos preocupar”, diz Fenriz. “Cena Satânica” foi a divulgação descontrolada por parta da mídia, mesmo não tendo nenhuma relação com tal ideologia. O modo como o movimento foi dispersado fez com que tomasse um rumo completamente diferente do que seus “fundadores” queriam. A filosofia do círculo foi deixada de lado e novos e desvirtuados valores, foram criados. Uma nova figura fantasiosa havia surgido e assim se alastrou. Uma “marca” foi criada.

    Fica em extrema evidência que, no interior da mente desses músicos, o black metal não se trata apenas de um estilo musical, mas de uma filosofia. Não se trata de ganhar apenas dinheiro com álbuns e produtos, nem de fama ou reconhecimento. Trata-se de liberdade.

    Das palavras do próprio Varg: “Eu prefiro morrer lutando pelo que acredito a viver por qualquer outra causa.”

    Até Que a Luz Nos Leve é um documentário poderoso e muito interessante para todas as pessoas que são fãs dos diferentes gêneros do rock, e até mesmo para os curiosos que procuram entender fenômenos artísticos e culturais. Obscuro e intenso são duas palavras que ilustram bem a profundidade da arte proposta pelo black metal.

    Texto de autoria de Pedro Lobato.

  • Agenda Cultural 01 | Caçadores de Recompensa, Rita Cadillac e Uma Surra de Bunda

    Agenda Cultural 01 | Caçadores de Recompensa, Rita Cadillac e Uma Surra de Bunda

    Bem vindos a bordoFlávio Vieira (@flaviopvieira), Amilton Brandão (@amiltonsena) e Mario Abbade (@fanaticc) se reúnem para comentar tudo o que está rolando no circuito cultural dessa semana, com as principais dicas da semana em cinema, teatro, quadrinhos e cenário musical. Em uma linha alternativa de dicas atemporais, selecionamos alguns petardos interessantes dentro do ramo literário, além de explicarmos como será o formato que iremos adotar. Não perca tempo e ouça agora o seu guia da semana.

    Duração: 44 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner: Gustavo Kitagawa

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    Comentados na Edição

    Quadrinhos

    Sandman: Edição Definitiva – Vol. I
    Resenha Homem-Aranha: Com Grandes Poderes

    Literatura

    Ilha do Medo – Dennis Lehane
    Resenha Os Senhores do Arco – Conn Iggulden
    O Hagakure: A Ética dos Samurais e o Japão Moderno – Yukio Mishima

    Música

    Marduk
    Placebo
    Bad Company – Hard Rock Live

    Teatro

    O Meu Sangue Ferve por Você

    Cinema

    Crítica Caçador de Recompensas
    Crítica As Melhores Coisas do Mundo
    Crítica Zona Verde
    Crítica Mary & Max
    Crítica Rita Cadillac: A Lady do Povo

    Produto da Semana

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