Tag: Pablo Schreiber

  • Crítica | Arranha-Céu: Coragem Sem Limite

    Crítica | Arranha-Céu: Coragem Sem Limite

    Dwayne Johnson tem sido sinônimo de filmes com bilheterias altamente lucrativas. O popular The Rock já protagonizou esse ano Rampage: Destruição Total, no ano passado Jumanji: Bem-Vindo a Selva, a série Ballers e fez parte do elenco de Velozes e Furiosos 8. Sua presença normalmente é associada a um bom investimento de marketing, e nesse Arranha-Céu: Coragem Sem Limite não é muito diferente.

    Rawson Marshall Thurber já tinha feito outro filme com o astro, Um Espião e Meio rendeu bem e deverá gerar algumas continuações. A nova empreitada também é roteirizada pelo cineasta e traz uma história que faz lembrar demais a de Duro de Matar, ainda que tenha personalidade e complexidade bem diferentes da saga de John McLane. Johnson vive Will Sawyear e sua primeira cena mostra ele como um sujeito que dez anos antes, vai atender um chamado de emergência. Ao tentar impedir um crime, a ação dá errado, matando os reféns e deixando o agente sem uma das pernas. Will se reinventa, casa com a médica Sarah (Neve Campbell) e tem dois filhos com ela.

    Após um convite de um antigo companheiro, Sawyear decide verificar a segurança de um empreendimento bilionário e audacioso, um prédio enorme e com centenas de andares que estava sendo preparado para ser habitado por pessoas. Nesse meio tempo, o local é atacado por bandidos estrangeiros e um show de clichês começa. A história em si não tem absolutamente nada de novo, tampouco os feitos mentirosos do herói tem algum tipo de ineditismo. De fato ele parece muito com as aventuras escapistas que lotavam as fileiras das locadoras nos anos noventa, mas o modo como toda essa jornada é mostrada é absurdamente bem feita, muito por conta da direção de fotografia de Robert Elswit, que consegue registrar muito bem os momentos com efeitos práticos, aliado a efeitos digitais que fazem todas proezas de Will soarem ainda mais grandiosos.

    Se o texto apela demais para arquétipos, a expectativa pelo destino que a família Sawyear terá ao final de todo o drama é acompanhado pelo espectador com muita apreensão, graças principalmente ao tempo de tela que cada um dos personagens tem, em especial Neve Campbell. Outros membros do elenco servem bem de escada para The Rock, em especial Byron Mann que faz um policial de Hong Kong e Chin Han, que faz o projetista e gênio por trás do prédio Skyscraper.

    Johnson faz um protagonista sobre-humano, mas diferente do brucutu comum e exército de um homem só, e sim o sujeito que mesmo com suas limitações, consegue se superar e saltar para um prédio de mais de cem andares em chamas unicamente porque precisa salvar o que lhe restou de felicidade.

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  • Crítica | Covil de Ladrões

    Crítica | Covil de Ladrões

    Em 1995, estreou nos cinemas Fogo Contra Fogo, um dos melhores trabalhos do diretor Michael Mann. Na trama, um policial brilhante e obstinado, interpretado por Al Pacino, caçava um também brilhante e obstinado ladrão de bancos, interpretado por Robert De Niro. Mais do que um filme policial, o longa tratava de homens embrutecidos e praticamente amaldiçoados por suas escolhas na vida, um enfoque bastante interessante na dinâmica familiar dos personagens, além da relação de dependência quase simbiótica que os protagonistas De Niro e Pacino desenvolvem ao longo do filme. Em suma, um grande filme. Sendo assim, o maior erro de Covil de Ladrões é se banhar excessivamente na fonte original, sendo extremamente reverente em alguns momentos e não assumindo uma personalidade própria. O que se assume, é que o filme é uma grande homenagem ao já clássico longa metragem de Mann, porém, pálida, ainda que sincera.

    Na trama escrita por Christian Gudegast (também diretor) e Paul Scheuring (criador do seriado Prison Break), um time de ladrões altamente treinados empreende um assalto que acaba com vítimas fatais, o que o coloca em rota de colisão com a unidade de elite do departamento da polícia de Los Angeles liderada pelo tresloucado policial Nick O’Brien. Ao mesmo tempo, os assaltantes planejam um espetacular roubo à unidade local do Banco Central do EUA.

    Covil de Ladrões tem boas idéias, mas que restam prejudicadas ao longo do desenvolvimento da trama. Há um rápido enfoque na vida pessoal de alguns personagens, no caso, o protagonista Gerard Butler (que vive o líder da unidade policial) e do assaltante vivido por 50 Cent. Porém, o desenrolar dessas subtramas é terrível. No caso do personagem de 50 Cent, que de certa maneira emula o personagem de Val Kilmer em Fogo Contra Fogo, o tempo de tela é pouco, o que impossibilita que o espectador estabeleça uma relação de empatia com ele. Já no caso do protagonista, o que ocorre é um erro de concepção grave. Ao invés de obstinado policial, o personagem é composto como um babaca chauvinista que trai a mulher, chegando ao cúmulo de culpar a esposa pela traição. Daí, mais adiante na trama, muda-se o tom para que ele seja visto como uma espécie de incompreendido, o que acaba por acentuar a antipatia despertada por ele.

    A ideia de mostrar a unidade de policiais como quase marginal soa interessante, não fosse os personagens extremamente genéricos (e alguns estereotipados) que só estão ali pra fazer número. Caso esse aspecto da trama fosse melhor desenvolvido, o filme ganharia em profundidade, uma vez que a pertinente questão “os fins justificam os meios?” seria trazida à tona. No caso, ela é só pincelada no início do filme para depois ser abortada. No que tange ao jogo de gato e rato que se inicia entre o protagonista e o antagonista, não há vestígio de engenhosidade. Há um amontoado de obviedades novamente prejudicada pela concepção dos personagens, com o policial interpretado por Butler parecendo mais um adolescente implicante e o líder da gangue vivido por Pablo Schreiber incapaz de justificar a pecha de ladrão espetacular que lhe é atribuída.

    Entretanto, o filme tem lá os seus acertos. As cenas de ação orquestradas por Gudegast são extremamente eficientes e com uma estética crua que chega a encher os olhos. O terço final, que mostra o roubo do banco e as suas consequências, é muito bem construído e o fato de não se utilizar de malabarismos, como em Onze Homens e Um Segredo o torna muito eficiente, com as doses corretas de suspense e ação. As reviravoltas também são interessantes, além de deixar o gancho pra uma continuação (já anunciada pelo estúdio), faz com que a simpatia pelo personagem de O’Shea Jackson Jr. (filho do rapper/ator Ice Cube que é incrivelmente parecido com o pai) cresça, deixando o desejo de que a continuação conserte os erros deste Covil de Ladrões, cometa os seus acertos próprios e redima essa película que embora dotada de boas intenções, acabou não sendo boa quanto poderia ser.

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  • Review | American Gods – 1ª Temporada

    Review | American Gods – 1ª Temporada

    Em parceria com o canal Starz, Bryan Fuller e Michael Green começaram a adaptar a obra de Neil Gaiman, Deuses Americanos, nesta primeira temporada de American Gods, os showrunners dão vazão a uma introdução desse mundo fantástico onde deuses mitológicos antigos tem de lidar com novas divindades e entes de adoração do homem moderno. Este é apenas o tomo um da história, e esse aspecto introdutório pode desagradar o público não acostumado a literatura e narrativa de Gaiman, e a princípio terá em torno de três temporadas para adaptar o livro em si – uma continuação está sendo terminada neste momento, pelas mão do próprio autor.

    O começo mostra a emigração da Europa para o Novo Mundo, primeiro no passado e depois na atualidade, tendo ambas encarnações uma proximidade grande com o barbarismo, tanto nos invasores piratas quando nas figuras de Wednesday (Ian McShane) e Shadow Moon (Ricky Wittle). Após ser liberto da prisão, Shadow se vê obrigado a fazer uma viagem de avião, mesmo se sentindo desconfortável e decide fazer o restante de trajeto de carro, movido pelo receio de voar depois de um pouso forçado por mal tempo. Em seu caminho rumo ao enterro de sua falecida esposa, Laura (Emily Browning) ele é novamente abordado por Wednesday, que lhe oferece um trabalho estranho, e o mesmo só aceita depois de um embate com Mad Sweeney (Pablo Schreiber), um sujeito estranho, que representa os leprechauns da cultura irlandesa.

    A dicotomia dos primeiros momentos está entre na recém adquirida liberdade de Shadow e a invasão que ocorre em solo americano. Apesar de as atmosferas serem completamente diferentes, o rumo das duas trajetórias tem em comum alguns pontos, seja na primeira, mais mundana com a perda de entes queridos do protagonista- ou a quase conclusão dessa perda, uma vez que se trata também da condição de mortos vivos-  ou a conclusão mais universal com o conflito entre os divinos. Apesar de ter um norte diferente para ambas situações cada uma dessas serve como o início para uma outra jornada, que por sua vez, ajuda a igualar gradativamente mortais e divindades no mesmo jogo, tendo até um resgate dessas questões mais pessoais, que obviamente são elevadas ao patamar de importância do que é levantado por Wednesday.

    O primeiro contato de Shadow e Mad Sweeney é visceral e imaturo com provocações e brigas irracionais e baseadas em clichês bobos, que redundam em questões básicas de orgulho e soberba, questões essas muito comuns no cotidiano do homem adulto comum, expondo ali a diferença básica entre o sujeito ordinário e o divino, ainda que um tenha sido baseado no outro e criado a imagem e semelhança desses. Essa mistura enriquece demais a trama, ajudando até em outro aspecto do programa, como a questão de vida e morte, tratadas também como entes semelhantes, seja pelas divindades de Anubis (Chris Obi), deus egípcio do pós-morte ou pela nova trajetória da undead Laura Moon. O entrave entre os dois é um dos pontos altos de Git Gone, quarto episódio desse ano inicial.

    A postura de Shadow é blasé, como um elemento fora daquele novo mundo, agindo como um personagem orelha mas que dá de ombros para todo aquele novo mundo que se apresenta, resignado pelo conjunto de sensações que começou a sentir ainda em cárcere. Isso evidencia um dos pontos altos da série, a despeito até dos vários problemas de roteiro, as atuações do elenco em geral vão muito boas, não só de Whittle, mas também Browning, que desenvolve um papel adulto e nada maniqueísta, utilizando a dramaticidade da atriz para muito além de sua zona de conforto, enquanto seu esposo consegue reunir em si tanto as características de um neófito recém chegado a um novo cenário e um guerreiro predestinado e astucioso, que ainda não tem total consciência disso.

    O texto que Fuller comanda faz lembrar muito os defeitos de outro produto seu, Hannibal, no sentido de postergar o confronto, deixando as partes dramáticas interessantes da literatura original sempre para depois, ainda que essa situação seja menos gritante neste American Gods. De positivo, há o acréscimo da figura mitológica e repaginada de Hefesto/Vulcano, deus greco-romano responsável pelas armas olímpicas, mas que tem um final estranho em comparação com o lema do programa – deuses são reais se acredita neles – mas que ainda assim é apresentado sob uma égide madura e sucinta. Os episódios posteriores já se dedicam mais a trabalhar o background de algumas pessoas, ainda que soem repetitivos às vezes. O interesse do público geral é retomado perto do final, quando se discute um banquete a Odin.

    Os 59 minutos de Come to Jesus, deveria amarrar algumas pontas soltas, além de referenciar diretamente ao tal plot da temporada, que envolve não só Wednesday e seres antigos, mas também os novatos, em especial a figura da mídia, executada brilhantemente por Gillian Anderson – que faz papéis como os de I Love Lucy, Ziggy Stardust, Marilyn Monroe e Judy Garland – da tecnologia, executado por Bruce Langley, além do misterioso Mr. World (Crispin Glover) que aparece pouco, ainda que seu papel seja enorme na trama principal.

    Nesse ínterim, algumas encarnações de divindades aparecem, entre elas, múltiplas de Jesus Cristo, ser este já referenciado anteriormente em uma sequência com os mexicanos atravessando a fronteira com o país de Donald Trump, em busca de uma vida melhor, recebidos é claro por calorosos assassinos que chacinam os latinos. Esse cuidado em retratar várias facetas da mesma figura de adulação serve de comentário irônico a tantas denominações cristãs e pseudo cristãs, que reclamam para si uma versão própria das escrituras canônicas da Bíblia Sagrada, pervertendo a letra fria ao seu bel prazer, para basicamente adequá-las aos seus preconceitos e ideias tacanhas, assim como também referencia aos crentes mais tolerantes e preocupados com o bem estar do próximo.

    A identidade de Wednesday é secundária, ainda que haja alguma pompa ao se revelar isso – mesmo com todos os indícios anteriores, como o uso de corvos para sempre se referir a ele e a referência obvia do dia da semana que o batiza – e mais na união entre a Mídia, Tecnologia e Mr. World, além é claro de Bilquis (Yetide Badaki), personagem apresentada anteriormente, mas esquecida desde o segundo episódio. Essa união é curiosa, pois reúne veteranos e novatos no panteão em torno do mesmo adversário, que é Wednesday.

    Há uma cena, no começo do season finale que resume bem o caráter desta temporada. A dupla de protagonista e mentor ficam a espera do discurso de Anansi (Orlando Jones) explicar a origem de alguns dos seres mágicos (em especial Quilbis) e a posição deles é confortável, sentados de roupão em cadeiras suntuosas, envoltos em uma atmosfera de luxo, desfrutando de uma história cheia de requintes, tanto em detalhes quanto em curvas dramáticas, mas sem um fim programado, sem um desfecho pensado. O espectador se sente exatamente neste ponto, apreciando um produto que lança mão de uma linguagem tipicamente cinematográfica, com uma fotografia e direção de arte belíssimas (mesmo com alguns efeitos defasados pelo claro orçamento típico da TV) com o rompimento de inúmeros paradigmas conservadores, mas ainda assim com uma trama que não resulta em conflitos maiores, deixando sempre o clima para um momento posterior. Hannibal não teve um fim programado, e terminou sem conclusões para a grande maioria de seus arcos, e a sensação de déjà vu se aproxima perigosamente do lançado em American Gods, que parece ser esticada exatamente para capturar a atenção dos maníacos por séries fantásticas, que tem muito a apreciar ainda, mas que certamente não tem um total agrado em sua experiência como público por faltar o fechamento desses enredos.

    https://www.youtube.com/watch?v=tLZrqTxmdv0

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  • Crítica | Tudo Acontece em Nova York

    Crítica | Tudo Acontece em Nova York

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    Josh Radnor é um ator conhecido por interpretar Ted Mosby na sitcom How I Meet Your Mother. Esta película é sua estreia na direção de longas metragens, Happythanksmoreplease é um filme leve, com pitadas de humor com aparência de filme independente, mas com uma falsa cara de “história despretensiosa”.

    Sam Wexley, personagem de Radnor é em muitos aspectos a contraparte evoluída de Ted Mosby: inseguro, busca desesperadamente algo que não consegue alcançar, não sabe aonde quer chegar, distraído, enfim, a diferença básica entre Ted e Sam é a atmosfera, enquanto em HIMYM é o tom jocoso, em Happythanksmoreplease há um quê de subjetividade, o gênero oscila entre dramédia e história de amor e superação.

    O protagonista é um escritor que não consegue emplacar um romance, só escreve histórias curtas (contos), e que vai conversar com um editor sobre um dos seus trabalhos. No metrô a caminho da entrevista, ele encontra Rasheen, que se perde de sua família adotiva, e com o desenrolar do enredo, o menino vai morar com Sam. A relação dos dois poderia ser algo bonito e sensível, mas soa muito forçada, Rasheen “ajuda” o sujeito a se aproximar de uma garota e imediatamente depois eles ficam amigos – a transição entre completos desconhecidos que só tem a solidão como algo comum em grandes “amigos de fé” é muito rápida. Se Josh Radnor fosse um ator com uma capacidade dramática um pouco maior, talvez isso passaria despercebido.

    Há outros núcleos protagonizados por amigos de Sam, mas estes não são muito bem explorados, essas histórias paralelas deveriam ser melhores pensadas, como com a personagem de Zoe Kazan (Mary Catherine), que é prima de Sam e está numa encruzilhada com o namorado. Poderia ser legal, mas a história e a atmosfera em volta dela são tão descartáveis que se retirassem seu personagem e o de seu namorado do filme, quase não se notaria diferença, parece que eles estão lá apenas para preencher espaço no roteiro.

    Já com Malin Akerman – que interpreta a melhor amiga de Sam Annie – é diferente, apesar de seu drama ser ligado a um clichê (ela sofre um tipo raro de câncer, e não tem cabelos graças ao tratamento) e do romance do seu personagem ser meio piegas, sua atuação empresta muita veracidade a história, e o ponto alto do filme, méritos para a atriz, mais reconhecida pela beleza do que pelo talento.

    Tudo Acontece em Nova York é passável. Parece uma história pessimista e conformista mas sua máscara cai rapidamente, a mensagem final é extremamente otimista e sugere que o certo é esperar o melhor da vida, mesmo que a realidade momentânea aponte o contrário.